Muito além do Desejo escrita por LoaEstivallet


Capítulo 10
Confidências e rapto


Notas iniciais do capítulo

Presentinho!



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Alice observava os amigos discretamente, mas com muita atenção.

As atitudes de ambos demonstravam muita, mas muita tensão sexual entre eles. Além da surpreendente sincronia de movimentos, a qual eles pareciam ignorar.

Agora mesmo ela notara Edward distraidamente pousar sua mão em cima da mesa na direção de Isabella, e a mesma, parecendo um reflexo dele no espelho, repetir o gesto involuntariamente.

Ele passava a mão nos cabelos, ela repetia o movimento segundos depois.

Ela umedecia o lábio, ele a acompanhava quase no mesmo instante.

As cabeças anguladas para os mesmos lados.

As inclinações semelhantes na hora de falar.

Os olhares cheios de significado.

Parecia uma dança, um convite.

Tudo isso, Alice sabia, somente uma pessoa extremamente atenta como ela conseguiria captar. Eles eram discretos e pareciam completamente alheios a essa simultaneidade.

- Edward – Ela o chamou – Bella me disse que vocês se conhecem desde que ela tinha dezessete... – E deixou a menção de uma pergunta no ar.

Bella engasgou com o vinho, e por pouco não o cuspiu na toalha de mesa requintada do restaurante.

Edward arregalou os olhos em pura descrença, observando em seguida o olhar mortal que Bella direcionava à baixinha.

Um silêncio constrangedor fez com que Edward e Bella corassem violentamente.

Alice sorriu internamente com a prova de que tinha alguma coisa ali. E não era pouca coisa.

Tentou parecer desinteressada para que o mal-estar se dissipasse.

- E então – Continuou, fingindo não ter notado as reações que provocou – Vocês estudaram no mesmo colégio ou coisa assim?

Foi Edward quem conseguiu falar.

- Você sabe que eu sou de Forks? – Começou inseguro, e prosseguiu assim que Alice assentiu – Então... Isabella também é de lá, como você deve saber. E nós estudamos na mesma escola, apesar de que eu era um ano adiantado em relação a ela.

- Nossa, é verdade! Eu tinha me esquecido que você é de Forks, Bellinha... – Alice falou com sinceridade – Mas é uma surpresa que vocês já se conheçam há tanto tempo. E que coincidência, hã?!

- Pois é... – Bella finalmente se pronunciou, muito baixo, encarando suas mãos e pensando na ironia de tudo aquilo.

- Mas vocês eram amigos, conhecidos, ou nem se cruzavam? – Alice sondou.

Eles falaram ao mesmo tempo.

- Nem nos cruzávamos. – Bella disse agitada.

- Amigos. – Edward respondeu tranquilamente.

Alice olhou de um para o outro, suprimindo, com muita dificuldade, seu sorriso de vitória, enquanto Edward encarava Bella com a expressão confusa.

Ele não entendia porque ela mentira. Não era nada demais dizer quer eram amigos, apesar de que eram infinitamente muito mais do que isso. Mas não era como se eles fossem despejar sua história trágica no colo da baixinha.

Bella o olhava enfurecida.

Como ele podia abrir essa brecha? Agora Alice iria inferniza-la até arrancar-lhe toda a verdade.

Alice, vangloriando-se internamente por sua inteligência e sagacidade, resolveu que era hora de deixar o assunto morrer. Pressionar os dois só iria fazê-los fugir. E agora ela queria de qualquer maneira saber o que rolou, e o que, com certeza, ainda rolava entre esses dois.

- Deve ter sido meio confusa a relação de vocês... – Murmurou divertida – Edward, e Esme e Carlisle, como têm passado? – Ela desviou o assunto.

Os dois relaxaram os ombros no mesmo instante, o alívio tomando conta de suas feições.

- Estão bem – Edward respondeu – Estão em Los Angeles.

O restante do jantar transcorreu mais tranquilamente.

- Obrigada pelo jantar. Foi tão divertido! – Alice provocou, sendo facilmente ignorada.

Eles já estavam no estacionamento do restaurante, se despedindo.

- Não foi nada baixinha. Você sabe que o prazer foi meu. Até quando você fica? – Edward perguntou.

- Até dia vinte. Mas não vou ter muito tempo livre. Tem muita coisa a providenciar para o casamento de Bella.

Edward estremeceu levemente e olhou em direção à Isabella que estava encostada à porta de seu carro, a dois veículos de distância.

- Foi por isso que veio? – Indagou com a voz carregada.

- Oh, sim. Eu sou a madrinha! – Respondeu animada, sem notar a tensão no tom dele – Mas pra você eu consigo umas brechinhas na minha agenda.

Ele sorriu, subitamente nervoso demais para proferir qualquer palavra.

Eles se abraçaram, e Alice logo seguiu em direção ao mini cooper.

Edward acenou para Isabella, que devolveu o gesto.

Assim que as portas foram fechadas, e o carro pôs-se em movimento, Alice não conseguiu mais se conter.

- Hoje você não me escapa. – Falou a Bella com um sorriso quase diabólico.

Bella engoliu em seco, sabendo que não teria como fugir da melhor amiga.

- Espera o Jake dormir, pelo menos! – Bella falou impaciente.

Elas estavam na cozinha, e ele na sala.

Fazia mais de meia hora que Alice a pressionava a contar o que estava acontecendo.

Pressionou-a com a revelação de tudo que percebeu durante o jantar, e então Bella sabia que ela iria chegar à verdade, fosse por ela ou por Edward, porque, mesmo sem a ajuda de ninguém, ela tinha chegado muito perto.

Será que eles estavam dando tanta bandeira assim?

- Tudo bem, tudo bem... – Alice aquiesceu com desagrado – Eu espero.

Duas horas depois, ela já estava com as pálpebras baixas de tanto sono, suportando bravamente ao apelo de seu organismo, quando Jacob se levantou.

- Eu vou dormir, estou exausto... – Falou se espreguiçando – Você vem Bells?

Alice se empertigou ao notar que Bella aproveitaria a deixa pra fugir, e lhe direcionou um olhar fatal.

- Hum... Eu... Daqui a pouco, Lup. Tem umas coisas que a Alice quer conversar comigo.

- Ok. Te espero na cama.

- Não me espere, amor... Você está esgotado. Durma. Prometo que não demoro.

Jacob deu de ombros e a beijou suavemente nos lábios. Beijou o topo da cabeça de Alice e seguiu para o corredor que daria nos quartos.

Assim que ouviu o som da porta sendo fechada, Alice pulou para o lado da amiga.

- Agora me conta tudo!

Bella suspirou.

Conhecia muito bem a pequena. Teria que contar cada pequeno detalhe daquela história dolorida que tentou esquecer. Mas ultimamente seus fantasmas a assombravam a qualquer momento, fazendo seu peito comprimir e a dor lhe assolar. Precisava de um bom desabafo.

Ao final da narrativa as lágrimas banhavam o rosto de ambas.

Bella pela lembrança, Alice por compreensão e compaixão.

- Amiga, eu não fazia idéia de que você tinha sofrido algo do tipo... Desculpe por trazer tudo isso à tona, Bella. – Ela falou depois de um longo silêncio.

- Você não trouxe... Ele trouxe. Assim que eu pus os pés em sua sala no meu primeiro dia e vi aqueles olhos. – Bella falou com a voz embargada.

- Mas você e ele claramente ainda se amam... – Alice comentou cautelosa.

- Alice! – Bella a repreendeu – Eu vou me casar com o Jake.

- Você não pode negar que ainda sente alguma coisa por ele. Alguma coisa, não... Tudo! Vocês passaram uma semana inteira juntos! Mal conseguiram ficar longe um do outro quando se viram sozinhos... Palavras suas!

- Eu sei... – Bella murmurou desesperada – E eu me sinto péssima por não ter resistido. Mas foi mais forte do que eu... Eu o amei muito.

- Ama.

- Alice... – Bella choramingou.

- Bella, você precisa ter certeza de que é o Jake que você quer. Você não pode se casar com um amando o outro. Fará o Lup sofrer, e sofrerá também.

- Ele é casado, pelo amor de Deus! – Falou, jogando os braços pra cima – Mesmo que eu não fosse noiva, mesmo que eu não estivesse a três meses de me casar, ainda assim ele não poderia ficar comigo.

- O casamento dele é uma piada! Sempre foi! Ele claramente não a ama. Só aquela estúpida que não enxerga isso. Ou talvez enxergue e não se importe. – Alice replicou de maneira quase rude.

- Você não gosta dela. – Bella afirmou.

- Não. Ela parece delicada, discreta, amável... Mas eu reconheço uma sonsa de longe! E ela é uma das maiores que eu já vi.

Bella comprazia-se disso. Pelo menos a melhor amiga não nutria afeição por aquela cobra travestida de anjo. Isso seria um pouco demais para ela suportar.

- Ela sempre foi o meu pior pesadelo. – Bella falou enxergando o passado – O problema é que eu nunca consegui provar, nem pra mim mesma, que ela queria prejudicar meu relacionamento com o Edward. Até comigo ela era simpática, solícita, terna, como se gostasse mesmo de mim, como se aprovasse realmente meu namoro secreto com seu melhor amigo. – Ironizou as últimas palavras – Mas eu via no olhar dela. Eu conseguia enxergar o desagrado por trás do sorriso e das palavras de incentivo e apoio. O ciúme e a inveja que exalava de seus poros quando ela ia me levar um recado dele. Mas ela nunca, nunca escorregou. Nunca me disse uma palavra rude, ou me destratou, ou ameaçou.

- Se é assim... – Alice ponderou – Ela agiu em meticulosa perfeição. O que significa que ela é fria e calculista. Qualquer mulher com ciúme ou inveja, em algum momento desliza.

- Sim, eu concordo – Bella anuiu, inquieta – E quando eu soube que ela é a esposa dele... Eu tive certeza, Alice. Foi ela que armou aquilo tudo.

- Então, sabendo disso, não seria o caso de você perdoar o Edward?

- Não. – Falou veemente – Ele pode não ter estado envolvido naquilo, mas também não se pronunciou. Simplesmente cruzou os braços e se absteve. Deixou que todos pensassem que era verdade. E isso foi o que mais me feriu.

Alice se calou, tendo que dar o braço a torcer. A amiga tinha razão em sua mágoa. Muita razão.

- Mas, e agora? – Perguntou – O que você vai fazer?

- Como assim? Eu não vou fazer nada. Ele é meu chefe e só. Nem amigos nós somos.

- Bella... Você prefere que eu fale com todas as letras? – Alice inquiriu impaciente – Vocês transaram todos os dias durante uma semana. A tensão entre vocês chega a ser palpável! Ele pediu perdão! Será que você é cega?

- Eu não sou é burra! Você acha mesmo que eu vou me sujeitar a ser a amante? Foi só um deslize, Alice! Passou! Eu vou me casar daqui a três meses!

Alice suspirou.

Bella era uma teimosa. Ela tinha que enxergar por si mesma para entender o erro que estava cometendo. Não iria mais interferir. Pelo menos por enquanto.

- Ok. Acabou o assunto. Eu não quero que fique nervosa, ou que a gente discuta. Mas lembre-se de que eu apoio você, e apoiarei sempre, independente de suas decisões ou burradas.

Bella sorriu, expirando em alívio em seguida por deixar aquele tema de lado.

- Obrigada Allie. Você sabe que eu te amo.

- Eu também te amo. Por isso só quero o melhor pra você. Agora vamos dormir que já passa das duas da manhã, e eu tenho um dia cheio hoje. Aliás – Parou se lembrando de algo – Sua mãe chega hoje à tarde. Vou busca-la com o Emmet.

- Oh, ela nem ligou! Vamos fazer um jantar aqui pra ela! Estou morrendo de saudades.

Dito isso as amigas seguiram para o corredor de mãos dadas, planejando rapidamente o encontro da noite.

Edward estava com a cabeça a mil.

Não conseguia parar de pensar nas noites em Londres, no corpo de Isabella, nos seus beijos...

Não aguentava mais inventar desculpas esfarrapadas para não dormir com a esposa. Tânia estava começando a ficar chateada, e com toda razão.

Mas o que ele podia fazer?

Tinha medo de chamar por Isabella nos braços de sua mulher. Aquilo estava se tornando um inferno.

Olhou o relógio de pulso. Nove horas.

- Ângela – Chamou pelo interfone – Verifique se a senhorita Swan já chegou, por favor.

- Sim, senhor Cullen. Devo pedi-la que venha até aqui?

- Isso.

- Ok.

E desligando pôs-se a pensar mais uma vez.

Quinze minutos depois, Bella entrava em sua sala, como sempre estonteante, e o fazendo arfar baixo pelo fascínio.

- Bom dia, senhor Cullen. – Ela falou, como sempre formal demais.

- Bom dia. – Falou meio aparvalhado – Nós teremos um jantar essa noite com o senhor Dempsey, da Aliura SA. – Disse depois de recuperar-se rapidamente, direto ao assunto, para evitar que se distraísse.

- Oh... – Bella falou um pouco decepcionada. Teria que adiar o jantar para a mãe – Ok, então. A que horas?

- As dezenove. – Edward pausou, notando o semblante de Isabella – Tinha algum compromisso? – Sondou temeroso. Não queria ouvir que ela iria ter um encontro romântico com seu noivinho.

- Bem, sim. – Respondeu constrangida – Mas não é nada demais. Minha mãe chega hoje e eu iria preparar-lhe um jantar... Mas posso fazer isso amanhã.

- Desculpe-me por isso. – Edward falou sincero – Mas o Patrick está na cidade apenas hoje, e nós precisamos acertar alguns detalhes da renovação.

- Sem problemas, não precisa se preocupar. – Ela falou sorrindo, em reação à solicitude evidente dele – Ela ficará alguns dias, terei tempo.

Edward respondeu ao sorriso com um maior ainda. Sentiu-se imediatamente feliz por ela ter sido um pouco menos fria, por ter baixado, ainda que alguns poucos milímetros, o muro de proteção.

- Era só isso? – Ela perguntou, a voz um pouco mais calorosa.

- Sim.

Bella acenou com a cabeça e se virou para sair.

Um desespero mudo tomou conta de Edward, que involuntariamente se levantou deixando escapar o nome dela por entre os lábios.

- Isabella...

Ela estacou. Ouvir seu nome ser pronunciado por aquela voz... Todo seu corpo tremeu.

Voltou-se para ele, que já caminhava em sua direção, sem conseguir articular qualquer palavra. E esperou.

Edward se aproximou o suficiente para sentir a corrente elétrica que sempre o enlouquecia quando o contato com o corpo daquela mulher era iminente.

Arriscou segurar-lhe os braços pelos cotovelos.

Como ela não apresentou resistência, hipnotizada como estava pelo olhar ardente que ele lhe lançava, aproximou-a de seu corpo um pouco mais, quase colando-se a ela.

- Eu não consigo parar de pensar em você... – Sussurrou intenso.

Bella arfou.

Não conseguia encontrar sua voz, ou mesmo sua consciência. Ele a deixava desnorteada quando estava assim tão próximo.

Procurou forças para resistir, pois sabia o que viria se ela não impedisse. Mas seu corpo a traia vergonhosamente, ansiando pelo toque de Edward.

Ele se aproximou ainda mais, cautelosamente devagar, dando-lhe a oportunidade de evitar o que ele pretendia. Mas ela continuou o encarando com os olhos levemente arregalados, a respiração mais rápida.

Aquilo era quase um convite. Ele sabia que a obstinação dela estava por um tênue fio.

- Edward... – Ela sussurrou com a voz fraca – Por favor... Não...

Mas ele não sentiu firmeza em suas palavras. Nem ela.

E quando os olhos da moça cerraram-se minimamente, ele sabia que a aceitação havia chegado.

O beijo foi calmo e muito delicado. Amoroso. Não tinha urgência ali, apesar do desejo latente que pulsava no corpo de ambos. Mas era um beijo de saudade, que demonstrava a falta que sentiam de estar nos braços um do outro sem barreiras, como em Londres.

Seus corações sincronizaram as batidas aceleradas, enquanto eles se apertavam mais um ao outro.

Quando acabou, deixou um sentimento de leve tristeza. A percepção de que a emoção que sentiam era tão proibida quanto aquele ato.

Edward colou sua testa na de Bella, ainda envolvendo sua cintura, enquanto ela enlaçava o pescoço másculo.

- Eu... Preciso de você. – Ele falou com a voz rouca.

Isabella fechou os olhos tentando sufocar as lágrimas.

- Não podemos... Você sabe disso. – Sussurrou já quase sem forças.

Então seus olhos se encontraram, e eles podiam reconhecer, um no outro, aquele brilho que existia a onze anos atrás, quando eram apenas adolescentes apaixonados.

Edward sentiu-se realizado. Ele enxergava o mesmo sentimento, ainda que bem no fundo do castanho chocolate, pelo qual ele se envolveu com ela.

Mas Bella ficou assustada. Havia ido longe demais outra vez.

Afastou-se dele bruscamente, deixando-o confuso e amargurado.

- Não podemos. – Repetiu, o tom horrorizado.

- Bella...

- Não! Não insista, por favor... – Seu tom era implorativo – Eu vou me casar... Eu amo o Jacob!

Ela falou muito mais para se convencer do que para atingi-lo. Mas a dor lancinante que Edward não conseguiu disfarçar alcançou-a, trazendo a certeza de que, depois daquilo, ele desistiria.

Edward ficou sem reação.

Sentia a dor, a desilusão, a decepção dançarem dentro dele, zombando de suas esperanças tolas. Não conseguiu falar.

Isabella virou-se e saiu, ainda respirando com dificuldade.

O jantar havia sido tranquilo, apesar de Edward ter estado com o semblante levemente amargurado todo o tempo.

Seguiam para o estacionamento depois de se despedirem do cliente, quando Bella parou abruptamente na frente de Edward, fazendo-o trombar nela.

- Ai! Er... Desculpe, mas você...

- Meu carro sumiu! – Bella o interrompeu alarmada – Estava aqui! Sumiu! Roubaram meu carro!

- Calma... – Edward falou subitamente agitado – Tem certeza de que foi aqui? Esse estacionamento é grande.

- Não, eu tenho certeza. Me lembro desse Honda vermelho. Eu estacionei aqui, nessa vaga. Meu Deus!

Edward ponderou por alguns instantes e, determinado, sacou o celular.

- Oi, boa noite. Teve um roubo de carro aqui na West 34th Street. Poderia mandar uma viatura ao local? – Pausou, escutando – Ok. Obrigado. – E então voltou-se a Bella – Você tem seguro?

- Sim. – Ela respondeu nervosa.

- Ligue pra eles e avise o que aconteceu. Eles já estão mandando alguém aqui pra fazer a ocorrência. – Ele notou seu semblante consternado – Você está bem?

- Estou... – Sua voz era trêmula – Só preciso... Acho que preciso me sentar.

Edward amparou-a pelo braço, ignorando a queimação instantânea que lhe acometeu, percebendo que Bella estava gelada e tremia muito.

- Você está em choque. – Constatou – Vamos entrar novamente. Eles vão contatar meu número, já que eu fiz o chamado.

Depois de tudo devidamente esclarecido e do seguro acionado, Bella agradeceu ao policial e se encaminhou para a ponta da calçada para pegar um taxi.

- O que você está fazendo? – Edward perguntou aborrecido.

- Pegando um taxi? – A afirmação soou como uma pergunta.

- Eu te levo em casa! Você não está bem pra ir sozinha.

- Ok. Então eu ligo pro Jacob vir me buscar. – Falou já enfiando a mão na bolsa.

Edward estacou irado. Mas não podia falar nada. Não tinha nenhum direito sobre ela.

- Droga! – Bella cuspiu como olhar desfocado – Eu deixei o celular no carro!

- Será que você pode deixar de ser tão orgulhosa?

- Eu não sou orgulhosa!

- É sim. Eu estou aqui, bem ao seu lado, mas você não aceita a minha ajuda. Eu não vou te atacar!

- Eu duvido muito disso!

- Que droga, Bella! Eu só estou preocupado com você! Será que é tão difícil enxergar isso? – Esbravejou.

Isabella ficou atônita. Não só com o tom de voz que ele usou, mas com suas palavras.

Eles se encararam por alguns instantes mais, enraivecidos. Então Bella desviou o olhar.

- Desculpe. Eu estou sendo estúpida e indelicada. Eu aceito a carona. – Falou com a cabeça baixa.

Ela não viu, mas um sorriso deslumbrante despontou nos lábios de Edward.

Cinco minutos e seguiam para o endereço dela.

Edward estava no limite de seu controle.

O perfume dela era uma névoa densa dentro do carro, e o estava atordoando.

E num acesso de loucura e impulsividade, ele pegou o primeiro retorno em outra direção.

- Mas, o que está fazendo? – Bella perguntou, confusa com a súbita mudança de trajeto – O meu apartamento é pra lá.

- Eu fui sincero quando disse que não te atacaria – Edward murmurou, alheio ao nervosismo de Bella – Mas é mais forte do que eu.

- O que quer dizer com isso?

- Eu não vou te levar pra casa. Pelo menos não agora.

- Edward, pare com essa brincadeira idiota! Agora! – Ela falou brava.

- Não é brincadeira. – Ele disse sem olha-la – Eu nunca falei tão sério em minha vida.

E apesar da certeza de que aquilo era um erro, talvez o maior de todos, Bella se calou, aceitando que onde quer que ele a levasse, e o que quer que fosse fazer com ela, não resistiria.


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Notas finais do capítulo

Eu quero reviews!