Who Knew escrita por Nunah
Ele tinha chorado nessa noite o que ele nunca chorou em toda sua vida. Tentava adormecer, rezava para Morfeu, mas o espaço vazio ao seu lado só lhe dava mais tristeza. Era difícil digerir a mensagem de que ela se fora.
- Cadê Zeus? – perguntou Hera se juntando ao Conselho no dia seguinte.
- Ele não vai vir hoje – disse Poseidon – Mas enfim...
- Por que ele não vem hoje? – ela perguntou indignada – Ele ainda tem que cumprir com suas tarefas, certo?
- Dê um tempo ao coitado – disse Hades.
- Para Hades defender Zeus, a coisa deve estar feia mesmo – disse Deméter fazendo todos rirem, menos Hera.
Do nada, a culpa pesou em sua mente, será que tinha ido longe demais?
Mas, logo se recuperou, lembrando-se o motivo de ter feito tal coisa. Não, ela não iria voltar atrás, ele já a fizera sofrer o máximo que podia, e agora pagaria cada lágrima derramada.
- Sabe, eu lembrei que Eros está me esperando... Posso sair mais cedo? – perguntou Afrodite.
- Claro, não vai acontecer nada interessante mesmo – falou Athena abanando a mão.
- Obrigadinha – disse a deusa do amor pulando e beijando o rosto da outra.
Aquela foi a desculpa mais esfarrapada que ela já dera na vida, precisava saber o que estava acontecendo com o Todo Poderoso, se é que me entendem. Tudo bem que ele merecia tudo aquilo, com certeza, mas cá entre nós, ela é a deusa do amor, afinal. Depois d correr e gastar a sola de seu melhor salto, finalmente o achou. Sentado em um balanço no jardim, Zeus encarava o nada com concentração, mas sua mente estava em outro lugar. Agora, sozinho e triste, não queria mais ver ninguém, coisa que não aconteceria.
- Zeus? Tudo bem? – disse aquela voz de menininha que já conhecia.
- Claro, não está vendo? – perguntou ele sarcástico. Ela suspirou.
- Posso me sentar? – ele assentiu e Afrodite se colocou à sua frente.
- Você sabia que uma hora ou outra isso aconteceria, não sabia? – ela disse – Nenhuma paciência é eterna, embora a dela tenha chegado perto. Nem eu aguentaria.
- É, acabei percebendo isso da pior forma. Mas, o que faz aqui? Não quer me jogar no Tártaro?
- Eu vim te ajudar – ela disse sorridente como uma criança que acabara de ver um daqueles pirulitos enormes – Sei que não deveria, mas o amor de vocês era tão lindo.
- Afrodite, caso ainda não tenha se tocado, ela se foi, nunca mais voltará – Zeus disse e pela primeira vez, alguém notou uma lágrima em seu rosto.
- Não chore, por favor, eu sei como ajudar. Não deveria dizer nada, mas...
- Sabe? – ele disse como se visse uma luz no fim do túnel.
- É... Um tipo de desejo secreto que nós, mulheres, temos quando abandonamos o amado. Com certeza, Hera ainda não percebeu isso.
- Pelos deuses, pare de enrolação – ele disse quase quicando onde estava.
- Nenhuma mulher abandona o amado por não querer mais vê-lo... A verdade é que todas, TODAS, no fundo, bem no fundo, querem que o homem tente reconquistá-la, que brigue por ela, que vá atrás dela, como se fosse a primeira vez. Hera ainda não se tocou que quer isso, bom pra você. Tente provar que ainda a ama.
- Mas... – ele começou ainda perplexo com a nova possibilidade.
- Depois eu que enrolo! Pare com isso, volte naquela reunião e reconquiste-a!
- Muito obrigado, Afrodite, obrigado.
- Mas, se você magoá-la, considere o Tártaro sua nova casa.
- S-sim.
- Por que ainda está aqui? – aquela foi a deixa para Zeus correr, mas ele faria uma surpresa antes.
Athena se sentia desconfortável, mas não sabia o motivo, algo a estava incomodando. Foi só questão de tempo ao deparar com duas orbes verdes a analisando.
- Algum problema?
- Por que você me odeia? – perguntou Poseidon a pegando de surpresa e atraindo as atenções dos deuses presentes.
- Como?
- Você me odeia. Por que?
- Só te odeio porque você me odeia.
- Athena, você nunca me deu motivos para eu odiá-la, a não ser me odiar. Então, por que você me odeia?
- Pensei que me odiasse por não conseguir ser o deus patrono de Atenas.
- Ou talvez porque você transformou minha namorada em um monstro, que tal? – com isso o ambiente ficou tenso, todos temendo que pudesse ocorrer alguma tragédia – Mas, por incrível que pareça, não te odeio por isso, ela era sem sal mesmo.
- Sua namorada? – ela perguntou num fio de voz. Aquilo ainda ia dar merda. Pois, todos sabiam que uns dias antes do ocorrido, Poseidon tinha pedido para namorar Athena direto para Zeus - Era o meu templo! Ninguém mandou você arrastá-la pra lá!
- Já se perguntou se eu tive algum motivo pra isso?
- Pensei que você estivesse mais preocupado em deixá-la nua do que ter um motivo.
- Athena, pra você não ver o real motivo de Poseidon ter feito isso, ou você é lerda ou tá perdendo o jeito – disse Afrodite arfando e sentando no trono.
- Tá me chamando de velha?
- O que nós fizemos pra conviver com mulheres de TPM eterna?... – resmungou Ares levando um belo tapa de Ártemis.
- A deusa da sabedoria que não compreende o amor – disse Afrodite e Hera percebeu um duplo sentido na frase. Ou ela queria dizer que ninguém a compreendia... Ou ela estava dizendo que... Não, não seria possível.
- Afrodite! – chamou Hera – Está tentando juntar os dois? – ela sibilou para que ninguém ouvisse.
- Aham, e você vai me ajudar – falou Afrodite em plenos pulmões.
- Ah, mas não vou mesmo.
- Mas do que é que vocês estão falando? – perguntou Poseidon totalmente perdido – Será que não se pode distutir em paz?
- Não se pode sair nem um minuto que já começam a brigar – falou uma voz conhecida da porta. Zeus estava parado, com um sorriso no rosto, seus olhos azuis elétricos brilhavam ao focar Hera, seu terno – por milagre – estava no lugar e ele carregava um buquê de flores em mãos, todas coloridas, nenhuma igual a outra.
- Trouxe flores para a mais bela e importante mulher da minha vida – ele disse, parando defronte a Hera e deixando-a sem fala – Pra você – ele sussurrou.
- Lírios...
- De todas as cores, não existem iguais em lugar algum e eles nunca morrerão.
- Foram eles que...
- Decoraram nosso casamento – disse Zeus com um suspiro.
- Não sabia que se lembrava – ela disse baixinho, já em pé – Mas obrigada.
- Que bom que gostou, mesmo, significa muito pra mim.
- Pensei que não viesse hoje.
- Tive uma pequena ajuda, admito.
- Eros, né? – Athena sussurrou para Afrodite que apenas sorriu.
- Ah, qual é, ela não vai se entregar tão fácil, né? Isso daqui vai virar novela mexicana – falou Ártemis.
- Fica quieta – disse Apolo.
- Então, sobre o que estavam conversando? – perguntou Zeus finalmente se sentando.
- Bem, amanhã é véspera de Natal – respondeu Hades que agora se sentava do outro lado de Poseidon.
- Pensei que fosse uma comemoração besta dos mortais e que não devíamos ligar pra isso, não é mesmo, Zeus? – perguntou Héstia sarcástica, que sempre relembrava o dia em que Zeus tinha dito isso numa véspera de Natal só para se divertir com as ninfas.
- Mas é claro que não – ele disse na maior cara de pau – Vamos comemorar o Natal. Athena e Hera, vocês cuidam da árvore.
- Só nós? A árvore é imensa! – protestou Athena.
- Ártemis e Apolo, cuidem da decoração – continuou ele.
- Pai, não é uma boa ideia... – começou Apolo.
- Apoiado – disse Ártemis.
- E tratem de não brigar. Os dois – disse Zeus - Deméter e Dionísio, ficam com as comidas e bebidas.
- E é bom que não tenha só cereal – disse Hades e Deméter revirou os olhos.
- Ares e Hefesto, vocês vão cuidar das mesas, cadeiras e tudo o mais.
- Ele tá querendo o apocalipse – disse Afrodite.
- Afrodite, querida, pode cuidar das toalhas, cortinas e tudo o mais.
- Só não deixe o Olimpo parecendo a casa da Barbie – pediu Hera.
- Héstia, pode cuidar das lareiras e dos aquecedores, vai nevar.
- Neve no Olimpo? Não está exagerando? – perguntou Poseidon.
- Claro que não – disse Zeus – Bem, os outros façam o que quiserem.
- Vamos Hera! – disse Athena puxando a outra, ela estava mais animada do que o normal.
- Parabéns – Afrodite sussurrou para Zeus assim que eles estavam sozinhos.
- Acha que ela gostou?
- As flores do casamento, Zeus! Como você lembrou?! É claro que ela gostou – ela disse batendo palminhas.
- Que bom – ele suspirou pesadamente.
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