Who Knew escrita por Nunah


Capítulo 3
2 - porque ela está do lado do amor




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     Ele tinha chorado nessa noite o que ele nunca chorou em toda sua vida. Tentava adormecer, rezava para Morfeu, mas o espaço vazio ao seu lado só lhe dava mais tristeza. Era difícil digerir a mensagem de que ela se fora.

- Cadê Zeus? – perguntou Hera se juntando ao Conselho no dia seguinte.

- Ele não vai vir hoje – disse Poseidon – Mas enfim...

- Por que ele não vem hoje? – ela perguntou indignada – Ele ainda tem que cumprir com suas tarefas, certo?

- Dê um tempo ao coitado – disse Hades.

- Para Hades defender Zeus, a coisa deve estar feia mesmo – disse Deméter fazendo todos rirem, menos Hera.

     Do nada, a culpa pesou em sua mente, será que tinha ido longe demais?

     Mas, logo se recuperou, lembrando-se o motivo de ter feito tal coisa. Não, ela não iria voltar atrás, ele já a fizera sofrer o máximo que podia, e agora pagaria cada lágrima derramada.

- Sabe, eu lembrei que Eros está me esperando... Posso sair mais cedo? – perguntou Afrodite.

- Claro, não vai acontecer nada interessante mesmo – falou Athena abanando a mão.

- Obrigadinha – disse a deusa do amor pulando e beijando o rosto da outra.

     Aquela foi a desculpa mais esfarrapada que ela já dera na vida, precisava saber o que estava acontecendo com o Todo Poderoso, se é que me entendem. Tudo bem que ele merecia tudo aquilo, com certeza, mas cá entre nós, ela é a deusa do amor, afinal. Depois d correr e gastar a sola de seu melhor salto, finalmente o achou. Sentado em um balanço no jardim, Zeus encarava o nada com concentração, mas sua mente estava em outro lugar. Agora, sozinho e triste, não queria mais ver ninguém, coisa que não aconteceria.

- Zeus? Tudo bem? – disse aquela voz de menininha que já conhecia.

- Claro, não está vendo? – perguntou ele sarcástico. Ela suspirou.

- Posso me sentar? – ele assentiu e Afrodite se colocou à sua frente.

- Você sabia que uma hora ou outra isso aconteceria, não sabia? – ela disse – Nenhuma paciência é eterna, embora a dela tenha chegado perto. Nem eu aguentaria.

- É, acabei percebendo isso da pior forma. Mas, o que faz aqui? Não quer me jogar no Tártaro?

- Eu vim te ajudar – ela disse sorridente como uma criança que acabara de ver um daqueles pirulitos enormes – Sei que não deveria, mas o amor de vocês era tão lindo.

- Afrodite, caso ainda não tenha se tocado, ela se foi, nunca mais voltará – Zeus disse e pela primeira vez, alguém notou uma lágrima em seu rosto.

- Não chore, por favor, eu sei como ajudar. Não deveria dizer nada, mas...

- Sabe? – ele disse como se visse uma luz no fim do túnel.

- É... Um tipo de desejo secreto que nós, mulheres, temos quando abandonamos o amado. Com certeza, Hera ainda não percebeu isso.

- Pelos deuses, pare de enrolação – ele disse quase quicando onde estava.

- Nenhuma mulher abandona o amado por não querer mais vê-lo... A verdade é que todas, TODAS, no fundo, bem no fundo, querem que o homem tente reconquistá-la, que brigue por ela, que vá atrás dela, como se fosse a primeira vez. Hera ainda não se tocou que quer isso, bom pra você. Tente provar que ainda a ama.

- Mas... – ele começou ainda perplexo com a nova possibilidade.

- Depois eu que enrolo! Pare com isso, volte naquela reunião e reconquiste-a!

- Muito obrigado, Afrodite, obrigado.

- Mas, se você magoá-la, considere o Tártaro sua nova casa.

- S-sim.

- Por que ainda está aqui? – aquela foi a deixa para Zeus correr, mas ele faria uma surpresa antes.

     Athena se sentia desconfortável, mas não sabia o motivo, algo a estava incomodando. Foi só questão de tempo ao deparar com duas orbes verdes a analisando.

- Algum problema?

- Por que você me odeia? – perguntou Poseidon a pegando de surpresa e atraindo as atenções dos deuses presentes.

- Como?

- Você me odeia. Por que?

- Só te odeio porque você me odeia.

- Athena, você nunca me deu motivos para eu odiá-la, a não ser me odiar. Então, por que você me odeia?

- Pensei que me odiasse por não conseguir ser o deus patrono de Atenas.

- Ou talvez porque você transformou minha namorada em um monstro, que tal? – com isso o ambiente ficou tenso, todos temendo que pudesse ocorrer alguma tragédia – Mas, por incrível que pareça, não te odeio por isso, ela era sem sal mesmo.

- Sua namorada? – ela perguntou num fio de voz. Aquilo ainda ia dar merda. Pois, todos sabiam que uns dias antes do ocorrido, Poseidon tinha pedido para namorar Athena direto para Zeus - Era o meu templo! Ninguém mandou você arrastá-la pra lá!

- Já se perguntou se eu tive algum motivo pra isso?

- Pensei que você estivesse mais preocupado em deixá-la nua do que ter um motivo.

- Athena, pra você não ver o real motivo de Poseidon ter feito isso, ou você é lerda ou tá perdendo o jeito – disse Afrodite arfando e sentando no trono.

- Tá me chamando de velha?

- O que nós fizemos pra conviver com mulheres de TPM eterna?... – resmungou Ares levando um belo tapa de Ártemis.

- A deusa da sabedoria que não compreende o amor – disse Afrodite e Hera percebeu um duplo sentido na frase. Ou ela queria dizer que ninguém a compreendia... Ou ela estava dizendo que... Não, não seria possível.

- Afrodite! – chamou Hera – Está tentando juntar os dois? – ela sibilou para que ninguém ouvisse.

- Aham, e você vai me ajudar – falou Afrodite em plenos pulmões.

- Ah, mas não vou mesmo.

- Mas do que é que vocês estão falando? – perguntou Poseidon totalmente perdido – Será que não se pode distutir em paz?

- Não se pode sair nem um minuto que já começam a brigar – falou uma voz conhecida da porta. Zeus estava parado, com um sorriso no rosto, seus olhos azuis elétricos brilhavam ao focar Hera, seu terno – por milagre – estava no lugar e ele carregava um buquê de flores em mãos, todas coloridas, nenhuma igual a outra.

- Trouxe flores para a mais bela e importante mulher da minha vida – ele disse, parando defronte a Hera e deixando-a sem fala – Pra você – ele sussurrou.

- Lírios...

- De todas as cores, não existem iguais em lugar algum e eles nunca morrerão.

- Foram eles que...

- Decoraram nosso casamento – disse Zeus com um suspiro.

- Não sabia que se lembrava – ela disse baixinho, já em pé – Mas obrigada.

- Que bom que gostou, mesmo, significa muito pra mim.

- Pensei que não viesse hoje.

- Tive uma pequena ajuda, admito.

- Eros, né? – Athena sussurrou para Afrodite que apenas sorriu.

- Ah, qual é, ela não vai se entregar tão fácil, né? Isso daqui vai virar novela mexicana – falou Ártemis.

- Fica quieta – disse Apolo.

- Então, sobre o que estavam conversando? – perguntou Zeus finalmente se sentando.

- Bem, amanhã é véspera de Natal – respondeu Hades que agora se sentava do outro lado de Poseidon.

- Pensei que fosse uma comemoração besta dos mortais e que não devíamos ligar pra isso, não é mesmo, Zeus? – perguntou Héstia sarcástica, que sempre relembrava o dia em que Zeus tinha dito isso numa véspera de Natal só para se divertir com as ninfas.

- Mas é claro que não – ele disse na maior cara de pau – Vamos comemorar o Natal. Athena e Hera, vocês cuidam da árvore.

- Só nós? A árvore é imensa! – protestou Athena.

- Ártemis e Apolo, cuidem da decoração – continuou ele.

- Pai, não é uma boa ideia... – começou Apolo.

- Apoiado – disse Ártemis.

- E tratem de não brigar. Os dois – disse Zeus - Deméter e Dionísio, ficam com as comidas e bebidas.

- E é bom que não tenha só cereal – disse Hades e Deméter revirou os olhos.

- Ares e Hefesto, vocês vão cuidar das mesas, cadeiras e tudo o mais.

- Ele tá querendo o apocalipse – disse Afrodite.

- Afrodite, querida, pode cuidar das toalhas, cortinas e tudo o mais.

- Só não deixe o Olimpo parecendo a casa da Barbie – pediu Hera.

- Héstia, pode cuidar das lareiras e dos aquecedores, vai nevar.

- Neve no Olimpo? Não está exagerando? – perguntou Poseidon.

- Claro que não – disse Zeus – Bem, os outros façam o que quiserem.

- Vamos Hera! – disse Athena puxando a outra, ela estava mais animada do que o normal.

- Parabéns – Afrodite sussurrou para Zeus assim que eles estavam sozinhos.

- Acha que ela gostou?

- As flores do casamento, Zeus! Como você lembrou?! É claro que ela gostou – ela disse batendo palminhas.

- Que bom – ele suspirou pesadamente.


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