POV MAY

Com os olhos fechados ainda meu corpo começou a despertar, mexi os dedos dos pés esfregando no lençol, eu acordava aos poucos. Puxei forte o ar, meus pulmões se encheram, logo expirei abrindo meus olhos.

Focalizei a lâmpada fluorescente, eu não estava no meu quarto, aqui era uma das salas de recuperação. Mexi agora as pontas dos dedos das mãos, ainda estava sonolenta, eu queria mais sono, toda minha massa corporal pesava muito, porém comecei a recordar do ritual gerando uma ansiedade. Será que deu certo?

Virei meu rosto vendo os monitores com seus gráficos e sons incompreensíveis para mim, pisquei levemente com a respiração profunda, sentia estranha, como se tivesse algo errado dentro de mim. Fechei as pálpebras, preciso me concentrar, afinal eu queria respostas por estar estranha na minha própria pele.

A sensação de estar completa, até meio cheia, quase transbordando era muito nítido, mas o que me fazia sentir assim? De repente senti uma paz, um amor imenso quase me afogar, algo nunca sentido por mim, mas aquilo não era meu, eu estava imersa naquilo.

Ouvi os passos suaves, alguém se aproximava da minha cama, puxei de forma discreta o ar, o cheiro foi reconhecido por mim. Ainda de olhos cerrados impliquei:

–chegando de fininho porque Lunna?

–olha quem acordou! – a encarei agora, sorria para mim com carinho.

–Estou dormindo a muito tempo? – perguntei tentando sentar, meus músculos estavam cansados, como eu tivesse matado mais de 10 vampiros habilidosos.

–Deixa eu te ajudar. – a loba me auxiliou como se eu fosse uma criança. Seus olhos azuis foram para o seu relógio de pulso. – respondendo a sua pergunta: você está dormindo a mais de 20 horas.

–Uau. – respondi. De novo a sensação de estar com algo diferente em mim.

Como boa observadora Lunna me indagou:

–o que sente?

–sinto-me cheia. Como eu estivesse transbordando de algo, que eu não entendo. – sei que minhas palavras estavam confusas.

–você esta gostando de sentir isso?

Parei por um instante, inspirei uma boa quantidade de ar, tentei trazer oxigênio a mais a minha mente para encontrar alguma resposta, lembrei-me de Shang com sua ideia de tentar se acalmar pela respiração fazendo a resposta vir.

Era uma sensação boa, quente, algo gostoso e emocionante, bonita, na verdade linda. Mas não era algo meu, contudo eu queria aquilo para mim também.

–sim, eu gosto. – respondi finalmente um pouco emocionada com o volume daquele sentimento dentro de mim.

–Landura explicou a nossa mãe que você sentirá o amor de Jonh por você.

Recordei da declaração dele para mim perante a morte, aquilo me pegou desprevenida. Sinceridade eu não sei o que sinto sobre aquilo, já o amo como irmão, porém será que consigo ir alem com esse amor?

–você sabia que ele me amava? – perguntei porque a loba não estava lá na hora do acontecido.

–Sempre soube. – não acreditei naquilo, arregalei meus olhos incrédulos. – eu sabia o segredo dele e ele o meu, que era a minha irmã ter sido pega pelos Volturi.

–Como você nunca me falou nada? – bati de leve no braço dela, mas nem fez cosquinha, ela riu.

–O que você faria diferente se soubesse? – a forma irônica que ela falou era certo de saber a minha resposta.

–Num sei. – realmente eu não faço a mínima ideia o que pensar sobre Jonh apaixonado por mim.

–Você é a pessoa solteira mais feliz que existe, uma caçadora, que sempre foge quando as suas vitimas se apaixonam. Como você fugiria do jonh?

Aquilo em pegou completamente me deixando sem fala, pois era uma verdade. Sempre fugi de relacionamentos sérios, nunca tive nenhum, bastava começar sentir um pouco de vontade a mais de ficar com um cara eu não o procurava.

Fazia isso porque amo ser independente, eu não preciso de ninguém para ser feliz, já sou sem ter ninguém. Como também vejo como todas as histórias de amor acabam; sempre há um sofrimento, maioria das vezes maior por parte das mulheres. Eu não queria aquela fraqueza, eu sou uma guerreira.

Contudo acredito também que nenhum homem chegou perto de tocar esse lado meu, ou talvez eu me proteja tanto nunca permiti algo parecido com amor se aproximar. Acho que único homem que ficou mais na minha vida foi Jonh.

–Esse tempo todo calada significa que você concorda comigo? – lunna perguntou com seu ar sabichona.

–Eu não fugiria. – não sei de onde saiu aquela certeza, mas ela foi verdadeira.

–Você aceitaria o amor dele?

–ah.. – fiquei de novo com as palavras perdidas em algum lugar sem conseguir dizê-las.

–Ele te ama de verdade. Tanto que aceitou ter você somente como irmã, só para ficar perto de você. - ela falava analisando o meu rosto.

Recordei de várias vezes de Jonh me vendo beijar e agarrar vários homens, uma dor espremeu meu peito. Deve ter doído de certa forma eu senti o gosto amargo dos ciúmes. Então eu me lembrei das palavras da bruxa de cinza: você dividirá todos os sentimentos, os mais íntimos.

–Eu sei... – sussurrei. – eu sinto o amor dele.

Encarei minha irmã por um tempo, ela notava o quanto eu estava sendo verdadeira. Porque eu realmente sinto agora o amor de Jonh, essa sensação de enchimento é o amor dele por mim. Algo poderoso e bonito, impossível de não ficar embriagada com aquela intensidade de sentimento.

–Como ele esta? – perguntei um pouco perdida, enfim era muita coisa dentro de mim.

–Muito bem. Acordou a pouco. Você sente algo físico?

–Um cansaço. – torci de leve meu pescoço ouvimos um estalo. – Parece que lutei com vários vampiros.

–Você doou energia vital pro urso.

–Nossa esta sabendo bem sobre o ritual hein? – impliquei com lunna, que sorriu marota, bem típico dela.

–Eu fiz um inquérito no telefone com Landura. Afinal eu sou a medica da nossa família.

–Por isso esse bando de fios ligados em mim? – levantei meus braços com os fios conectados a mim.

–Queria acompanhar seus sinais vitais, afinal você ficou muito tempo desacordada, não queria surpresas.

–Entendi. Você pode tira-los de mim? – era um pedido.

–Sim. – ela foi desplugando e desligando as maquinas.

Agradeci pela a minha liberdade, fui tentar levantar, senti fraca com uma leve vertigem, as mãos ágeis de Lunna me ampararam.

–Tem gente que precisa comer. – ri fraco pra ela, aos poucos meus músculos foram ficando mais fortes, porém realmente eu precisava comer alguma coisa, o ronco alto do meu estomago deixava isso claro.

–Acho que preciso de uma comidinha da Sarah. – falei manhosa.

Antes que a minha irmã falasse alguma coisa, que provavelmente seria alguma piada. Ouço o bater de coração forte, uma ansiedade, logo o cheiro dele...

–Jonh... – o nome saiu da minha boca com uma emoção.

Seus olhos estavam com um brilho lindo, a emoção dele me atingiu como um tiro, tirando o ar por completo. Não estou acostumada sentir algo tão forte.

–Trouxe a sopa feita por Sarah. – a Voz dele era envergonhada. Pronto o clima entre nós ficará estranho, está ai um motivo bom para eu não saber da paixão dele por mim.

–Que bom urso. – Lunna quebrou a situação esquisita. – Ela precisa comer.

Com as mãos ainda me segurando minha irmã me colocou sentada na cama novamente. Eu e Jonh ficamos nos olhando, eu o sentia dentro de mim, todo seu amor por mim era impressionante, não tinha como não me emocionar. Ainda mais o olhando na minha frente, eu conseguia enxergar como ele me amava.

–Vou deixar aqui o prato. – com todo cuidado ele colocou a bandeja na cama.

Percebi o embaraço dele, uma insegurança me afogou, havia uma tristeza. Olhamos-nos mais uma vez diretamente nos olhos, nunca tinha percebido o quanto ele era encantador.

–Bem, eu acho que vocês precisam conversar. – Lunna chamou nossa atenção, sorrimos sem graça. – vocês precisam acabar essa situação estranha.

–Também acho. – falei encarando novamente os olhos verdes de Jonh.

Ele assentiu timidamente, aquela era primeira vez que o via assim, corado de leve, parecia tão indefeso, aquilo só me fez querer cuidar dele, colocar no colo sabe?

Nem percebi quando a loba saiu do quarto nos deixando sozinhos.

–Você esta sentindo bem mesmo? – ele perguntou desconfiado parando na minha frente.

–Estou bem. – respondi um pouco perdida naquela situação embaraçosa.

–Sei que você esta fraca. – ele me respondeu desconfiado.

–Você sente isso? – quem estava desconfiada era eu.

–Sinto que você precisa se alimentar... – agora ele conectou os nossos olhares, ele estava a pouco de um metro de mim. – E que você esta confusa... – eu ri baixando o olhar e ele continuou. – demais com a nossa situação não é?

–sim. – confessei nervosa, nunca pensei ficar sem graça ao lado do urso.

Ele pegou a bandeja e colocou num aparador, com passos vacilantes chegou até a cama, sentou ao meu lado, ficamos a poucos centímetros um do outro. Ensaiei falar alguma coisa, porém ele começou:

–May, você não precisa mudar em nada em relação comigo. – Cacei os olhos dele, vi um incomodo, em seguida prestei atenção no que se passava em mim, na verdade agora percebo que tenho como fosse um pedaço dele vivo em mim, naquele momento ele fazia uma força para controlar o seu amor por mim. – Serei seu irmão de sempre.

As mãos dele vieram em cima das minhas que repousavam no meu colo. Aquele mero gesto fez meu coração acelerar, o encarei notei e senti tanto amor dele dentro de mim. Como não querer aquilo, era tão lindo aquele sentimento. Será que não poderia ter um pouco dele pra mim? Experimentar algo tão tentador...

Sem duvida tudo aquilo estava mexendo com os meus sentimentos por jonh, algo novo crescia dentro de mim. Será que aquele amor todo estava me afetando?

–jonh. – o chamei, logo atenção dele era só minha. – e se eu quiser esse amor?

–Como assim? – ele sorria lindamente, sempre o achei lindo, a primeira vez que o vi fiquei encantada, mas me tornei logo da família e viramos irmãos.

–Você me ama muito, eu sinto esse amor todo aqui em mim. – levei a minha mão até o peito. – é um sentimento que eu nunca tive por ninguém, mas que de certa forma eu to gostando de sentir, sinto que é por você. E você é um cara incrível, como não posso te amar? Sei que está muito confuso... – Nunca me perdi nas palavras como agora, ai meu deus já estou igual essas bobas. - Ai, não sei lidar com essa coisa de amor, me ajuda.

–Sinto que você esta gostando de sentir algo por mim. – ele falou sorrindo. – Estamos bem confusos.

–Sim estamos. – suspirei em meio aquele mar de emoções estranhas. E sorri com ele falando de nós na primeira pessoa do plural: nós. Suspirei e pedi. – Mas eu tenho certeza que quero sentir isso que esta nascendo por você.

–é o que mais quero. – Jonh estava mudando perante meus olhos, ele deixou de ser meu irmão. O que ele se tornaria? Bem, tenho que começar a testar, afinal esse sentimento tem que ser posto em pratica.

–você me deixa tentar uma coisa? - perguntei me aproximando o meu rosto do dele, lançando meu olhar mais sexy do meu repertorio.

–Está tentando me seduzir pantera? – ele me olhou irônico, que não deixava de ser maravilhoso. Um nervosismo se apoderou do meu corpo.

–Me sinto uma adolescente. – disse com a boca próxima da dele.

–Eu me sinto no céu. – sem mais demora nossos lábios se encontraram e logo entraram em sintonia de um beijo envolvente.

Dentro de mim, o pedaço que pertencia a Jonh ficou em festa, como ele tivesse em êxtase, sinto como vários fogos de artifícios estivessem explodindo. Já eu, a minha parte estava se encantando com aquilo e deixando crescer um novo sentimento. Como beija bem esse urso. Uma certeza eu tenho: estou perdida com essa historia de amor.