Os cinco dias passaram muito rápido e quando eu vi já estava na hora de embarcar no avião. Depois de uma despedida demorada da minha mãe e das minhas amigas, eu finalmente embarquei no voo rumo à Alemanha.

            Enquanto eu voava, só ficava imaginando como seria viver em um país totalmente diferente, com um cara que eu nunca tinha visto na vida, durante dois meses. Aproveitei que tinha bastante tempo e abri meu livro de alemão, pra poder sobreviver esse tempo sem ter que recorrer ao inglês toda hora. O livro “Aprenda alemão em 30 lições” refrescou minha memória, mas quando eu desci do avião não lembrava mais nada de tão nervosa que estava.

            Assim que sai da sala de desembarque vi um homem que se parecia tanto comigo, quês e não fosse meu pai eu estranharia. Enquanto eu chegava perto ele ia abrindo um sorriso e os braços. Quando cheguei perto, ele me abraçou muito forte e disse:

            -Oi filha, o voo foi tudo certo?

            -Oi pai – disse sem solta-lo – Foi tudo certo sim.

            -Meu Deus deixa eu te ver – disse ele me segurando pelos braços na frente dele – Como você esta grande, e bonita. Tem certeza que é minha filha?

            -Que é isso pai – disse sem graça – É lógico que sou sua filha. A gente vai ficar nesse aeroporto o dia todo?

            -Não, claro que não – disse ele rindo – Meu carro ta ali, vamos logo.

            Já no carro, Gordon dirigiu na direção do centro. Não paramos de falar o caminho todo, a conversa fluía como se já nos conhecêssemos e convivêssemos juntos desde sempre. A cada minuto descobríamos mais manias parecidas e coisas em comum, agora tínhamos certeza que éramos pai e filha.

            Chegando ao centro, Gordon parou em um conjunto de apartamentos e fomos ate o terceiro andar. O apartamento era normal, mas parecia que ninguém morava ali a algum tempo, achei estranho mas não me preocupei com isso.

            Os dias se passavam rápido e quando eu vi, já fazia uma semana que eu estava na Alemanha, e eu e o Gordon já havíamos feito de tudo um pouco. Como ele tinha banda eu já tinha ido a um show e a um  ensaio, ele já havia me levado pra comer as comidas típicas da Alemanha, fomos no cinema, ele me levou pra um tour pelos pontos turísticos de Berlin e todo dia me ajudava a melhorar meu alemão.

            Como eu era metade italiana, o que eu mais sabia fazer eram massas, então, na 8º noite que eu estava com meu pai, estávamos tentando fazer pizza, ao som de AC/DC, quando um assunto me veio a cabeça:

            - Pai, você ainda é jovem e bonitão. Por que você não namora ninguém?

            -Obrigado filha – disse ele corado – Er, na verdade eu sou casado.

            -Casado? Como assim? – perguntei indignada jogando molho de tomate nele – E PORQUE VOCE NÃO ME CONTOU NADA? CADE ELA?

            - Calma filha – disse ele se limpando – Eu queria que a gente se conhecesse primeiro, pra depois eu mostrar minha família. Minha mulher e os gêmeos.

            - O que? Gêmeos? – perguntei admirada – Eles são pequenos?

            -Não, não são. – disse ele rindo- Eles tem 21 anos na verdade

            - 21, ta louco? – perguntei fazendo as contas – Como pode?

            -É que eles não são meus filhos biológicos – disse ele – São filhos só da Simone, minha mulher.

            -Ate quando você acha que ia esconder isso de mim? – disse o provocando com mais molho de tomate – Quando eu vou conhecê-los?

            -Eu queria primeiro que a gente fizesse programas ‘pai e filha’ pra se conhecer, mas a gente pode ir pra casa amanha se você quiser – disse ele me provocando com azeitonas – E essa pizza, sai ou não sai?

            Enquanto terminávamos a pizza, meu pai me contava como ele e a mulher se conheceram. Depois que comemos, arrumamos nossas malas porque no dia seguinte iríamos para a verdadeira casa do meu pai.