Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 5
Tensão no Hospital


Notas iniciais do capítulo

Chappie bem alegre e fofo até...



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2 Semanas Depois

Felipe aguardava o moreno sair do ônibus e logo correr para perto de si. Nando estava com um sorriso enorme no rosto quando abraçou o loiro. Ambos apertaram um pouco mais o abraço.

-Como tá, além de parecer um figurante da Noite dos Mortos Vivos? –Perguntou o moreno.

Não era para menos, Lipe estava de moletom, jeans surrado, All Star velho, com umas olheiras enormes e a cara amassada. Parecia que havia sido atropelado. O motivo era simples.

Hans estava indo para o bar de Balthazar para encontrar Fritz e Lipe, só que sua namorada havia ligado no meio da viagem. O resultado foi o carro num poste, o motorista no hospital e a descoberta que um herdeiro seu estava a caminho.

Nas semanas que passaram, Lipe e o pai revisaram a vistoria em cima de do mais velho, que quebrou um braço e o tornozelo. Estava tudo bem até... A cirurgia dele havia sido tranqüila, só que o pé ainda inchava um pouco. Cerca de um ano para melhorar por completo.

-Espero que ele melhore antes que o filho venha... –Disse Nando sorrindo.

-Tu tá muito engraçadinho hoje... –Falou o loiro. –Tem algo que quer me contar, sinto isso no ar...

-Dói pra caralho. –O moreno fez uma careta. –Mas é bom pra caramba! É muito mágico...

O loiro pensou um pouco. O que doeria tanto e ao mesmo tempo seria bom? Será que o Nando havia brigado com o meio ficante dele? Será que tinha falado para o pai que tava com um dos caras do exército?

Foi aí que se encaixou. No sentido mais literal da expressão.

-Tu fez! –Disse Felipe ficando corado. –Mas disse que só ia fazer com ele se te pedisse em namoro!

-É claro que ele me pediu antes né bobinho! –O moreno abriu um lindo sorriso. –Foi tão legal! Tão escondido...

-Só tu mesmo Nando! Não vejo mais ninguém ter essa coragem. Tipo... Namorar um cara da tropa do seu pai.

-O fato do papi ser milico e ele também não altera nada...

-E se ele descobrir?

-Que chore pra sargentona que o filho que ela criou é bicha!

-Tá... –O loiro corou violentamente... –Me conta como foi...

-Tarado! –Disse o Nando dando risada.

Por incrível que pareça, Fernando fingia muito bem ser hétero para os pais. Escondida as roupas mais provocantes na casa de Pink e tinha dois orkuts completamente diferentes.

A família dele é toda militar, a mãe conheceu o pai no exército, o pai a traiu com uma mulher do seu esquadrão... Nando foi um dos primeiros homens a decidir pela carreira fora da forças armadas, fazendo ensino médio em uma escola federal.

Conheceu Dudu, o milico ajudante de seu pai em um jogo de futebol do esquadrão. Foi amor à primeira vista. O problema era manter as aparências, já que o militar era o único sem namorada entre os amigos, como Nando.

Quando chegaram ao hospital, o moreno estava nas nuvens, lembrando dos toques do outro, do amor que compartilhavam. Lipe estava calado, tentando não imaginar muito a cena e voltando a lembrar novamente do seu moreno.

Aquele quase beijo o abalou tanto, que estava desligando de cinco em cinco minutos nos dias seguintes. Quando o vento batia no seu rosto, lembrava do aroma que aquela pele macia exalava ou do toque preciso das mãos em sua cintura.

-Vamos tomar café FELIPE?! –Exclamou Nando chamando a atenção do loiro.

-Sim! –Respondeu ele num susto. –Tem uma máquina no andar do Hans.

Subiram de elevador até o sexto andar. O hospital era muito bonito, bem colorido até. O problema eram as enfermeiras, chatas pra caramba! Mas tudo bem. Foram até a máquina e cataram algumas moedas para dois mokaccinos.

Felipe estava esperando o seu café ficar pronto, até que algo chamou a atenção de Nando. O moreno começou a rir um pouco e bateu no ombro do loiro.

-Seu príncipe encantado chegou cinderela. –Disse o moreno rindo mais alto.

Felipe congelou. Engoliu um seco e lá estava ele! Sim! O dono dos seus pensamentos, o tormento de seus sonhos e o motivo pelo seu coração poderia sair de seu peito para correr para longe daquele homem.

Lá estava o seu Johnnie.

Nem é preciso dizer que ele está mais lindo que nunca, ne?

Seus olhos estão brilhando, usava um jeans normal, camisa pólo vermelha, coturnos e os cabelos estavam um pouco mais curto dos lados. Ele vinha contando moedas e nem olhava para frente.

Por isso, bateu em uma enfermeira. Ela deixou algumas gazes e toda parafernália que carregava em uma bandeja. Um estouro tomou conta do corredor. O pobre coitado deixou as moedas caírem junto.

-Me esconde! –Disse Lipe desesperado.

-Pensei que tu ia querer vê ele... –Disse Nando. –Depois do quase beijo...

-Mas não aqui e comigo nesse estado deplorável!

-Mas... –O moreno analisou o loiro. –É, realmente... É capaz dele sair correndo com medo que tu coma o cérebro dele...

Felipe ficou atrás da máquina de café e botou o moreno na sua frente. Era impossível o ver com Nando ali. O problema era que o café já havia terminado de ser despejado e não havia saída do outro lado do corredor.

Aos poucos, Johnnie chegou na máquina de café. Olhou para o moreno e teve a leve sensação que já havia visto aquele menino. Não prestou atenção por muito tempo, apenas esperou o moreno sair.

-Pode usar, eu vou pegar mais dois cafés. –Disse Nando sorrindo e se segurando para não cair na gargalhada.

-Brigado. –Agradeceu o moreno mais alto.

Johnnie botou as moedas, selecionou um mokaccino e ficou esperando. Suspirou ao pensar em Felipe. Aquele loiro não estava no quarto de Hans, havia saído pra buscar um amigo...

Claro que foi ali para ver como Hans estava, afinal era muito amigo do acidentado, mas o motivo mais forte foi a chance de ver Felipe e se possível, terminar aquele beijo. Ou começá-lo pelo menos.

Agora era só tomar o seu café e esperar mais um pouco. Quando o seu mokaccino estava pronto, pegou o café, acenou um tchau com a cabeça para o moreno mais baixo e saiu indo para o quarto.

Mal Johnnie dobrou o corredor, Nando caiu na gargalhada, quase chorando. Tinha ficado completamente seduzido pelo homem, não podia negar, mas o desespero de Lipe era mais engraçado.

O loiro estava quase entrando na parede. Pensava no seu moreno, sentia o seu cheiro e conseguia vê-lo andar pelo corredor, voltando. De costas, ele estava mais lindo que nunca.

Mas que inferno! Porque ele sempre fazia isso? O moreno só podia ter uma câmera que vigiava Lipe por 24 horas!

-E agora? –Disse o loiro. –Eu não vou voltar pra lá assim!

-Calma, eu tenho maquiagem aqui bobinho... –Disse o moreno sorrindo. –Vamos no banheiro e te recauchutamos.

-Tô tão ruim assim? –Perguntou o loiro manhoso.

-Ainda tem dúvida?

Depois de alguns (muitos) minutos, Felipe entrava no quarto, com uma roupa um pouco melhor, emprestada de Nando, maquiagem e cabelos perfeitos. Estava renovado, sentindo-se mais confiante.

Ergueu a cabeça e encarou Johnnie de frente, quase derretendo após ver os orbes castanhos lhe admirando. Sorriu sem jeito e cumprimentou o menino com um aceno. Mesmo achando estar maravilhoso, o loiro ficou sem jeito com a beleza do maior.

-Você... –Disse Johnnie ao ver Nando entrar no quarto. –Eu achei que...

-Oi, meu nome é Nando... –Disse o moreno menor indo para perto de Hans. –Trouxe flores pra você...

-Sua bichinha... –Disse Hans com um sorriso cínico.

-Eu trouxe suas favoritas! –Nando tirou a caixa da mochila e revelou um pequeno pote com duas mudinhas. –Como você vai ficar muito tempo no hospital, eu trouxe uma que te acompanhe em toda a recuperação!

-Que amor... –Hans tentou ser gentil.

Mesmo com a conversa dos dois rolando, para Johnnie e Felipe, não havia um som sequer na sala. Estar ali, dividindo o mesmo ar era demais para o coração e neurônios de ambos. A vontade de se aproximar era enorme, mas não podiam...

Os olhares se encontravam novamente. As bochechas de Felipe coravam. Tudo parecia tão perfeito. Podia sentir o gosto do Trident canela que o moreno mascava. Era o momento que tanto queria, um beijo.

-Lipe, busca mais café pra mim? –Perguntou Nando com um sorriso. –Trás mais uns três, já que o seu pai e o Balthazar foram beber algo.

-Ok... –Disse o loiro pegando o dinheiro.

-O cabeção, não vai conseguir trazer todos ne! –Disse Hans. –Acompanha ele, Johnnie?

-Cl-claro! –Disse o moreno ficando corado.

Lipe nem olhou para trás. Respirou fundo e foi o mais rápido possível para a máquina, colocou as moedas todas de uma vez e começou a pedir os cafés. Batia o pé de maneira rápida e teimosa.

A outra mão desenrolava as notas de músicas que conseguia tocar na guitarra. Estava de costas para o moreno, que vinha atrás. Johnnie chegou, suspirou e se encostou na parede. Emitiu um som, tentando começar um assunto, mas foi interrompido com um copo de café na sua frente.

-Olha... –O moreno o segurou com um sorriso. –Podemos... Conversar?

-Sobre o que? –Perguntou Lipe, de costas para o outro.

-Sobre o quase...

-EU quero uma revanche! –Disse o loiro sem jeito e entregando outro copo para o moreno. –Não vai ganhar de mim assim tão fácil, provavelmente você aprendeu uns truques com o Hans, não é?

-Lipe. –O moreno largou os cafés na mesa ao lado da máquina e virou o loiro para si. Segurou seus ombros fortemente e o encarou. –Eu... Me sinto estranho perto de você.

-Todo mundo sente... É o meu jeito desajeitado...

-Não. Eu me sinto... estranhamente bem. E... não sei, é a terceira vez que nos vemos e eu... Acho que nossos encontros anteriores não foram por um acaso. Eu...

-VÃO DEMORAR MUITO?! –Era a voz de Balthazar do outro lado do corredor. –Vamos, me traga um café Johnnie!

O moreno olhou para seu pai e virou novamente para o loiro. Lipe estava corado e deixava uma lágrima cair pelo rosto. O moreno foi limpá-la, quando a mão do outro parou a sua.

Sentir os dedos finos e longos aos seus deixou Johnnie sem ar. Aquela mão tão macia tremia e suava. Os olhos verdes imploravam por piedade. O moreno viu que seu pai havia saído.

Felipe acenou um não com a cabeça. Largou a mão do moreno e foi para o banheiro.

Nenhum procurou o olhar alheio pelo resto da visita. Johnnie estava cabisbaixo, mentiu dizendo que uma amiga havia ligado e que ela estava mal, no hospital com infecção alimentar.

O loiro tentava mimar o irmão mais velho, mas tudo que pegava nas mãos, acabava caindo. Seus dedos tremiam como vara verde. Desculpava-se todas às vezes. Não resistia e tentava olhar para o moreno, mas se continha.

Quando eram quase oito horas, Balthazar resolveu ir embora. Todos estavam se despedindo, até que, quando Johnnie resolveu apertar a mão do loirinho, o desastrado derramou o copo de café que segurava completamente em cima do moreno.

-Desculpa! –Disse Felipe tentando fazer algo. –Vamos no banheiro, eu vou te ajudar.

-Tá... Não foi nada. –Disse Johnnie sendo puxado pelo pulso.

Quando chegaram no banheiro, o loiro fechou a porta e ficou parado nela, parecendo a segurar. Estava suando.

-Não precisava desperdiçar café assim pra falar comigo. –Disse Johnnie. –Era só...

-Olha, eu não sei o que você quer! Eu nunca me senti tão desesperado, estou fora de controle! –Felipe estava corado e chorando novamente. –Eu não quero mais te ver! Eu não gosto de me sentir assim!

-Eu sei por que tá assim...

-Por quê?

-Por que você espera... Algo quando me vê. E eu também. Desde aquele dia. Eu... Não sei o que sinto, só sei que eu... Quero você.

A porta emitiu um som.

-JOHNNIE, VAMOS EMBORA! –Disse Balthazar aos berros.

-Faz um favor pra mim... –Disse Felipe. –Nunca mais apareça aqui.

-Se mudar de idéia... –Johnnie se aproximou, pegou um papel do bolso e o colocou na mão do menor, enquanto limpava uma lágrima com a outra. –Me liga.

-Por quê?

-Eu sei que acredita em destino. –O moreno sorriu um pouco bobo. –Como eu. Não vou forçar nada. Me desculpe por ter... Avançado em você. Eu quero muito te conhecer.

O loiro corou mais ainda. O moreno beijou sua bochecha corada e abriu a porta, vendo que Felipe estava mole e indefeso.

-Tchau Felipe. –Disse o moreno sorrindo. –Foi bom te ver de novo.

Felipe amassou o papel que o outro lhe entregou ao vê-lo ir. Nem escutou o que Balthazar havia dito. Pela última vez, os olhares se encontraram. O peito do loiro se aqueceu. Ele ofegava, pedia por mais.

Quando o perdeu de vista, sentiu o calor se tornar dor. Uma dor tão forte.

Como a dor de ver o único que já tinha amado antes, partir.


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Notas finais do capítulo

O próximo será confissões...