Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 4
Encontro Magnético


Notas iniciais do capítulo

Esse chappie tá fofu!



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Balthazar’s - Noite Anterior

-Quero tudo brilhando! –Falou o homem de cabelos negros e curtos, olhos azuis e pele clara. –Entendeu Johnnie?

-Sim pai. –Falou o moreno bufando enquanto botava a última cadeira em cima da mesa.

-O Fritz vai ficar morrendo de inveja! A oficina dele nunca vai ser tão majestosa quanto meu bar! –Falou o pai de Johnnie, Balthazar.

-Pai, se tu não gosta dele, por que ele vem aqui?

-Pra mostrar os herdeiros é claro! Ele e eu estamos competindo há 22 anos já... E eu tenho certeza que estou na frente! Afinal, tenho minha arma secreta...

-Que seria...

-Tu, ne cabeção!

-Eu?

-Sim! Por isso, bota a melhor roupa que tem! Fica extremamente perfumado e charmoso! Quero ver se o menino dele é tão bonito quanto você...

-Isso é ridículo...

-É uma tradição de família! –Balthazar viu que o filho estava sentado. –Tu anda muito estranho Johnnie. Nesses últimos meses não transa, nem paquera... Que bicho te mordeu?

O moreno suspirou. A sua busca por aqueles olhos verdes estava acabando com ele e o deixando sem esperanças! Mas ainda queria reencontrá-lo. O garoto do lamen...

Nem escutou o que seu pai havia falado. Só viu uma nota de dez reais em cima de uma mesa e uma dose de whisky servida.

O moreno suspirou, pegou o copo e o virou num instante.

Balthazar’s – Perto do Meio-dia

Fritz estacionou a Harley junto com as outras raridades que se encontravam ali. Lipe nunca tinha visto tantas motos reunidas de uma vez só. O seu estômago começou a borbulhar um pouco. Que estranho, não tinha comido nada de diferente...

-Escuta o papai... –Disse Fritz alongando os braços. –Vai no banheiro ali do posto, se arruma. Fica descente, entendeu!?

-Tá... Uso maquiagem também? –Perguntou o loirinho.

-Vai esconder a alergia do sol?

-Tu tá brincando ne?

-Sério... Tu tá todo embolotado.

Felipe saiu correndo para o posto do outro lado da rua. Chegou no banheiro e viu no espelho as pequenas bolinhas vermelhas pelas bochechas e testa. Pegou o remédio e começou a massagear com mais pressa o possível.

Estava usando a sua skinny preta favorita, coturnos brancos e trocou a camisa por uma camiseta vermelha com o emblema da cerveja Duff dos Simpsons. Havia cortado os cabelos, os deixando repicados na altura do lóbulo.

Não tinha muita idéia do que ia encontrar lá. Quando mostrou a roupa para o pai, Fritz a aprovou na hora e disse que ele parecia uma mistura de Bart Simpsons e Laranja Mecânica.

Estava se sentindo bem, as bolinhas haviam diminuído bastante já, por isso, se maquiou um pouco, bem de leve para ninguém perceber muito. Passou um delineador e deixou os olhos verdes ganharem vida própria, eram as suas cartas na manga.

Pegou o celular e tirou uma foto. Suspirou, botou perfume, desodorante e saiu do banheiro. Encontrou o pai, deixou a mochila no bagageiro de couro da Harley e ajeitou uns fios.

-Estou pronto para ser vendido sinhozinho. –Disse o loirinho sorrindo.

-Ótimo. –Fritz parou na frente da escadaria de madeira. –Filho, você é lindo, ok? Até um homem tem que admitir isso. Por isso, relaxe, tome um drink e tente se enturmar. Tem uns otakus aqui pelo que eu soube...

-Pai, não se preocupe... Só não prometo gastar pouco no bar.

O alemão pareceu segurar uma lágrima e disse abraçando Lipe:

-Esse é o meu garoto! –Ele apertou o menino quase quebrando seu corpo frágil nos seus músculos. –Vamos nessa!

Ao abrir as portas, uma nostalgia de filmes de faroeste veio na mente do loirinho. A estrutura era de madeira. Mesas de sinucas se espalhavam pelo lugar, quadros de propagandas antigas e pin ups por tudo. O Bar ficava ao fundo, ao lado de um palco, agora só com pessoas sentadas e bebendo.

Havia até o crânio de um alce. Só tinham homens grandes, tatuados até os dentes, com bandanas, jaquetas jeans com mangas rasgadas e vários remendos de bandas famosas. A música ‘Tombstone City’ do Matanza tocava ao fundo. Só faltavam as dançarinas de Paris...

O cheiro de cigarro estava condensado no ar, junto com a fumaça no teto. Havia algumas mulheres também. Umas vestidas com a mesma roupa que os homens e com mais piercings e tatuagens que eles. Outras estavam de pin up, fazendo uns mais jovens babarem.

Mesmo sendo um lugar em que geralmente, vão pessoas mais velhas, um pequeno grupo de adolescentes e adultos de até uns 25 anos, jogava Black Jack acompanhados de uma bela garrafa de Red Label.

O loiro não proferiu uma palavra. Seus olhos brilhavam com aquilo, era um sonho! Adorava bar de motoqueiros por causa da virilidade e bebida... Mesmo não tendo corpo pra isso, seu desejo era seu assim um dia...

Aquilo era a melhor lição que um garoto podia ter de macheza.

Um homem de cabelos negros, maxilar extremamente marcado, costeletas ao estilo Elvis e topete chegou. Abraçou Fritz com muita força e analisou Felipe de cima a baixo. Os olhos azuis dele encontraram o do menino e o fizeram se arrepiar.

-Balthazar, esse é o meu menino, Felipe. –Disse Fritz botando o braço no ombro do loirinho e o trazendo para perto do seu corpo.

-Prazer, Felipe. –Balthazar tinha uma voz rouca... Muito bonita. –Sou Bathazar, o dono do lugar... Vejo que tu gostou bastante da atmosfera...

-É muito legal... –Lipe estendeu a mão e apertou a do homem, vendo um escorpião tatuado no pulso do homem. –Muito bonito o escorpião...

-Bonito o coturno do Alex... –Falou o homem. –Deve ter sido caro.

-Mais ou menos. –Lipe riu sem jeito. Aquela voz estava revirando seu estômago.

-Vou chamar o meu menino. Já volto! Sentem-se, a primeira é por conta da casa! –O homem foi em direção ao bar.

-Tudo bem Lipe, está corado. –Fritz disse. –Ele é um canalha. Tem uns sete filhos, um com cada mulher... E sempre tá solteiro.

-É...

Felipe concordou. Virou, ficando de costas para onde estava e começou a respirar devagar. Algo estava lhe atiçando os nervos, o deixando inquieto e com vergonha. Sentia-se tão estranho! Queria se acalmar, mas não conseguia.

O pai puxou o loirinho e o fez se sentar a uma mesa. Lipe segurou o encosto da cadeira e resolveu estalar as costas, talvez isso o estava incomodando.

-Quer beber o que? –Perguntou Fritz.

-Qualquer coisa doce... –Disse o loiro.

-Tá tudo bem, filho? O cigarro tá te deixando tonto?

-Não... É que... Sei lá, alguma coisa tá me deixando inquieto...

-Tipo um sexto sentido...

-É... Vo ir lá fora, falar com a Samira, dizer que já chegamos, ok?

O loiro se levantou e saiu do bar. Fuçou do lado da Harley e mesmo assim, os seus nervos não paravam. Seu coração estava batendo tão rápido, não havia cabimento no que estava acontecendo!

Ligou para a irmã e ela não atendeu. Novidade! Resolveu mandar uma mensagem de texto dizendo que estavam bem e já estavam no bar... Depois disso, respirou um pouco, ajeitou os cabelos no espelho da moto e entrou novamente.

Sentou-se e quando foi guardar o celular, escutou mais passos em direção da mesa.

-Fritz, esse é o meu ouro! Johnnie. –Falou Balthazar.

JOHNNIE?!

O coração do loirinho disparou. Quase perdeu os sentidos só de escutar aquele nome. Não podia ser o mesmo moreno. Não podia... Ia ser muita coincidência... Respirou fundo e levantou os olhos.

Aqueles olhos castanhos lhe fitaram. O peito forte era vestido com uma regata preta, quase colada, calça preta e um coturno militar. Os cabelos pretos estavam mais curtos dos lados e sem topete, apenas um moicano mal feito bem feito. Aquele maxilar parecia mais marcado ainda.

O coração de Johnnie não pode acreditar. Dois meses procurando na rua e em paradas, finalmente resultaram nisso. O loiro dos olhos verdes mais lindos que já havia visto, ali, na sua frente e mais bonito que nunca.

-Já se conhecem? –Perguntou Fritz.

-Não exatamente. –Falou Johnnie com seu timbre de voz único. –Já nos esbarramos. Bom... –O moreno estendeu a mão. –Meu nome é Johnnie...

-Fe... Felipe. –Gaguejou o loirinho tremendo e apertando a mão do outro.

-Felipe. –Sussurrou o moreno. –Bom te conhecer.

-É... –O loiro sentia os olhos cheios de água! Ia chorar de novo!

-Por que não vão conversar lá no bar? –Balthazar disse puxando uma cadeira. –Eu e Fritz temos assuntos inacabados.

-Vamos? –Perguntou Johnnie com um sorriso.

-Va...Vamos. –O loirinho tremia por completo.

Seguiu o moreno até ele ficar sentado no bar e o moreno ir para o lado das bebidas.

-Com sede? –O moreno sorriu. –Dessa vez não tem Mupy aqui...

-Qualquer coisa... Doce. –Disse o loiro.

-Pode ser de morango?

-Po.. pode.

O moreno começou a colocar vários tipos de bebidas em uma coqueteleira. Sacudiu pra cá, sacudiu para lá, mostrando os braços lindos. Virou-se de costas e sua tatuagem de uma Harley Davidson atrás do ombro apareceu.

Isso estava deixando o loirinho hipnotizado! Como um homem poderia tirar o seu fôlego desse jeito? Não conseguia nem falar, só acompanhava os movimentos precisos e rápidos... Sem contar que o moreno tinha uma bunda...

Felipe corou violentamente quando se pegou olhando para lá. Tentava tirar os olhos, mas não conseguia, estava querendo tocar o moreno. Ele estava tão lindo...

-Pronto. –Disse Johnnie sorrindo.

O copo tinha um tipo de batida rosada, calda de morango ao fundo do recipiente, fazendo um efeito degrade com a bebida e um morango na borda. O lorinho pegou com muita concentração e tomou um leve gole.

Botou a mão na frente da boca após desgrudar os lábios do copo para garantir que não ficasse com bigode. Era delicioso! Simplesmente majestoso! Um sabor da fruta em pura concentração com um leve sabor do álcool ao fundo.

-É muito bom... –Disse o loirinho sorrindo. –Brigado.

-Foi nada. Adoro preparar esses tipos de drinks. São muito geniais e deliciosos. –Disse o moreno pegando um martelinho com whisky e o virando. –Então nos reencontramos... Loiro do Lamen.

-Desculpa ter... Saído é que me chamaram. –Disse Lipe corado.

-Não tem problema... É que eu queria conversar mais com você... Sabe, eu te achei bem... Legal.

-Mas trocamos palavras. Não tinha como você tirar essa conclusão.

-Sabia que os olhos dizem muito de nós?

O loiro não respondeu. Apenas tomou mais um gole da bebida. Johnnie acompanhou todo o processo, parando apenas quando viu o líquido descer pela garganta do outro. Como uma pessoa podia ser tão branca?

E como poderia mexer tanto com a sua imaginação? Aqueles lábios tão fartos estavam tirando a sua concentração. O jeito meigo que ele tomava com cuidado para não se sujar ou derramar... Era perfeito!

-Não sou ruiva de peitos grandes. –Disse Felipe cabisbaixo.

-Podemos conversar em outro lugar? –Perguntou o moreno. –Lá em cima tem mesas de sinuca... Quer jogar uma partida? Apostamos algo...

-O que?

-Não sei... Uma bebida, que tal?

-Ok... –Só vou avisar o meu pai, tá?

-Tudo bem...

O loiro foi até a mesa e viu o pai conversando com Balthazar.

-Vamos jogar sinuca lá em cima... –Avisou o loirinho.

-Coitado de você, o Johnnie é um monstro na sinuca. –Disse o dono do bar com uma piscadela.

-Eu fui criado em cima de uma... –Disse Lipe sorrindo. –Tem que ser muito bom pra me ganhar.

-Arrasa filho! –Disse Fritz.

O loiro subiu a escada atrás do bar e parou num corredor cheio de portas. A última do corredor estava aberta e a silueta do moreno podia ser vista. Felipe encheu o peito e foi para lá, vendo-o arrumar o jogo.

-Que tal uma melhor de três? –Perguntou Johnnie sorrindo.

-Fechado. –Disse Lipe pegando o copo com o drink de morango e tomando metade num gole só. –Vamos jogar...

-Te aviso que sou bom.

-Te aviso que sou mais. –Felipe ergueu uma sobrancelha e sorriu.

Os dois começaram a partida. Realmente, as jogadas de ambos saiam perfeitas. Ambos tinham o seu próprio estilo e quase nunca erravam. Não tinha como saber quem era melhor. Só a sorte poderia escolher um vencedor.

É claro que, como nada entre esses dois é normal, as duas primeiras partidas levaram ao empaste. Johnnie havia ganhado a primeira e Felipe, a segunda.

A última partida começava. Ambos estavam nervosos e o moreno não conseguia tirar os olhos do corpo do menor. Ele se abaixava para examinar a situação, aquela skinny estava tão colada ao seu corpo...

As pernas carnudas e o traseiro dele eram tão sexys... Os braços branquelos e finos. As mãos de dedos longos. Os olhos verdes extremamente concentrados...

Pena que Lipe não conseguia tacar direito. Todo o seu talento havia se esgotado. O moreno estava com uma gotinha de suor escorrendo pelo pescoço dele. Era de dar água na boca.

Assim, o loiro perdeu a partida de desempate.

-Como tem uma garrafa de vodka ali, pode servir uma dose pra mim? –Perguntou o moreno.

-Claro... –Felipe estava muito corado.

O loiro foi até a mesa onde a garrafa estava. Ficou de costas para o moreno e serviu um copo da bebida. Sentiu Johnnie quase o encoxando por trás, pegando o copo e bebendo tudo de uma só vez.

-Pode encher mais? –Perguntou meio sensual.

-Sim...

Mas não houve tempo. Johnnie empurrou o garoto para a parede e o prensou. Seus corpos estavam tão perto! Os perfumes marcantes estavam no ar à sua volta. Não tinham como escapar.

Felipe estava sem fôlego. Johnnie estava ofegante. Os lábios pareciam dois pólos opostos... Precisavam se unir, era de sua natureza. O encontro era inevitável...

Mas uma batida na porta atrapalhou ambos.

Felipe saiu dos braços de Johnnie e atendeu, encontrando o seu pai.

-Vamos pra casa, o seu irmão fez besteira. –Disse Fritz mais irritado que o normal. –Obrigado por tudo Johnnie, foi bom te conhecer.

O alemão pegou o braço do filho e o arrastou para a Harley Davidson.

Nenhuma palavra foi trocada pelo caminho.

Só os pensamentos de Felipe, que ecoavam pelo capacete rezando para reencontrar o seu moreno novamente.


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Notas finais do capítulo

Não sei quando postarei, já aviso!
Tenho teste de cálculo na sexta que vem, de um conteúdo felhadamãe!