Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 3
Momento Família


Notas iniciais do capítulo

Neste chappie eu descrevi a família do Lipe e a relação dele com ela...
Ele está bem fofo...
O próximo chappie promete...



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Dois meses Depois...

Felipe entrou na cozinha e se deparou com o irmão mais velho, Hans. Seu irmão já tinha 22 anos e desfrutava das mesmas características do mais novo. Cabelo loiro cevada, o seu sendo um ondulado e não liso como o do menino, olhos azuis e pele branca.

Era muito maduro e está prestes a se casar com a namorada, com quem mora há dois meses. Era um amor de pessoa, mesmo pedindo dinheiro emprestado para os irmãos.

-Lipe, como tá o teu namorado? –Perguntou o mais velho.

-Namorado? Eu não tenho. –Respondeu o loirinho. –O que as fofoqueiras contaram?

-Nada... Só que tu posa sempre na casa de um garoto quando vai pra Porto.

-Queria que eu ficasse na casa de uma menina?

-Não sei... Talvez tu mudou de hábitos e eu não soubesse.

O loirinho sorriu irônico para o outro e foi pegar café.

As fofoqueiras eram as irmãs do meio. As gêmeas de 19 anos que moram numa república em Cachoeirinha, chamavam a atenção tanto pelos dotes da família, quanto pelo carisma que espalham.

Cristina e Samira tinham personalidades opostas, mas muitos pensamentos em comum. A mais velha era Cris, que sempre tentou tirar vantagem da outra por causa disso, mas nunca teve muito sucesso.

As meninas chegaram pouco depois de Lipe ter sentado à mesa. Fazia tempo que não se viam, desde o começo das aulas de ambas na faculdade da pequena cidadezinha que moravam.

-Cadê o loirinho mais lindo do mundo? –Perguntou Samira beijando a bochecha do irmão mais novo.

-Suas fofoqueiras, porque tão inventando coisa sobre eu e o Nando de novo? –Felipe pareceu meio incomodado com isso.

-Desculpa! –Disse Cris beijando a outra bochecha do menor. –Nós soubemos que tu foi pra Poa e nem nos visitou! Eu fiquei triste.

-Desculpa... –Falou Lipe ficando vermelho. –É que eu ia visitar vocês no outro dia só que... Tive um problema.

-Como assim? –Perguntou Hans.

-Tava sem dinheiro. Desculpa mesmo.

-Não fica assim... –Cris falou enquanto elas o abraçaram. –Dá próxima vez que for, vamos te ver, ok?

-Tá. Samira... –Lipe ficou mais vermelho.

Ele levantou as sobrancelhas e sorriu sem jeito. A menina captou a mensagem na hora e piscou de volta para o irmão. Iriam conversar depois.

O motivo da família estar reunida era o fato que o caçula iria acompanhar o pai em um bar que ele sempre ia. Essa primeira ida simbolizava que o filho já estava maduro até para beber com os amigos.

Isso sempre era comemorado como uma honra na família deles. Pena que era o último filho que teria a mesa farta na noite anterior a este grande acontecimento. Não que o pai e a mãe deles, Fritz e Audrey, não queira mais filhos, mas pelo fato que a mãe estava viajando como nunca pelo mundo nos cruzeiros em que trabalhava.

Inclusive, ela estava em uma cozinha russa nesse instante.

Os filhos mais velhos começaram a ajeitar o jantar, enquanto os mais novos foram para o quarto. Samira sentou na cama e puxou o irmão mais novo para seu colo.

-Conte-me... –Disse a loira arrumando o cabelo do irmão. –Nervoso?

-No evento um guri muito lindo me pagou um lamen depois de derrubar o meu. –O loirinho confessou.

-E você tá com ele?

-Não... Eu nem tenho o número dele.

-COMO ASSIM!? –A mulher o jogou na cama, levantou e quase subiu em cima dele. –COMO VOCÊ ME DEIXA PASSAR UM BOFE DESSES?!

-Samira, por favor não conta pra ninguém! Não grita, eu não quero que mais alguém saiba. –O menor estava muito corado. –Eu só te contei porque... Eu me sinto um pouco melhor de contar pra alguém.

-O papai não vai brigar contigo, ninguém vai brigar, Lipe. Precisa contar pra ele do que tu gosta

-Não sei não...

-Olha... O Hans e a Cris já me botaram na parede pra saber se é verdade mesmo. Eles só não têm cara de pau o suficiente pra te perguntar. Ninguém vai ficar brabo. Eu garanto.

Alguém bateu na porta. Samira atendeu a porta e agarrou o pai.

Fritz era um alemão puro, já tinha 45 anos e nenhum cabelo branco. Tinha quase dois metros de altura, cabelos loiros até a cintura, nenhuma falha ou careca. Era esportista e trabalhava na sua oficina mecânica, consertando tudo o que trouxessem.

Era casado com Audrey há 25 anos e ainda suspirava pelos cantos, apaixonado pela mulher enquanto pensava nela. Era bem sentimental e botava ordem na casa quando somente ele e Lipe moravam sozinhos.

-Pai! Quanta saudade! –Samira disse sorrindo.

-Minha linda! Anda fazendo sucesso na faculdade? –Falou Fritz a deixando no chão.

-Um pouco. Estou me esforçando pra não rodar em uma cadeira chata... E tu pai? Ansioso pra amanhã?

-Sabe que um pouco... É o último filho... –O alemão foi até a cama e abraçou Lipe. –Meu último filhote... Mas vamos deixar a tristeza de lado e comemorar!

-PAI! –Era Hans gritando e chegando no quarto. –Recebi um vídeo da mamãe!

Todos foram para a cozinha e se depararam com o notebook de Cris aberto. A tela dele estava cheia e mostrava Audrey sentada, com a roupa de chef de cozinha e rodeada de batatas.

A mãe tinha uma aparencia jovial, um sorriso encantador e olhos azuis escuros reluzentes. Era um pouco baixa perto de Fritz e amava todos os filhos com uma devoção enorme. A pele dela era branca como uma vela e os cabelos loiros escuros eram curtos e repicados.

Ninguém melhor para criar os quatro.

Tinha um piercing na boca e um alargador na orelha direita.

Após se acomodarem na mesa, Cris deu o play no vídeo.

-Bom... Eu estou aqui no navio e estou amando a cozinha russa! É um pouco difícil falar russo ainda, mas estou pegando o jeito! –Audrey sorriu sem jeito. –Estou morrendo de saudades! As meninas devem estar aí, um beijo pras minhas paixões. Meu Hans também... Espero que não engravide aquela mulher antes de se estabilizar!

Uma voz surgiu, falando meia dúzia de palavras em russo. Audrey virou o rosto e gritou mais algumas. O engraçado era que pareciam palavrões, por causa da maneira tão emocionante que eram pronunciadas. A mulher virou novamente para a câmera.

-Bom... –Ela respirou fundo. –Você sabe meu Lipe que eu não tenho o dom do discurso... Mas eu só quero que você saiba o quanto essa família te ama. Estou muito orgulhosa de saber que você já é um homem. –Ela fungou um pouco. –Queria tanto estar aí... Mas no fundo eu sei que estou. Pelo menos em sete alelos de ti... –Ela riu sem jeito. –Amo vocês, ok? Tchau...

Ela limpou uma lágrima e desligou a câmera.

Não era preciso dizer que o loirinho estava agarrado no braço do pai e se segurando para não chorar. Amava muito a mãe, ela era uma companheira cheia de vida e amor. Fazia uma grande falta para deixar o ar mais engraçado.

Felipe foi para a sacada do quarto do pai e começou a espiar o telescópio. Suspirou olhando para um foto da mãe e sorriu ao lembrar dela falando russo. A porta do quarto se abriu e revelou o pai.

-Tu não precisava ter saído correndo. –Disse o pai botando a mão no ombro do menor. –Ela faz uma falta do cão aqui. –Ele falou alemão.

-É. –Lipe respondeu também na língua. –Pai, porque veio pra cá?

-Sua mãe e eu morávamos na Alemanha, perto do seu avô. Sua mãe engravidou do Hans. Eu e ela mal conseguíamos viver com os nossos salários, pois eu estava fazendo Astronomia em uma faculdade de lá. Eu tinha uma bolsa... Mas do mesmo jeito, não tínhamos dinheiro.

-E o que houve?

-Seu avô disse que ela deveria abortar. –Fritz suspirou. –Eu não deixei. A avó da Audrey morava aqui. Então viemos para cá, tentar a vida e conseguimos. Eu nunca mais estudei as estrelas desde então.

-Tu ama elas. Deveria ter voltado a estudar pai.

-E ficar longe de vocês? Nunca. –O pai se debruçou na sacada. –Só existe um sonho meu maior que as estrelas. Ter filhos. É por isso que não posso julgá-los quando tomam suas decisões. Eu sou impulsivo como sua mãe e vocês.

-É isso que nos deixa mais unidos.

-Tu não é tão impulsivo. É o que mais pensa. E que mais esconde de mim o que sente. –Lipe engoliu um seco. –Sei que tem uma escolha diferente dos teus irmãos. Eu não posso fazer nada além de aceitar isso.

-Pai...

-Sua bisavó tinha um sério problema com homens chamados Felipe. Por isso, sua mãe escolheu esse nome. Ia ser aquele que sacudiria as estruturas das mulheres... E dos homens...

-Desculpa... Eu juro que tentei... Gostar de mulher...

-Não se desculpe. Isso não é um pecado. É uma benção.

Hans apareceu na porta e sorriu.

-O jantar tá pronto... –Chamou o mais velho dos irmãos.

Pai e filhos jantaram juntos pela primeira vez em três meses. Risadas foram jogadas no ar, sempre em alemão, a língua que os mais velhos tinham orgulho de ensinar. Contavam sobre os meninos na faculdade, como estavam difícil algumas cadeiras e fofocas sobre alguns professores metidos.

Hans contava da namorada, Letícia, que quase morreu quando uma barata entrou na casa deles na semana passada e ele não estava presente para matá-la.

Felipe apenas comeu um pouco, não tinha muita fome e sorveu cada detalhe da mesa. Era bom sentir o cheiro da comida caseira, misturada aos perfumes das meninas. Os detalhes dos rostos dos homens sorrindo e fazendo caretas.

Era uma cena perfeita. Pena que a mãe não estava ali deixar o ar mais agressivo. Especialmente depois que Hans tocou um pedaço de pão em Samira. Ambos começaram uma pequena batalha que só foi parada quando Fritz tirou o pão da mesa.

Após lavarem a louça e a secarem, todos ficaram no pátio, sentados e olhando as estrelas. Eram apaixonados pelo céu.

-Espero que tu tenha deixado a Harley brilhando. –Disse Hans. –O Balthazar vai ter uma surpresa!

-É o dono do bar que nós vamos né pai? –Perguntou Lipe.

-Isso mesmo... –Fritz olhou para a garagem. –Espero que você prepare esse traseiro para a melhor viagem da sua vida.

Fritz fez questão de dormir com os quatro filhos. Juntou vários colchões na sala de estar e deitou no meio dos filhotes. Deixou cada gêmea de um lado seu e acariciou os cabelos dos meninos.

Felipe abraçou forte a irmã e sentiu o sono chegando. Como em todas as noites naqueles últimos dois meses, um moreno lhe invadia os pensamentos. Seu sorriso deixava seu estômago doendo. Suspirou um pouco e dormiu.

Era de manhã quando Fritz e ele subiram na Harley Davidson, pegando a estrada direto para o Balthazar’s. Estava na hora de se tornar um homem.

Estava na hora de reencontrar o seu grande amor.

Pena que ele não sabia que era agora.


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Notas finais do capítulo

O destino vai brincar com ele de novo!
Acho que o próximo sai na quinta ou sexta, ok?