Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 16
Quando Teus Lábios Encontrarem os Meus


Notas iniciais do capítulo

Caraca véio!
Eu peço mil perdões pela demora na atualização
passei cerca de três horas escrevendo esse chappie!
E não consegui escrevê-lo antes, perdão!
Eu achei bom...



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Na manhã do mesmo dia

Fritz trabalhava na mecânica de motos. Estava se preparando para a chegada de Balthazar, precisava tomar um drink com o amigo. Não sabia se contava sobre Johnnie. Se contasse, o outro iria tirar sarro da sua cara pelo resto da vida.

Se não contasse, ficaria com a pulga atrás da orelha durante todo o jantar.

Parou de pensar nisso e tentou se concentrar no motor que estava limpando, quando o seu celular tocou. Limpou as mãos em um pano e retirou o telefone do bolso do macacão que usava.

Olhou no visor e viu que era uma chamada de Balthazar. Será que o moreno iria desmarcar o jantar agora?

-Alô. –Atendeu meio desconfiado.

-Oi cara... –Disse Balthazar num tom despreocupado. –Como tá?

-Bem. –O loiro desconfiou muito do outro. –Tem algo que eu possa fazer por ti?

-É que... –Um barulho de gole foi escutado. –Eu precisava dizer uma coisa pra ti. Seria melhor se fosse pessoal. Mas ninguém pode saber. Me encontra daqui uma hora no bar?

-Ok. –O loiro desligou.

Mas o que seria essa agora? Ele iria fazer Fritz rodar quilômetros pra dizer que não poderia ir lá jantar? Bem coisa de Balthazar.

Quando a noite estava chegando

Fritz abriu a porta de sua casa. Palavras ecoavam pela sua mente e o deixavam tão triste. Eram diálogos que nunca pensou ter e combinações de letras que nunca pensou ter escutado da boca de Balthazar.

E nunca havia escutado mesmo.

Sentia-se péssimo. Cansado. Confuso.

As palavras estavam sendo trocadas pelos diálogos familiares que vinham da cozinha. As vozes e risadas de Samira, Cris e Audrey enchiam a casa com carinho e a deixavam tão acolhedora.

Foi para a porta da cozinha e parou no batente. A esposa estava sentada na ponta da mesa. O viu e sorriu. Um sorriso largo e cheio de amor. Ela se iluminou da mesma maneira que estava no dia em que se conheceram.

Samira e Cristina olharam para o pai e foram o abraçar, cada uma num braço. Beijaram-lhe o rosto e se aninharam naquele peito protetor que sempre as consolava. Falavam alguma coisa, mas ele não escutava, estava mais preocupado em se perder nos olhos de ambas.

“-A vida é muito curta não é? –Disse Balthazar tomando um gole de whisky. –Eu percebi que nunca tinha prestado atenção nem nos olhos do meu filho. Por um deslize, eu quase perdi a oportunidade de vê-los e perceber o quanto são belos.”  

-Como vocês estão lindas. –Ele falou.

Audrey arregalou os olhos com a frase. Samira e Cris se entreolharam e voltaram os orbes para o pai sem entender muito bem o que estava acontecendo. Sentiram um beijo ser depositado em cada testa.

-Tu tá bem pai? –Perguntou Samira.

-Eu sempre vou apoiar vocês meninas. Sempre tenham certeza disso. –Ele falou.

E como o calor, a felicidade se transmitiu de corpo para corpo. O clima estava tão calmo. A mais velha com se levantou, foi até o marido e lhe selou os lábios ternura e com a sensação de que o dever estava cumprido.

-Ele já saiu? –Perguntou o pai.

-Já. –Disse Audrey ajeitando uma mecha dos cabelos loiros. –Tome um banho, tu tá fedendo a álcool.

Felipe chegava na rodoviária e já tremia. Nem tinha visto o moreno, mas já sabia que poderia desmaiar de emoção só de ver o ônibus chegando no box. Não acreditou que o veria novamente.

Um ônibus com saída de Porto Alegre chegou. Felipe engoliu um seco, não podia acreditar que ele estaria ali. Podia sentir o estômago se revirando, os ouvidos tampados e o coração batendo tão forte, que poderia facilmente sair do seu peito!

Fechou os olhos, não conseguia nem ver. O loiro esqueceu-se que, ao perder um sentido, aguçamos os outros.

Seu olfato teve o prazer de reconhecer o cheiro da pele do moreno. Aquele aroma acolhedor encheu seus pulmões. Sentiu as bochechas corarem e o ar entrar mais vezes dentro do seu corpo, no intuito de gravar aquilo.

Abriu os orbes verdes e pode ver Johnnie parado na sua frente. Os olhares se encontraram. O gosto dos beijos voltou. A vontade de acabar com a distância entre ambos aumentou.

-Oi. –Disse Johnnie quase sem fôlego.

-Johnnie... –Disse Lipe quase chorando.

Os braços do moreno envolveram o menor e o apertaram contra o seu corpo. Nunca mais queria que ele saísse dali, nunca mais! Iria roubar o loirinho para si! E isso aconteceria naquela noite.

-Antes de tudo... –Falou Johnnie. –Eu não vou me importar se ele quiser sair no soco comigo Lipe. Eu te amo, eu não vou deixar de te ver! Não me importo se ele gosta de mim ou não.

-Brigado Johnnie... –Disse o loirinho. –Eu também não vou me importar de brigar com ele, quero ficar contigo.

O mais alto beijou a testa do menor e o abraçou com um pouco mais de força.

Fritz deixava o chuveiro ligado e a água batendo em sua nuca.

“-Se eu dizer que... Ela foi a única que amei, você acredita? –Perguntou Balthazar.”

Será que estava tão errado assim em deixar o filho reprimido?

Terminou o banho, ficou na sala sem trocar uma palavra com Hans. O filho mais velho parecia muito irritado com a sua atual situação: Parado em casa e com um filho a caminho.

-Eu deveria ter ido lá. –Falou o mais velho. –O Lipe nem deve se dar com o Balthazar. Porque mandou ele ir?

-Não é o Balthazar que veio. –Disse o mais velho. –É o Johnnie.

-O QUE?! AQUELE FILHO DE UMA VACA? O QUE ELE QUER AQUI? –Perguntou o filho mais velho quase caindo do sofá de susto.

-Eu não sei. Um empréstimo não é. Comporte-se. –Fritz se levantou.

-Como pode deixar alguém tão sujo entrar na nossa casa?!

-Nossa? –O loiro alto se virou para o filho. –Hans, escute o que tu tá dizendo! Está fora de controle, se animou com a atenção que eu e seu irmão demos pra ti e agora não quer ficar sem ela!

-PAI! –O mais velho fechou o punho. –Acha que eu gosto de estar aqui, parado?

-Acho que gosta de atenção. –Fritz segurou o rosto do filho e olhou no fundo dos seus olhos. –Deixe ele ter alguém para se importar com ele Hans.

-Porque mudou de idéia tão rápido? Ontem mesmo disse que iria pedir pro Balthazar afastar o Johnnie do Lipe, porque tu mudou de idéia em vinte e quatro horas?

-Alguém fechou uma ferida minha... –Disse Fritz. –Deve fechar as suas também.

A mão do mais velho acariciou os cabelos loiros do primogênito. Deixou que toda a sua compreensão fosse entendida pelo menor. Queria que ele perdoasse o coração de Lipe.

“-Não vejo nada de mim no Johnnie, Fritz. Isso me deixa feliz, afinal eu sempre soube que ele não ficava contente quando me imitava. –Falou Balthazar.” 

A porta se abriu. O loirinho estava corado, sem jeito e parecia muito nervoso. Deu um passo para o lado e Johnnie entrou na casa. Samira correu até o cômodo. Parou perto do sofá e ficou a analisar o pai.

Fritz olhava o menino de cima a baixo. As palavras de Balthazar voltavam aos seus ouvidos. Realmente, Johnnie era parecido com o pai. Eram praticamente a mesma pessoa, não podia se duvidar disso.

“-O que mais me alegrou... É ver que Johnnie conquistou uma amizade com quem ele pode contar. E mesmo não pegando ninguém ultimamente, ele anda com um brilho nos olhos que eu nunca vi antes. Está determinado e mais carinhoso que nunca... Se fosse para ter um filho com a Angélica, queria que tivesse nascido como o Johnnie. –Balthazar sorriu de canto.”

Audrey engoliu um seco, o marido não tirava os olhos por um segundo sequer do moreno!

-Bem vindo a minha casa... –Falou Fritz seriamente. –Johnnie. –Ele esboçou um sorriso aberto.

-É uma honra... Senhor... –Johnnie começou a falar, mas foi interrompido.

-Senhor é quem está no céu. –O loiro brincou. –Me chame de Fritz. Essa é minha esposa, a Audrey... Mãe dos meus filhos.

-Boa noite... Audrey. –O moreno falou um pouco sem jeito.

-Boa noite... –A mulher respondeu indo até o moreno e o abraçando. –É um homem muito charmoso, sabia?

-AH... Brigado! –Johnnie sorriu sem jeito.

Olhou para o lado e Lipe estava da cor de um tomate.

-CRISTINA! –Gritou o alemão. –Essa é uma das minhas princesas, Samira.

-Prazer, Johnnie. –O moreno abraçou a loira.

-Prazer... –Ele começou a sussurrar. –Você é lindo!

-Brigado. –Disse sem jeito.

-Essa é a irmã gêmea da Sami, a Cristina. –Apresentou Fritz com um sorriso.

-Prazer em conhecê-lo, Johnnie. –Disse a loira abraçando o moreno. –O Lipe não pára de falar de ti.

-CRIS! –Reprimiu o loiro corado.

-Bom, Johnnie... –Disse Fritz passando o braço no ombro do moreno. –O Hans tu já conhece...

Hans se levantou com um pouco de dificuldade. Olhou feio para o moreno e foi para a cozinha. Aquilo deixou Johnnie um pouco se jeito, afinal, era com o primogênito que tinha mais amizade...

-Vamos beber alguma coisa? –Perguntou o loiro.

-Não posso beber nada de álcool... –Falou o moreno. –Infelizmente.

-Bom, serve suco de uva natural? –Perguntou o alemão. –Claro que sem álcool! –Disse o alemão sorrindo.

-Se for assim, aceitarei... –Disse Johnnie com um sorriso.

Ambos foram para a sala de jantar.

Audrey foi até o caçula e o abraçou. Lipe apertou forte a mãe sentiu as duas irmãs o rodeando com os braços. Sorriu naturalmente e sentiu como se um peso no seu coração tivesse saído.

-Se ele era tão lindo assim... –Começou Samira. –Porque não nos apresentou antes?! –Ela deu um leve cascudo no irmão.

Todos riram um pouco e foram para a cozinha.

Durante todo o tempo antes de comerem, Fritz e Hans fuzilavam Johnnie com perguntas sobre a vida dele. Não havia se passado muito tempo e os três já riam juntos. Hans pareceu ter perdido um pouco do mau humor.

Na mesa, Lipe sentou na frente de Johnnie. O loirinho estava quase tento um ataque cardíaco, toda a vez que olhava para frente, se deparava com os orbes castanhos lhe fitando.  

O mais velho ainda o olhava um pouco torto. Samira e Cris o analisavam com atenção a seus modos e Audrey se divertia com a felicidade de Fritz. Fazia muito tempo que o marido não parecia tão leve.

-Vai trabalhar no que quando acabar a faculdade? –Perguntou Hans.

-Vou montar o meu bar. –Respondeu o moreno. –Com um amigo que vai voltar de Minas Gerais.

-Mesmo depois disso? –Perguntou Cris apontando para o peito dele.

-Não foi o primeiro assalto que enfrentei. Não será o último. –Falou Johnnie. –Não posso deixar de fazer o que gosto por causa do medo. Não depois de quase um ano e meio de faculdade.

-Não ficou traumatizado? –Perguntou Samira.

-Só fiquei com medo de não alguém muito importante novamente. E não ter como cuidar dos meus irmãos... –Respondeu o moreno olhando atentamente para o loirinho à sua frente.

-Ainda bem que só foi um susto. –Disse Fritz. –A vida nos prega uns truques às vezes, não é Hans?

-É. –Concordou o primogênito. –Pode me passar o pão, Johnnie?

Todos pararam e olharam para Hans. O loiro estava um pouco cabisbaixo, mas parecia certo do que havia dito. Sem demorar muito, Johnnie alcançou a pequena cesta que estava ao seu lado e a deixou nas mãos do outro.

-Brigado. –Disse o loiro.

-De nada. –Falou Johnnie sorrindo.

Um alívio invadiu a sala de jantar. Todos sorriam, se comportavam como uma família normal. Estava tudo bem entre eles. Ninguém tinha intriga com alguém. Parecia até aqueles comerciais de margarina.

Na hora da sobremesa, Johnnie se levantou. Pode-se perceber que as mulheres da mesa prenderam a respiração. O moreno ficou um pouco sem jeito. Percebeu pela primeira vez na noite, que era a ovelha negra da mesa.

Botou a mão dentro do bolso. Engoliu um seco, respirou fundo, tentou acalmar o coração e suspirou.

-Fritz... Audrey. –Falou Johnnie primeiramente. –Não estou aqui apenas pra jantar. Eu estou aqui querendo fazer um... Pedido.

Samira e Cris seguraram as mãos. Lipe corou bruscamente e começou a tremer com a colher na mão.

-Tenho certeza que... Todos conhecem a minha fama... –Johnnie falou suspirando. –Eu vim aqui pra dizer que mudei. E por causa de uma pessoa que está sentada aqui. Na minha frente.

A família olhou para Felipe. O loirinho largou a colher, engoliu um seco e nem teve coragem de olhar nos olhos do outro.

-Eu vim aqui... Agradecer por tudo o que o Lipe me fez. E dizer... Que sem ele, não conseguirei viver. Eu... amo ele. –Falou o moreno. –E eu vim aqui para pedir a mão dele em namoro pra vocês.

Samira ficou estática com as palavras do moreno. Cris quase caiu da cadeira. Hans se afogou com a água. Audrey corou e olhou para Fritz no mesmo momento.

-Não aceitarei não. –Disse Johnnie. –Se for preciso, eu vou sequestrá-lo. Meu sentimento também vem dele. Nós nos amamos... Eu o quero pra mim. Por isso... –O moreno retirou do bolso uma caixinha de veludo e a abriu, mostrando duas alianças de prata. –Felipe... Namora comigo?

Fritz ficou parado repousando a cabeça nas mãos enquanto o moreno discursava. Levantou-se ao fim do pedido. Olhou para a esposa, ainda corada e sorriu. Encarou o filho mais velho.

Hans acenou um sim com a cabeça.

“-O Johnnie é um menino incrível. –Disse Balthazar. –Acho que ele veio pra resolver alguns assuntos pendentes meus com a sua família. Eu sei que ele vai conseguir conquistar a todos. Ele é o meu anjo.”

-Bom... Johnnie. –Disse o pai da família reunida. –Se você deixar o meu Felipe um dia sequer sem um sorriso... Considere-se fora da família.

-Isso... é um sim? –Disse Johnnie piscando os olhos.

-É... sim. –Falou o loiro.

Samira levantou os braços, gritando de alegria. Hans soltou um suspiro e olhou para o irmão mais novo... É, estava ficando velho. Cris deitou a cabeça no ombro da irmã, aliviada. Audrey pegou a taça de vinho e fez um sinal de brinde para o marido.

Felipe se levantou e quase derrubou o prato no chão. Estava chorando. Sorriu com todos os dentes para o moreno e o viu de aproximando de si.

Johnnie sentia o coração bater tão forte.

Pegou a mão do loiro, a segurou forte. Sentiu o corpo dele tremendo por completo. Olhos no fundo daqueles orbes verdes claros, tão belos e gentis. Sentiu o sangue esquentando e correndo por todo o seu corpo.

Não sabia como descrever aquela sensação. Apenas sabia o nome que davam a ela: Felicidade.

Pegou um dos anéis de prata e o colocou no dedo anelar do recém namorado. Com um pouco de dificuldade, Felipe colocou o outro anel no mesmo dedo do agora namorado. Abraçaram-se e apertaram os corpos.

O loiro estava entregue as lágrimas e não conseguia deixar o moreno.

-EI! –Disse Audrey. –Vocês tem que selar, não é?

-Selar? –Perguntou Lipe.

-Sim, o doente... –Falou Hans num tom brincalhão. –Beijar!

Felipe olhou para o pai. Fritz foi até a sua mulher, a abraçou e sinalizou um sim com a cabeça.

Johnnie respirou fundo. Segurou as mãos do namorado. Apertou-as forte e começou a se aproximar devagar. O loiro fechou os orbes e esticou um pouco o corpo. Prendeu a respiração.

Pouco a pouco os lábios se encontraram. Não escutaram os gritos de viva da família. Estavam presos no seu mundo. Toda vez que aqueles lábios se encontraram... A felicidade apareceu.


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Notas finais do capítulo

O último *chorando* será postado ou no domingo de tarde ou na segunda até o meio-dia, ok?
Se não postá-lo no domingo, será minha prioridade, ok?
beijinhos e até lá