Dois Meses Depois

Felipe fazia uma pose magistral de mordomo usando um lindo terno e sapatos pretos, deixando toda a sua classe aparecer. Para quebrar um pouco do mau humor do personagem, adicionou orelhas de gato ao topo de suas madeixas loiras.

Fernando estava sentado na escada, deixando a sua roupa no estilo vitoriano nas cores vermelho e branco falarem por si próprias. Usava óculos de sem grau e um sorriso bobo ao fazer pose com o chicote.

Kazuhiro desfilava com o modelito de empregada com uma saia curtíssima, mostrando sem querer a sua peça íntima, que era branca com rendinhas, toda a vez que abaixava o tronco levemente. Para completar o fetiche, usava uma coleira no estilo sadomaso e orelhas de gato.

Uma menina, fã de yaoi pelo jeito, surtava enquanto enquadrava os três homens a sua frente. Mudavam de pose. O pequeno japinha sentava no colo do moreno maior e tinha seu rosto puxado pelo loiro. Enquanto isso, Nando deixava suas mãos explorarem o tronco do pequeno.

Quando a menina saiu, suspirando pelos cantos, Kazu levantou e foi até Johnnie, que segurava as mochilas dos meninos. Felipe comentou algo com Nando e foi surpreendido ao ver um menino pedir uma foto de ambos.

O loirinho olhou para seu amado. Sentiu um pouco de raiva e ciúme vindo dos olhos castanhos. Hesitou um pouco, mas viu que o namorado havia acenado um sim com a cabeça sem maiores irritações.

-Ciumento. –Disse Kazu pegando a garrafa d’água da mochila.

-Como tu tá? –Perguntou o maior tocando no lado do coração do japa.

-Acho que vou sobreviver... –O pequeno olhou para o lado. –A vida continua não é?

-Isso mesmo... Deve ser muito ruim ser o único solteiro do grupo...

-Não me importo. –O japa sorriu. –Cuide bem do Lipe, eu vou passear um pouco com o Nando pra ele arejar a cabeça...

-Vir pra evento sem namorado é fogo não é?

O japinha apenas sinalizou um sim com a cabeça. Pegou o moreno pelo braço e começou a guiá-lo. Quando estava se aproximando do loiro, Johnnie pode perceber que ele o encarava como um pai ciumento.

Ele sorriu da sua maneira mais gentil e virou as costas.

Lipe estava na sacada do lugar, admirando o sol que já ameaçava descer por trás do palco montado na quadra ao ar livre da escola. Colocou os braços e descansou o corpo no cimento, respirando fundo o cheiro de chuva que se espalhava no ar.

Sentiu os braços fortes do mais alto lhe envolverem a cintura e uma longa fungada ser depositada em sua nuca. Arrepiou-se e não pode deixar de sorrir. Deitou a cabeça no ombro do moreno.

Johnnie pode ver o olho verde claro reluzir o brilho do sol. Todas as cores escondidas nos orbes se revelaram, deixando-o tão hipnotizado com a delicadeza que a natureza teve ao fazer o namorado.

-O que foi? –Perguntou Lipe virando de frente para o namorado.

-Eu nunca amei tanto um por do sol. –Falou o moreno.

-Vamos comer lamen? –O loirinho corou.

-Espera... –O moreno segurou os ombros do menor. –Deixa eu contemplar os teus olhos verdes... Mais um pouco...

Os dedos do moreno acariciaram a pele branca com todo o cuidado do mundo. Deixava a ponta dos dígitos tocar as bochechas coradas enquanto a outra mão parava no queixo do menor.

De leve, os corpos se aproximavam.

Um beijo era concretizado.

Ao descer as escadas e passar os stands, resolveram comprar um pote de lámen. Chegando na banca, o velho conhecido de Lipe lhe entregou a comida já com a sua devida água e olhou com um sorriso para os pombinhos. Johnnie e o loirinho sentaram em uma mesa qualquer e observaram o prato pronto.

Olha o moreno por entre o vapor era o mesmo que visualizá-lo em um sonho. Estendeu a mão para o mais alto e a apertou forte.

-A nossa mamãe parece tão feliz! –Disse Nando com lágrimas nos olhos.

-Espero que dure pra sempre... –Falou Kazuhiro sorrindo. –Gosto da altura que fico quando o Johnnie me pega na cacunda.

Os dois se olharam e sorriram. Voltaram novamente os olhos para o casal e puderam vê-los se aproximando e trocando um longo selinho apaixonado.

Parece o fim, mas é só um começo de uma longa, linda e fraterna história de amor.

Quando os orbes se encontraram, só tinham certeza de uma coisa: Aqueles seriam os momentos mais doces, carinhosos, sofridos e vividos de toda a sua vida.

Fim