Dezessete

Na ultima semana, Leah havia adquirido o estranho costume de andar sem direção, porem nessa manhã seus pés tinha um rumo certo.

Os últimos dias haviam sido um tormento, o cheiro do vampiro parecia estar impregnado em seu quarto, seu rosto bonito tatuado em sua mente, nem nos sonhos a figura de Aidan a abandonava.

Seus sonhos eram uma confusão de imagens dele sem blusa deitando-se ao seu lado, sentia os braços fortes, a pele macia e fria, o cheiro dele, ouvia sua voz cantarolar uma canção que não conhecia... “My love...”  podia jurar que essas palavras haviam sido sussurradas contra seu ouvido.

Acordava suada, procurando por ele na escuridão do quarto, ao perceber que estava sozinha sentia seu ser rachar e as lágrimas escaparem de seus olhos, rolarem pelas maçãs de seu rosto e encontrarem a alva fronha.

Leah não podia mais viver com isso, logo aquela manhã depois de mais uma noite de tormento, decidiu ir atrás daquele que poderia aliviar sua aflição. Iria ao encontro de Aidan.

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Aidan estava trancado no quarto há dias. Não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém... Somente a loba.

Toda sua existência havia sido transformada em caos com um simples encontro de olhares, como tal coisa era possível? Ele já cansara de se perguntar, pois a resposta clara com a luz o cegava. “Estou apaixonado”, essas duas palavras rodavam em sua cabeça como um tufão. Estava completamente e perdidamente apaixonado, mas... Será que era correspondido?

Se não fosse, sentia que sua existência deixaria de ter sentido, que os dias se tornariam vazios e as noites longas demais. Uma força que ele bem conhecia. A inspiração, o engolfou impelindo-o em direção do pincel mais próximo, da folha de papel mais próxima e com esses instrumentos suas mãos ganharam vida, deslizando a tinta pela superfície macia. E os primeiros traços formaram palavras, as palavras formaram frases, as frases transformaram-se em estrofes e as estrofes geraram uma poesia, a máxima expressão do que ele sentia.

Será que você é feliz?

Queria poder perguntar.

Mas, infelizmente, tudo o que tenho

É o teu silencio

E atos não me respondem.

Se sou feliz?

Como poderia ser feliz?

Se sua ausência me sufoca.

Se teu silêncio me tortura.

Sem você, não há nada a esperar.

Nada a almejar.

Nada a olhar,

Se não te enxergo em nenhum lugar que eu vá.

Sem você, o ato de respirar é meu inimigo,

Pois o mundo inteiro tem seu cheiro.

Longe de você,

Os dias são longos.

As noites vazias

E as horas não passam.

Distante de você,

Estou cego,

Surdo

E mudo.

Anestesiado

Para toda e qualquer beleza.

Não sinto nada.

Daria tudo o que sou,

Para tê-la aqui,

Em meus braços.

Para respirar seu perfume.

Esquentar-me com seu calor,

Perder-me em seus olhos

Sentir seus lábios...

Pois só assim,

Somente assim,

Eu poderia ser feliz.

Aidan sentiu suas pernas fraquejarem, permitindo-se cair sentado no chão, contemplou as palavras que acabara de escrever, e pediu para um Deus que não acreditava que trouxesse sua loba para ele.