Dezesseis.

            Aidan entrou no casarão branco sem falar com ninguém, simplesmente passou por todos sem lhes dirigir uma única palavra. Subiu as escadas dois degraus de cada vez. Ansiava por se trancar em seu quarto, queria ficar sozinho. “Quanto mais terei que suportar?” – pensava ele batendo a porta atrás de si.

            Tirou a blusa, os sapatos, os jogando de qualquer jeito no chão. Seu quarto desde o dia em que seus olhos cruzaram com o negror do olhar de Leah não conhecia a metódica  organização que vigorava em suas coisas desde sempre. Desde de que ele se entendera por ser vivo ou morto. E agora? Sua cama parecia uma eterna confusão de papeis, lápis, travesseiros e lençóis sujos de tinta, no chão revestido por um felpudo carpete negro encontrava-se inúmeras bolas de papel espalhadas por todo o comprimento do quarto e peças de roupa que há muito ele não tinha o cuidado de dobrar e guardá-las, assim as pilhas se acumulavam em cima da poltrona de camurça alva que há muito já desaparecera sobre a enorme quantidade de roupas. O próprio vampiro às vezes não acreditava naquele caos era seu quarto, seu templo.

            Lentamente, ele caminha até sua ultima pintura. Um retrato de Leah em meio aos lobos, tão linda com seu habitual olhar selvagem, desafiador, como se dissesse: “Decifra-me ou te devoro?”.

            -- Como quero decifrá-la ... – sussurrou o vampiro, acariciando a áspera superfície do quadro. – e devorá-la. – concluiu suspirando para logo se jogar na cama, fechando os olhos permitiu-se que sua mente passeasse por cada mínima lembrança da noite que passara com a loba em seus braços, sentindo-lhe o cheiro selvagem, a pele macia e febril, o odor forte de sua menstruação que vinha do local onde mais ele mais ansiava conhecer e se possível, um dia, estar. – Como eu a quero...

-----------Forks-----------

            A loba se admirou no espelho do salão, demorou a reconhecer a imagem que aparecia ali refletida, parecia um rosto estranhamente familiar. Os obstinados olhos negros, a pele morena, os lábios cheios, os cabelos... curtos... mal lhe alcançando o delicado queixo. Aquela era Leah... Aquela sim, era ela.

            A quileute saiu do estabelecimento sentindo-se mais livre, passou a mão pelos cabelos curtos experimentando um estranho sentimento de satisfação e excitação como se quisesse que alguém a visse com seu novo corte. “Mas quem?” Assim que a loba se perguntou sua memória lhe mostrou o sorriso bonito do excêntrico vampiro de olhos azuis. Leah não pode evitar morder os lábios com tal lembrança e muito menos com as outras que envolviam Aidan e principalmente... Aquela... Aquele beijo, que pareceu fazer o tempo parar e colocar o mundo no lugar. E o Lugar era ali, era ele.

            Por um momento, tudo se resumia aos lábios macios dele contra os dela, suas línguas se encontrando, as pontas dos dedos frios dele lhe explorando o pescoço, os ombros, a cintura, o suave toque sobre o seio direito... Aquele fora sem duvida nenhuma o momento mais assustador de sua vida e como uma trágica contradição, o mais perfeito. Leah podia sentir o seu interior estremecer de excitação só de lembrar dele. Foi com lagrimas nos olhos que ela caminhou sem rumo pelas gélidas ruas da pequena cidade. – Eu o quero... – sussurrou para si mesma o que a muito estava tentando negar. – Maldito! Eu te quero!

----------Casa dos Cullen-----------

            Os Cullen gozavam de mais um dia normal e feliz.

            Carlisle acabara de voltar do hospital e estava na suntuosa copa sentando junto a sua amada, Esme, a ouvindo falar da nova decoração que planejava para a casa deles, vendo pacientemente todas as amostras de papel de parede, de carpetes, de cores que ela tão entusiasmadamente lhe mostrava. Na sala de estar, estavam Rosalie e Emmet sentados no sofá acinzentado, assistindo um filme romântico que a vampira acabara de comprar. Na cozinha, Bella preparava um belo prato de mingau de aveia para a linda menina que sorria descontroladamente de um Edward que fazia as mais absurdas caretas como se tentasse ficar feio, nem que fosse por um breve segundo, tarefa essa que ele miseravelmente fracassava. E finalmente, no andar superior Alice acabava de sair do banho vestindo uma provocante camisola rosa transparente que deixava a mostra à minúscula  calcinha rendada que ela usava, Jasper estava sentado na ponta da cama a olhando de cima a baixo imaginando por onde começaria naquela noite, como fariam amor.

            Lentamente, ela andou pelo quarto escuro até ele, com o joelho ela tocou de leve o dele sinalizando para ela abrir mais as pernas, o que Jasper obedeceu prontamente. Alice se pos em pé entre elas, olhando significantemente para seu parceiro, que compreendendo o recado começou a acariciar as coxas da vampira em um movimento de sobe e desde suave, cada subida e descida os dedos deles subiam cada vez mais se aproximando da delicada calcinha rosa até que em um movimento rápido ela a arrancou, tirando um gritinho de surpresa de sua parceira. Ele levantou a camisola dela, o suficiente para desnudar a barriga perfeitamente macia e pálida de Alice, o ventre e... emoldurado por fios castanhos o sexo. Maravilhado com aquela visão, ele se pós a beijar devotamente o abdômen, fazendo a vampira cerrar os olhos e pender a cabeça para trás, enquanto suas mãos acariciavam os dourados cabelos dele.

            Num puxão rápido , Alice se viu nua diante dos olhos gulosos de Jasper, que sem mais delongas a jogou na cama logo se deitando sobre ela, se aconchegando entre suas pernas. A vampira só sussurrava sedutoramente o nome dele enquanto mordiscava a orelha o enloquecendo, mas quando este estava preste a penetrá-la... Os olhos da vampira se abriram de uma vez e seu olhar ficou vazio em questões de segundos diversas imagens atravessaram sua mente. Os Volturi tendo uma reunião, Caius olhando demoradamente uma pintura de Myridan, depois Aro possesso destruindo a mesma pintura diante de toda a corte vapiresca, Markus se levantando e deixando a reunião sob o olhar de desaprovação de todos... Uma nova cena onde Dimitri, Felix e Alec desmembrando o rei moreno sob o olhar de satisfação de Aro e o desprezo do loiro...

            -- Alice?! – chamava Jasper visivelmente preocupado. –  O que você viu?

            -- Markus... – respondeu ainda atordoada – Vão matá-lo...

            Imediatamente,  uma suave batida na porta chamou a atenção do casal.

            -- Alice?! – a abafada voz de Edward estava claramente preocupada.