So What escrita por Mahriana


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

OI... Er... Nada de matar a autora tá bom?! Bom, ãhn! Me desculpem... *-*
Vejo vocês lá embaixo com explicação e tudo *-*
~ Apreciem sem moderação ~



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PDV Sahra:

Acordei com o barulho irritante do celular que havia colocado para despertar. Abri os olhos lentamente e vi todo rodar, apertei os olhos com força e quando abri fiquei feliz por ver que o quarto já não rodava mais.

Levantei me xingando por ter bebido ontem à noite e ter dormido tão tarde. Deveria ter dormido às oito da noite. Direcionei-me ao banheiro e tomei um banho quente, não via a hora de tirar a porcaria do gesso. Olhei meu pulso que foi cortado e vi que o machucado já não estava nenhum pouco feio, pelo visto não eu não tinha feito um serviço tão bem-feito.

O cobri com uma atadura e coloquei a munhequeira novamente. Não estava com paciência para ficar me arrumando hoje, sempre que amanhecia com dor de cabeça ficava assim. Era uma porcaria.

Coloquei um jeans surrado, com uma camisa preta escrita “Fuck you” em letras brancas, com uma seta apontando para o lado, ela ficava um pouco colada, poderia mostrar a minha tatuagem, então joguei um moletom preto por cima, calcei um lado de um all star preto, também surrado, enfiei o outro na mochila junto com uma meia. Deixei meus cabelos soltos e a única coisa que eu não deixava de fazer todos os dias era colocar as lentes. Resolvi tirar o convencional preto e substituir por rosa, ficaram meio roxos, não sei bem identificar a cor. Deixei os cabelos soltos, mal passando uma escova nele.

Desci e todos estavam tomando o café-da-manhã, não pude deixar de fazer uma careta. Em Londres tomava café sozinha, bom não completamente sozinha já que Jason me fazia companhia. Sentei em uma cadeira ao lado de Drew e parei, literalmente parei. Fiquei olhando para o nada sem saber realmente o que fazer.

Não queria ficar me intrometendo nos assuntos da família, também não sairia atacando a mesa, a casa não era minha e minha mãe me ensinou que só poderia me servir quando alguém deixasse, não poderia sair pegando tudo o que via pela frente. Ainda lembrava do dia em que ela me deu uma bronca por isso.

Flash Back

Estávamos na casa dos Yamagishi para o aniversário de casamento deles, os convidados já chegavam e eu estava com fome. Passara o dia inteiro com a minha mãe ajudando com os preparativos da festa, não havia comido praticamente nada e minha barriga roncava.

Olhava todos os convidados que chegavam com o meu vestido cor-de-rosa, sapatilha da mesma cor, luvinhas brancas, cabelo penteado com uma fita, também rosa, presa nele. Estava totalmente desconfortável naquela roupa, mas mamãe havia falado que eu tinha que estar linda se quisesse ir.

Sayuri não estava tão melhor que eu, nossas roupas eram semelhantes só que as dela eram vermelhas. Talvez os pais haviam deixado ela escolher ou tivessem comprado para ela. Comprado. Não pego emprestado de uma amiga.

Eu entendia a situação que vivia com a minha mãe, mas não conseguia deixar de ficar triste por não ter tudo o que queria como as outras garotas da escola.

Todos já haviam chegado então o jantar começou a ser servido, meus olhos brilharam de vontade, queria tanto comer. Uma fila estava sendo formada e me enfiei entre as pessoas ali, peguei um dos pratos e comecei a colocar tudo o que via. Minha boca salivava. As pessoas começaram a me olhar feio, mas não dei muita importância pra isso continuei a pegar a comida.

Quando cheguei ao final da fila minha mãe estava lá com as mãos na cintura e me olhando severamente. Engoli em seco, quando ela me olhava assim era porque eu estava encrencada. Ela pegou o prato da minha mão depositou em canto da mesa e saiu me puxando para o jardim.

– Por que você fez isso? –ela perguntou com irritação na voz.

– Eu táva com fome –respondi com minha voz de criança de cinco anos e meio.

– E vai continuar –olhei para ela meus olhos lagrimaram. Ela deu um longo suspiro e se ajoelhou a minha frente. –Escuta Sahra a mamãe tá trabalhando e eu sei que você está com fome, eu também estou, mas o que você fez não foi nada educado. Entenda que eu finalmente consegui um trabalho nesse bufe como cozinheira, pra conseguir ganhar dinheiro e comprar tudo o que você quer. –dei um longo suspiro e deixei uma lágrima escapar, eu era uma filha tão ruim, estava atrapalhando o trabalho da minha mãe.

– M-m-me d-d-des-cul-pa? –perguntei em meio aos soluços do choro que brotava da minha garganta. Senti seus braços quentes me envolverem e afagarem o meu cabelo carinhosamente.

– Shiu! Claro que eu desculpo você filha. Agora eu quero que você lembre sempre. Nunca! Nunca chegue à casa das pessoas mexendo nas coisas, ou se sirva de comida do jeito que você fez hoje, é falta de educação, mesmo estando com fome. Pergunte primeiro e faça depois –ela disse docemente depois me afastou um pouco olhando dentro dos meus olhos. –Eu te amo! Nunca esqueça disso, sou sua mãe. Agora o que você acha de irmos para casa? Vou cozinhar só pra você –ela disse sorrindo e eu logo me animei.

– Oba! Comida da mamãe! –disse batendo palminhas e saltitando. –Vamo logo manhê! Quero tirar logo essa roupa –disse emburrada.

– Por quê? Você ficou tão bonitinha –ela comentou enquanto me seguia.

– Mamãe! –disse emburrada.

Flash Back off

Naquele dia ganhei uma comida especial preparada por minha mãe, ela cozinhava maravilhosamente bem. Nada se comparava a sua comida. Continuava perdida em pensamentos até que senti um tapa no meu rosto. Tudo bem que não foi um tapa forte, mas do jeito que a minha pele era clara, minha bochecha ficaria vermelha. Olhei e vi Drew pronto para me acertar mais um tapa.

– Se você tem amor a sua vida não vai mais tocar em mim! –sibilei. Vi ele estremecer.

– Ok! Bom, você estava aí paradona, todo mundo estava chamando e você não respondia, pensei que você tinha sido abduzida –ele falou. Rolei os olhos, olhei ao redor e vi que todos olhavam em minha direção. Dei um longo suspiro e peguei uma chícara que estava a minha frente.

O café-da-manhã foi ótimo para conseguir informações. Analisei todas as pessoas da mesa com quem não tive contato. Catherine era calma e controlada, apesar de estar tomando o café em silencio estava sempre observando todos ao redor.

Jason e Daniel estavam estranhos, cochichos e olhares estranhos foram trocados durante todo o café. Apesar de ter uma idéia de onde havia encontrado Daniel ele ainda me intrigava, ele tinha alguma coisa, o rosto dele me parecia muito familiar para termos somente nos encontrado ao acaso. Aquilo me intrigava e muito.

A irmã da Clair, bom ela era estranha. Ela comia bastante, parecia um pouco retraída, não conversava com ninguém. Uma atitude que achei totalmente estranha, afinal ela parecia ser o tipo de pessoa que fala com todos e se vestia feito uma patricinha. Pensei que eu comesse muito, mas estava enganada, só queria saber como ela fazia pra continuar com o corpo sem nenhuma gordura.

Depois que todos terminaram de se alimentar com cereais, bolachas e afins eu terminei minha xícara de café. Todos levantaram e eu fiz o mesmo, estava seguindo Drew, já que ele iria me lavar para escola. O vi entrar em um carro e deixei a minha cabeça pender para o lado analisando a máquina a minha frente. Ele tinha uma Ferrari f612.

– Não baba Sahra –Drew falou e logo em seguida gargalhou. Balancei a cabeça e mandei meu dedo do meio para ele que fez uma cara de indignação. Rolei os olhos.

Clair entrou e foi para o banco de trás, fiquei no passageiro e o idiota foi dirigindo.

– Como um babaca como você pode ter um carro como esse? –perguntei implicando com Drew.

– Do mesmo modo que você tem a sua moto –respondeu sério, mas logo em seguido deu uma gargalhado. Ficava me perguntando como ele poderia rir tanto e estar sempre feliz.

– Acho que eu mereci essa resposta. Você tem certeza que vai poder ficar de motorista particular hoje? –perguntei um pouco receosa, não queria incomodar.

– Sem grilo garota! Tudo bem eu não estava brincando quando disse que não tinha nada pra fazer hoje –disse tranqüilo.

– Você está de castigo Sahra, não pode ficar andando por aí! –Clair me lembrou. Virei-me para ela e dei um sorriso.

– Aprenda uma coisa querida Clair: Ninguém me põe de castigo –disse alargando cada vez mais o meu sorriso.

– Gostei disso. –Drew disse animado e depois me lançou um sorriso malicioso. –Garotas com atitudes, gosto mais delas. –enquanto falava estacionou o carro.

– Garoto deixa de ser tarado. Eu tenho namorado –de mentira, mas tenho. Completei mentalmente. Ele só rolou os olhos.

– Não tenho ciúme.

– Argh!

Saí do carro e assim que coloquei os pés para fora parecia que a escola inteira parou para me olhar. Apertei a alça da minha mochila com força e olhei ao redor, todos estavam me encarando descaradamente, dei um longo suspiro. Clair me cutucou e assim que virei para olhá-la ela apontou para algum lugar. Olhei na direção em que ela apontava e vi Alexia rodeada por garotos e garotas que provavelmente estavam sendo amigáveis, pois ela era filha do dono do colégio.

Dei um longo suspiro e caminhei em sua direção, Drew e Clair me seguiram. Ia fazer uma das coisas mais difíceis que para mim. Pedir desculpas. Não estava totalmente errada, ela mexeu com a minha mãe, no entanto não poderia ter batido nela, apesar de não me arrepender nadinha, se pudesse voltar no tempo faria a mesma coisa, talvez tivesse batido mais.

Parei em frente a ela. Não pude evitar sorrir, afinal havia feito um ótimo trabalho. Olho direito roxo e inchado, bom praticamente todo o seu rosto estava inchado e roxo. Me controlei antes que começasse a gargalhar, respirei bem fundo.

– Posso falar com você? –perguntei para ela, que se virou e me olhou curiosa.

– O que você quer? –perguntou seca. Odeio quando me respondem perguntas com outras perguntas.

– Gostaria de falar com você –disse séria.

– Pode falar querida –disse sarcasticamente. –Não preciso esconder nada dos meus amigos. –bufei. Amigos. Ela não saberia o que a palavra significava nem se tivesse estampada na sua cara.

– Tudo bem –respirei fundo novamente tentando fazer as palavras saírem. Balbuciava coisas desconexas, minha boca se retorcia e eu não conseguia dizer o simples “desculpa”. Drew deu um tapa nas minhas costas que quase descolou as minhas costelas. Olhei-o mortalmente e por fim disse. –Desculpa.

– O que? –a garota perguntou. “Qual é? Já foi um sacrifício e tanto falar e agora ela ainda quer que eu repita?”. Dei um longo suspiro.

– Me desculpe, creio que a minha conduta com você tenha sido inadequada ontem –disse formalmente. Não porque eu sempre falava assim, era mais para brincar com a sua paciência. –Mas não me arrependo de ter me comportado assim, provavelmente se pudéssemos recomeçar eu faria a mesma coisa e faria pior –terminei com um sorriso.

Dei as costas sem esperar que ela falasse algo, as pessoas me olhavam como se eu houvesse saído de outro mundo. Continuei andando até chegar ao meu armário, peguei um livro.

– Você vai se tornar uma lenda aqui sabia? –Clair falou um pouco pasma.

– Eu não quero me tornar uma lenda –disse fazendo uma careta. –Mas por que eu me tornaria uma lenda? –perguntei sem realmente entender.

– Desde que me entendo por um ser racional, Alexia Boss manda nessa escola. Ela é amiga da Melany então às vezes vai lá em casa –fez uma pausa e depois continuou: ­–É popular então acha que pode pisar em todo mundo. Você bateu nela e fez um pedido de desculpas um tanto diferente. Ninguém jamais havia feito algo assim, por isso eu digo e repito. Você vai se tornar uma lenda. –ela disse animadinha gemi de frustração. Enquanto arrumava a alça da minha mochila.

– Isso é um inferno –disse fazendo uma careta. –E para de falar como se você fosse um adulto. Você tem o quê? 11 anos? Não tem 30. –disse enquanto rolava os olhos.

– Calma gata –Drew disse passando um braço por sobre meu ombros. Nem havia percebido que ele também havia nos seguido. –Se você quiser eu posso te fazer esquecer isso rapidinho, faço você ver estrelas –sussurrou no meu ouvido maliciosamente. –É só pedir. Acredite eu sou bom.

Estremeci. Ele era muito lindo e falando essas coisas no meu ouvido...

– Olha eu tenho que ir tá legal –disse enquanto chacoalhava a cabeça para tirar pensamentos incoerentes dela. –Vocês também deveriam as aulas estão para começar –falava enquanto caminhava. –Vejo vocês depois.

Odeio a escola. Principalmente quando sou o assunto principal dela. Mesmo sentando na última cadeira as pessoas ainda ficavam falando, apontando e encarando. Talvez eu estivesse ficando paranóica. Todas as minhas aulas antes do intervalo foram assim. O sinal bateu e eu praticamente voei para fora da sala.

Andava pelo corredor resmungando e proferindo mil e uma injúrias, estava a ponto de explodir e mandar todos a “merda”. Quando esbarrei em alguém.

– Opa! Cuidado –alguém disse enquanto segurava meu braço para que eu não caísse. Levantei os olhos e dei de cara com Alan. –to começando a achar que você fica me seguindo pra esbarrar em mim. –deu um sorriso torto. Ele era muito bonito, musculoso, cabelos em um tom claro de castanho, olhos castanhos claros. Seu rosto parecia ser de um garoto de 15 anos, só que sem as espinhas.

– Você não é nenhum pouco convencido não é? –perguntei sarcástica. Vi que ele estava acompanhado por outro garoto. Ele era moreno, cabelos pretos e um pouco crespo, olhos tão negros quanto o cabelo, era bem forte, seus músculos saltavam pela camiseta, também era muito bonito.

– Só um pouco –Alan disse sorrindo.

– Tudo bem. Agora eu tenho que ir para o refeitório –disse começando a andar. Não sei porque, mas sempre ficava sem assunto diante desse garoto. Acho que só consegui ter uma conversa normal antes de ser presa porque havia bebido.

– Espera... Quer dizer... Hum... Você não quer almoçar comigo? –ele perguntou hesitante. Dei um longo suspiro.

– Eu não combino muito com os seus amigos e... Mesmo que eu vá caso você não saiba, não sou uma boa companhia por aqui. Pode perguntar pra qualquer pessoa.

– Você tá falando isso porque bateu na minha irmã? –ele perguntou sorrindo.

– Espera aí. Irmã? –perguntei incrédula, passei a analisá-lo, mas não havia prestado atenção o suficiente na garota para encontrar alguma semelhança. Mas como ele era irmão da Alexia isso significava que era filho do diretor, e ele eu havia analisado. Ele parecia com o pai.

– É ela é minha irmã. Prazer sou Alan Boss –disse estendendo a mão para mim. Ignorei sua mão estendida. Só foi aí que me dei conta de que na cadeia haviam o chamado pelo sobrenome, eu realmente sou muito distraída.

– Sinto muito! –disse indiferente. –Agora eu realmente tenho que ir.

Dei as costas a ele e seu amigo e segui para o refeitório. O contrário de ontem, hoje ele estava apinhado de alunos. Vários me encaravam, levantei a cabeça e segui para pegar a comida, pegue quase tudo que havia de comestível. Pizza, sanduíches, refrigerantes e doces. Por fim e muito importante o meu precioso café.

Peguei a bandeja carregada e notei algumas pessoas me olhando, isso já estava ficando chato. Passei os olhos pelo refeitório e avistei Clair meio acuada sentada sozinha em uma mesa, caminhei em sua direção e sentei ao seu lado. Ela levantou os olhos um pouco alarmada e eu a encarei com uma sobrancelha erguida.

– Viu algum fantasma? –perguntei divertida.

– Er... Não –disse meio sem graça. Peguei um pedaço de pizza e enfiei na boca, antes mesmo de engolir comecei a falar:

– Aconteceu alguma coisa? –perguntei enquanto mastigava.

– Nada.

– Não me parece nada –disse de boca cheia. Ela me olhou com nojo e eu dei um sorriso cheio de pizza pra ela, o que fez com que ela aumentasse a expressão de nojo. –Pode falar.

– Tudo bem –disse suspirando. –Eu não me sinto confortável estando aqui. As pessoas ficam me olhando. E isso não é nada bom pra você –ela falou e enquanto ela falava eu continuava a comer.

– Por quê? –perguntei confusa

– Bom eu não sou nem do colegial. Faço o elementar. Andar com pessoas que ainda estão no elementar é morte social por aqui.

– Pra uma pessoa que é anti-social você entende bem das coisas não é? –disse enfiando um sanduiche na boca. –Outra que eu não to nem aí pra minha vida social –disse terminando de engolir. –Ando com quem eu quiser e onde eu quiser. Não me importo e você pode ficar aqui a vontade, eu quero a sua companhia.

A garota me olhou espantada e depois deu um sorriso. Nunca imaginei que falando alguma coisa faria uma criança sorrir. Essa viajem estava sendo muito surpreendente.

– Quer alguma coisa? –perguntei a ela apontando para a minha bandeja. Ela só negou com a cabeça. Dei de ombros e continuei a comer.

– Tava presa Sahra? –Drew perguntou se sentando a minha frente. Só rolei os olhos para ele.

– Acho melhor você não sentar aqui –disse apontando para cadeira que ele iria se sentar.

– Por quê?

– De acordo com a nanica aqui –apontei para Clair. –É assassinato da sua vida social sentar conosco. Ela não é do colegial e eu sou uma delinquente.

– Sério? –Drew perguntou e eu só confirmei com um aceno de cabeça. –Então acho que não tenho mais vida social –disse rindo.

– O que você tá fazendo aqui? –perguntei para ele.

– Vim sentar com vocês –respondeu dando de ombros.

Dei de ombros também e voltei a comer. Sempre tive o hábito de não comer no café da manhã para comer depois no horário do intervalo das aulas. De repente outra cadeira foi puxada e eu virei os olhos na direção dela. Alan estava sentando nela, levantei uma sobrancelha de forma indagadora para ele.

– Oi –ele disse cumprimentando a todos na mesa.

– Mas o que é que você tá...

Outra cadeira foi puxada e quando me virei para ver quem era dei de cara com a garota do shopping, a que eu tinha ajudado a recuperar a bolsa roubada. Ela estava sentando ao lado de Alan. Ao meu lado.

– Que porcaria é essa? Agora isso aqui virou o quê?

– Oi gente –a Barbie ambulante cumprimentou todo mundo.

– O que vocês estão fazendo aqui? –perguntei apontando para Alan e para a Barbie. Ainda não sabia o nome dela.

– Bom, eu sempre almoço nessa mesa –Alan se defendeu.

– E eu vim almoçar com você! E na maioria das vezes eu almoço com o Alan, então unimos o útil ao agradável –Ela respondeu alegrinha. Com toda a sua maquiagem e roupas cor-de-rosa.

– Ótimo. Já que eu peguei o lugar de vocês acho melhor sair daqui. –falei já pegando as minhas coisas para levantar.

– Não saia –Alan disse calmo. –Você não está me incomodando. Pode ficar aí, vocês e os seus amigos.

– Já passou pela sua cabeça que você esteja me incomodando? –perguntei cheia de cinismo.

– Sim. Por isso que eu estou aqui. –ele respondeu.

– Vocês sabem com quem vocês estão sentados? –perguntei séria. –Estão sentados na companhia de Sahra Bakers. A garota que batei em Alexia Boss e que todo mundo acha que é uma delinquente, então se vocês ainda quiserem ter uma vida social sugiro que saiam da mesa agora.

– Eu sei. Você bateu na Alexia –a garota cor-de-rosa falou animada. –E isso foi tipo, super. Cara ninguém repreende ela. Todo mundo tem medo, mas você foi lá e passou por cima e isso foi total.

– Acho que você fez amigos novos Sahra –Clair comentou. Gemi de frustração.

– Não quero novos amigos. –protestei.

– Você é meio egocêntrica –Alan falou.

– Sou mesmo –respondi emburrada. –Eles dois estão sentados aqui porque moram comigo, já vocês eu mal conheço então...

– Pra mim tanto faz –Alan respondeu e a Barbie deu de ombros.

– Por que você tá com os olhos violeta? –a Barbie perguntou.

–São lentes –respondi entediada.

– Legal. Mas você usa porque precisa ou só usa porque acha bonito?

– Nenhuma das duas opções –respondi e coloquei um pedaço de chocolate na boca.

Todos engataram em uma conversa na mesa, até mesmo Clair estava no meio. A Barbie que acabei por descobri que seu nome é Marjorie Mitchell, não parava de falar em como eu salvei a sua vida. Fiquei o resto do intervalo inteiro calada. Só observando em como os “seres” presentes na mesa estavam se enturmando. Finalmente o sinal tocou, pela primeira vez desde muito tempo agradeci por assistir aula. Levantei e nem ao menos dei tchau a ninguém.

– Te espero no estacionamento Sahra –Drew disse, acenei com a cabeça para ele.

– Eu também –Clair disse e saiu.

– Eu acompanho você –Alan falou.

– Eu também –depois foi a vez da Marjorie falar. Rolei os olhos.

– Não preciso de guarda-costas –resmunguei e fui totalmente ignorada.

– Então vocês tá na detenção? –Alan perguntou. Só balancei a cabeça. –Por quanto tempo?

– Tempo indeterminado, seu pai provavelmente vai me deixar assim até o meu último dia aqui –respondi distraída. –Que aula você tem agora? –perguntei apontando para Jô.

– Tenho Física –ela falou animada.

– Ótimo –resmunguei. –Eu também. E você? –perguntei apontando para Alan.

– Para o seu azar não tenho essa aula. Então a gente se vê depois –ele disse com um sorriso. Só rolei os olhos para ele.

– Então vamos Jô!

Eu ainda estava me acostumando com o horário escolar daqui, na minha antiga escola em Londres, tínhamos todas as aulas em um só dia, aqui mudávamos durante os dias. Era estranho.

Marjorie me seguiu e antes de eu pensar em falar alguma coisa ela me bombardeou com perguntas.

– Você tá gostando da cidade?

– Não.

– Por quê? –perguntou com os olhos grandes.

– Não quero falar sobre isso.

– Qual a sua cor favorita? –perguntou desviando totalmente do foco da pergunta inicial.

– Preto.

– Preto? Preto é tão neutro, por que você gosta de preto?

E foi assim até chegar à sala de aula. Quando sentamos, ela deu um jeito de passar bilhetinhos com mais centenas de perguntas. Sempre perguntas que ninguém se interessa de perguntar, era irritante, sempre tentava dar as respostas mais curtas e cortantes possíveis, mas ela não se abalava.

Quando o sinal finalmente tocou quase pulei de alegria, joguei os livros dentro da mochila e voei para fora da sala, mas é claro que antes disso Marjorie me interceptou para ver qual seria a minha próxima aula. E agradeci demais por não ter com ela.

Havia ganhado na loteria. Primeiro: teria aula de Química, uma matéria que eu adoro; Segundo: Não teria que agüentar a Marjorie.

Entrei na sala de aula animada, sentei na última cadeira perto de uma janela. A minha frente havia uma mesa, a qual deduzi que teria que dividir com alguém, pelo tamanho da mesma. Olhei em volta e vi quase toda a sala ocupada, então comecei a espalhar os livros necessários para a aula.

Peguei meu MP4 e coloquei para tocar nos fones de ouvido, estava escutando uma música para relaxar quando alguém puxou os fones sem delicadeza nenhuma dos meus ouvidos. Levantei a cabeça rapidamente, com a vontade de mandar essa pessoa ir tomar naquele lugar, mas poderia ser o professor, no entanto para a minha –desagradável –surpresa era Jason.

Ele me olhava com um sorriso no rosto. Se ele não fosse o “tarado” que me atacou quando cheguei à casa de Jonh, até gostaria dele. O seu sorriso era lindo com dentes brancos que mais pareciam ter saído de algum comercial de pasta de dentes, o cabelo curto e castanho claro fazia um belo contraste com os olhos azuis brilhantes, o rosto másculo com traços fortes meio arredondados, acompanhados de um pequeno furinho no queixo. As bochechas se curvavam formando pequenas rugas perto dos olhos, devido ao sorriso que dava agora, o qual poderia ver que era falso, o corpo bem definido, não tanto quanto Drew, mas era bem definido e isso se mostrava presente na sua camiseta preta um tanto colada ao corpo que fazia os músculos ficarem marcados.

– Que feliz coincidência Sahra! –ele exclamou animado. Como eu havia pensado poderia gostar dele. Poderia. Mas alguma coisa em mim dizia para não me aproximar dele.

– Não seria infeliz coincidência? –perguntei frisando bem as duas últimas palavras e sem retribuir o sorriso que ele insistia em me dar.

– Assim você me magoa –se fingiu de ofendido. –Não é legal que estejamos na mesma sala juntos?

– Não.

– Você é sempre assim tão fria e sarcástica? –perguntou passando as mãos pelo ar ao meu redor, como se estivesse simbolizando a minha aura. Rolei os olhos.

– Não. –disse fria novamente. –Só com pessoas desagradáveis –respondi dando um sorriso de lado.

– Então acho que você vai ser extremamente sorridente e feliz ao meu lado, já que sou uma pessoa muito agradável –respondeu com um sorriso ridiculamente satisfeito no rosto.

Bufei e neguei com a cabeça enquanto puxava meus livros para o meu lado da bancada, dando espaço para ele se acomodar. Não dirigi a palavra a ele enquanto fazia isso, mas pela minha visão periférica pude perceber que ele analisava todo e qualquer movimento que eu fazia, isso era irritante, odiava pessoas me observando, principalmente de maneira tão invasiva como ele fazia agora.

– Se você não parar de ficar me olhando desse jeito, eu juro que vou fazer você ficar igual a sua namoradinha, Alexia –falei sem olhar nenhum momento em sua direção, ele pareceu ficar surpreso, pois o ouvi ofegar. Continuei a me concentrar em arrumar o meu material.

– Como... –ele fez uma pausa, parecia estar escolhendo as palavras. –Como você sabia que eu estava saindo com a Alexia?

– Acredite eu não estava nenhum pouco interessada em saber, mas passe uma aula inteira na companhia de Marjorie Mitchell e você saberá sobre tudo o que acontece na escola inteira –respondi ainda sem olhá-lo.

– Nossa... –ele disse e parecia pensativo. –Então vocês estavam falando de mim? –rolei os olhos por estar diante de uma criatura tão convencida.

Ela falou de você –disse e depois apontei para mim mesma. –Eu tive que escutar. Acredite não tinham mais cadeiras vagas na sala.

– Se você não fosse tão nervosinha... –ele falava enquanto ia se aproximando. Me virei e fiquei o encarando, ele chegou bem próximo ao meu rosto, quem olhava poderia dizer que estávamos prestes a nos beijar –Eu até poderia te dar uma chance –completou e ficou me encarando. O olhei e foi a minha vez de brincar um pouco.

Fui me aproximando dele e o mesmo ia se afastando, fiquei tão próxima a ponto de nossas respirações se tocarem e mesclarem. Ele me olhava meio assustado pela aproximação repentina, mas mesmo assim alternava olhares entre meus olhos e minha boca. “Homens” pensei. Sempre tarados. Inclinei a minha cabeça e cheguei perto da sua orelha para sussurrar.

Acredite. Não estou pedindo – sussurrei e dei uma mordida no lóbulo da orelha dele, pude ver que se arrepiou inteiro, fui me afastando lentamente e pisquei para ele em seguida.

Nesse exato momento o professor entrou e mandou todos fiarem em silêncio. A aula inteira se passou sem que Jason me dirigisse uma única palavra, o que deixou que tudo ficasse mais agradável. Assim que o sinal bateu, ele quase saiu correndo para fora da sala, não que eu agisse de maneira diferente, mas como essa era a minha última aula significava que teria detenção, então não estava muito animada. Novamente quando cheguei à sala vi Clair parada na frente da porta.

– Com medo Clair? –perguntei divertida enquanto me aproximava. –Achei que já tínhamos superado isso.

– Não estou com medo. Estava esperando você –ela disse rolando os olhos.

Entrei na sala e vi mais quatro garotos sentados. Em Londres geralmente a sala estava lotada e eu geralmente estava lá, por geralmente estar no meio das confusões. Aqui a sala era tão grande, mas tão vazia, pelo menos as pessoas que estavam aqui pareciam ser mais agradáveis do que os outros alunos da escola.

Havia um garoto que estava olhando para o ar como se estivesse vendo a coisa mais interessante do mundo, poderia apostar que ele estava chapado. Um outro garoto dormia tranquilamente em uma cadeira, chegava a babar. O terceiro estava com fones nos ouvidos e se balançava no ritmo da música. O último estava sentado com uma expressão de tédio, era como se já estivesse acostumado com a sala.

Eles não estavam aqui ontem, quando Clair e eu viemos, na verdade só ficamos nós duas na sala, eram tão poucas pessoas na detenção que deixavam garotos do fundamental juntos com garotos do médio. Depois de ter ficado um tempo analisando as pessoas da sala fui em direção a uma cadeira e sentei.

A mulher que ficara nos vigiando não foi a mesma no seu lugar havia um cara gordo, com feições anfíbias que estava com um livro na mão. Nem me dei ao trabalho de ficar o analisando, sentei na cadeira e abaixei a cabeça para dormir. Costumes não mudam nunca, sempre dormia na detenção, em Londres, aqui não seria diferente.

Acordei quando o sinal tocou e percebi que até o professor, ou sei lá o que ele era que estava nos vigiando, dormiu. Todos já se dirigiam para fora da sala e eu fiz o mesmo, Clair vinha ao meu lado enquanto andávamos. Apesar de não ter feito nada me sentia extremamente cansada, era um stress mental, parecia que minha cabeça não estava pensando normalmente.

Quando chegamos ao estacionamento Drew parecia estar engolindo uma garota enquanto a encostava no carro.  Ainda bem que não era a minha moto. Ele estava tão concentrado em quase “comer” a garota ali que não notou a presença de Clair, ou a minha.

– Existe um lugar em que chamamos de “motel” –falei e no mesmo momento os dois se separaram ofegantes. –Lá podemos fazer isso sem a interrupção de ninguém. –continuei irônica. Acho que nunca havia vista um rosto ficar tão vermelho quanto o da garota que estava se agarrando com Drew. Ela saiu sem nem ao menos se despedir.

– Obrigado Sahra –Drew disse me olhando irritado. –Eu nem consegui o número do telefone dela.

– Ela é aluna você vai vê-la de novo –disse abrindo a porta do carro.

– Ela não é aluna da escola.

– Então onde foi que você a conheceu? –perguntei realmente curiosa, se ela não era aluna quem era?

– Fazia meia hora que estava com ela. Ela passou na rua, era gostosa, a chamei e depois eu estava dando um amasso nela –rolei os olhos diante das coisas que havia me dito, afinal o garoto era o típico “galinha”.

Drew dirigia normalmente pelas ruas. Eu achava isso irritante, pois o normalmente inclui em respeitar sinais e placas, coisa que eu não faço normalmente, as únicas vezes que dirigia como uma pessoa normal era quando fazia alguma entrega nos meus trabalhos e às vezes nem assim. Por isso minha carteira foi suspensa... Duas vezes.

– Aonde nós vamos? –Drew perguntou quando paramos em um sinal.

– Vamos em casa deixar a Clair –falei e dei uma olhada no espelho retrovisor bem a tempo de ver sua cara de indignação por ser posta de lado.

– Eu não vou para casa, quero ir com vocês –ela disse emburrada. Nesse momento ela pareceu uma criança da idade dela.

– Você vai pra casa dar comida ao Jason e fazer uma exploração pela casa com ele –falei.

– Como assim “exploração”? –Clair perguntou visivelmente curiosa.

– Bom, aqui está à chave da porta do meu quarto falei tirando a chave da minha mochila e entregando a ela. –Você vai abrir a porta do quarto e vai pegar o Jason, depois pegue a sua vasilha de comida que está em cima da escrivaninha e ao lado também tem um pacote de ração. Leve ele pra fora e passeie pelo jardim e pelos cômodos da casa, ele precisa sair do quarto se não vai ficar sedentário e não tem ninguém melhor do que você para fazer isso, já que você mora lá há mais tempo que eu.

– Tudo bem –ela falou vencida.

– A propósito não toque em nada, e nem deixe ninguém entrar no quarto tudo bem? –ela só confirmou com a cabeça. No mesmo instante em que havíamos chegado em frente a casa, Clair desceu e foi fazer o que eu mandei.

– Então agora nós vamos pra onde? –Drew perguntou ligando o carro.

– Ao consultório do doutor Trevor, fica nesse endereço –falei e entreguei o endereço a ele.

Fizemos o caminho em silêncio, não estava com vontade de conversar e pelo visto nem Drew. Chegamos ao consultório e foi bem rápido, afinal tinha hora marcada, recebi a primeira notícia boa do dia, retiraria o gesso do braço e poderia deixar de usar a bota ortopédica, retirei os pontos da testa e estava livre de qualquer amarra no meu corpo.

Sai quase saltitando de dentro da sala do médico, para minha não surpresa Drew estava dando em cima da secretária idiota que me odiava. Ele estava conversando e lançando sorrisos maliciosos para ela a qual correspondia à altura. Mal ela sabia que mais cedo era outra garota e que daqui a pouco ele nem lembraria seu nome.

– Podemos ir Drew? –perguntei atrás dele com um sorriso estampado no rosto, em troca ganhei um olhar assassino da secretária ou sei lá o que.

– Claro –ele falou e depois lançou um sorriso para a mulher. –A gente se encontra gata.

Rolei os olhos, nunca vi um garoto tão maníaco como ele, quer dizer, sim eu já havia visto e convivido com garotos assim. Sorri lembrando de algumas pessoas em Londres, os garotos eram como ele, todos tarados.

– Próxima parada? –Drew perguntou enquanto rodeava o carro e entrava no banco do motorista.

– Bom deixa eu ver... –retirei um papel de dentro da minha mochila e vi o endereço escrito –Creche Comunitária Clarkdale –li em voz alta.

– Certo! Você tá com o endereço aí? –ele perguntou, só confirmei com um aceno de cabeça. –Então vamos lá.

O caminho até o centro comunitário foi preenchido por conversas banais sobre o dia-a-dia, coisas que gostávamos de fazer e foi assim até chegarmos. Ele parou o carro em frente a um prédio enorme, pelo menos parecia ser só tinha dois andares, mas era bem largo e acho que era grande por dentro. Havia uma fachada e uma placa grande com o nome Creche Comunitário Clarkdale.

– Bom é aqui. Você quer que eu espere?

– Não precisa, bom eu não sei quanto tempo vou ficar aqui então não precisa ficar aqui plantado caso eu demore.

– Que tal fazermos assim... Eu deixo o número do meu celular e vou dar uma volta por aí, tem um shopping aqui perto vou ficar lá e você me liga quando tudo terminar aqui tudo bem?

– Tudo bem –respondi e sai do carro para logo em seguida o ver partindo.

Passei bons minutos olhando para a entrada do prédio decidindo se entraria ou se fugiria, decidi entrar já que se fugisse provavelmente a polícia viria atrás de mim e como estava prestes há fazer dezoito anos poderia ser presa.

Dezoito anos...

Meu aniversário não estava tão longe assim e essa data não era muito agradável, ficar mais velha era algo bom. Pelo menos isso significava que eu estava prestes a entrar na faculdade e me veria livre daqui em breve. Mas as lembranças ainda se faziam presentes, imagens povoavam a minha mente, lembranças dolorosas. Suspirei profundamente e balancei a cabeça com o objetivo de esquecer as coisas.

Entrei no prédio e olhei ao redor, havia uma recepção, mas no momento não tinha ninguém lá, não havia ninguém em nenhum lugar, aproveitei o momento para observar o local. Era bem simples, alguns personagens da Disney desenhados pelas paredes deixando o ambiente com um ar mais infantil. Um balcão e atrás dele havia um computador, algumas cadeiras para adultos espalhadas e pequenas mesas com cadeirinhas em volta para crianças.

Estava distraída observando o local e não percebi quando alguém se aproximava.

– Pois não? –uma voz com um tom leve e divertido me fez despertar, me virei em direção a ela e dei de cara com uma senhora, bom uma jovem senhora, uma mulher que aparentava ter uns quarenta anos, cabelos curtos meio ondulas em um tom castanho, era alta e tinha um sorriso brincando nos lábios, o rosto, com a pele um pouco bronzeada, era fino e tinha traços delicados.

– Er... Bom eu sou Sahra Backers –falei me apresentando. –Vou ter que trabalhar aqui por um tempo.

– Ah sim! Você é a garota que vai ter que fazer o serviço –não foi uma pergunta e sim uma afirmação, parecia que eu já era esperada por lá. –Seja bem-vinda querida, vou levá-la para conhecer o prédio me acompanhe sim? –ela dizia isso enquanto passava os braços por sobre os meus ombros e me puxava.

Andei por todos os locais do prédio, não havia um lugar em que eu não houvesse passado com Muriel, sim esse era o seu nome Muriel Brunswichk, demorei quase dez minutos para pronunciar o seu nome e agradeci mentalmente por ela dispensar que a chamasse de senhora Brunswichk provavelmente erraria o nome, só deveria chamá-la de Muriel.

Até que estava gostando de ficar lá, Muriel era uma pessoa extremamente agradável, mas como nem tudo são rosas ela teve que mostrar em que eu trabalharia.

Ela me levou até uma sala enorme com vários brinquedos, cadeiras e mais várias outras coisas espalhadas pelo chão e a coisa mais aterrorizante do planeta... Crianças. Uma dezena de garotinhos e garotinhas sentados em um semicírculo e todas com suas perninhas cruzadas.

De repente todas viraram em minha direção com os seus olhinhos brilhantes, seus sorrisos com covinhas, suas bochechas fofinhas e totalmente assustadoras... Vários monstrinhos ambulantes de aparência assustadora me olhavam. Engoli em seco antes de Muriel se pronunciar.

– Crianças –ela começou animada. –Essa é Sahra –ela apontou para mim. –Ela vai trabalhar conosco a partir de agora, dêem as boas-vindas a ela –ela falava tudo com um sorriso no rosto.

– BEM-VINDA SAHRA! –todos os monstrinho... Quer dizer, crianças me saudaram, apenas acenei com a cabeça para eles.

– Que tal eu deixar você com eles para que se conheçam melhor –ela falou e antes que eu pudesse falar alguma coisa continuou: -Acho que temos que dar um descanso para a professora não é? Vamos Tabata.

Depois disso ela se retirou e me deixou sozinha. Fiquei tentada a sair correndo e fugir dali, mas eu tinha que ser forte. Olhei para frente e vi vários pares de olhos me fitarem curiosos. Poderia apostar que minha respiração estava irregular. Eles ficaram me olhando e eu continuava parada em pé sem falar ou fazer nada.

– Ela tá mais branca que papel –ouvi uma vozinha dizer. –Será que ela tá bem?

– Não sei, acho melhor perguntar. Ei moça você tá bem?

Olhei em direção as vozes e dei de cara com um garotinho de cabelos negros em forma de cuia com uma expressão arteira no rosto. Pigarreei tentando me recompor.

– Bom, eu to bem sim... er... Bom... Hum... E vocês? –perguntei no intuito de deixar o clima mais ameno.

– A gente tá bem, mas você parece que vai desmaiar –outro garotinho falou e depois começou a rir.

– Cala boca Richard! Não tá vendo que ela tá nervosa? –uma garotinha com cabelos cacheados e rostinho de anjo falou. –Não liga pra ele. Ele é um bobão.

– Eu não sou um bobão –o garotinho rebateu.

– Certo sem brigas ok? –falei meio incerta, afinal garotinhos podiam entrar em uma briga de tapas e socos não podiam?

– Senta aqui tia –outra garotinha disse puxando a minha mão e me levando até uma cadeira. Sentei e fiquei encarando as criancinhas.

– O que você vai fazer? –uma criança perguntou.

– Eu? –perguntei meio incerta se ele estava mesmo falando comigo.

– Nãaaao –ele ironizou. –O Batman –me controlei para não mostrar meu dedo do meio para o pirralho.

– Não faço idéia, o que vocês estavam fazendo?

– A gente tava na hora da estória tia –uma garotinha disse.

– E que estória vocês estavam escutando?

– João e o pé de feijão –o pirralho metido a esperto falou.

– Bom... –fiz uma pausa e olhei ao redor. –Onde está o livro? Eu posso continuar lendo ele pra vocês.

–Não tem livro tia –uma garotinha falou como se fosse a coisa mais normal do mundo. –A tia Tab conta a estória e a gente escuta, sai da cabeça dela.

Fiquei olhando para todos esperando que eles dissessem que era algum tipo de brincadeira, afinal deveria haver algum livro em algum lugar, caso contrario eles ficariam sem o João e esse feijão. Já havia visto a versão da Disney da história, mas eu nunca havia escutado ou tampouco prestado atenção nela.

– Ok! Então que tal “Branca de Neve e os sete anões”? –perguntei em um tom falsamente animado.

– Ah não! A gente já escutou essa estória um milhão de vezes, eu quero “João e o pé de feijão” –um garotinho falou e bateu o pé

– Tudo bem não precisa ficar nervoso –tratei de falar rapidamente. –Ninguém precisa ficar nervoso aqui. –falei olhando significativamente para todos os anõezinhos que se encontravam na sala, a última coisa que eu precisava era de uma revolução contra mim. –Eu não sabia como era essa estória mesmo.

– Então conta logo a estória –uma garotinha falou impaciente.

– Olha eu não faço a mínima idéia de como é essa estória do João, mas eu tenho outra mais legal pra vocês –falei e parei para ver se alguém iria se opor, mas não o fizeram, ao contrário todos sentaram e ficaram me olhando curiosos.

– Que estória tia?

– Bom essa é uma história verdadeira, nada do que eu vou contar é falso, tudo realmente aconteceu.

– Sério? –perguntaram, só balancei a cabeça.

Então revirei a minha mente procurando alguma história minha boa o suficiente para prender a atenção dos monstrinhos, resolvi contar sobre como fui parar em Tacoma, contei em como vi Jonh, só que omiti vários fatos e no lugar de Jonh ser o meu pai, o coloquei como um agente secreto que queria acabar com a minha alegria, pois eu era uma pessoa procurada pela polícia por ser acusada injustamente de tráfico de drogas, que fora armado por um bandidão que era o meu arquiinimigo.

– ...então agora a pouco eu fui retirar o gesso do braço, a bota ortopédica da minha perna e os pontos da minha testa, vocês podem ver a cicatriz aqui –falei apontando para o lugar onde havia ficado a marca dos pontos.

Então o silencio que reinava na sala foi quebrado por diversos murmúrios, todos estavam cochichando e depois se aproximaram. Confesso que fiquei um tanto quanto desconfortável com a situação, mas tentei ficar normal, afinal eram só crianças. Só Crianças.

– Vejo que vocês já deram trabalho para Sahra –Muriel entrou na sala interrompendo. –Espero que tenham sido educados –ela disse e depois olhou séria para os pirralhos.

– Não deram trabalho algum e foram bem educados –falei olhando para eles e depois levantei e fiquei em frente a ela. –Eu posso ir embora? É que ainda tenho coisas a fazer, então se você não se importar...

– Tudo bem querida –ela me interrompeu. –Na verdade eu gostaria de me desculpar, não deveria ter ficado tanto tempo fora, mas aconteceram alguns problemas, nada grave e quando voltei vi você contando uma estória a eles. Não quis interromper –ela disse com um sorriso no rosto.

– Tia Muriel você não vai acreditar, a tia Sahra é uma super-heroína, ela é demais... Fugiu da polícia e é por isso que ela tá aqui hoje, ela saiu correndo e enganou eles e depois...

– Richard, Rich querido –Muriel o interrompeu. Confesso que fiquei um pouco surpresa pela euforia do garotinho. –Que tal você se despedir da tia Sahra e depois me contar tudo o que aconteceu?

– Você já vai? –ele perguntou me olhando, só assenti com a cabeça, ele fez um biquinho e cruzou os braços emburrado. –Mas você vai voltar? –perguntou com o que parecia ser esperança na voz.

– Volto sim –respondi sem mostrar entusiasmo. –Pra falar a verdade eu vou aparecer por aqui por um bom tempo –respondi olhando para o nada. –Então até mais.

– Eeehhh! –foi um grito coletivo entre eles.

– Calma, calma! Silencio crianças –Muriel tentava conter os pirralho.

Ela ficou nisso por um tempo e eu já não estava mais agüentando. Levei a minha mão a boca, com o indicador e o polegar posicionados nos lábios e soprei. Produzindo um assovio bem alto. Todos pararam e ficaram me encarando. Dei um longo suspiro.

– Obedeçam a Muriel –falei rolando os olhos, todos assentiram. Então dei as costas e sai de lá. Caminhei até a saída e percebi que Muriel seguia em meu encalço.

– Você veio de carro, ou vai pegar alguma condução? Ônibus, metrô, táxi...

– Carona –respondi a interrompendo. –Vou ligar para uma pessoa e ela vem me buscar. Não precisa se incomodar.

– Então tudo bem. A propósito você só precisará vir na segunda-feira –a olhei com uma sobrancelha erguida. –Só vamos precisar de você na segunda –assenti com a cabeça e sai.

Peguei meu celular e liguei para Drew, chamou, chamou e chamou... Depois caiu na caixa postal. Apesar de só ter ligado uma vez, achei melhor pegar um táxi, afinal o garoto poderia estar ocupado fazendo qualquer coisa. Andei até a esquina onde havia um banco que ficava em frente a uma loja de flores, sentei-me e procurei por minha carteira na bolsa.

Uma coisa que eu realmente achava incrível era, que sempre quando estamos procurando alguma coisa ela parece que evapora, ou vai parar em um algum lugar que você nem pensa em estar. Quase virei à mochila do avesso e não a encontrei, só precisava de dinheiro, procurei por um bom tempo e nada. Talvez ela tivesse ficado no meu quarto apesar de não lembrar disso.

Vi que havia um caixa eletrônico bem próximo, então resolvi retirar algum dinheiro que eu tinha guardado. Para a minha sorte o meu cartão estava na mochila, o coloquei na máquina e fiz todo o processo de senha e usuário, até chegar a hora de consultar o meu saldo, coloquei para sair o extrato e então aquele papel começou a sair da máquina. Esperei até ele sair totalmente dela e o peguei para ver o que havia sobrado de dinheiro.

Saldo anterior: 30.000 $

Saldo atual: 0.00 $

Meu queixo se abriu e fiquei encarando o papel por vários minutos. Aquilo não podia estar acontecendo, afinal como o dinheiro poderia evaporar? Como alguém descobriu a minha senha?

Rapidamente peguei meu celular e disquei os números da agencia bancaria. Tudo bem que não guardava todo o meu dinheiro lá, a maioria ficava comigo, mas como é que o dinheiro evaporou? De repente fui interrompida pela voz da atendente.

Boa tarde! Por gentileza com quem eu falo? –a voz era meio anasalada e enjoativa, fina e irritante. Em resumo: era horrível.

– Boa tarde. Meu nome é Sahra. Bom eu gostaria de saber se houve alguma transação em uma conta.

Ok Shara. Você poderia aguardar um minuto enquanto eu transfiro a sua ligação? Esse tipo de problema não e comigo. –Rolei os olhos e concordei com um “OK”, uma das piores coisas que existem no mundo são aquelas musiquinhas chatas que ficam tocando enquanto esperamos para sermos atendidos.

Resolvi voltar para o banco em frente à floricultura, sentei e fiquei com o telefone colado a orelha esperando que a música infernal parasse e alguém atendesse.

Boa tarde! Por gentileza com quem eu falo? –poderia jurar que era a mesma voz.

– Boa tarde. Eu sou Sahra.

Muito bem Sahra, em que posso ajudá-la? –“Poderia começar falando normal sem puxar tanto a última sílaba de cada palavra.” respondi mentalmente.

– Gostaria de saber se houve alguma transação de dinheiro em uma conta. –falei entediada.

Tudo bem senhorita, a senhora poderia me falar os números da conta pausadamente? –respirei fundo e comecei a falar os números da conta. –Ok! Agora a senhora irá esperar mais alguns minutinhos enquanto processamos os seus dados e transferimos a sua ligação.

Bufei. Se me conhecessem não me fariam esperar, como Sayuri sempre falava “Se conhecessem o seu arsenal de armas fariam tudo o que você quisesse”. Sempre rolava os olhos para ela, afinal não possuía nenhuma arma, mas ela dizia que o meu olhar e as minhas palavras acabavam com qualquer um.

A música idiota continuava tocando. Fiquei impaciente e me segurei para não jogar o aparelho de celular no chão e pisar em cima até não sobrar nada, o pobre coitado não tinha culpa alguma. Peguei outro aparelho e comecei a ligar novamente para Drew, mas só caia na caixa postal.

Boa noite! Por gentileza com quem eu falo? –já estava mais que irritada com essa pergunta, podia jurar que era a mesma mulher que havia me atendido na primeira vez.

– Boa noite. Meu nome é Sahra –respondi entre dentes.

Muito bem senhora em que posso ajudá-la?

– Gostaria de saber sobre uma transação em uma conta, que já dei o número para outra atendente e estou esperando a algum tempo que me atendam e se você não fizer isso agora eu juro que vou caçar você onde quer que esteja e vou arrancar seus olhos para comer com macarrão. Vou sequestrar você, te torturar e depois quando eu ficar com pena o bastante e mandar ir embora você irá me ver em todos os lugares resultando na sua futura ida a uma clínica psiquiátrica! –falei rápido baixo e de forma sinistramente controlada, acho que era disso que a Sayuri falava quando dizia que eu tinha uma arma.

D-d-d-des-culpe senhora –a atendente pediu gaguejando. –Eu vou verificar isso agora. –esperei por alguns segundos até ela falar novamente. –Ao que parece o dinheiro foi utilizado para quitar uma hipoteca que a senhora fez. Caso à senhora não saiba no contrato diz que se ao chegar o dia do pagamento do débito e a senhora não vier quitá-lo ou apresentar uma justificativa para prolongar o prazo o banco tem o direito de acessar a sua conta e pegar o dinheiro disponível.

– Eu tenho como apresentar essa justificativa agora? –perguntei com um fio de voz.

Havia esquecido que tinha hipotecado a casa para conseguir grana e investir em negócios. Bom não em negócios, tecnicamente dei o dinheiro para a dona de uma floricultura em que trabalhava algumas vezes por semana, a dona que era amiga da minha mãe era uma senhora muito legal. Me ajudara muito quando minha mãe morreu, então resolvi ajudá-la. Ela também havia hipotecado a floricultura, precisava do dinheiro para pagar dividas. Ganhei um bom dinheiro há alguns meses, mas havia feito a hipoteca antes. Eles poderiam ter me lembrado disso antes, agora eu estava sem grana, não sabia quando o Akim iria me pagar ou se iria, afinal eu mesmo havia dito que não precisava.

Não há nada que possa fazer senhora. O dinheiro não pode ser depositado novamente na sua conta, infelizmente seu saldo é zero e por falar nisso ainda faltam vinte mil para quitar a dívida. ­–ela falou temerosa. Rolei os olhos, ela estava mesmo com medo de mim. O meu problema por enquanto era conseguir vinte mil euros, ou dólares não sei.

– Tudo bem –dei um longo suspiro. –Tenho um prazo para entregar esse dinheiro?

Bom... –ela deu um longo suspiro e ao fundo escutei o barulho do teclado de um computador, ela parecia estar digitando algo. –O maior prazo que eu posso dar a senhora é de um mês.

– UM MÊS?! –dei um berro. As pessoas que passavam na rua me olharam assustadas.

A culpa não é minha senhora. São as ordens do banco. Depois de passado esse mês e a dívida não for quitada, sua conta será bloqueada, junto com cartões de crédito e qualquer forma de pagamento que tentar efetuar que não seja a vista.

– Ok, então eu agradeço por ter tentado me ajudar –disse dando um longo suspiro. Desliguei logo em seguida sem deixar que ela ao menos se despedisse.

Se eu não tinha dinheiro no banco e havia dado toda a minha grana para o Akim se livrar das dívidas dele, então provavelmente não teria nenhum centavo na minha carteira. Isso se eu a achasse. Resolvi ligar para o Akim, ele poderia vir me buscar. Disquei os números e ficou chamando por um bom tempo e nada de alguém atender.

Alô –de repente alguém atendeu com a voz ofegante. Reconheci a voz de Akim.

– Alô! Er... Akim?! –sai mais como uma pergunta.

Sim é ele quem está falando, espere um pouco –o telefone parecia ter batido em alguma coisa alguns sons estranhos vinha do outro lado da linha. –É você Sahra?

– Sim –me segurei para não respondê-lo de forma ignorante.

O que você deseja?

– Queria saber se tem como você vir me buscar... Eu havia combinado com outra pessoa, mas não deu muito certo.

Acho que você vai ter que se virar aí.

– Por quê? –perguntei com a voz um tanto esganiçada, o que eu iria fazer se eu não conhecia nada dessa cidade?

Quando eu disse que tinha conseguido um trabalho eu não estava mentindo. Agora estou em um avião e indo rumo à Nova Iorque!

– Você só pode estar de brincadeira. Você tá falando sério?

Essa é a mais pura verdade. Infelizmente você vai ter que se virar sozinha nessa. Nessa e em outras que eu sei que você vai se meter. Vou ter ficar fora por umas duas semanas.

– Tudo bem –disse com um suspiro. –Mas será que você poderia depositar vinte mil na minha conta?

Eu pedi grana emprestada pra você. De onde você quer que eu tire vinte mil, criatura? Só se eu roubar um banco –terminou com sarcasmo.

– Você faria isso pra mim?

Você tá de sacanagem não é? Por que você quer todo esse dinheiro?

– Se eu não arrumar isso em um mês, tudo vai ser bloqueado, cartões, cheques e afins... Não posso ficar sem isso e depois que eu arrumei aquela grana pra você eu meio que fali sabe? Não tenho nenhum tostão, nada vezes nada. Você entendeu o que eu disse?

Claro que entendi, não sou tão burro assim. Olha eu tenho que desligar ok?! A aeromoça quem está mandando, vou ver o que eu consigo fazer por você, mas acho melhor você ir economizando por aí e pedir uma mesada para o seu paizinho.

– Desliga logo essa porcaria antes que eu te mate. –só o escutei rindo do outro lado da linha e depois ela ficou muda.

Guardei o aparelho na bolsa e olhei para rua. Peguei o outro aparelho, o qual estava ligando para Drew e recomecei a minha batalha de tentar fazê-lo atender. Olhei de um lado para o outro decidindo que rua tomar, poderia muito bem ter prestado atenção ao caminho, mas eu tinha que confiar que o idiota viria me buscar.

Comecei a andar a esmo, pois eu realmente não sabia que rumo tomar, pelo menos se demorasse muito para chegar Jonh viria me procurar, pelo menos eu achava isso.  Andava e xingava ao mesmo tempo, a única coisa boa era que minha perna estava sem a bota, porque seria extremamente desagradável caminhar quilômetros com ela.

– Drew idiota, você é um retardado –eu tinha adquirido a ridícula mania de falar sozinha, sempre me achei estranha e essas minhas atitudes provavam isso, falar com meu furão, falar com os meus instrumentos, falar sozinha...

De qualquer modo eu era estranha, ou na forma mais simples... Louca. Eu era louca. Mas talvez tratamento psiquiátrico não resolvesse o meu problema. Adorava ficar sozinha e não me incomodava com isso.

– Quando eu encontrar você Drew vou arrancar a sua cabeça –essa foi a mensagem que deixei na sua caixa postal. –Garoto imbecil.

– Por que sempre que eu estou com humor agradável acontece alguma coisa para me deixar nervosa? –perguntei olhando para o céu. –Cara eu nunca fiz nada demais pra você aí de cima, será que dava pra maneirar um pouquinho? Sério, eu prometo que... Não deixa pra lá. Eu não prometo nada, mas bem que você poderia maneirar hein?!

Continuei andando rumo a não sei onde, porque eu esperava que fosse a minha casa. Não estava com vontade de pegar um táxi e ao chegar em casa ter que pedir dinheiro a alguém. Pedir a Jonh seria... Bom eu nem sei o que seria, mas eu tenho o meu orgulho e eu não faria isso, Clair... Não podia pedir dinheiro a uma garota de 12 anos. Isso seria vergonhoso. Sem contar que poderia acabar com qualquer tipo de respeito que ela teria por mim.

Fiquei andando e percebi um carro me seguindo, agarrei a minha mochila com mais força. O cara poderia levar as minhas roupas, contanto que não levasse a minha mochila tudo bem.

Olhei discretamente para o lado e o carro estava se aproximando, andei um pouco mais rápido. Não era tão idiota a ponto de ficar esperando ser assaltada sento que eu não faço a mínima idéia de quantas pessoas tem no carro. Até posso me garantir com um ou dois, mas e se forem cinco. Vi que era um AUDI R8, apesar de poder ser um assassino ele tinha um bom carro.

Pelo menos era bonito, mas se fosse colocado em comparação há outros não levaria muita vantagem, talvez contra o Porsche Cayman, mas contra o AUDI TT não. Tinha uma boa velocidade, mas era pesado demais. Eu provavelmente não deveria estar pensando nas vantagens e desvantagens do carro de um possível serial-killer, mas era algo que ia além de mim. Depois de tantos anos vendo todo o tipo de carro e ajudando a concertar, teria que aprender alguma coisa.

Cheguei à esquina e antes que eu pensasse em dobrar ou algo assim, ele parou bem a minha frente impedindo a minha passagem. Então agora seria à hora em que eu gritaria por socorro e correria feito uma desesperada, ou bateria e faria com que o serial-killer corresse feito um desesperado.

Fiquei olhando para a janela do carro enquanto a mesma abaixava, estreitei os olhos e de repente me deparei com um par de enormes olhos azuis me encarando acompanhados de um pequeno sorriso. Rolei os olhos.

PDV Jason:

Tudo no meu dia estava sendo uma merda. Acordar cedo e ir a escola já é uma merda e ainda mais chegar lá e ficar ouvindo a sua garota te enchendo porque não conseguiu humilhar alguém, isso é muito estressante.

As aulas estavam se passando tão tediosas que quase dormi. O intervalo foi a mesma coisa, quando Alexia viu Sahra sentada em uma mesa com algumas pessoas ela ficou totalmente irritada. Drew, Alan, Clair e a tal Marjorie que havia ido em casa falar com Mellany.

Estava irritado com o plano estúpido do Daniel, teria que me aproximar da garota o pior foi que Alexia apoiou toda porcaria do plano. A minha grande surpresa foi chegar à aula de Química e ver Sahra nela, seria a oportunidade perfeita de me aproximar dela.

Mas o feitiço virou contra o feiticeiro. Não sei o que deu em mim, mas quando ela sussurrou no meu ouvido e mordiscou o lóbulo da minha orelha, aquilo... Digamos que mexeu comigo. Fiquei sem palavras e sem ação.

Estava um tanto transtornado com aquilo. Sahra com aquela camiseta colada ao corpo acentuando suas curvas, que eram cobertas por um moletom, a pele clara e rosada. Apesar do cabelo estranho ela era linda. Mas olhá-la me deixava um tanto perturbado, os olhos eram falsos, não só pelas lentes, mas havia algo neles, algo diferente. Eles eram apagados e pareciam sem vida, eram neutros e misturados a cor estranha das lentes que parecia violeta ou rosa ficavam mais sinistros ainda.

 Balancei a minha cabeça tentando espantar os pensamentos estranhos. Caminhava pelo estacionamento da escola e vi Daniel encostado no meu carro, parecia distraído com algo no celular que tinha em mãos.

– Bú! –falei quando já estava perto. Ele deu um pulo e me olhou assustado, fiquei rindo de sua expressão assustada.

– Você tá louco cara?! Eu poderia ter tido um infarto –ele falou com a mão sobre o peito.

– Relaxa, você faz exercícios e se alimenta bem. Tem uma saúde de ferro.

– Pode até ser, mas da próxima vez eu mato você.

– Isso se você não tiver um infarto primeiro não é? –zombei.

Entramos no carro e fomos para casa. Não havia visto Drew, Clair ou Melany. Todos haviam ido em outros carros para escola. Dirigia calmamente pelas ruas, aquilo era realmente tedioso.

– Soube que você teve uma aula com a Sahra –Daniel falou e eu só continuei olhando para a estrada. –E então? Como foi?

– Normal –falei enquanto parava em um sinal.

– Normal? Como assim normal?

– Normal de normal oras.

– Você ao menos falou com ela? –ele me perguntou com uma sobrancelha erguida.

– Sim –falei baixo e depois completei em um sussurro. –Não só falei como ganhei uma mordida na orelha.

– O quê? –Daniel perguntou.

– Nada não –falei desviando do assunto. –Bom eu tentei conversar, mas ela foi evasiva e não quis. Então o professor chegou e não tive outra oportunidade. –falei um pouco rápido demais.

– Hum...

A conversa terminou ali. O resto do caminho foi silencioso, não queria falar nada que me entregasse, mesmo sem eu saber o que me entregaria, afinal eu não estava escondendo nada estava?

Assim que entramos em casa me surpreendi ao ver malas perto da porta. Ninguém tinha planos de viajem, não que eu saiba, mas estávamos no começo do colégio e minha mãe não iria viajar, só restava Jonh. É talvez as malas fosse dele.

– Ah! As minhas malas já estão prontas –Daniel falou com um sorriso no rosto.

– Como assim as suas “malas estão prontas”?

– Isso quer dizer que elas estão prontas oras! Estou indo embora Jason –ele respondeu de forma calma.

– Você não pode ir embora –acho que eu soei meio histérico nessa hora.

– Olha Jason o que a gente tinha foi lindo sabe? Eu realmente gostei, mas chega uma hora em que devemos deixar partir quem amamos –ele falava com uma voz afeminada. Rolei os olhos.

– Claro Daniel. O que tivemos foi lindo mesmo e eu não queria que a nossa história acabasse assim. –resolvi entrar no jogo.

– Jason, nós temos que superar isso. O passado não deve influenciar o futuro e por mais que isso me doa eu tenho que partir.

Ficamos nisso por um bom tempo, já estávamos batendo o nosso recorde no quesito frescuras, mas a brincadeira estava engraçada.

– Você não pode ir embora assim Dan. Eu amo você e isso está acabando comigo tá legal? Você tem que parar de ser egoísta e ver que eu também tenho sentimentos.

– Acho que cheguei em má hora –a voz de Clair falou. Rapidamente me virei e dei de cara com a garota nos olhando. A expressão dela seria hilária se a situação não fosse tão embaraçosa.

– Não é nada do que você está pensando –falei balançando as mãos em frente ao meu corpo, confesso que o ato parecia ser meio desesperado.

– Eu não estou pensando nada. Acho que estou chocada demais para pensar em algo.

– Er... Chegou agora do colégio? –perguntei tentando desviar do assunto.

– Sim. De quem são as malas?

– São minhas –Daniel falou.

– Você vai embora?

– Sim. Consegui um apartamento no centro e ele não fica longe da escola. Vou mudar pra lá –Daniel respondeu animado.

– Hum... Bom para você. Agora se me derem licença tenho que subir e ver com Jason está. Sahra pediu para que eu fizesse isso. –já ia responder um “tudo bem”, mas Daniel me interrompeu.

– O bicho tá preso no quarto dela não é? –Daniel perguntou com curiosidade e um sorriso estranho no rosto. Clair assentiu com a cabeça. –Você vai lá agora? –ela assentiu novamente. –Tudo bem, vai lá.

Clair subiu as escadas e eu fiquei encarando Daniel a espera de alguma explicação a respeito do que havia acabado de acontecer ou das malas.

– O que foi isso? –perguntei.

– Vamos me ajuda aqui –ele falou sem responder a minhas pergunta enquanto pegava uma das malas. Fiquei olhando enquanto ele retirava tudo de dentro dela. Esperei ele terminar, não estava com um pingo de vontade de ir ajudá-lo. Quando ele finalmente saiu de lá com um pequeno aparelho e alguns fios.

– O que é isso? –perguntei entediado.

– É uma câmera. Nós vamos deixá-la no quarto da Sahra e vamos conseguir imagens dela e ainda temos áudio –ele falava empolgado.

– E como vamos colocar isso dentro do quarto dela?

– Clair tá com a chave, vamos enganá-la e entrar no quarto.

– Já que você tá dizendo –dei de ombros.

Subimos as escadas e vimos à mochila da garota jogada em frente à porta do quarto da Sahra. A porta estava entreaberta, olhei para Daniel em uma pergunta muda, querendo saber se entraríamos ou não e ele acenou positivamente com a cabeça. Assim que entramos demos de cara com Clair, isso foi de forma literal.

Daniel esbarrou na garota o que fez com que ela caísse no chão. Ela e o bicho que tinha o mesmo nome que o meu. Saber que aquele animal tinha o meu nome era estranho.

– Nossa me desculpa pequena –Daniel disse ajudando a garota a se levantar.

– Tudo bem, mas o que vocês estão fazendo aqui? –ela perguntou desconfiada.

– Nada –respondemos ao mesmo tempo. Isso fez com que ela nos olhasse mais desconfiada ainda. Eu tratei logo de enrolá-la. –Vimos à porta aberta e viemos ver o porquê. Nada demais.

– Sei. Acho melhor vocês irem saindo. Não tenho permissão de deixar ninguém entrar no quarto –ela falou e deu um leve empurrão em Daneil.

– Mas nós...

– Vamos logo Jason. Não tá vendo que a garota não pode deixar ninguém entrar aqui –Daniel me interrompeu .

 Fiquei confuso e demonstrei isso com o meu olhar, ele ao contrário só sorriu e saiu me puxando pelo branco enquanto Clair saia do quarto e descia as escadas com Jason. Isso era realmente muito estranho. Falar seu próprio nome falando de outra pessoa, ou no caso, um animal. Balancei a minha cabeça e me concentrei no porque de Daniel ter me arrastado até o meu quarto e nos trancado lá.

– Eu não to entendendo nada. Primeiro você quer instalar uma câmera no quarto da garota e quando entramos lá você sai e... –interrompi a minha frase quando vi que a chave da porta do quarto da Sahra pender da mão de Daniel.

– Agora você me dá um sabonete e teremos a cópia da chave do quarto dela para entramos quando quisermos –ele falou com um sorriso.

Ele era muito esperto, tinha esbarrado e ajudado Clair a levantar com o propósito de pegar as chaves. Às vezes esse lado “psicopata” dele me assustava, mas ele sempre fora esperto. Fizemos a marca da chave no sabonete e depois eu mandaria fazer a cópia.

– Certo, agora que temos a chave e o plano tá seguindo... Quero saber o porquê de você estar indo embora –falei lembrando da questão inicial.

– Eu não iria morar com você pra sempre. Preciso de um lugar só meu sabe? –ele falava com uma expressão de tédio. –Não gosto de receber ordens e nem de seguir regras. Então consegui o apartamento e estou indo pra lá.

– Mas como fica o nosso plano? Você disse que iria se aproximar dela também –falei o óbvio.

– Vou me aproximar dela na escola e você sabe que vou sempre estar por aqui, o que não vão faltar são oportunidades. Agora vamos, temos que devolver a chave à garota e você vai me ajudar com as malas.

Descemos as escadas e encontramos Clair deitada no chão com o animal sobre a sua barriga, ele estava olhando para o rosto dela e ela... Estava conversando com o bicho? Pigarreei atraindo a sua atenção, ela nem ao menos se importou.

– Você deixou cair isso –disse e joguei a chave para ela.

– A chave do quarto da Sahra. Nossa obrigada. Nem ao menos havia percebido que ela caiu do meu bolso –ela falou pensativa.

– É as coisas são assim mesmo. Agora vamos Jason, temos que levar as malas ainda hoje.

Saímos e colocamos as malas no meu carro. Com esforço, todas couberam e precisamos somente de uma viajem para levá-las. Paramos em frente a um condomínio luxuoso, ele era realmente bonito. Com ajuda dos funcionários levamos as malas para o apartamento.

Tinha que admitir ele era muito bonito. Claro que se tratando de Daniel Ackerman aquilo não era mais que o esperado. Um apartamento na cobertura do prédio, totalmente luxuoso e que se duvidasse teria o tamanho da minha antiga casa, sempre exagerado.

– Quem comprou? –perguntei me referindo ao apartamento.

– Senhor Ackerman –ele disse batendo continência. –Liguei para o meu pai quando ainda estava no vôo pra cá e ele disse que providenciaria uma casa para mim. Claro que vindo dele eu esperava uma kit-net, mas veja só isso –falou abrindo os braços bem no meio da sala toda mobiliada e decorada em tons claros. –Ele me deu um apartamento na cobertura. Tudo bem que ele me ameaçou e disse que se eu fizesse algo para me meter em problemas eu já era, mas tirando isso ganhei na loteria por ter conseguido esse apartamento.

– Você tem razão –disse e me joguei no imenso sofá branco. –Eu no lugar do seu pai teria contratado uma babá –falei rindo em troca ganhei uma almofada no rosto.

– Não sou tão ruim assim tá legal? Só por algumas coisinhas erradas que fiz por aí não quer dizer que vou aprontar sempre –respondeu com um tom ofendido.

– Claro –respondi com ironia. –E é bom mesmo que você não apronte pra sempre, caso contrário irá ser sustentado pelos pais o resto da sua vida. –ele fez uma careta.

– Acho melhor pularmos esse assunto. Que tal uma partida de vídeo-game?

– Demorou.

Ficamos jogando por um bom tempo, quando já era noite resolvi voltar para casa. Despedi-me e fui embora, dirigia palas ruas e quando parei em um sinal tive a imensa surpresa de ver uma garota com mechar verdes no cabelo caminhar para o lado oposto em que estava indo. Resolvi segui-la e dar uma carona.

Claro que eu não havia esquecido a nossa conversa de mais cedo. Mas já havia me preparado psicologicamente para prosseguir com a aproximação. Assim que o sinal abriu contornei a rua e segui em sua direção. Se antes eu a achava maluca, agora eu tinha certeza. A garota andava falando sozinha na rua, quem a visse com toda a certeza pensaria a mesma coisa que eu.

Ela ficou conversando sozinha, de repente ela parou de falar e vi que ela havia percebido que eu a estava seguindo. A garota olhou o meu carro e parecia estar analisando-o. Ela começou a andar com cautela. Quando ela chegou à esquina resolvi barrar sua passagem colocando o carro bem a sua frente. Ela ficou olhando para o vidro então quando eu o abaixei ela me encarou com olhos serrados. Dei um pequeno sorriso. E ela rolou os olhos.


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Notas finais do capítulo

Bom em primeiro lugar... O capítulo não foi betado viu?! Tipo não sei cadê a minha Beta! O.Õ. Mandei e-mail pra ela, mas ela não me respondeu, não vi mais ela on-line. Mas espero que ela apareça viu Carol?!
Sei que todo mundo tá preparado pra jogar pedras, lama, faca, pirulito, gato [/O.O/]... Qualquer coisa em cima de mim, mas pensem bem, se vocês me matarem não vou ter como escrever :D, só se alguém for como Chico Xavier e psicografar [/WTF?/]...
Olha gente eu tava doente, muito doente mesmo... :(... Febre, dor de cabeça, nariz entopido, enjôo no estômago e tudo o que a gente sente quando tá com gripe... como a minha leitora fantasma favorita disse: "Você não tava doente... Tava morrendo!". Obrigada Kobato-chan. ¬¬'
Voltando... Fiquei uma semana inteira sem chegar perto do computador, o máximo que eu fazia era dar uma twitadazinha pelo celular de vez enquando...
Pra completar a coisa meu irmão passou no vestibular... Três vezes ¬¬'... Sim meu irmão passou três vezes e nas três vezes ouve a festinha com aquela música irritante, não sei se vocês conhecem, mas podem colocar no youtube: Marchinha do vestibular; que ela aparece. Foi o dia inteiro... Isso sem contar que uma das vezes eu estava doente...
Depois a minha tia fez 30 anos, aí foi maior festa na casa da minha avó... Pena que eu não fui e olha que a casa da minha avó é do lado da minha ¬¬'... Ainda tava doente, isso foi dia 22, ao invés de ir curtir a festa fiquei em casa assistindo um documentário sobre as "Lulas-colossáis"... Nûs vocês não tem noção do quanto essas lulas são interessantes... E eu não estou sendo ironica. No dia 25 foi o niver da minha prima... ¬¬ 18 anos... Todo mundo fazendo aniversário... NO dia 1/02 foi aniversário do meu irmão 17 anos... Fora que ele tá sem estudar por esses tempos então ele ocupa o computador quase o dia inteiro ¬¬'...
E agora nesse exato momento tá rolando festão na casa da minha avó... Aniversário dela... 65 anos e hoje também é aniversário do meu outro irmão 23 anos... Vai ter aniversário perto assim um do outro aqui em casa...
Fugi de lá e vim postar (66'~
O outro vou fazer o mais rápido que eu puder... Não quero mais deixar de postar por tanto tempo, vou vir postar mais rápido. Sério.
Foi por tudo isso que eu não pude vir antes... Espero que depois desse texto que eu escrevi aqui que foi maior que o cap. tenha feito vocês me perdoarem *--*

E então o que acharam do capítulo? Sei que não tá bom... Tá uma merda... Mas ficar tanto tempo longe me tirou a inspiração! Cara foi uma luta pra screver esse capítulo... Mas já tô com idéias pros próximos e vão ser legais prometo *----------*
Nem música coloquei nesse capítulo porque não achei nenhuma que combinasse com qualquer um dos momentos...
O Nyah tá novo hein?! Olha só... O que vocês tão achando dele? Particularmente gostava mais do outro, mas enfim... Alguém me explica o porque de ter embaixo da minha estória um monte de recomendações? Sendo que quando coloco lá diz que eu não tenho nenhuma... ü.û!
Agora eu tenho que sair gente... Acabaram de me chamar pra cantar parabéns *-*
FELIZ ANIVERSÁRIO VOVÓ E MEU IRMÃO! O/
E caraca adorei os comentários viu?! Me senti com o da isatokita a tangerina *rs*... Ouvi a dica da BlendaC, não se preocupe ela vai sim ficar com alguém e o romance irá surgir! *--*... E ri com o da chrikdsm melhorar o cap. "Drew ou Akim pegar a Sahra" *rs*
Adoro vocês *3* B'jão! Fuiz!
Mereço um review? Um oi'zinho? Uma indicação? Qualquer coisa vale *-* B'jão²
*3* o//
@LoydeSilva

P.S.: O nyah me barrou de postar o capítulo todo! :( Vão ser dois capítulos, segundo o site ele tá grande demais! ¬¬'