Amor, Calibre 45 escrita por LastOrder, Luciss_M


Capítulo 17
One last Breath II




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Banco Internacional Quimby, Nova York.

05/01/2008

O banco era Banco Internacional Quimby era conhecido mundialmente pela sua alta tecnologia no quesito segurança. O arranha céu espelhado no centro da cidade de Nova York, era requisitado pelos mais diversos tipo de pessoas, estas, tinham apenas duas coisas em comum... Algo valioso para guardar e dinheiro para bancar essa segurança.

- Muito bem. – Miguel desdobrou um mapa na frente de Tessa. – Todos os andares são compostos por cofres,  com uma porta que se abre com um a chave que nós temos. Há apenas uma única entrada no prédio... – Desceu o dedo indicador para a área da planta que indicava o térreo do prédio. –... No térreo. O único jeito de entrar é passando pela porta , que é protegida por um guarda, o único que sabe o jeito de abrir-la.

Tessa franziu o cenho, processando todas as informações.

- Felizmente, com a chave, podemos dizer que fomos mandados por Louis para buscar o que há no cofre. Por isso ela é tão importante, se você tem a chave, o guarda não te questiona. Ela é especial, possui um código que evita sua cópia. – Dobrou o papel em quatro e o pôs no porta luvas.

- Eu só tenho uma pergunta.

- Diga.

- Como você descobriu tudo isso? O banco não é o mais seguro do país?

Miguel sorriu de lado e fechou o zíper da blusa marrom que usava para tentar se proteger do frio que cobria o chão com uma espessa camada de neve.

- Eu tenho meus contatos.

Ela revirou os olhos. Afinal, que tipo de resposta poderia esperar dele?

- Certo, então vamos.

E saíram do carro. Atravessando a rua, se encolheram automaticamente em seus próprios abrigos. A época fria ainda demoraria a acabar.

A porta elétrica se abriu assim que ficaram a menos de um metro da entrada. O guarda muito bem equipado com um colete a prova de balas, e uma quantidade considerável de armas sofisticadas, levantou-se com a aproximação repentina.

- No que posso ajudá-los? – Seu tom era mais ameaçador que receptivo.

Thereza tirou a chave do bolso da jaqueta jeans e a mostrou ao homem corpulento.

- Viemos a pedido de Louis Bolevuc.

O guarda os inspecionou com o olhar e assim que conclui a inexistência de perigo se dirigiu para a enorme porta de aço na parede de trás. Digitou uma seqüência interminável de números na placa eletrônica de botões ao lado da porta.

Em seguida, aproximou o rosto do mesmo aparelho. Um feixe de luz vermelha passou pelo seu olho esquerdo: Identificador de retina.

E finalmente pousou a mão sobre a placa sensível. Que ao reconhecer as impressões digitais, iniciou o processo de abrir todas as três portas (uma atrás da outra) que se revelaram.

Tessa piscou um pouco. Precisavam de um desse para guardar os arquivos do FBI.

- Muito bem, podem ir. – Disse se virando para os dois. – O cofre do senhor Bolevuc é no vigésimo andar. Para sair é só apertar o botão vermelho e a porta será aberta novamente.

- Obrigado. – Miguel pegou Tessa pelo braço e a arrastou para o corredor.

O elevador parou no vigésimo andar depois de poucos minutos. As portas do corredor branco eram exatamente iguais, apenas os números em seus batentes as diferenciavam.

- Ok, vejamos. – Tessa pegou a chave e leu os minúsculos números. – 2543.

Caminharam até a porta do fundo. Os seus passos faziam um eco sinistro no corredor.

- Deve ser aqui. – Miguel olhou para a porta. – Quer fazer as honras?

Tessa colocou a chave na fechadura, e no instante seguinte, a mesma desapareceu dentro do buraco da porta metálica.

- O que...? – Miguel começou, pensando no quão estranho aquilo era.

Um ruído estranho de algo sendo destravado veio logo em seguida. E a chave reapareceu no seu lugar. A luzinha vermelha da maçaneta tornou-se verde quando a voz computadorizada anunciou:

“Seja bem vindo, Senhor Bolevuc.”

- Hmn... Isso foi interessante. – Comentou pegando a chave e abrindo a porta.

- Eu que o diga.

Tessa entrou primeiro. A sala um cubo quadrado e pequeno, de certa forma, não havia janelas, apenas muitas gavetas incrustadas na parede e uma mesinha com um computador e material de escritório do outro lado.

- O que mais você acha que ele deve guardar aqui, além das provas? – Perguntou indo em direção a parede.  – Ei, não vai entrar?

Miguel engoliu em seco, apenas naquele momento havia percebido que seu corpo havia parado inconscientemente do lado de fora do cubículo minúsculo, sem janelas...

- Hã... Acho que vou esperar aqui mesmo. Por que não procura no computador o número da última gaveta que ele utilizou?

Tessa arqueou uma sobrancelha. Depois ele dizia que não era claustrofóbico.

- Certo. – Sentou-se de frente para o computador. E viu o número que procurava. – Achei.

- Ótimo, o que está esperando? – Disse um pouco nervoso. – Quero sair logo daqui.

Ela riu baixo enquanto abria a gaveta. O envelope amarelo que tanto haviam procurado estava em suas mãos agora. Virou-se para Miguel e mostrou o objeto amarelo com um sorriso vitorioso.

Ele retribuiu o sorriso, parecia que tudo acabara bem.

- Ali estão eles! – A voz familiar fez com que se virasse.

James seguido por mais três homens vinham armados desde o outro extremo do corredor.

- Fique aí! – Miguel ordenou à Thereza fechando a porta com a chave.

Ela nem teve tempo de impedi-lo, ou de perguntar o que estava acontecendo, a única coisa da qual tinha plena certeza era que estava presa dentro daquele cofre.

Ouviu o barulho de tiros e passos apressados do lado de fora da espessa porta de aço.

- Idiota. – Murmurou consigo mesma. Pegou o celular em seguida.

- Você ligou para o celular de Odette Paxton, aquela que é mais rica que você, mais bonita que você, e pode ter certeza, mais inteligente que você. Deixe seu recado depois do...

- Odette, sou eu. – Tessa revirou os olhos.

- Ah! Tessa, é você! Há quanto tempo, amiga! – Não mostrava qualquer sinal de embaraço em seu tom de voz. – O que foi agora?

- Preciso que você me ajude a abrir a fechadura da porta do cofre do Banco Quimby.

- O Banco Quimby?! – Berrou tão alto que Tessa teve que afastar um pouco o telefone. – Nossa, essa vai ser difícil, mas vou ver o que posso fazer, tem um cabo fio de internet por perto?

Thereza foi até o computador e pegou o cabo que ligava a máquina à rede.

- Tenho.

- Perfeito, então vamos fazer o seguinte...

(...)

Miguel descia as escadas o mais rápido que podia, ao mesmo tempo que tentava se desviar, com certa dificuldade, dos tiros que vinham  dos andares de cima.

Um deles havia passado de raspão no seu braço esquerdo, deixando um rastro dolorido de sangue que começava a coagular.

Parou diante do elevador e apertou o enorme botão vermelho repetidamente, sem parar, nem pensar que poderia acabar quebrando-o e colocar a perder sua única chance de sobreviver.

A porta se abriu quando James aparecia à apenas poucos passos de distância, e se fechou impedindo que o novo tiro o atingisse.

Não tinha certeza de qual seria seu próximo passo, mas com toda certeza seria para longe desta caixa ainda menor do que o cofre onde havia deixado Tessa. Apertou o botão para voltar para o andar onde a corrida havia começado.

O elevador parou no meio do caminho, todas suas luzes se apagam, as portas se abriam abruptamente, Miguel se segurou nas barras de segurança para não cair no abismo de mais de dez andares que se abrira a sua frente.

Respirou fundo, tinha que tentar pensar numa maneira de sair dali. E rápido, antes que James resolvesse vir atrás dele.

Aproximou-se da beirada, tentando não perder o equilíbrio, e olhou para cima. Ao que parecia o elevador havia parado perto do décimo primeiro andar, perto o bastante para criar uma fresta entre o chão do buraco que levava ao andar e o teto do elevador.

Esticou-se para segurar no chão liso no corredor e torceu para que não acaba-se ficando preso. Primeiro usou as mãos para puxar o corpo e finalmente os braços e os cotovelos, podia sentir o teto do elevador raspar na sua roupa, o caminho era estreito o suficiente para que tivesse que segurar a respiração afim de evitar fazer qualquer movimento que dificulta-se ainda mais sua passagem.

Aquilo parecia bem mais fácil em filmes.

Sentiu o sapato sair assim que passou os pés pela fresta.

Levantou-se do chão branco do corredor... Aquilo era inacreditável! Nunca mais usaria um elevador na vida, disso tinha certeza.

Tirou o outro sapato e as meias para que pudesse correr sem maiores dificuldades, e foi em direção à escada. Tinha que tirar Thereza do cofre para que pudessem sair antes que James percebesse que ele havia conseguido sair do elevador.

Ele parou no meio do caminho e se esgueirou para perto da parede quando ouviu passos rápidos descendo, tirou a arma de dentro do casaco e a carregou, pronto para atirar em quem quer que fosse...

- AH! – Thereza gritou assustada pela entrada repentina de Miguel. – Você enlouqueceu de vez?? O que está fazendo com essa arma, seu idiota?!!

Realmente, Tessa tinha um santo forte, se ela estivesse um centímetro mais para a esquerda provavelmente seu braço estaria machucado.

- Eu sou um idiota?!! O que você está fazendo aqui?!!

- Eu vim procurar por você seu ingrato!!

Miguel suspirou fundo e abaixou a arma. Aquela mulher... Era doida.

- Escute, não sei como conseguiu sair, mas não devia ficar andando por aí sozinha. Se eu te falei pra ficar quieta no cofre era por que a situação está realmente perigosa aqui.

Tessa se aproximou de Miguel e pousou a mão sobre seu ombro.

- Somos um time, Miguel. Temos que ficar juntos até mesmo nas situações perigosas, só assim podemos vencer. – E sorriu. – Certo?

Ele não conseguiu deixar de sorrir de volta. Eram um time, é?

- Certo.

(...)

Desciam as escadas de dois em dois degraus. Miguel tinha certeza que à uma hora dessas James e seus cúmplices já haviam descoberto que ele havia fugido e provavelmente estavam voltando para o cofre... Se descem sorte seus caminhos não se cruzariam mais.

- Miguel, onde estão seus sapatos?

Naquele momento percebeu que seus dedos começavam a doer por causa do frio.

- Você quer realmente falar sobre isso agora? Com uma gangue armada atrás de nós?

Tessa revirou os olhos e pararam quando chegaram ao térreo, a enorme porta se abriu quando ela apertou o botão vermelho. Na sala da frente não havia mais nenhum guarda.

- Você acha que eles...? – Tessa perguntou com certo pesar nas palavras.

Miguel balançou a cabeça. Era bem provável que sim, o guarda não os deixaria entrar sem a chave, e James não aceitaria o “não” como resposta.

- Não temos tempo para isso. – Segurou-a pelo braço com a mão livre. – Vamos.

Saíram, a neve cobria todo o chão, seus pés afundavam na neve. Um vento frio passou pelas árvores quando eles atravessavam o estacionamento às pressas. Assim que passassem pela rua, chegariam ao carro e tudo estaria acabado.

Mas não seria assim tão fácil.

Pararam de correr quando três carros negros invadiram o estacionamento em alta velocidade e estacionaram formando um semi circulo ao seu redor.

As portas se abriram e em um segundo uma dúzia de homens armados saiu de dois dos carros, do terceiro a sua frente Louis Bolevuc apareceu, trajando um de seus melhores ternos, apoiando parte de seu peso numa bengala escura com detalhes dourados. Ao seu lado, James sorria vitorioso.

Miguel empurrou Thereza para alguns passos atrás de si.

- É melhor abaixar a arma, Miguel. – Era a primeira vez que o ouvi com aquela voz seria. – Sabe que não poderá fazer nada contra nós todos.

Os olhos de Miguel foram de Bolevuc para James e depois para o resto dos homens ao seu redor. A sua arma caiu na neve fofa sem fazer som algum.

- Ótimo, é bom ver que finalmente estamos nos entendo. – Sorriu sádico. – Agora seja um bom menino e me entregue o envelope.

- Não sei do que está falando.

James se revoltou perante a frieza de Miguel, como poderia estar tão calmo, mesmo quando era obvio que havia perdido.

- Como pode ser tão arrogante Miguel?! Não percebe que acabou?!! Entregue  logo as malditas provas ou eu mesmo vou matar você, seu maldito!

Miguel arqueou uma sobrancelha. O que o irritou ainda mais, James fez menção de ir até seu rival para lhe espancar até a morte, mas foi impedido pela mão de Louis em seu ombro.

- Acalme-se, James. – E assim o fez. – Miguel, proponho um acordo. Você me entrega o que eu quero e eu deixo você livre para que saia do país e viva sua vida como bem entender.

- E se eu me recusar?

- Bem... Então... – O “CLICK” de todas as armas apontadas para ele sendo destravadas foi num som único. Uma ameaça, típico de Bolevuc. – Acredito que chegaremos num consenso.

- É melhor atirar logo, não tenho a menor vontade de te dar o que quer.

Tessa olhou desesperada para aquilo, ele realmente estava no controle da situação?!!

- Espere! – A atenção foi dessa vez atraída para ela. Tirou um envelope de dentro do casaco e o jogou para frente, caiu próximo aos pés de Louis. – É isso o que quer. Agora nos deixe.

Miguel a encarou perplexo, não podia acreditar que ela havia feito isso. Será que ela tinha noção da gravidade do que havia feito?? Agora não teriam mais chances de se livrar de Bolevuc. Teria sido tão fácil se Tessa houvesse seguido seu plano.

Sua morte não significaria nada se Tessa tivesse a chance de fugir dali com as provas. Se tivesse a chance de prender Bolevuc. Agora não sabia se poderia garantir sua segurança.

Louis se abaixou e pegou o envelope.

- Viu só, Miguel. Ao que parece a sua amiguinha é bem mais sensata do que você. – E riu. – Vamos!

Todos os homens entraram nos carros. Louis e James entraram no do meio e partiram.

Mais uma vez o vento frio passou se debatendo nos galhos secos das árvores. Tessa não disse uma palavra e Miguel achou melhor assim. Não sabia o que diria para ela agora. Não sabia o que fariam agora.

Respirou fundo.

- Olha... – Tessa começou. E antes que pudesse terminar um dos carros pretos cantou os pneus parando poucos metros frente a eles.

Louis abaixou o vidro fumê e deu três tiros certeiros antes de subi-lo novamente. E o motorista deu a partida.

O patriarca da família Bolevuc olhou para o envelope amarelo em suas mãos.

- Senhor Bolevuc?

Ele levantou o olhar para a janela e deu o objeto a James.

- Queime isso o mais rápido possível. – Ordenou.

- Sim, senhor. – E pegou o pacote. Sentiu o orgulho inflar seu peito. – Não se preocupe senhor, saberei substituí-lo.

Louis meneou com a cabeça. Não estava triste, estava... Decepcionado.

- Conto com você, James.

Era realmente uma pena.

(...)

A mancha vermelho carmesim se misturava à neve branca à medida que se expandia rapidamente sobre o solo gelado. Miguel até agradecia o clima frio pelo menos isso fazia com que a dor em seu corpo diminuísse consideravelmente.

Só conseguia se lembrar da arma de Louis Bolevuc apontada para Thereza e depois de usar a si mesmo para protegê-la. Era difícil se manter acordado agora.

- Miguel! Miguel! – Forçou sua vista para poder vê-la. – Resista ,por favor!  A ambulância já está vindo! – Lagrimas saiam como cascata pelos seus olhos.

Ela estava chorando? E por ele? Não devia chorar por ele. Ainda mais por ter salvo sua vida. Na verdade... Não devia chorar por nada, e nunca.

Um peso grande esmagou seu peito e pela primeira vez quis com todas suas forças que sua vida não acabasse agora, quis que aquela não fosse a ultima vez que a veria, não ter que vê-la assim.

Pousou uma das mãos sobre a dela em seu rosto.

- Não... Chore... – Sua voz saiu como um sussurro naquela noite, tão baixo que nem mesmo ele teve certeza se havia dito algo. Não tinha mais certeza de nada. Estava a poucos passos do abismo que o levaria para o que quer que o esperasse. – Nunca.

Miguel cedeu à escuridão e ao frio que teimavam sobre ele e não viu mais nada, mas sabia que seria seguido para onde fosse por aqueles olhos tristes.


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