Desilusões existem. Esperanças, só as mais fácies.

Minha existência fere teu coração. Minha ausência, acalma tua alma.

Conheci um anjo. Anjo Miguel. Hoje esse nome, não corresponde a mesma carne.

Tua alma, tomada foi. Teu cheiro, revirado. Tuas roupas, não sei onde estão.

Em um carro, te espio. O vidro fumê, não me deixa enxergar seus poros. Teu rosto, apaixonado, ali está. Mas para outro lado você olhava. Um lado que não, jamais, me enxergaria.

Eu te aceitei. Eu te amei assim. Errei. Errei mais uma vez. Não tive a capacidade, a tolerância, a vaidade que você merece. O Anjo não julga. O Anjo não faz chorar.

Anoiteceu. A nossa estrela não brilha mais como antes e a Dona Lua, perguntou de você. Mesmo sabendo que minha resposta seria que nunca mais você voltará.

O Anjo te levou. E hoje, o Anjo vive no seu lugar.

Amigos não me suportam. Minha validade está se esgotando. Meu sistema, está ficando invalido. Amigos conhecem outros amigos, e como um brinquedo, esquecido, fico aqui, encurralado em meu quarto.

A escuridão da noite cria uma atmosfera desnecessária, buscando um brilho que um dia, a lua pode oferecer. Da janela do meu quarto, eu enxergo um casal. Eles se divertem e lembro de como podíamos estar agora. Saudades de quando brigávamos para ver quem ficaria com o controle remoto. De quando eramos acordados pelo estrondo da porta do quarto, sendo convidado para o café. O café que você sempre elogiou, da mulher que seria sua sogra.

Por fim, estou aqui, enfrentando um eclipse, sendo acompanhado com o vazio do meu quarto, e sentindo seu cheiro a distância.

Com carinho, Anjo Miguel.