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brenoool
ID: 271742
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  • 26/01/2013


  • Eu tenho um sério problema em escrever autobiografias em primeira pessoa. Se veio aqui ver algo interessante  sobre mim *metido on*, peço que espere mais algumas semanas até  eu bolar algo criativo e engraçado pra pôr nessa caixa de texto. Ou até eu achar algum perfil legal e kibar ele, nunca se sabe.

    Já que tá aqui, aproveita e dá uma olhada nas minhas histórias -> -> -> Vlws o/

    obs: se me conhecer melhor, vai descobrir que amo reviews :p

     

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    "Bran estava caindo mais depressa do que nunca. As névoas cinzentas uivavam em seu redor enquanto mergulhava para a terra, embaixo.

    - O que você está me fazendo? - perguntou ao corvo, choroso.

    - Estou lhe ensinando a voar.

    - Não posso voar!

    - Está voando agora mesmo.

    - Estou caindo!

    Todos os vôos começam com uma queda, disse o corvo, olhe para baixo.

    - Tenho medo...

    - OLHE PARA BAIXO!

    Bran olhou para baixo e sentiu as entranhas se transformarem em água. O chão corria agora em sua direção. O mundo inteiro espalhava-se por baixo dele, uma tapeçaria de brancos, marrons e verdes. Via tudo com tanta clareza que, por um momento, se esqueceu de ter medo. Conseguia ver todo o reino e toda a gente que nele havia.

    Viu Winterfell como as águias o viam, as grandes torres que pareciam baixas e atarracadas vistas de cima, as muralhas do castelo transformadas em simples linhas traçadas na terra. Viu Meistre Luwin em sua varanda, estudando o céu através de um tubo de bronze polido e franzindo a testa enquanto tomava notas num livro. Viu o irmão Robb, mais alto e mais forte do que se lembrava, praticando esgrima no pátio com aço verdadeiro nas mãos. Viu Hodor, o gigante simplório dos estábulos, transportando uma bigorna para a forja de Mikken, levando-a ao ombro com tanta facilidade como outro homem levaria um fardo de palha. No coração do bosque sagrado, o grande represeiro branco pairava sobre o seu reflexo na lagoa negra, com as folhas a bater sob um vento gelado. Quando sentiu que Bran o observava, ergueu os olhos das águas paradas e devolveu-lhe um olhar sábio.

    Olhou para leste e viu uma galé que se apressava através das águas da Dentada. Viu sua mãe, sentada, só, numa cabine, olhando para uma faca manchada de sangue pousada sobre a mesa à sua frente, enquanto os remadores puxavam pelos remos e Sor Rodrik se dobrava sobre uma amurada, tremendo com convulsões. Levantava-se uma tempestade à frente do barco, um vasto bramido escuro flagelado por relâmpagos, mas, de alguma maneira, eles não conseguiam vê-la.

    Olhou para o sul e viu a grande corrente azul esverdeada do Tridente. Viu o pai suplicar ao rei, com dor gravada no rosto. Viu Sansa chorar até adormecer, à noite, e Arya guardar seus segredos bem fundo no coração. Havia sombras a toda a volta. Uma das sombras era escura como cinza, com o terrível rosto de um cão de caça. Outra estava armada como o sol, dourada e bela.

    Sobre ambas erguia-se um gigante numa armadura de pedra, mas, quando abriu a viseira, nada havia lá dentro a não ser escuridão e um espesso sangue negro.

    Ergueu os olhos e viu com clareza para lá do mar estreito, viu as Cidades Livres, o mar verde dothraki e, mais além, até Vaes Dothrak, no sopé de suamontanha, até as terras fabulosas do Mar de Jade, até Ashhai da Sombra, onde se agitam dragões ao nascer do sol.

    Finalmente olhou para o norte. Viu a Muralha brilhar como cristal azul, e o irmão bastardo Jon dormir sozinho numa cama fria, com a pele ficando branca e dura à medida que a memória de todo o calor ia escapando dele. E olhou para lá da Muralha, para lá de florestas sem fim sob um manto de neve, para lá da costa gelada e dos grandes rios azuis esbranquiçados de gelo e das planícies mortas ondenada crescia nem vivia. Olhou para o norte, e para norte, e para norte, para a cortina de luz no fim do mundo, e então para lá dessa cortina. Olhou para as profundezas do coração do inverno, e então gritou, com medo, e o calor das lágrimas queimou-lhe o rosto.

    Agora você sabe, sussurrou o corvo ao pousar no seu ombro. Agora sabe por que deve viver.

    - Por quê? - disse Bran, sem compreender, e caindo, caindo.

    - Porque o inverno está para chegar."

     

    As Crônicas de Gelo e Fogo, Volume Um - A Guerra dos Tronos, Bran III