Não é uma vida ruim; é um dia ruim... Quantas vezes eu ouvi isso na minha vida. Se eu parasse pra contar já devia ter perdido as contas, afinal é o lema do grupo de apoio a jovens ex-depressivos do qual freqüento. Sim, pode-se dizer que eu sou uma jovem ex-depressiva para todos os efeitos, ou é isso que costumam dizer por ai. Não que eu ache que alguém consiga ser ex-depressivo acho que ninguém que tenha entrado nessa vida consiga sair, vira parte do seu ser e você não pode deixar de ser o que é. Você finge às vezes, como uma garota tímida finge ser atrevida para entrar naquele grupo de garotas populares ou como um garoto finge que é insensível na frente da garota que gosta, só para impressionar os amigos, mas esse é o ponto, eles só fingem; ninguém pode negar o que é realmente. E é isso que eu faço todos os dias da minha vida, eu finjo ser uma ex-depressiva. É a vida... Ela não passa de um mar fundo, a onde as pessoas lutam todos os dias para não morrerem afogadas, enquanto outras, como eu já não se importam mais em ser levados para o fundo do mar. Eu não sou dramática, por favor, não me veja assim... Eu sou um resultado, um resultado de uma vida, de um destino não muito feliz. Eu não sou uma jovem de cabelos rebeldes, maquiagem preta profunda que só veste preto e ouve rock e escreve Eu odeio a mim mesmo e quero morrer na porta do quarto, na verdade eu sou bem comum, todos nós digo, os ex-depressivos- somos.