Strike! escrita por Lirio_de_Maio


Capítulo 5
Capítulo 4 - I say goodbye, you say hello


Notas iniciais do capítulo

Olá, meninas! E mais uma vez Edward vai avançar... digamos que ele ainda vai acabar vencendo a Bella pelo cansaço!



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CAPÍTULO IV

Bella, já descalça esfregou um pé no outro, satisfeita consigo mesma. Embaixo da mesa, jogados displicentemente, estavam os sapatos de salto alto que usara para entrevistar o Cullen.

Assim que chegara em casa, duas horas atrás, correu para o computador, disposta a preparar o artigo enquanto as impressões ainda estivessem frescas em sua cabeça. O resultado não podia ter sido melhor. Em vez de colocar no papel apenas a entrevista, ela fizera uma análise do beisebol na atualidade, transformando o artigo numa espécie de alerta sobre o brilho enganoso da fama. O herói de hoje poderia ser o esquecido de amanhã. Também fizera comentários a respeito da mudança no espírito do jogo. Fora o tempo em que o atleta defendia seu time com garra, apenas por lealdade. Agora, cada jogador não passava de uma caixa registradora ambulante, que só se preocupava com cifras e contratos milionários. Que volte o espírito de ontem, ela pedia, terminando o artigo.

O antigo relógio cuco, herança de família, bateu, anunciando que já eram oito horas. Levantou os braços e se espreguiçou. Estava cansada, mas feliz. Seu trabalho ficara ótimo. Se tivesse se limitado a escrever o que aquele convencido do Edward “raposa” Cullen havia dito, seu artigo teria apenas cinco linhas. E seria monótono como o diabo.

Cocou o nariz e sentiu vontade de espirrar. Era provavelmente o prenuncio de uma gripe. Talvez fosse por isso tratara o coitado tão mal. As pessoas agiam de um modo estranho, quando sentiam uma febre se aproximar.

Levantou-se e foi até a cozinha.

— Oi, Peixe, tudo bem? — ela perguntou ao peixinho dourado que mantinha num grande aquário em cima da mesa. Um castelo em miniatura com duas janelas era a única coisa que fazia companhia a Peixe. Bella tentara lhe arranjar uma companheira em várias ocasiões, mas nenhum outro peixinho dourado durara mais de uma semana. Ela acabava achando o pobrezinho boiando sem vida dois ou três dias depois e Peixe nadando despreocupadamente, como se não tivesse culpa alguma do ocorrido.

Apanhou a latinha de comida e abriu a tampa. Alguns seres nesse mundo tinham nascido para ficar sozinhos.

Como ela.

O peixinho dourado pareceu nadar com mais ânimo, ao avistar sua dona. Ás vezes, ela achava que ele reagia como um verdadeiro animal doméstico. Mas só quando havia comida na jogada.

"As pessoas acham que eu sou louca por conversar com um peixe", pensou ela, despejando uma porção de migalhas na água. "Que pensem. Eu converso mesmo e ponto final."

Depois de certificar-se de que Peixe estava bem alimentado, apanhou uma panela com água e colocou para ferver. Iria tomar chá. Sabia que devia preparar algo mais substancioso, mas não estava com a mínima fome.

“Você precisa comer bem, Bella querida”, seu pai não se cansava de dizer. “Esqueça os sanduíches e os lanches rápidos e coma comida de verdade!”

Deus do céu, que saudades daquele homem alto e forte, que fora todo o seu mundo, até três anos atrás.

"Não comece", ordenou a si mesma. "Não esta noite".

Sabia que começaria a chorar, se pensasse nele agora. Não entendia muito bem por que, mas se sentia terrivelmente solitária aquela noite. E não era por falta de companhia. Tinha dezenas de amigas e amigos que viriam visitá-la correndo, na hora em que os chamasse.

Era engraçado, mas a solidão que sentia agora era diferente. Mais profunda. Mais dolorida.

Vagamente, teve a impressão de que aquilo tinha algo a ver com Edward.

Mas por quê? O que o homem lhe fizera?

Em vez de ficar pensando em, bobagens, que não levavam a nada, voltou a atenção à água que fervia no fogo. Não gostava de chá, mas era um ótimo remédio para gripe. Encostou a mão na testa. Estava quente. "Droga! Devo estar com febre". Odiava ficar doente.

Abriu o armário em cima da pia e começou a procurar a caixinha do chá. Não encontrou.

Afastou latas de mantimentos e pacotes de biscoito, sentindo-se extremamente irritada.

— Porcaria! Onde, raios, eu meti essa droga!

O telefone tocou no momento em que avistou o objeto procurado.

Apanhou-o e, com a outra mão, tirou o fone do gancho.

— Alô?

— Meu Deus, você deve estar com um humor de cão esta noite!

Ela recostou-se na parede da cozinha e sorriu.

— Oi, Emmett.

— Posso saber por que você foi tão agressiva com o Cullen?

— Ora, Emm, se todo mundo continuar a tratá-lo como se ele fosse alguma espécie de santo, um dia esse filho da mãe ainda via acabar tentando andar por cima da água.

— Você faz uma idéia completamente errada dele, Bella. Acredite em mim.

Ela pensou nas mulheres maravilhosas com quem o sujeito era constantemente visto em boates e restaurantes da moda.

— Pois eu tenho minhas dúvidas.

— Bem, eu só liguei para saber se você conseguiu obter todas as informações que queria.

— Consegui. Aliás, acabei de escrever o artigo agora mesmo.

Emmett não pôde deixar de ficar um pouco preocupado.

— Bella?

— O que foi?

— Você não escreveu nada contra o coitado, escreveu?

— Claro que não. Só falei a verdade.

— Não se esqueça de que ele é o melhor jogador de beisebol do país, atualmente. Nunca perdeu um jogo na vida e...

— A carreira dele ainda não acabou, Emm. Não perdeu um jogo até hoje, mas pode vir a perder amanhã.

Emmett ficou revoltado.

— Pelo amor de Deus, garota! Você fala como se estivesse jogando urucubaca no coitado!

— Não estou jogando urucubaca em ninguém. Eu só acho que um pouco de humildade faria bem a ele.

— Edward é um homem decente, Bella. Será que isso não entra na sua cabeça?

— Por acaso você está trabalhando como relações públicas do cara?

— Eu gosto dele, ora essa.

Ela riu.

— Qualquer um está sujeito a cometer erros de julgamento de vez em quando, não é?

— Só que, desta vez, minha querida, quem está cometendo um erro é você. Ele é um cara legal!

— Pois eu ainda não tive a oportunidade de conhecer esse lado do fulano. Mas posso saber a troco de que você ligou? Para defendê-lo?

— Não.

Bella não estava com muita vontade de ser delicada aquela noite.

— Então ligou para quê?

— Para lhe dizer uma coisa.

— Que coisa?

— Ele está indo para aí.

Ela deixou a caixa de chá cair no chão.

— O quê?

— Exatamente isso que você ouviu, Bella Swan. O sujeito vai lhe fazer uma visita.

— Seu traidor! Como teve coragem de lhe dar meu endereço?

— Você não sabia que companheiros de quarto compartilham certos segredos? — Ele sorriu. — Até mais, querida.

— Emmett como pôde fazer isso comigo?

Não obteve resposta. A linha tinha ficada muda.

Mas se a linha ficara muda, o mesmo não acontecia com a campainha.

Droga! Será que já era aquele inconveniente? Foi aí então que suas narinas foram invadidas por um leve cheiro de queimado.

Olhou para o fogão, assustada. A água que colocara para ferver tinha evaporado e a chama começara a escurecer o fundo da panela.

Apagou o fogo, apanhou a panela escurecida e, mais irritada do que nunca, foi abrir a porta.

Deu de cara com Edward.

Ele abriu a boca para dizer "oi", mas a palavra jamais saiu de sua garganta. Olhou para a moça à sua frente e engoliu em seco. Esperava encontrá-la de jeans e camiseta, ou com qualquer outra roupa do gênero. Mas não. Ela ainda usava o mesmo vestido de couro preto daquela tarde e estava, se possível, ainda mais bonita que antes. Sentiu uma vontade enorme de abraçá-la, de apertar aquele corpo cheio de curvas, quando reparou, de repente, na panela de fundo escurecido que ela trazia nas mãos.

— Você estava cozinhando, Bella? — Ele deu um sorriso. — Ou será que pretende me dar uma panelada na cabeça?

Ela não respondeu. Na verdade, nem se moveu, muito menos o convidou para entrar. Ele respirou fundo. O que estava fazendo ali? Será que havia enlouquecido de vez? Não lhe bastava a enorme dor de cabeça que as mulheres de todos os cantos do país lhe davam? Um dia, havia chegado em casa morto de cansaço, entrara no chuveiro louco de vontade de tomar um banho e dera de cara com uma fã dentro do boxe. Uma fã completamente nua, de longos cabelos loiros e sorriso nos lábios. Ah, as mulheres!

Ficavam mais ousadas a cada dia que passava. Livrar-se delas era uma tarefa muito complicada.

Então, o que estava fazendo na porta da casa de Bella, uma garota que só abrira a boca para agredi-lo?

Bem, tinha de admitir que ela era bonita. Mais do que aquilo, na verdade. A moça era linda. E o corpo, então. De enlouquecer qualquer homem.

Só que ela não era a única mulher linda do mundo. Nem a única de corpo sensacional. A loira do boxe, por exemplo. Era tão bonita e elegante que poderia desfilar tranqüilamente para os costureiros mais famosos de Paris. Só que ele não lhe dera a mínima atenção.

E agora, achava-se na porta da casa da filha do grande Swan, com um sorriso sem graça nos lábios e tremendo como um adolescente inseguro.

— Você... não vai me convidar para entrar? — ele arriscou.

— Não.

— Na... Não?

Ela cruzou os braços e recostou-se na porta.

— Não. Eu estou ocupada e esta não é hora de se visitar ninguém. Posso saber o que você quer?

Ah, se eu soubesse, ele pensava. Se eu soubesse...

— Eu... gostaria de marcar uma outra entrevista com você.

Bella franziu a testa. Será que ele estava querendo convidá-la para sair? Se estivesse, ela teria um enorme prazer de dizer um não em sua cara.

— Outra entrevista?

— Exatamente. É que aquele bar estava muito cheio e nós mal pudemos conversar. Que tal nos encontrarmos amanhã, depois do jogo?

Ela o encarou com ar de poucos amigos.

— É só isso que você quer?

— Não.

Edward estava tremendo. Droga! Nunca havia tremido por causa de mulher alguma, em toda a sua vida. Será que seu estranho comportamento se devia ao fato de que a moça em questão era Bella, a filha do grande Swan? Não fazia idéia..

Ela continuou de braços cruzados, recostada na porta, a panela de fundo preto nas mãos.

— Por que não desembucha logo e diz o que quer, de uma vez por todas?

Que vontade de sentir aquele corpo junto ao seu, de apertá-la, de acariciar-lhe os cabelos... Breve, ele pensou. Muito em breve.

— Eu... gostaria de... sair com você, Bella. Vamos jantar qualquer noite dessas?

— Não.

— Bella, eu...

Ela deu um sorriso irônico. Nunca havia imaginado que teria tanto prazer em dar uma resposta negativa a um homem.

— Já disse que não, Cullen.

— Mas... por quê?

— Porque eu tenho, como regra de vida, não sair com jogadores de beisebol que pensam que são os donos do mundo, só porque são famosos e têm milhares de dólares depositados na conta bancária.

Ele franziu a testa.

— Regras foram feitas para serem quebradas.

— Não as minhas.

— Duvido. Sempre existem exceções.

— E você acha que sou uma delas?

Edward inclinou a cabeça o suficiente para beijá-la. Ela pôde até sentir-lhe a respiração em seu lábios.

— Acho. — Não havia nenhum sinal de ironia em sua voz. — Nós dois vamos nos ver de novo. E você não estará com seu gravador de repórter nas mãos.

Durante um breve momento, Bella pensou que ele fosse beijá-la. E, apesar de todas as restrições que fazia ao cavalheiro em questão, desejou que ele o fizesse.

Mas então, assustada com seu próprio comportamento, deu um passo para trás e bateu a porta com toda a força.

Que homem inconveniente! Quem pensava que era?

Edward entrou no carro com um sorriso nos lábios. Breve, ele pensou, dando a partida. Muito em breve.


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Notas finais do capítulo

Quero mais uma vez agradecer a vcs todas que lêem, comentam e acompanham essa adaptação. É muito importante saber que vcs estão gostando! Bjs a todas!