Suspiro Fatal escrita por Elisabeth Ronchesi


Capítulo 5
Capítulo V




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  Na semana seguinte, o Sol iluminava boa parte de Sidney, junto com os pássaros que cantavam. Em uma casa da rua King Street, o clima harmonioso também era presenciável, apesar de ser mais um dia da semana e a rotina persistente em seguir seu caminho. A empregada corria até a porta da casa com o chapéu preto e o entregava a um homem de um metro e oitenta que continha uma aparência elegante.

- Obrigado, Rose - o homem agradeceu gentilmente ao apanhar o chapéu e colocá-lo na cabeça. - Se ele não quiser comer, insista, por favor.

- Sim, senhor.

  Rose lançara um olhar para o garoto que continuava intertido em frente da TV com um aparelho em mãos. Ela não sabia identificá-lo, porém ouvira uma vez da boca de Ronald que aquele aparelho se chamava video game. Nunca teve a curiosidade em usá-lo. Ronald tentara uma vez lhe ensinar e como era previsto, de nada adiantou.

- Bom, estou indo. Tchau Rose, tchau Ronald - ele apanhava uma maleta branca e se dirigia à garagem, acenando para as únicas duas pessoas que continha na residência.

- Tchau, pai!

  Sem levantar os olhos da tela de plasma que exibia dois personagens em luta, o garoto se despedira do homem. A empregada fechara a porta e ele se apressava para adentrar no seu Wagon. Deveria estar no hospital às sete, onde agora ultrapassava as seis e cinquenta.

  Albert Polvoski é especializado em cirurgias do aparelho respiratório e atualmente trabalha no hospital municipal de Sidney. Com seus trinta e sete anos, é dono de um corpo atlético e chama muita atenção das mulheres por onde passa. Seu jeito educado e seu tipo cavalheiro à moda antiga ajuda na conquista das poucas mulheres com que sai. Pensara uma vez em se casar novamente, porém achara melhor a situação atual em que permanece. Convive com o filho Ronald, de nove anos, é viúvo e habita uma casa alto padrão em Sidney.

  Ao cruzar a porta rotatória do hospital, é visto de imediato um local aconchegante e decorado com peças simples e plantas altas. Albert é um homem de vida social equilibradamente boa, resultado disto era que todos os dias seria raro não ver alguém naquele aposento que ao menos o cumprimentasse.

  Formalmente, respondia a cada um com um gesto de cabeça enquanto seguia para a sua clínica que ficava no segundo andar. Entretando algo fugia da normalidade quando terminava de subir as escadas, se deparando com os bancos de espera cheios, onde todos os rostos lhe fitavam com uma expressão de alívio e medo.

  Albert se desviava dos bancos para abrir a porta de sua sala, quando a assistente Vittoria se levantara de sua mesa em um pulo, olhando-o com surpresa.

- Pois é, sua lista está cheia.

  O cirurgião franziu o cenho ao direcionar o olhar para uma pequena pilha de papéis que continha por cima do gabinete.

- São aquelas pessoas lá fora?

- Sim - ela respondera calmamente após um suspiro.

- Espere aí. Todas elas para hoje?

  A assistente dera de ombros, observando-o torto. O homem jogava a maleta em uma estante branca logo atrás do gabinete.

- Vittoria, são mais de dez pessoas que há lá fora. Dez cirurgias é impossível para mim em apenas um dia - ele cuspiu as palavras indignado.

- São operações de emergência, doutor Albert.

- E quem foi o clínico que encaminhou todos eles para mim?! - Sua voz soou um tanto alta. Vittoria arregalara os olhos, temendo que ninguém estivesse o escutado.

- Me desculpe, me desculpe.

  Albert passou a mão pela testa, sentando-se na poltrona de couro escuro. Lembrou-se das operações que já estavam marcadas, sua sorte é que a mais próxima seria em um mês aproximadamente. Respirou fundo. O fato de todas as cirurgias que continha na sua mesa serem de emergência lhe deixava confuso, pois não havia somente ele de cirurgião naquele hospital e quando recebia o aviso, geralmente as pessoas eram encaminhadas para a sala de cirurgias o mais rápido possível. Aquelas pareciam estar esperando a algum tempo.

- Foi o Louis Devic. Ele que encaminhou todas estas pessoas para você.

  Na delegacia de Sidney, Marlene varria o corredor do aposento enquanto aproveitava para ouvir a conversa que o policial Henry mantia com uma mulher a algum tempo. Com a prancheta em mãos, ele anotava algo enquanto a bonita mulher, que aparentava ter vinte e cinco anos, gesticulava aos prantos. Marlene pensou em ter ouvido falar no nome do policial Scott, porém estalou os lábios. "Deve ser a velhice se aproximando."

  A moça lhe passava alguns dados enquanto contava seus últimos momentos em que teve contato com seu marido, Scott John Bausier. Henry, como bom ouvinte, anotava na prancha tudo o que a mulher lhe dizia.

- Está bem, senhora Bausier. Quando tivermos quaisquer notícias de seu marido entraremos em contato com você.

- Obrigada - enquanto enxugava os olhos com um lenço, ela se dirigia a porta da delegacia.

- Irei acompanhá-la.

  O policial de cabelos negros repousava as mãos nos ombros de Angeline enquanto a dirigia até a saída. Teve umaidéia enquanto conversava com aquela pobre mulher. Se conseguisse conquistá-la, poderia despertar os ciúmes de Telma para si, pois simplesmente estava interessado na estagiária que sempre usava saia-lápis, colada ao corpo.

  Telma se fazia de difícil e seu charme era imbatível, ainda que discretamente. Ele gostava de mulheres desse tipo, estava simplesmente enjoado das que aceitavam facilmente a si. Cada vez mais lhe despertava a sede de conhecimento, exploração. Estava louco para conhecer de verdade aquela mulher.

  Ao chegar a porta da delegacia, Henry puxou um cartão de um dos bolsos da farda e entregou a mulher. Confusa, ela hesitou em pegá-lo, porém o sorriso que o policial dera em seguida a fez tomar o cartão de suas mãos. Se virou para ir embora e Henry fizera o mesmo, voltando para a sala do delegado. Agora que só, lhe via a cabeça o pensamento do desaparecimento de Scott e Gerard. Tudo indicava que o local do ocorrido era o laboratório, portanto precisava fazer algo.

  Com um bipe, a porta de abria enquanto o homem de bigode guardava o cartão no bolso do caso e adentrava o local. Passando pelo corredor, cumprimentava a alguns funcionários que circulavam e parou em frente a uma porta de aço. Bateu algumas vezes até uma mulher negra com cabelos enfeitados em uma tiara abrí-la. Vera sorriu e convidou-no a entrar.

- Senhor Davish, andou sumido ultimamente - dizia cordialmente, fechando a porta.

- Pois é, minha cara. Estive em uma excursão de viagens.

- Descansando, né? Para onde foi?

- A muitos lugares.

  O homem esboçara um meio sorriso. David Davish era diretor do CLP a muitos anos. Sempre fora um homem misterioso e de poucas palavras, sério e profissional. Com a criação do gás, acreditava ele que o laboratório enriqueceria com a novidade.

- Mas vim aqui para falar de um outro assunto.

- Pois bem - Vera se sentava na poltrona.

- Precisamos de começar a exportar o gás para as empresas.

- Mas já? O senhor disse que as vendas começariam apenas em janeiro.

- Estou ansioso para isso, Vera - ele cruzava as pernas ao se sentar em um banco almofadado. - Nunca é cedo para nada.

  Vera estranhou. Mudança de planejamento simplesmente assim, de repente? Ela balançara o rosto enquanto se propôs a servir chá ao senhor Davish. Deveria começar a pensar no que faria primeiro: o aumento da produção ou as vendas de imediato.


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Notas finais do capítulo

Gente, reviews nos motivam. Cadê eles? Sem a opnião alheia, não poderemos continuar mais.