Bella's POV.

Alice estava me deixando numa pilha de nervos. Tudo bem que eu queria preparar algo pra mim e para Edward no dia dos namorados, mas eu não queria nada muito ''Alice''. Eu queria optar pelos cliches da coisa. Cliche às vezes funciona né? Mas com Alice é impossivel sequer pensar nessa hipotese.
Mas ela tem que se conformar que eu mando nisto, é o meu namoro com Edward, não tem nenhuma Alice lá no meio.
Edward tem andado meio distante, não sei porquê. Já não vou mais a casa dele, nem ele vem à minha. Só nos encontramos na escola e quando saimos juntos pra fora da cidade de quando em quando.
Isso tem vindo a me preocupar. Já quis ir até à casa dele algumas noites, mas Alice e a Rose sempre me impedem e dizem pra eu não sufocar ele. Eu não estou sufocando porra nenhuma. Ele me evita e não me deixa ir mais na casa dele, e eu que sufoco?
Saí de meus devaneios quando ouvi a porta de casa se fechar. Meus tios já sairam. Eles iam jantar fora com uns vizinhos por conta da formatura de uma prima de um deles. Muita confusão em que eu não estou interessada.
Olhei para minha parede durante algum tempo, não exergando nada por conta da escuridão que predominava no meu quarto. Não aguentei mais.
Me levantei e vesti meu sobretudo que me dava um pouco abaixo do joelho, escondendo assim a minha camisa de dormir. Peguei nas chaves do Mercedes do meu tio - eu que as guardava, ele diz que Alice é capaz de perder uma pessoa, quanto mais umas chaves, e que a Rose iria se aproveitar desse privilegio. Oh bem, quem estava se aproveitando agora era eu, mas meu tio me perdoa. Ele nem vai saber mesmo.
Desci as escadas de mansinho, para Alice e Rose não me ouvirem, e entrei no Mercedes, arrancando dali o mais depressa possível.

Apesar de não ir a casa de Edward há algum tempo, ainda me lembrava do caminho até lá. Estacionei uma rua abaixo, e saí, caminhando com uma calma que eu não sentia até ao portão da frente.
Por sorte, o portão estava encostado. Entrei e avistei de imediato o Emmett sentado numa das cadeiras perto da piscina. Mal me viu, saltou de lá, correndo até mim.

- Você aqui, Bella?
- É. Oi. - Falei, começando a andar pra entrada da casa. Ele me agarrou.
- Não quer vir pra piscina junto comigo e com o Jasper?
- Não. Vim ver o Edward.

Tirei a sua mão do meu braço e entrei na casa, acendendo as luzes por onde passava. Subi as escadas, direta pro quarto de Edward. Abri a porta e estaquei no sitio.

- Oi. - Falei.

Edward rapidamente olhou para mim; ele estava sentado na sua cama, com a roupa que usara na escola de manhã. Ele não me parecia muito bem. Me aproximei cuidadosamente dele, me sentando na ponta da cama.

- O que há com você Edward? - Perguntei baixinho, agarrando sua mão e entrelaçando nossos dedos. - Fale comigo.
- Vá embora, Bella. - Ele falou, largando minha mão. Olhei para ele confusa e magoada. - Eu não consigo falar agora.
- Você não tem conseguido falar comigo desde há um bom tempo Edward. - Minha voz saiu mais dura e acusadora do que eu queria.

Seu olhar se prendeu novamente no meu, seguido de um suspiro dele.

- Eu sei. Me desculpa.
- Não me vai dizer o que tem te feito ficar desse jeito? - Perguntei, não largando o seu olhar por um segundo.
- Eu... Bella... Por favor, depois eu falo com você, me deixe só... eu prefiro ficar sozinho.
- Tudo bem. Te vejo na escola amanhã. - Falei de uma só vez, me lavantando e saindo.

Caminhei o mais rápido que consegui até chegar ao carro. Passei por um Emmett que me olhava preocupado, mas não queria perguntar nem falar nada nesse momento.
Entrei no lugar do condutor, seguindo pra casa. Bati no volante, nervosa. O que estava acontecendo com Edward? O que estava acontecendo connosco? Mas o que mais me preocupava era o que tinha feito Edward ficar daquele jeito. Imaginei que fosse algum problema com os seus pais ou algo parecido. Mas porque é que ele não falava comigo? Será que ele não vê que eu quero ajudar ele a ultrapassar o que quer que seja?!
Bufei, sentindo lágrimas traiçoeiras cairem pelo meu rosto. Estava tão estressada.
De repente, senti-me sozinha. Não o sozinha de estar sozinha. Mas o sozinha de me sentir mesmo sozinha. Um medo irracional se apoderou de mim, se instalando junto do meu coração. O que estava acontecendo ali? Entrei em casa, cambaleando até ao meu quarto.
Me mandei pra cama, digitando no meu celular um número. Estava dificil pois minhas mãos tremiam um pouco. Quando consegui, coloquei a chamar e esperei.

- Alô.
- Mãe?
- Bella? Oh, querida, é você.
- Oi. - Murmurei, minha voz falhando.

- O que se passa querida? Que voz é essa?
- Eu me sinto sozinha, mãe. - Falei, encarando o teto. Continuava chorando, agora em silêncio.
- Sozinha?
- É. - Me sentei. - Está tudo correndo mau na minha vida. - Funguei. - Edward tem andado estranho, e ele não quer falar pra mim o que se passa. Eu acho que é algum problema com alguém da sua familia ou algo assim, mas ele simplesmente não fala comigo. Ele me mandou embora, mãe.
- Oh meu amor, não fala isso. Você não está sozinha. E o Edward deve estar passando por uma fase mais complicada, e você tem de o apoiar querida. Mesmo que ele não queira falar do assunto, só faça ele saber que você está lá pra ele.
- Eu...
- A Bárbara?
- A tia foi jantar com uns vizinhos. O tio foi junto.
- E as garotas, elas estão aí em casa com você?
- Sim. Acho que já estão dormindo.
- Olha... vá dormir amor, amanhã você tem aula. E aí de manhã, com a cabeça fresca, fale com o Edward, diga pra ele que o que quer que seja você está lá pra ele. Quando temos um problema gostamos sempre de ouvir de alguém que gostamos muito que essa pessoa está lá pra nós.
- E se o problema for eu? - Falei baixinho. Já tinha pensado nessa possibilidade.
- Fale com ele Bella. E duvido que o problema seja você. Quando eu estava aí eu via como ele agia quando você estava perto dele. Ele se preocupa de verdade contigo.
- Eu tenho medo, mãe. Eu gosto mesmo dele, só não quero que ninguém se magoe...
- Fale com ele, querida. Ele vai gostar de saber que você o apoia incondicionalmente.
- Tive medo que você me dissesse ''eu te avisei''... - Confessei, sorrindo um pouco. - Você sempre disse que eu não ia saber o que era amar alguém com a minha idade.
- Sabe porque eu falava isso todo minuto? Porque comigo foi dessa forma. Mas eu era uma adolescente inconsequente. Minha filha não é parecida comigo, felizmente. - Ela riu, e eu a acompanhei. - Eu vi que você e o Edward se gostam. E eu nunca vou dizer que te avisei, você vai cometer os seus próprios erros, diferentes dos meus, e eu vou ser sua mãe e estar aqui pra te apoiar.
- Te amo, mãe.
- Eu também meu amor. Agora vá dormir, não quero você cansada de manhã.
- Sim... mãe?
- Oi.
- Sinto sua falta, e do papai também.
- Oh, nós também sentimos sua falta, querida. Boa noite, te amo.
- Tchau.

Desliguei a chamada, suspirando. Ter conversado com a minha mãe me fez sentir melhor, mais reconfortada, menos sozinha. Acendi a luz do candeeiro, pra me preparar para dormir.

- Oi.

Me virei assustada, vendo Alice encostada à minha porta, me olhando com um sorriso fraco.
Ela veio até mim, se deitando na minha cama, debaixo das cobertas. Tirei o sobretudo e o coloquei na cadeira, ficando só com a camisa de dormir. Me deitei ao lado de Alice, que me olhava.

- Ouvi sua conversa com a sua mãe. - Falou. - Eu me apercebi quando você saiu de casa. Foi ter com o Edward, não foi?
- Fui. - Falei, com um suspiro. - Ele não quis falar comigo...

Alice notou meu semblante triste, e colocou os seus braços pequeninos à minha volta.

- Não fica assim, Bella. O Edward deve ter um bom motivo, e não, não é sua culpa.
- Estou horrivel com isto tudo, Alice. - Exclamei, frustrada. Me virei de barriga pra cima na cama. - Não gosto de o ver assim.
- Sabe... Amanhã é o momento ideal pra você dizer o que tem a dizer desde há muito pra ele. - Ela falou, me olhando com um sorriso.
- Hun?

Alice se apoiou no cotovelo, me olhando de frente.

- Edward se sente em baixo e sinceramente a pessoa que pode o fazer sentir melhor neste momento, é você. Se alguém tem um grande problema e se sente mal, só quer o apoio de quem gosta. E bem, o Edward vai se sentir muito melhor se você mostrar pra ele o quanto você gosta e se preocupa com ele.
- Eu... é, você tem razão. - Falei, torcendo o nariz. - É raro você ter razão em algo, eu bem digo que anda tudo estranho.
- Cala a boca. - Alice riu, me empurrando.
- Obrigada nanica. - Falei com um sorriso.

Ela deu de ombros, sorrindo grande.

- Posso ficar aqui com você? - Perguntou com os olhinhos habituais dela. - Sinceramente, sua cama é bem mais quente que a minha, aff.
- Pode. - Gargalhei, me acomodando pra dormir. - Boa noite nanica.
- Boa noite gigante.

Rolei os olhos, sentido um pontapé na zona das pernas. Alice nunca muda.

***

Acordei ansiosa de manhã. Tomei um duche rápido, me vestindo de seguida. Me penteei e preparei minha mala em tempo recorde. Depois, desci e tomei o pequeno-almoço. Não estranhei meus tios não estarem ali, eles disseram logo que iriam sair cedo. Depois lavei os dentes e fui arrumar a bagunça que as garotas tinham feito na sala ontem à noite. Eram 7 horas e nem Alice nem Rose tinham acordado.
Entrei no quarto e joguei um dos meus três peluches velhos na cara de Alice, que despertou de imediato.

- O que foi?
- São 7 e 20, se levante.
- Tá... - Falou, se espreguiçando. Me olhou confusa. - Tão cedo e você já está pronta?
- É... estou ansiosa, acho.
- Vai correr tudo bem, Belinha. - Sorriu, plantando um beijo na minha bochecha. - Vou tomar banho.

Assenti e fui até ao quarto da Rose, encontrando-a já levantada, mas ainda de pijama.

- Bom dia. - Falou com um sorriso.
- Oi, comece a se preparar, daqui a pouco saímos.
- Tá.

Saí do quarto, descendo com a minha mala para a sala. Me sentei no sofá e fechei os olhos, esperando as garotas.
Depois de algum tempo, elas já estavam prontas, e nós já estavamos atrasadas pra primeira aula. Eu ein, acordei tão cedo e vou chegar tarde por conta dessas duas.
Chegámos na escola e já ninguém se encontrava no parque de estacionamento. Oh maravilha, ia ter uma aula justo ao lado de Edward. Alice e Rose iriam ter Espanhol com Emmmett e Jasper. Acenei pra elas, que me sorriram animadas. Entrei na sala, me desculpando pelo atraso e me sentei no meu lugar, ao pé de Edward.

Disse um ''oi'', que ele retribuiu com um sorriso. Não quis aprofundar a conversa, não ali, não era o sitio indicado.
A aula passou extremamente devagar, e eu já estava pirando com a demora pra tocar. Mas finalmente aconteceu. Edward, como de costume nestes últimos dias, esperou que eu saísse com ele, em silêncio. Mas eu queria mesmo mudar isso.

- Edward. - Segurei o seu braço, enquanto caminhávamos pelo corredor. - Preciso de falar com você.
- Sim?
- Venha. - Peguei na sua mão, o dirigindo lá pra fora, pra um sitio isolado.

Ele se sentou no chão, encostado a uma arvore que ali estava e eu permaneci em pé, o olhando.

- Eu... eu queria dizer que não importa o que esteja se passando com você, eu te apoio de qualquer maneira. - Ele abriu a boca, para falar. Eu o interrompi. - Me oiça. Eu não quero mais este ambiente estranho entre nós, eu quero resolver isto, odeio estar longe de você.
- Bella... - Ele suspirou, se levantando. Colocou ambas as mãos no meu pescoço, o rodeando completamente. - Me desculpa, meu mundo tem andado às voltas e eu estou te magoando com isso.
- Não, Edward. Não te culpo por você estar mau ou triste. Não faz mal não estar bem. Mas você precisa saber que eu estou aqui pra você, eu nunca vo te deixar sozinho.

Vi aquele sorriso torto dele aparecer no seu rosto, como há tanto tempo não acontecia. Me coloquei em bicos de pés e esmaguei minha boca contra a dele, que me correspondeu de imediato. Seus braços se enlaçaram na minha cintura me apertando contra ele. Suspirei, contente. Já sentia saudades dessa proximidade com ele, daquele calor que emanava dele.

Minhas mãos foram para o seu cabelo, o embaraçando ainda mais, só para o puxar mais de encontro a mim. Ele terminou o beijo, apesar de continuar me agarrando contra o seu peito.

- Obrigado, Bella.
- Eu te apoio no que quer que seja. - Me fastei dele, o olhando nos olhos. - Porque é isso que as pessoas fazem quando amam outra pessoa. Apoiam, nos melhores e piores momentos.

Fiquei repentinamente envergonhada, pela subita declaração que tinha feito. Os olhos de Edward me encaravam, chegando até ao meu espirito. O seu maxilar que estava cerrado, foi descontraindo, formando um lindo sorriso no seu rosto.
Entrelacei nossas mãos, apertando as suas com as minhas. Ele baixou o rosto de novo, me beijando suavemente, apenas um toque de lábios.

- Você falou, Bella. - Murmurou, perto dos meus lábios. - Você falou que me amava.
- Falei porque te amo mesmo. - Falei, tão baixo quanto ele. - Eu amo você.

Senti suas mãos novamente em meu rosto, e minha boca sendo esmagada pela dele. Retribui com vontade o beijo que ele me estava dando, sentindo todo meu corpo inchar com todo o amor e carinho que eu sentia por ele e insistia em esconder.

- Eu gostaria de saber o que se passa com você, Edward. - Falei, quando o beijo cessou. - Mas quero que me conte apenas se quiser, não por obrigação.
- Eu sei, amor. - Sorri por ouvir de novo aquele nome carinhoso dirigido a mim por ele. - Eu quero te contar, mas tenho medo disso tudo, eu estou com medo. Não quero destruir o que consegui conquistar, não quero ficar sozinho. Não quero cometer mais nenhum erro.
- Eu nunca te abandonarei. E não importa quantos erros vais cometer. - Sorri pra ele. - Vamos construir boas recordações e não boas opções. Vamos ter medo juntos, vamos errar juntos, porque sinceramente não quero saber do Mundo se você estiver comigo.

- Amo você, Isabella.

Meu coração deu um pulo e parou por um segundo, para depois começar batendo que nem um maluco prestes a saltar pra fora do meu peito. Edward era tudo o que resumia a minha felicidade. Ele nunca me fazia sentir sozinha. Ele estava sempre ali.

Selei novamente nossos lábios, sentindo o gosto das minhas lágrimas se misturar com o gosto de nossos lábios se movendo em sintonia. Com todo o amor que nos unia.