Sem Calor escrita por Elisabeth Ronchesi


Capítulo 3
Sinais De Uma Promessa




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  Já se passara 30 minutos e nada do chamado. A palestra começaria às 17hrs. Eram exatamente 17hrs agora. Calma, ainda não há motivos para se preocupar. Atrasos sempre acontecem. Viviam pegou um livro e começou a lê-lo. Nada como se distrair para o tempo passar rapidamente. Inclinou o rosto para as diversas palavras agrupadas e, sem leventar os olhos do livro sentiu algo. Alguma coisa havia passado por sua mente, mas fora tão rápido quanto incompreensível.

  De vez em quanto, ela sentia essas vibrações repentinas e nunca conseguiu as compreendê-las. Eram fenômenos estranhos de que ninguém sabia a respeito. Preferia ela não expor situações desnecessárias, por simplesmente não terem importância, pois com certeza alguém iria colocar ideias absurdas sobre qualquer motivo e, quanto mais estranho, pior.

  Ela desviou o olhar agora para o chão, tendo uma leve tontura, um pós-sintoma devido aos chacoalhos que ocorriam na sua mente. Não queria preocupar ninguém por ali e também não podia fazer nada. Não agora. A apresentação do grupo de crianças terminaria em breve e Vivian queria o quanto antes expor sua palestra.

  Agora, como uma complementação da peça De bem com o Mundo, a psicóloga Vivian Ferrero dará a sua opnião! O alto-falante da sala de esperas soou como um alarme, despertando Vivian da leitura silenciosa. Ela rapidamente guardou o pequeno livro na bolsa e prontou-se para a porta de entrada do palco. A tontura havia regredido, por sua sorte.

 

  Azrael permanecia sentado, a observar em uma pequena tela de silicone Vivian na porta do palco. Cada protetor continha uma, para exatamente monitorar os passos de seus aventureiros terrestres. Seus olhos cristalinos estavam ocupados, fitando cada movimento que sua amada, Samira, realizava. Era como uma pequena ampola de fumaça adormecida dentro do organismo de Vivian, perceptível somente aos anjos. - Tenha calma, minha querida. Em breve você estará junto a mim novamente.

 


  Respirou fundo. Irá começar.  A porta de abriu e vira um segurança equipado com microfone e rádio acenar para si. Ela adentrou no palco e uma onda de palmas em ritmo soou no momento em que fora recebida. Uma assistente elefante lhe cumprimentara gentilmente e passou-lhe um microfone almofadado, enquanto um holofote branco direcionava a luz para si.

- Boa tarde a todos. Sou Vivian Ferrero e queria contar-lhes a importância de...

  Poucos minutos depois saíra pela mesma porta em que entrara, onde ainda era audível as palmas incessáveis da platéia diversa. Ela ajeitou a bolsa aos ombros e seguiu em direção a porta de saída do teatro, dando de contato com as ruas movimentadas da Califórnia. A psicóloga caminhou por alguns quarteirões em destino ao lugar que sempre ia depois de uma de suas palestras, como uma forma de agradecimento pela boa apresentação. A grande entrada de madeira era visível a 50 metros de onde permanecia.

- Vivian?

  Uma moça bem vestida atrás de si lhe cutucava nos ombros. Ao virar-se, reconheceu imediatamente quem era: uma colega de faculdade, Loudes Falcone, a quem não via a um bom tempo.

- Ah, Lourdes. Quanto tempo!

- Pois é. Aonde vai? - Lourdes começara a acompanhá-la.

- À igreja.

- Igreja? Existem lugares melhores para ir.

  Direcionou o olhar para sua colega, com um breve sorriso no rosto. Não gostava quando alguém lhe insultava, principalmente de assuntos religiosos. Começando a andar mais depressa, subiu os degraus da entrada. Antes de entrar acenou para Lourdes, que se aproximava do local.

- A gente se vê de novo.

Certo.

  Não se importou com a amiga, se entraria ou não. Provavelmente não. Não a via faz um tempo mas nem por isso se preocuparia com a mesma. Também não era bem considerada amiga, havia se trombado com ela poucas vezes nos cursos. Calmamente procurou por um banco vazio e sentou-se. A jovem abaixara a cabeça e manteu o silêncio da igreja, que só era quebrado por uma música clássica ao fundo.

 

  Ele sorriu. Não era todos os escolhidos que cumpriam suas missões e ainda tornavam-se religiosos na vida humana. Azrael andava contente. Uma longa batalha havia se concluído e sua amada se esforçara para isto. Não era atoa que o amor dos dois era tão forte a ponto de aguentar uma vida humana inteira se concretizar. De qualquer forma, os protetores costumam ter um tipo de ligação com seus escolhidos, se manifestando em qualquer matéria terrestre. São laços que os humanos sentem e conseguem acalmar-se ao mais puro tormento. Cada ligação é única, variando de indivíduo para indivíduo. A de Vivian era a neve.


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