O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 37
Capítulo 37




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P.O.V – Hellena di Fontana

Alguns dias depois

Suspirei. Passei um pente fino por meus cabelos. Puxei com o máximo de força que consegui. Foi bem estranho, até porque não doeu nada.

Era hoje. Hoje era o grande dia da minha apresentação.

Olhei para minha roupa de columbina em cima da cama, a ao seu lado, a de bailarina em um saco. O negro dela se contrastava com o colorido da columbina.

-Vamos Hell... – Georgina apareceu na porta com o cabelo em um coque como o meu. Fiz que sim com a cabeça.

Guardei as duas roupas com cuidado para não amassá-las, e desci as escadas. Hoppe e Blake estavam com os cabelos bem feitos como os nossos. Quenn corria de um lado para o outro com grampos nas mãos, me sentia culpada de não ter visto sua apresentação.

-Temos de ir logo. Senão perderam o ônibus. – Quenn falou.

Nos organizamos, e saímos pela rua carregando dezenas de roupas.

A cidade estava vazia, a maioria das pessoas viajava nessa época do ano.

Chegamos no colégio, onde um tumulto de alunos e alunas gritava de um lado para o outro problemas com as roupas e cabelos. Entramos em nossos respectivos transportes e demos adeus a Quenn, ela nos esperaria em Veneza.

A viagem foi sacolejada e cheia de reclamações.

“Meu cabelo desmanchou”

“Minha roupa rasgou”

“Tem um alfinete em mim”

Eu fiquei em silencio. Apática e me sentindo terrivelmente mau. Era para Alec estar comigo, estar me esperando lá. Sorrindo para mim, e logo depois da apresentação, me concedendo o beijo da imortalidade.

Mas não. Ele tinha que ter mentido para mim, e agora estava tudo acabado. A imortalidade me seria dada por outro, e nunca mais ficaríamos juntos.

Uma única lagrima solitária escorreu de meu rosto, desceu por minha bochecha, e caiu na minha boca. Passei minha mão por ela antes que manchasse meu rosto.

Em Veneza, a escola alugara algo que parecia vários trailers com camarins, onde poderíamos trocar de roupa para a segunda apresentação e nos maquiar, refazer cabelos e ajustar fantasias.

Vesti minha roupa com cuidado, e coloquei minha mascara devagar. Olhei-me no espelho.

-Vamos lá Hellena. – tentei me animar, mas não consegui.

Sai do camarim e me encontrei com dezenas de “eus”. Todas usavam roupas quase iguais e máscaras parecidas. Os meninos usavam calças ao invés de saias, mas estavam iguais no geral.

-Somos lideres de torcida. Juntas até o fim... Não. Não era assim...

-O que esta fazendo? – Blake chegou ate mim com a mascara na mão.

-Tentando lembrar nossa musica de lideres de torcida do fundamental.

-Hurg... Ela era péssima. – Blake entortou os lábios.

-É eu sei... – comecei a dar voltas em torno de mim mesma.

-Está nervosa? – ela sorriu pondo a mão no meu ombro.

Tirei minha mascara e olhei para ela.

-Estou!

-Nunca fica nervosa.

-Mas agora estou!

-Hell, você estará usando uma mascara, ninguém te reconhecera. Além disso, você é um cisne dançando. – cisne... Me lembrava tanto ele.

-Ok. Só pare de me chamar de cisne.

-Vou terminar de me arrumar. – ela saiu.

Misturei-me no meio de multidão de jovens mascarados. Purpurina, plumas, paetês e fitas caiam por todo lado. Meninas gritavam dizendo que seus cachos estavam se desfazendo.

Tudo era isso! “Meu cabelo” “Minha roupa” “Meu isso, meu aquilo”. Não agüentava mais repetir as mesmas coisas com palavras diferentes.

Abri caminho entre as saias bufantes e fui para um canto isolado. Chegamos tão cedo, que as ruas ainda estavam vazias. Nosso plano era começar quando os confetes já estivessem sendo jogados, e faltava bastante para isso.

Sentei em um banco e cruzei minhas mãos na minha perna. Usava meias-calças brancas junto com sapatilhas rosa claro de ponta, uma volumosa saia colorida se abria como um guarda-chuva de frevo. Um corselet apertava tanto minha cintura que deixava-a três vezes mais fina.

Diria que minha roupa de bale era uma versão negra e má dessa, já deve ter falado isso antes, mas sempre é bom repetir.

O vento se agitava contra meus ombros nus. Que droga, eu tinha quem usar uma roupa sem mangas logo no inverno?

Uma fita de cetim fazia um laço atrás da minha cabeça, e que vontade eu tive de tirá-la, mas não podia mostrar para todo mundo que eu estava a um triz de manchar minha maquiagem.

Tirei um espelhinho que trouxera comigo. Postei diante de mim e comecei a olhar o reflexo. As marcas em meu pescoço não passavam de finos pontos discretos.

-Ah Alec... Porque não esta aqui comigo? – murmurei lacrimejante.

Tirei meus olhos do reflexo e olhei para frente. Nikki estava parada me olhando. Seus olhos eram fendas assustadoras.

-Oi Nikki.

-Oi Hellena. – ela me segurou pelo pescoço e me empurrou para os arbustos do lado do banco. – Sua vadia. – ela deu um soco no meu nariz, senti o sangue molhar meu rosto, que já estava sem a mascara.

-Mas... – engasguei com meu próprio sangue quando ela me deu outro soco.

-Por sua causa eu fui expulsa da republica e perdi a bolsa. – gritou me chutando. – Aquela briga, ela arrasou com meu futuro!

-O que eu fiz?

-Pegou meu papel no lago dos cisnes. – me chutou de novo. – Eu perdi minha bolsa! – me deu outro soco. Engasguei e cuspi sangue.

-Não foi minha culpa.

-Foi sim... – me deu outro soco. Dessa vez eu quebrei o nariz.

-Socorro! – ela abafou meu grito com outro chute.

Eu não conseguia ver mais nada de tanto sangue em meu rosto.

-Se afaste dela. – Nikki foi arremessada para uma arvore.

Depois disso não senti nem vi mais nada. Meu corpo todo estava doendo.

-Hellena. Hellena. – Alec segurou meu rosto.

-Alec... – balbuciei.

Vi seus dentes reluzirem bem grandes, levou ate seu pulso e mordeu, deixando um buraco sangrento.

-Beba meu amor... – colocou na minha boca.

Deixei o sangue escorrer para dentro do meu corpo. Fechei os olhos me entorpecendo e preenchendo as lacunas que faltavam dentro de mim. Abri os olhos vendo as orbes verdes dele. Aquele verde que eu tanto amava.

Senti as feridas abertas em meu rosto se fecharem. Alec começou a... Que nojo... lamber o sangue que se espalhava pelo meu rosto.

Isso parecia um plagiou de ultima hora de True Blood.

Afastei o pulso dele de perto da minha boca e me soltei de seus braços.

Fiquei em pé com dificuldade e analisei minhas roupas, que por incrível que pareça, estavam limpas e se nenhum amassado. Ela tinha tantas cores, que os pingos de sangue se misturavam com o figurino.

-Onde... Onde está Nikki? – perguntei meio tonta.

-Está... tendo sonhos. – falou devagar.

-Não matou ela não é? – arregalei os olhos.

-Mortos não sonham. Não conhece o ditado “A morte é um sono sem sonhos.”? – estendeu a mascara para mim. Ah, ninguém melhor do que eu para saber disso.

-O que esta fazendo aqui? – comecei a passar minhas mãos por minhas roupas, tentando achar amassados.

-Esta perfeita Hellena. E vim ver a sua apresentação. Haja o que houver. – porque ele não parava de fazer chantagem com essa musica?! Que droga!

-Obrigada. Sabe... Por me salvar.

-Estou aqui para isso. – se aproximou de mim. Tocou meu rosto, mas me afastei.

Comecei a ouvir pessoas me chamando.

-Fiquei quanto tempo apanhando e bebendo seu sangue?

-Uma hora.

-Uma hora?

-Quando se bebe sangue de vampiro, o tempo começa a passar mais rápido, começa a passar como o tempo para os imortais. Te prepara para sua possível nova condição.

-Tenho de voltar. – me preparei para voltar.

-Espera. – segurou meu cotovelo.

Apertei meus olhos e me voltei para ele.

-Alec. Não posso. Não de novo.

-Sei que essa já deve ser a terceira vez que voltamos. Que diz isso, e que em todas as outras eu te machuquei, mas... Não consigo mais viver sem você perto de mim. Sinto sua falta.

Fechei meus olhos e uma lagrima correu. Porque sempre quando eu chorava, só saia uma lagrima? Como sou estranha.

-Também sinto sua falta. – murmurei.

Alec segurou meu rosto, e... Nos beijamos.

Um beijo de saudade. Um beijo de amor. Um beijo que eu ansiei durante quase um mês. Gritaram meu nome de novo.

Nos afastamos rindo.

-Tenho mesmo que ir. – sussurrei roçando meu nariz no dele.

-Vá. – me soltou. – E dance como um cisne.

Pensei em reclamar de me chamar desse jeito, mas apenas sorri.

Recoloquei a mascara em meu rosto e sai.

P.O.V – Alec Volturi.

Graças a deus.

Nunca fui um católico verdadeiro. Eu fora criado entre vampiros e criaturas imortais e da noite. Religião não é uma coisa que eles podem realmente ensinar a você.

Alguns nasceram em épocas tão remotas e fies a religião, que mesmo sendo vampiros continuam a cultuá-la, só que como Aro não nasceu exatamente nessa época, não tivemos muito a aprender.

Fui um estúpido gigantesco por ter mentido para Hellena, e jurei para mim mesmo, que nunca mais faria isso, ela era a mulher que eu queria ter pela minha vida toda.

Contei cinco segundos antes de me preparar para partir, mas fui barrado por uma voz que eu não ouvia há algum tempo, e desejava não ter ouvido.

-Alec.

-Corin. – me virei em sua direção. – O que esta fazendo aqui?

-Vim visitar-lo, soube que terminou com aquele saco de sangue. – segurou a gola do meu blusão.

-Chegou meio atrasada. – tirei as mãos dela de mim.

-Como assim? – franziu as sobrancelhas.

-Eu voltei com Hellena.

-Isso não é possível. – torceu os lábios.

-É sim. E pare de me seguir e atrapalhar minha vida. Entendeu?

Ela não me respondeu, e eu não esperava por resposta, mas dei-lhe as costas e parti para a festa que começava a se agitar.

P.O.V – Corin Volturi.

-Ah Alec… - murmurei passando uma unha por meus cabelos. – Ninguém toma o que é meu. – sibilei.

Afastei algumas folhas analisando o clima de alegria dos presentes.

Todos se vestiam com roupas coloridas e brilhantes.

Inspirei fundo procurando pelo cheiro daquela humana. Encontrei seu rastro facilmente.

-Ninguém.

Andei em direção a praça.


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