O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 12
Capítulo 12




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P.O.V – Hellena di Fontana

Entrei em casa já planejando o que faria amanha.

-Oi Hell. – Quenn me cumprimentou quando entrei em casa.

-Oi Quenn, como foi às coisas com Hoppe e Georgina? – larguei minha bolsa na entrada.

-Foram ótimas! – Blake apareceu da sala de dança. Vestia um blusão de gola V verde-musgo. – Venha, você tem que conhecê-las. – me puxou.

Fomos para o grande espaço de chão de madeira lustrada. Pelo espelho que cobria uma parede inteira, eu vi as duas meninas de roupa de dança.

-Hoppe. – Blake começou fazendo um gesto largo em direção a uma jovem de cabelos loiro prateado e olhos azul turquesa. Ela acenou com um sorriso meigo. – E Georgina. – indicou outra menina. Ela parecia o oposto de Hoppe, os cabelos castanhos escuros, e olhos castanhos esverdeados.

-Ola meninas! – acenei rindo. As duas estavam usando roupas de um misto de ginástica e dança enquanto se aqueciam.

-O que acha de uma dancinha? – Hoppe riu.

-Hum... Acabei de voltar da aula de acrobacia. Estou exausta e com os músculos doloridos. – gemi.

-Folgada. – Quenn caçoou. – Mas acho que uma novidade vai alegrá-la.

-É mesmo? – passei meus dedos por meus olhos.

-Você tem o quarto só para si mesma! – ela riu.

-Que ótimo... – falei cansada.

-Ai Hellena você é depressiva.

Fiquei calada.

-Tenho de ir dormir, amanha eu vou acordar cedo! – comecei a subir as escadas dando boa noite para as novatas.

-Vai ou não nos contar sobre o novo garoto? – Blake olhou para mim acusatoriamente.

-Ainda é cedo para dizer qualquer coisa. – sorri atrevida e subi as escadas correndo.

Troquei de roupa, fiz minha higiene, e me deitei na cama. Suspirei sentindo o cheiro de lavando da fronha. Sorri contra os lençóis.

Pare Hellena, ele é um vampiro milenar, e você uma jovem de dezesseis anos. Por que eu andava me repreendendo demais ultimamente? Pare de ser estúpida e conversar consigo mesma, sorri.

Fechei os olhos. Mesmo de olhos fechados, comecei a ver uma nevoa se formar entre arvores, tão grandes que me pareciam pilares de um castelo sombrio.

Ah não, sonhos de novo não!

Dessa vez a mulher estava vestida de preto, um vestido simples, mas preto. Seus cabelos estavam soltos, e esvoaçavam com um vento inexistente.

A floresta/castelo estava pontilhada de bolinhas luminosas, e a mulher vestida de sombras conversava com ela.

-Acham mesmo isso Wisps? – ela virava o rosto na direção das luzinhas flutuantes. As bolinhas emitiam sons que pareciam um tilintar baixo e repetitivo de um sininho de ouro.

Os Wisps voavam pelo corpo da bela mulher, esvoaçavam por seus cabelos e roçavam em sua pele, como que com carinho.

Ela riu, quando um mais atrevido pousou no rosto dela.

-Não é hora para brincadeiras, amiguinhos... Tenho de voltar ao castelo antes que Katherine sinta minha falta... Sabe pequenos, ela esta com a mente em colapso, a irmã de vocês esta muito triste, ela acha que a culpa é dela... – ela conversava com eles como se eles soubessem de toda a sua vida.

Eles trinaram.

-É, ela esta do mesmo jeito que Radamante estava... – eles fizeram mais sons. – Não sei se a filha dela ganhou uma Wisp... – mais sons. – Sim, estão cada vez mais poderosas... Não, não acho que isso vai acontecer... Não, não Wisps, as profetizas previram que para Katherine não á mais volta...

As bolinhas de luz pareceram murchar e diminuíram a luminescência.

-Não fiquem tristes meus amores... – ela segurou uma delas entre as mãos, como se a acariciasse. – A profecia dizia que milha outra filha a salvaria. – os bichinhos tilintaram de novo. – Sim, eu tenho outra filha... Ela não tem uma Wisp... Qual de vocês será dela?

Um floquinho de luz pousou na palma da mão dela. – Quem sabe será você... – a dama da noite olhou para trás, como se alguém a chamasse, alguma coisa embrenhada em uma amoreira se moveu, e as folhagens tremeram.

-Tenho de ir queridos, mas voltarei mais cedo... – falou apressada, e se embrenhou nas árvores baixas, e o sonho foi se desestabilizando, virando nevoa e fumaça, e aos poucos, pontos cinza ofuscaram minha vista.

Abri os olhos. Suspirei me sentindo exausta, como se eu nem tivesse dormido a noite toda.

Me arrumei e desci as escadas.

As quatro já estavam tomando o café da manha, e conversavam baixo, quando cheguei à conversa foi interrompida, estavam falando de mim... Que ótimo.

-Falando de mim meninas? – ergui uma sobrancelha.

-Não... Claro que não, apenas falando do seu companheiro misterioso. – Quenn sorriu presunçosa.

-Claro... Claro... Agora tenho de ir. – sai da cozinha.

Andei pela rua, cumprimentando todos com educação.

Parei no ponto de ônibus, e passei a remexer em minha bolsa. Um formigamento percorreu meu corpo, como se eu sentisse um pressentimento de algo.

-Alec... – murmurei. Me virei em sua direção e sorri. – Pronto para um tour por Verona? – ergui uma sobrancelha.

-Claro. – acenou com a cabeça. – Quer uma carona?

-Não. Vamos a pé, o mais bonito de Verona são as ruas.

Visitamos Torre dei Lamberti, o Anfitreato Romano, a igreja de São Zeno, Palazzo del Consiglio e acabamos voltando para o Giardino Giusti.

O sol já estava quase se pondo quando eu sugeri que fossemos fazer uma ultima visita.

Dessa vez fomos de carro. Passamos pela ponte Scaligero, pelo rio Adige, seguimos um pouco mais, e fomos para a catedral que eu achava a mais bela de todas.

-Por que gosta daqui? – sua voz ribombou pelas paredes.

-Acho o estilo gótico lindo... – sussurrei fazendo o sinal da cruz. – Acredita em deus Alec? – eu estava com as mãos juntas como se rezasse.

-O Deus que fazia as pessoas queimarem mulheres e crianças na fogueira? O Deus pelo que tantos mataram e morreram? O Deus que castiga? – murmurou. – Acho que não.

-Mas quem fez isso foram às pessoas, não deus.

-Acredita em deus? – repetiu minha pergunta.

-Depois de te conhecer sim... A historia contada no livro... Ela é verdade?

-Qual parte, a de eu ter quinze anos, ou a de eu quase morrer na fogueira?

-Os dois.

-Não, eu não tenho quinze anos, e não, eu não quase morri na fogueira.

-Quando faz aniversario?

-Faz tanto tempo que não comemoro.

-E como sabe quantos anos tem?

-Depois de um tempo paramos de contar pelo exato dia, e sim pelo ano.

-Quantos anos têm?

-Hum... – pareceu relutar em responder. – Uns mil cento e trinta e cinco.

-Eu sabia que você tinha mais de mil! – me exaltei. Senti minha voz ecoar pela catedral. Segurei a mão dele. – Vamos sair daqui.

Chegamos na rua, o ar frio tocou meu rosto.

-Tinha quantos anos quando foi transformado?

-Eu... – relutou mais. – Dezessete.

Ficamos na rua, observando de longe a beleza da igreja iluminada.

-Gosta de fazer o que?

-Tipo um hobbie? – ele levantou as duas sobrancelhas.

-Isso.

-Gosto de tocar piano, e ler. Gosto de poesia. – balançou os ombros. Andávamos em direção a ponte de Verona, a que havíamos passado para vir para cá.

-“Não existe mundo além das muralhas de Verona; apenas purgatório, tortura, inferno. Quem é banido daqui é banido do mundo e o exílio do mundo é a morte” – murmurei analisando as possíveis muralhas de séculos atrás.

-Shakespeare, “Romeo e Julieta”, ato III, cena III. – concordei. – Gosta de frases de Shakespeare?

-Gosto muito… Hum… Tocar piano?

-Sim.

-Ai vai mais uma frase shakespeariana: “O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas.”

-Perfeito, em todas as palavras.

-Meu pai era um poeta.

-Gosta do mar Hellena? – me surpreendi com a pergunta inesperada.

-Onde eu vivia, tinham o mar 366 dias do ano. – sorri.

-Vou levá-la para ver o mar amanha. – virou-se de frente para mim.

-Não posso Alec, eu tenho treino amanha.

-Esteja preparada as duas da manha, você vera o sol nascer na bela costa amalfitana. – seus olhos sagazes fizeram meu coração perder uma batida.

-Por que esta fazendo tudo isso Alec? – murmurei deslumbrada.

-Eu não sei Hellena, mas me importo muito com você. – tocou meu rosto com seus dedos macios e gelados, como aço envolto em seda. Franziu o cenho como que achando estranho suas próprias palavras.

-Pare com isso Alec... – abaixei meus olhos.

-O que foi? – ele se afastou temeroso.

-Não... Não aconteceu nada. Eu só me sinto aquelas personagens estupidamente perfeitas dos livros, as que sabem fazer tudo, e que tem o mocinho para si. – soltei meus ombros.

-O mocinho? – ergueu uma sobrancelha. – Fala como se os Volturi fossem os personagens bons, e não os vilões que todos nos vêm.

-Eu não sou como todos... – sussurrei. – Mas não sei se posso lhe dar o que você quer Alec... Eu ainda tenho uma vida para viver. Não posso jogar tudo fora agora.

Ele parou me analisando, uma expressão neutra em seu rosto de marfim.

-O que quer dizer com tirar a sua vida? Virar vampira? Acha que eu sou um monstro? – sua voz estava dura. Deixou a expressão neutra do vampiro, e voltou a ser o Alec que eu... Sentia algo muito forte.

-Não! – respondi rápida. - Esta fazendo isso apenas porque seu mestre mandou.

-Não Hellena, não estou! – disse de forma ultrajada.

-Como posso saber se é verdade o que diz?

Parou estático.

-Diga como.

-Não tenho nada em mente ainda.

-Quando tiver me avise. – se afastou dois passos. – Ainda quer ver o mar comigo? – a forma que pronunciou o “comigo” fez meu coração palpitar. Eu sempre ficava pontuando a forma que ele pronunciava qualquer palavra, se isso não era amor, o que era?

-Eu... Claro que quero. – suspirei vencida.

-Prometo que voltara antes de seu treino. – se aproximou e tomou minha mão. Enlaçou-a em um beijo de seus lábios pétreos. Olhou mais uma vez para mim. – Arriverderci Hellena.

Sumiu nas sombras que escureciam a rua.

Minha respiração descompassou. O que eu deveria fazer? Ele estava mesmo falando a verdade? Parecia tão sincero, mas eu não sabia se podia realmente confiar nele. O que fazer? O que fazer?

Enquanto eu travava uma batalha emocional, avistei de longe a “protetora”, usava um vestido negro, com uma saia que lembrava um tutu de uma bailarina.

Acenei para ela, convidando-a a se aproximar, mas ela não moveu um passo, e com um piscar de meus olhos, havia sumido.

-Estou fazendo que você prometeu – falei para a noite. – Não contei nada para ele. – reclamei olhando o céu.

Suspirei voltando para casa.


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