Mudando o Jeito de Viver escrita por Mayara Paes


Capítulo 19
18- Faíscas. (Edward)




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"Doeu, claro que doeu. Mas ninguém precisava saber, então eu sorri."

* * *

Nunca um simples tocar de lábios me foi tão desagradável, tão enjoativo e incorreto. Também, no momento, não esperava que me roubassem um beijo e muito menos que esse ato acarrearia tamanha reação de Bell. Não seria capaz de prever o que veria a seguir, nem o que se seguiria, tornando-se uma confusão sem fim. Um conjunto de reações inesperadas.

Se alguém me dissesse que isso, algum dia iria acontecer, eu não acreditaria e até gargalharia da história fictícia que inventaram. Mas, ninguém me contou, tampouco inventaram. Eu estava presenciando uma cena surpreendente, ou até mesmo histórica.

Ok, exagerei! Mas, estou surpreso oras.

Tudo começou quando Bell passou ao meu lado de forma imponente e em passadas largas. Seus pés eram firmes a cada passo que dava em direção á Tânia. Seu rosto ficava cada vez mais corado conforme chegava próximo de seu alvo. Seus olhos estavam fixos em um único ponto demonstrando uma determinação alarmante. Flamejantes. Faiscavam. Embora marejados, eu duvidava que ela chorasse. Se eu não estivesse enganado, acreditava que a mesma estava irritada, muito irritada. Furiosa, na verdade. Um fato nunca antes presenciado por mim, uma emoção inesperada e tão forte que até me assustou. Era quase
palpável.

Mas, por mais bestificado que eu estivesse, não pude evitar a sensação prazerosa que se apossou de mim ao constatar que Bell estava daquela forma pelo simples fato de Tânia ter me roubado um beijo. Ciúmes. Ela estava morrendo se ciúmes.

Controlei a louca vontade de sorrir com esse pensamento.

Ela ainda me ama! – suspirei com esse pensamento desejando ardentemente que fosse verídica.

Quando a mesma espalmou a mão cheia na face de Tânia, imediatamente tudo parou. Nenhum ruído era ouvido, ninguém se mexia. Todos pararam o que estavam fazendo e olharam em direção ao estalo. Nem mesmo o narrador do jogo se pronunciava, apenas colava o rosto no vidro de sua cabine tentando inutilmente escutar o que acontecia aqui, no meio da quadra.

Ali eu soube, Tânia Denali definitivamente havia passado de todos os limites imagináveis.

Tinha atores principais, coadjuvantes e até mesmo, plateia presenciando o espetáculo.

A guerra estava armada.

Arregalei os olhos, um tanto assustado.

–O quê? Como... como... OUSA SUA ESTRANHA? – gritou Tânia em cólera com a mão na face parecendo completamente desnorteada. Ela
definitivamente não esperava pelo golpe. Em seu rosto estava à marca da agressão. Os cinco dedos de Bell estavam nitidamente estampados em sua pele alva.

Bell avançou mais um passo. Desafiante e sexy.

Oh deus, acho que tenho uma queda por lutadoras.

–Quem você pensa que é Tânia? – a voz de Bell não passava de
um sussurro, mas estava firme, fria. Carregada de rancor. – Acha que me
desafiando, me humilhando, vai conseguir conquistar Edward? – riu sem humor, irônica. – Você não passa de uma pessoa inútil e fútil, que tem a necessidade de pôr as pessoas para baixo para chamar a atenção. Acha que assim vai ser amada? Acha que assim, algum dia, alguém a levara a serio? – riu novamente. Tânia tinha os olhos vermelhos e arregalados. – Sinto lhe informar que não, o máximo que você conseguira é um papel de IDIOTA.

Avançou mais um passo. Estavam frente a frente.

Isso não vai acabar bem.

–Ninguém gosta de você. Todos te desprezam, sentem repulsa pelo que você as faz sentir. – Denali recuou um passo, completamente abalada. – Porque é isso que você é! Uma DESPREZADA, MAL AMADA E REPULSIVA.

Quem diria que alguém desafiaria Denali dessa forma. Estou tão orgulhoso.

Todos estavam completamente bestificados com o que estava acontecendo. Bell nunca agiu dessa forma, nunca falou daquela forma antes, até agora. Não que eu tenha presenciado. Acredito que ela veio acumulando ressentimento, magoa e humilhação durante anos e agora à cota estava cheia. Chega de opressão.

Tânia permaneceu em um silêncio envergonhado durante algum tempo. Seu rosto permanecia vermelho de raiva e pelo vexame. De repente, a mesma endireitou a postura, empinou o nariz e partiu na direção de Bell com unhas e dentes. Um grito estridente ecoou pelo local enquanto as duas se embolavam em uma briga sangrenta.

Eram puxões de cabelo, chutes, mordidas, arranhões e gritos para todos os lados, enquanto todos permaneciam estáticos, surpresos demais para tentar separa-las.

Eu observava tudo com a boca escancarada. As duas rolavam pelo chão.

–EMMETT, AJUDA! – gritou um dos alunos. Esse não sabia se avançava ou permanecia. Olhava para as duas e recuava. O que ele está pensando?

–EMMETT, AGORA.

–Ah não, estou ficando excitado. – revelou rindo maliciosamente.

Todos imediatamente o encarrava com expressões incrédulas.

–O que? – se fez de desentendido.

–Edward, faça alguma coisa! – exclamou Jasper com certo desespero, enquanto batia em meu ombro. – Elas vão acabar se matando.

Sai rapidamente de minha letargia e avancei na direção delas. Tentei separa-las, entrando no meio. Mas as duas, completamente descabeladas e machucadas, gritavam coisas desconexas uma para outra, tentando me ultrapassar. Ganhei belos tapas e chutes tentando evitar o ato.

Olhei em volta, em busca de arrego.

–Será que alguém poderia me ajudar aqui? – pedi irritado, segurando Bell pela cintura e Tânia pelo braço.

–ME SOLTA EDWARD, EU VOU ACABAR COM ESSA ESTRANHA! – berrou Tânia distribuindo ofensas.

Emmett, resolvendo me ajudar, entrou na briga gargalhando enquanto segurava Denali pela cintura, afastando-a de mim e de Bell, que me parecia bastante frustrada pela distância dela e de seu alvo.

–Edward, você é muito sortudo mesmo. Duas brigando pela sua
atenção. – tinha que vim dele esse comentário inoportuno. Revirei os olhos, observando Tânia que ainda se debatia, tentando se soltar. Sua expressão era quase assassina.

–MAIS O QUE ESTA ACONTECENDO AQUI? – questionou o diretor, observando atentamente o ataque histérico que as duas ainda faziam.

–AH, ME SOLTA SEU OGRO, ME SOLTA! AINDA NÃO ACABEI! –
gritava Tânia, com os cabelos caindo nos olhos.

–VEM DENALI, VEM! ESTOU ESPERANDO! – Bell ameaçou tentando avançar novamente em sua direção e teria conseguido se não fossem meus braços circulando-a.

–JÁ CHEGA SWAN, JÁ CHEGA! AS DUAS ULTRAPASSARAM TODOS OS LIMITES IMAGINAVEIS! – vociferou o diretor Fiennes esforçando-se para ultrapassar o burburinho de comentários que se seguiu dos alunos. – As duas, parem AGORA mesmo ou serei obrigado a tomar medidas drásticas!

Bell imediatamente aquietou-se, passando as mãos pelo rosto vermelho e molhado pelas lagrimas. Soltou-se bruscamente de meu abraço, ajeitando suas roupas rasgadas e reveladoras. Voltou seu olhar para o meu e vi ali refletido toda sua magoa e decepção.

Fungou.

Ajustou sua postura e antes de sair da quadra, murmurou um ressentido:

–Vocês se merecem.

–Bell. – chamei inutilmente olhando a mesma desaparecer.

Alice correu na direção que a mesma havia saído e eu teria feito o mesmo, se eu não estivesse tão chocado e desnorteado.

O quê? O quê? Não, mas... mas... Eu não fiz nada!

Passei as mãos pelos cabelos, avançando alguns passos, decidindo ir ao seu encontro onde quer que esteja.

–Até ela concorda. – desdenhou Tânia, rindo audivelmente.

Voltei meu olhar para a mesma, imediatamente espumando de raiva.

–Satisfeita? Hein? Está satisfeita agora? – questionei irritado. – Olha o que você fez! EU QUERO QUE VOCÊ SUMA DA MINHA VIDA SUA LUNATICA.

Tânia cruzou os braços, arqueando uma de suas sobrancelhas.

–Ela não te merece Edward, não esta a sua altura. – disse. – Posso te dar muito além do que ela pode. Coitada, está doente! Vai morrer em
breve.

Paralisei durante um momento. Como ela sabia?

–CALA A BOCA.

–A verdade dói não é? – riu. – Eu gosto de você Edward, estarei aqui, viva, quando ela estiver a sete palmos abaixo da terra.

Estremeci levemente.

–Lave sua boca antes de falar dela e vê se põe uma coisa nessa sua cabeça! Eu NUNCA, NUNCA ficaria com você Tânia! –exclamei alto o
suficiente para todos ouvirem. – Espero que a partir de hoje, você entenda isso e deixe a mim e Bell, a minha namorada, em PAZ. Pare de se humilhar, chega ok? Já passou muita vergonha hoje.

Lagrimas escorreram por sua face, mas tampouco me comoveram.

–Mas, Edward, eu te amo e... – a interrompi.

–Não importa se ela esta morrendo ou não. Eu a AMO, e não desistirei assim tão facilmente. – disse irredutível. – Agora, para seu próprio bem, guarde esse sentimento que você “diz” ter por mim e me ESQUEÇA! – declarei firmemente, dando lhe as costas. Meu ódio era palpável.

Sai dali o mais rápido que meus pés permitiram, tentando pensar com clareza. Mas, por mais que eu tentasse evitar, suas palavras tiveram
um impacto avassalador sobre mim. Elas giravam em minha mente em um eco torturante.

Vai morrer em breve. Vai morrer em breve. Vai morrer em breve. Vai morrer em breve.

Desejei com todas as minhas forças que ela estivesse completamente errada.



– PDV Alice Cullen.

–Você tem um soco potente Isabella. – comentei rindo de sua careta, enquanto limpava os arranhões presentes em seu rosto, agora vermelho e seu braço direito.

Suspirou.

–E aquela doida tem puxões muito fortes por que, caramba, minha cabeça dói. – resmungou acariciando um ponto sensível em sua cabeça. – Parece que arrancou meu coro cabeludo inteiro.

Revirei os olhos com o exagero.

–Não sabia que você era boa de briga amiga, fiquei impressionada. – elogiei divertida jogando os algodões no lixo da enfermaria, enquanto a mesma prendia os cabelos e tentava, inutilmente, esconder a pele exposta pela blusa totalmente esgaçada e rasgada.

–Não sou, nunca briguei antes. – confessou, corando.

–Serio? – assentiu. – Você em ação parecia àquelas meninas valentonas que arranjão confusão por tudo e pegam o dinheiro dos menores. – gargalhei. – Claro, muito desprovida de altura e resistência.

–Não queria ter feito isso, nunca me descontrolei dessa forma, mas foi involuntário. Quando tomei consciência, eu já trocava chutes e puxões de cabelo com ela.

–Foi instintivo, você apenas queria proteger o que é seu, nada mais justo.

–O que é meu. – revirou os olhos.

–Para de fazer drama, Edward te ama e você sabe muito bem disso. – cruzei os braços, irritada pela teimosia. – Portanto, trate de jogar esse seu orgulho idiota pela janela, por que eu já não aguento mais vocês dois choramingando pelos cantos como se não se gostassem.

Bell baixou o olhar.

–Eu também o amo Alice, só que... – suspirou mexendo as mãos sobre o colo. – Eu não quero que ele sofra daquela forma de novo. Ele parecia tão vulnerável, tão desorientando, tão... não Edward e eu fui a causadora de tudo aquilo.

–Você sabe o que eu penso sobre isso.

–Eu sei, mas isso não muda o fato de que eu vou morrer. Não sei quanto tempo tenho. –resmungou. – O melhor é ficarmos assim, separados. É só uma paixonite, ele supera.

–Meu deus, como essa menina é cabeça dura. – reclamei raivosa. –Isabella, pare de pensar nos outros antes de si mesma, pare de pensar no futuro! Pense no hoje, no agora. Você está aqui não está? Está bem e viva. Inteira. Quero dizer, não muito. Faltam pedaços de pele e alguns fios de cabelo. – rimos. – Mas, em nenhum momento isso te impede de ser feliz.

–Alice. – murmurou chorosa.

–Para com isso amiga, eu quero te ver bem e espero, realmente, que você mude esse seu jeito altruísta porque isso, agora, não vai te levar a lugar algum.

Fez-se silencio.

Resolvi terminar os curativos, assim poderíamos ver as consequências de seus atos. Diretor Fiennes nos aguardava.

–Eu não ... – começou, enquanto eu passava um cicatrizante, mas sua fala foi interrompida por batidas fortes e rápidas na porta.

Dirigi-me até lá e vi Edward tentar enxergar dentro da enfermaria, nos procurando. Entreabri-a, chamando sua atenção.

–O que foi?

–Eu quero conversar com a Bell. – exigiu tentando abrir a porta por completo. Forcei-a, impedindo seu ato. – Me deixe falar com ela Alice.

–Edward, acho que agora não é uma boa hora. Estou cuidando de seus ferimentos e em breve ela irá para a sala do diretor, então, deixa-a quieta pelo menos por agora, sim?

–Pelo menos tente convence-la Alice, isso está me matando. – olhou-me com olhos suplicantes. – Por favor.

Suspirei assentindo.

Voltei para dentro.

–Edward está aqui, quer falar com você.

–Diga que não quero falar com ele! – negou rapidamente, tentando ajustar seus trajes arruinados.

–Mas Bell, ele...

–Não agora Alice. – interrompeu-me suspirando derrotada. Parecia cansada tanto fisicamente quanto emocionalmente. – Não agora, por favor.

E lá vamos nós.

–Está apenas adiando o inevitável, como sempre. – declarei voltando a porta e observando um Edward totalmente nervoso, olhar-me
ansiosamente.

–Desculpe.

Meu irmão balançou a cabeça repetidas vezes, incrédulo. Passou as mãos pelos cabelos, bagunçando-os mais.

–Tudo bem, eu desisto. Cansei. – rendeu-se dando meia volta e saindo de minhas vistas.

Bufei irritada com a ignorância dessas pessoas. Caramba, eles estavam complicando uma coisa tão simples.

Eles se amam, ponto final. Querem mais o quê?

Entrei na sala branca mais uma vez e, sem olha-la, peguei mais algodões, enquanto a mesma fitava-me curiosa. Raivosa, acabei passando o algodão por suas feridas com certa brutalidade.

–Ai, Ai, Ai, Aiiii! – resmungou olhando-me suplicante. - Ai Alice, cuidado! – reclamou quando apertei, sem querer, um dos hematomas.

Bem feito.

Fim PDV Alice Cullen.

PDV Renée Swan.

–ISABELLA SWAN, DESÇA IMEDIATAMENTE! – gritei furiosa assim que pus meus pés dentro de casa.

Uma Bell um tanto hesitante e receosa aparece no fim da escada olhando-me amedrontada e um pouco assustada. Seu rosto aparentava
nitidamente que a mesma tinha acabado de sair de uma briga. Estava bastante machucada e com hematomas pelo corpo inteiro.

–Você pode me explicar o que aconteceu? – cruzei os braços, extremamente brava com toda aquela situação. – Não, primeiro quero que me explique o porquê de eu ter sido convocada a comparecer na escola porque a minha filha delinquente arrumou uma confusão.

Suspirou, encolhendo os ombros.

–E-u não fiz, quero dizer, e-u não queria arrumar briga mamãe, mas Tânia me provocou. Como não tenho sangue de barata, parti para agressão. – gaguejou. – Me arrependo de ter causado todo esse transtorno, mas ela mereceu.

Bufei.

–Isabella, por pouco você não foi expulsa da escola junto com a outra lá. Tive que apresentar bastantes argumentos para salvar sua pele.

–Sinto muito. – baixou o olhar.

Suspirei.

–Está de detenção por duas semanas e fará aulas complementares. – informei seu castigo, desgostosa. – Fora que está toda machucada.

–Veja pelo lado bom. – sorriu sem graça. – Eu venci.

Revirei os olhos.

Era o que me faltava. Uma filha vingativa e brigona.

– Fim PDV Renée Swan.

Depois de toda aquela confusão, fomos liberados e convidados a nos retirar da escola de imediato, pois haveria uma reunião com os pais das brigonas e lá sairiam suas sentenças.

Mesmo preocupado com o destino de Bell, fui para minha casa completamente transtornado. Como assim ela não queria falar comigo? Eu não fiz nada, não sou o culpado. Tânia que queria provocar apelando da forma mais baixa, o que eu poderia fazer? Eu não previ aquilo.

Suspirei.

Não sabia mais o que se passava em sua mente. Estava perdido. Queria mais do que tudo voltar a fazer parte de sua vida, e faze-la entender de uma vez por todas que a amo da forma mais pura e verdadeira possível e, que sempre estaria ao seu lado, independente de tudo. Independente do que acontecesse daqui para frente com seu estado de saúde. Estaria lá, amparando-a, dando lhe forças para prosseguir, mas parecia que eu era o único. A mesma parecia não fazer nenhuma questão de minha presença ao seu lado. Ou não se dava conta disso.

Talvez ela quisesse que eu desistisse e parasse de insistir. Talvez essa fosse a melhor opção para ela, mas era para mim?

De forma alguma.

Se Bell me queria fora de sua vida, eu o faria. Tudo para vê-la feliz. Esse é o plano, sempre foi.

Odiava toda essa situação, parecia obra do destino mesmo. Tudo dava errado. Sempre acabávamos metendo os pés pelas mãos.

Suspirei.

Depois de tomar banho, vesti apenas uma bermuda e me dirigi ao quintal. Peguei um balde, sabão e uma esponja decidindo lavar meu carro.
Esse estava quase pedindo arrego de tão sujo que estava. Quase falava: Lave-me, me lave!

Revirei os olhos com esse pensamento besta.

Liguei a mangueira, espremi sabão na esponja e comecei o trabalho. Fiquei nessa algum tempo, até ser surpreendido por um latido e sinos de bicicleta.

Olhei na direção e observei, surpreso, uma Bell sorridente entrar em minha rua divertindo-se com um cachorro da raça labrador enquanto andava em sua bicicleta. A mesma parecia compenetrada demais em alcançar o cão, acariciando-o no processo e puxando levemente seu rabo.


*Never gonna be alone – Nickelback.*

http://www.vagalume.com.br/nickelback/never-gonna-be-alone-traducao.html

Decidido a ignorá-la, continuei a lavar meu carro como se nada tivesse acontecendo, ou melhor, como se ela não estivesse ali.

As risadas pararam, os sinos cessaram e o cachorro que descobri se chamar “Jolie” parou de latir.


O tempo está passando, muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não gastar tudo isso com você
Agora estou, querendo saber por que
eu tenho mantido isso engarrafado aqui dentro
Então, eu estou começando a me arrepender de não dizer
tudo isto para você
Então se eu não o fiz ainda, quero que você saiba.

Ouvi passos se aproximarem e um pigarro.

–Hey. – saudou, sorrindo.

Fitei-a, parando com a esponja.

Suspirei.

–Oi. – voltei a passar o sabão pela lataria. – Alice não está em casa, saiu para não sei onde com Jasper. – comuniquei supondo o que a mesma veio fazer aqui.

–Não vim vê-la.

–Veio fazer o que então? – questionei distraído lavando as janelas.

–Ah, nada. Estava andando de bicicleta com Jolie, e cheguei até aqui. – deu de ombros. – Estava aqui perto, dando uma volta pelas redondezas, sabe?


Você nunca vai estar sozinha
Deste momento em diante
Se você sentir que está desistindo
Não vou deixar você cair
Você nunca vai estar sozinha
Vou te segurar até a dor passar.

Assenti voltando a fita-la.

–Sua casa é cerca de quinze minutos de distância daqui de
carro. – comentei arqueando as sobrancelhas. - Pedalou cerca de trinta quilômetros para fazer nada? – questionei divertido.

Bell corou baixando o olhar.

–É, eu estou de castigo. – riu sem graça. – Não posso sair de casa e meu carro foi confiscado.


E agora, enquanto posso
Tenho aguentado firme com ambas as mãos
Porque sempre acredito que não há
Nada que eu precise além de você
Então se eu não o fiz ainda, quero que você saiba.

Ri.

–Espera! Não pode sair de casa... e bem, você está aqui! – declarei. – Está correndo risco de ficar encrencada para fazer nada? Só andar pelas redondezas? – gargalhei vendo-a assentir. – Você é absurda.

Ainda rindo, voltei a esfregar o carro, enquanto a mesma continuava lá, olhando. Parecia distraída.

–Então... – calou-se.

–Então...? – incentivei.


Você nunca vai estar sozinha
Deste momento em diante
Se você se sentir que está partindo
Não vou deixar você cair
Quando toda a esperança estiver desaparecido
Eu sei que você poderá continuar
Vamos ver o mundo
Vou te segurar até a dor passar.

–Fazendo o que? – perguntou rápido. Parecia que não era bem isso que ela queria dizer.

–Hum... lavando o carro. – respondi o obvio, franzindo o ceio.

–Legal.

Fez-se um silencio desconfortável. A que ponto chegamos?

–Posso ajudar? – perguntou de repente.

Olhei-a surpreso e confuso.

Ela veio mesmo, fazer nada e agora está pedindo para lavar o meu carro comigo?

–Hã...pode, claro. – concordei vendo-a sorrir. – Pode enxaguar esse lado ai, se quiser.

Rapidamente pegou a mangueira que estava pelo quintal e começou a retirar todo o sabão da parte direita.


Você tem que viver cada dia
Como se fosse o único, e se o amanhã nunca vier?
Não o deixe escapar
Poderia ser o nosso único
Você sabe isso tudo apenas começou
Cada dia
Talvez o nosso único, e se o amanhã nunca vier?
Amanhã nunca chegar.

Ainda levemente assustado, agachei-me tirando a lama dos pneus, quando sou pego completamente desprevenido por um jato de água em meu corpo, encharcando-me.

Olhei-a incrédulo vendo Bell corar e olhar para todos os lados, sorrindo travessa.

–Por que fez isso?

–Eu? Eu fiz o que? – riu.

–Ah, você não fez nada? – questionei sorrindo enquanto dava passos em sua direção. Bell arregalou os olhos com a aproximação, prevendo o que eu tinha em mente. Peguei a mangueira solta pelo chão, vendo-a dar passos para trás, olhando-me assustada.

Quando ia molha-la a mesma correu pelo quintal soltando um grito estridente.

–VOLTA AQUI! – gritei correndo em seu encalço jogando água para todas as direções tentando mira-la. Bell gargalhava enquanto desviava dos jatos, correndo em curvas, tentando fugir.


O tempo está passando, muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não gastar
tudo isso com você.

Dei a volta por uma árvore e parei a sua frente fazendo-a se chocar comigo. Agarrei sua cintura ofegante.

–Não Edward, não faz isso. – pediu resmungando, mas ainda ria. – Só queria chamar sua atenção.

Parei por um instante, vendo seus olhos brilharem enquanto encarava os meus.

–O que disse? – perguntei. A mangueira esquecida.

–Eu queria que você me notasse. Parecia tão indiferente a minha presença que tive que fazer algo. – confessou, acariciando meu rosto. – Pedalei todo esse caminho porque queria te ver de alguma forma. Estava sem carro, tive que dar meu jeito.


Você nunca vai estar sozinha
Deste momento em diante
Se você se sentir que está partindo
Não vou deixar você cair
Quando toda a esperança estiver desaparecido
Eu sei que você poderá continuar
Vamos ver o mundo
Vou te segurar até a dor passar.

Sorri apreciando seu carinho e suas palavras. Aproximei meu rosto do seu, largando a mangueira aos nossos pés. Encostei nossas testas, fechando os olhos.

Suspirei.

–Sinto sua falta Edward. – murmurou. Sua voz soava baixa e embargada. – Não sabe o quanto sofri enquanto estive no Canadá. Longe de tudo e de todos. Lá nada tinha graça, não sem você. Quero-te de volta para mim.

Abri os olhos, vendo lagrimas escorrerem livremente por seu rosto. Tentei apaga-las, retirando cada uma com meus lábios. Segurei seus cabelos levemente, afagando seu rosto com meus beijos. Encostei nossos lábios em um simples e singelo roçar. Encostei novamente, aprofundando-o para um rápido, intenso e cheio de saudade. Ah, como seu senti falta de seu gosto. Seus braços circularam meu pescoço, acariciando minha nuca, indo em direção ao meu cabelo. Agarrou-o, dando um forte puxão trazendo-me para mais perto.


E vou estar lá pra seguir todo o caminho com você
Não vou estar fora mais um dia sem você.

Suspirei saudoso em meio ao beijo.

Estávamos tão compenetrados em matar toda nossa saudade um do outro, que nem percebemos a mangueira enrolada aos nossos pés. Quando fui nos aproximar mais, se é que era possível, nos desequilibramos e acabamos caindo de costas na grama com impacto.

Arregalei os olhos vendo sua careta.

–Está tudo bem? – perguntei preocupado fazendo menção de sair de cima de seu corpo. Mas Bell limitou-se a gargalhar e circular suas pernas em meu quadril, impedindo-me de levantar.

Não pude deixar de sorri, encantado.

–Você nunca me perdeu. Também senti sua falta meu amor, muita. – declarei olhando-a nos olhos, enquanto seu sorriso se ampliava.

–Ainda me quer em sua vida? Mesmo cheia de defeitos e doente? – questionou sussurrando. – Ainda me quer de volta?

–Sempre vou te querer de volta Bell. – disse sorrindo. – É claro que eu quero você em minha vida, nunca quis que você saísse dela.

Sorriu abertamente, puxando-me de volta para seus lábios.

Eu a amava mais do que achava ser capaz, ser possível e a queria de qualquer forma em minha vida, nem que para isso, teríamos que enfrentar a morte. Iria ser complicado, mas enfrentaríamos qualquer complicação. Juntos. Deixaria-me levar, ficaria ao seu lado sem me importar com o amanhã. O seu futuro poderia até ser incerto, mas eu estaria lá, segurando sua mão, independente de tudo e ultrapassaríamos mais essa barreira sem fraquejar, sem pestanejar, porque eu teria força, eu tinha um motivo, ela. Nós dois. Juntos.

Finalmente.


E vou estar lá pra seguir todo o caminho com você
Não vou estar fora mais um dia sem você.

* * *

ESPEREM, LEIAM AS NOTAS FINAIS!


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Notas finais do capítulo

É, finalmente estamos de volta! Não tão bem como eu gostaria que estivesse, mas já é um começo. O capítulo não está do jeito que eu gostaria, mas esse é essencial para o decorrer da história.
Hey, você que ainda não sabe, repostei o prólogo, o primeiro capitulo: dificuldades da vida e o segundo: A primeira vista. A formatação aqui do nyah não está muito boa, então resolvi postar todos os capitulos centralizados na pagina, porque ficar tirando todos os espaços que aparecem quando eu copio e colo o texto aqui é cansativo. Enfim, espero sinceramente que tenham gostado de mais esse capitulo. Já sabem? Mandem bastante reviews e recomendações, é extremamente gratificante.
Aos leitores antigos, bom vê-los novamente e aos leitores novos: Sejam bem-vindos!
Até a proxima, Mayara Paes.



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