Monstro estava calmamente afiando aquilo que ele mais achava de maravilhoso.

 A faca que ele roubara de seu pai quando tinha 10 anos, até hoje era o bem mais precioso que ele tinha.

Era de prata pura e tinha um cabo todo ornamentado de linhas  pretas que não formavam desenho algum, mais tinha um encanto bem belo para os olhos de qualquer um.

 Era um instrumento magnífico para o trabalho que lhe esperava.

 Fazia pouco tempo que ele havia aceitado a missão.

 Tivera ordens claras que deveria fazer aquilo que sabia fazer de melhor.

 Matar.

 Monstro não fora sempre essa pessoa que hoje tem uma fama a zelar.

Ela já fora ninguém. Ele já fora uma pessoa qualquer que morava e estava perdido na grande cidade do pecado.

 Mais tudo mudou.

 Porque num dia depois te ter bebido muito ele acabou matando a prostituta que ele havia comprado.

 Foi nesse dia que ele percebeu que ele podia ser algo muito melhor do que o resto da sociedade.

Que poderia ser superior se pensasse de um modo lógico.

Naquela noite em que ele se livrou da sua primeira vitima, ele começou os preparos.

Ele ia ser um herói.

Ele ia ser aquilo que o pai sempre sonhara que ele fosse mais que por causa do amargo destino acabou não acontecendo.

Ele ia acabar liquidar, cortar as raízes podres da terra.

 São poucos quem tem esse dom, e mostro se achava ser uma dessas pessoas.

 Agora ele havia acabado de afiar a sua herança roubada. Ele olhou para seu reflexo da arma.

 As rugas começavam se formar ao lado dos olhos e começava a ter cabelos brancos e entradas.

- Estou ficando velho. - finalmente ele disse.

Ele olhou mais um pouco o reflexo passando a mão pelos cabelos.

-Preciso me livrar disso – continuou ele segurando uma parte dos longos fios negros.

 Como sua vida havia mudado depois daquele “sim”.

O sim da auto-aceitação.

 Ele havia se conformado.

O seu destino não era ser um homem qualquer.

 O ser calculista se levantou da cadeira onde estava e foi pegar outro par de luvas de látex.

 Depois de ter feito o mesmo ritual de sempre, ele pegou um envelope que se encontrava na sua mesa mágica e leu novamente o que estava escrito.

Rua Edburg Florence

Nº437

Mansão da Família Montez.

“O senhor Montez adorará sua visita.”

Depois de ter lido novamente as ordens claras, ele se levantou e foi ao armário de madeira pura que dava um contraste enorme no mórbido lugar.

Dentro ele pegou uma navalha, creme para barbear, e um terno preto de linho.

O terno tinha a aparência de novo e ainda cheirava a limpo.

Mais mostro sabia que era por pouco tempo.  

Ele foi ao encontro ao banheiro que tinha ali mesmo naquele aposento e molhou o rosto e os cabelos. E lentamente começou o ritual de cortar os cabelos.

Demorou um tempo, mais depois de terminar e não sobrar nem um fio, ele tirou a roupa e tomou um banho rápido para tirara as sobras.

Ardeu um pouco já que ele havia se machucado na parte de trás da cabeça, mais para ele essa dor significava vitória.

Depois do banho ele sai do banheiro já seco e ainda nu, e se sentou na cadeira e começou lentamente a vestir o terno com o máximo cuidado para que todos os detalhes ficassem perfeitos.

Meia Hora depois, ele conclui e foi pegar sua maleta prata com os seus instrumentos de arte.

A faca não. Ela ia presa ao terno, reluzindo discretamente no bolso interior do terno.

O pálido homem se olhou no espelho e contente  colocou um par de luvas de couro preto.

Agora sim. Ele estava pronto.

O mostro olhou para todos os relógios reconcertados por ele mesmo que estavam pendurados nas paredes, todos eles marcavam a mesma hora, 20:15 da noite.

 Feito isso ele subiu lentamente as escadas e olhou mais uma vez para seu “parque de diversões” apagou as luzes, e fechou a porta do sombrio lugar.

Agora ele ia brincar em outro lugar...