Accidentally In Love 1 escrita por Juh__Felton


Capítulo 12
Feridas abertas


Notas iniciais do capítulo

Acreditem se quiserem, a coisa ta esquentando!!!



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~>FERIDAS ABERTAS

O quarto dos garotos tinha uma decoração diferente. As cortinas davam um ar sombrio, em cor vinho. O piso, também vinho tinha detalhes em preto, a cor das camas. Todos ficaram perplexos, e perceberam que ambos os quartos eram decorados daquela maneira. Os banheiros, em tons escuros de verde e azul davam uma impressão de serem maiores do que realmente eram. Draco estava perplexo, não conhecia aquela parte da casa. Ouviu a voz de Sophie dizendo atrás dele:

-Essa é a parte mais nova da casa, mamãe mandou construir a uns quatro anos, alguns embaixadores vinham nos visitar, e sua comitiva era grande. As cores são diferentes do resto da casa, eles exigiam de forma muito... Exigentes. Temos dois banheiros, e vocês podem ficar à vontade. Ao lado daquela cama do canto há uma campainha, toquem-na se precisarem de alguma coisa e um criado rapidamente virá. Vão tomar um banho, gente, daqui a pouco o jantar estará servido!

Draco desfez a mala que havia feito sem levantar o rosto. Não queria olhar para Jorge, e sabia que ele queria falar com Draco. Os gêmeos entraram cada um em um banheiro para tomar banho enquanto ele ficou sentado olhando para o malão. Ele ainda tinha algumas coisas dentro, como livros e muitos bilhetinhos deixados pelas garotas sonserinas. Ele nunca jogava fora, sempre gostara da atenção que recebia. De certo modo, era por isso que nunca mostrara seu malão a Hermione, temia que ela se irritasse. Mas ali estava ele, com medo de entregar uma carta à garota que amava. E a carta era de outro. Toda noite Draco a lia, tentava saber a reação de Hermione. Só não sabia como ela descobrira... Naquele dia só estavam Sophie e ele na sala comunal. Decidido a perguntar a ela, gritou:

-Ei, vocês dois! Quero tomar banho também, ok? Adianta aí! – ouviu resmungos vindos do banheiro de Jorge, mas nada do lado de Fred. Levantou-se e bateu na porta. Como não teve resposta, entrou. A banheira estava vazia, e a janela que dava para o lago estava aberta. Olhando para fora não viu ninguém. Resmungando pegou a toalha e foi tomar banho. Estava relaxando na banheira, quando ouviu a voz de Jorge:

-Fred! Cadê o Malfoy?

-Cara, o Fred saiu... O Malfoy está aqui.

-Ah, eu não ouvi o Fred saindo... Desculpa, Malfoy. – ouviu a porta do quarto batendo e suspirou. Relutante, enrolou a toalha na cintura e foi para frente do espelho, era seu ritual. Observava seu reflexo, desde que começara a namorar Hermione havia mudado muito... Estava mais sério e mais calmo. Cansado, saiu do banheiro e pegou uma roupa simples de trouxa. Pretendia andar por Londres durante um tempo, e não seria muito bom se estivesse com as vestes de Hogwarts. Desceu para esperar o resto do pessoal, deitou-se à sombra de uma macieira e adormeceu.

Uma voz fria falava com ele. Draco sabia quem era, e se apavorou quando sentiu um toque de felicidade na voz.

-Oi Draco! Isso é um absurdo, seu mestre só pode falar por meio de sonhos agora! O Snape daqui a algumas horas estará a salvo em um lugar melhor, ou pior, isso só ele poderá dizer... Eu não gostei nem um pouco de terem o atacado, e pior, dele ter se deixado atacar. Você estava certo, as pessoas muito próximas de mim devem ter cuidado, e gosto que saiba disso. Draco, eu já tenho uma estimativa, e quero que esteja pronto até lá. Eu soube que haverá um passeio a Hogsmeade no fim do mês... E também soube que está muito próximo daqueles que se intitulam “Ordem da Fênix”. Os próximos ganham a morte de graça Draco, mas os que se desgarram imploram por ela... Você é um garoto esperto, um dos meus melhores... Não quero que se perca, pense nisso...

-Não... Não! Eu não posso... Não posso... Não...


-Draco? Fred me ajuda! Ele ta passando mal! – gritou Jorge. Ele e Fred deitaram Draco de lado, e o garoto começou a vomitar. Não havia ninguém por perto, e eles seguraram o garoto por um tempo, até que ele parou de vomitar. Fred saiu para buscar água, e deixou Jorge com Draco. O loiro estava ofegante.

-Valeu... Cara, nunca mais como tão rápido e vou tomar banho... Assim não há estômago que agüente...

-Não há mesmo... E aí, vai ao Ministério quando?

-Provavelmente amanhã... Vou deixar o pessoal dormir, eu tentaria, mas não deu. Acho que vou dar uma volta por Londres, desde que entrei em Hogwarts não dou um passeio assim...

-Mas seus pais? Eles não te levavam?

-Qual! Minha mãe, sempre preocupada com qualquer coisa que não fosse minha vontade de sair por aí, e meu pai nem se fala... Sempre ocupado, só me levava ao Ministério, fazendo Aparatação Acompanhada... Não gostava de perder tempo, ele... E você, conhece a cidade?

-Não... Com mais seis irmãos você ainda acha que meus pais tinham tempo... E agora com a correria da loja, os assuntos da Ordem... Só conheço o caminho para o Caldeirão Furado, a casa do Harry e o Ministério.

-É... Acho que, apesar de tudo a gente deve ter algumas coisas em comum... – disse Draco, dando um meio sorriso. – Então, você quer dar uma volta por aí? Londres nos espera!

-Mas você ta bem? Por mim tudo ok... Mas será que o pessoal não vai querer vir?

-Acho que todos estarão em suas camas... Já devem ser umas oito horas, e amanhã o dia vai ser cheio. Como eu dormi a viagem toda...

-Ah ta... Eu não tenho tido muito sono por esses dias... E acho que o Fred esqueceu sua água... Vamos ter que comprar... Você tem dinheiro trouxa? – e apontou para um canto onde, em um banquinho conversavam Fred e Sophie.

-Tenho dinheiro trouxa e bruxo... Podemos passar no Caldeirão Furado, beber alguma coisa... Bom, então vamos.

Os dois saíram em direção ao grande portão da casa. Andaram algumas quadras até que chegaram a uma pequena rua. As luzes chamavam a atenção, e cortavam a escuridão. As pessoas corriam, era verão e a noite estava quente. Muitos traziam embrulhos, e os garotos foram andando em direção ao centro da cidade por cerca de uma hora. Muitas lojas estavam sendo fechadas e, em conseqüência disso os bares estavam sendo abertos. Ao chegarem ao centro, os garotos ficaram maravilhados, a cidade estava em polvorosa. Todos corriam para chegar em casa rápido. Em uma rua bastante iluminada um lugar chamava a atenção por estar escuro. O letreiro dizia “Caldeirão Furado”. Atravessaram a rua e entraram, mas o pub estava quase vazio, exceto por um grupo de bruxas do interior que falavam em voz alta sobre as compras que faria no dia seguinte. O franzino Tom, dono do lugar recebeu-os, e os colocou em uma mesa afastada.

-Desculpem o barulho... Elas estão hospedadas desde a semana passada, e estamos aceitando todos os hóspedes no momento, as pessoas não têm viajado muito, sabe... Se a situação continuar assim eu terei que vender os quartos... Está tudo às moscas, está sim, está... Mas vão querer o que, os jovens senhores?

-Duas cervejas amanteigadas, por favor, Tom... – disse Jorge.

-Ok, já estou indo buscar... – disse o corcunda, saindo devagar. Os garotos ficaram em silêncio durante a “eternidade” que compreendia o intervalo de tempo em que Tom levou as cervejas. Até que Jorge disse:

-Ok, Mal... Draco. Eu sei que salvei tua vida, mas isso não emotivo pra você me trazer pra tomar uma cerveja. Qual foi?

-Não sei... Eu tive a impressão de que você queria falar comigo... Só adiantei as coisas.

-Ok, eu queria sim... E você sabe por que.

-Hermione...

-Exatamente. Eu queria te dizer que não vou insistir pra ela terminar contigo... – tomou um gole de cerveja e olhou para Draco fixamente. – Mas também não vou deixar quieto... Vou ficar de olho em você, e qualquer coisa...

-Eu sei... Só te peço uma coisa. Você sabe que eu nunca vou estar a salvo, você viu aquele dia com o... O Severo. – disse Draco. – Você-Sabe-Quem pode estar onde estiver ainda tem mais cem Comensais atrás de mim. Por isso, eu te peço que aconteça o que acontecer, não a deixe sofrer... Nem que pra isso você tenha que fazer ela me... Esquecer, eu sei lá... – o garoto soltou um suspiro. – Esses dias têm sido difíceis... Todos os dias os pesadelos, desde que eu desertei tenho pensado, se um dia eu vou ter que pagar pelo que fiz, ou se vou morrer bem velhinho ao lado da Hermione. – sorriu desanimado. – Algumas vezes eu penso em tentar acabar com tudo, a perseguição de Você-Sabe-Quem, sabe me entregar...

-Não mesmo! Se fosse assim, o Harry já teria se entregado e olha onde ele ta hoje? Lá, feliz, na dele com a Beltanny. Larga disso, cara... Você é forte, não tem que se entregar tão facilmente... Eu não acho que a Hermione estaria mais feliz comigo do que com você... A diferença não é tão grande, mas eu acho isso. E ela quer lutar ao lado de todos, inclusive ao seu. Por isso não é hora de desanimar, levanta a cabeça e paga a conta... Já ta tarde, vamos voltar pra mansão. – sorrindo bebeu o último gole da garrafa e levantou-se. Draco levantou ao seu lado, pagou a Tom e saíram. No caminho as ruas já estavam mais vazias, eram cerca de dez horas da noite e eles ainda tinham uma longa caminhada de cerca de uma hora pela frente.


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Mina estava sozinha no quarto. Vianne saiu para comer alguma coisa, na viagem quase não havia comido, e Tonks conversava com Lupin e a senhora Ranieri na sala de estar. Não queria admitir, mas ainda se sentia muito mexida pela conversa que tivera com Rony. Ele havia perdido a confiança nela desde a história do Centro, e pelo fato de estarem em condições sociais diferentes, a situação só piorava. Tentou muitas vezes expor seu lado, mas Rony não a ouvia. Na última conversa, ele estava de cabeça fria e confessou que ainda a amava, mas a confiança havia perdido. Lutou contra as lágrimas que teimavam em vir quando se lembrava das expressões de decepção no rosto do garoto... Irritada, decidiu encontrar com Vianne. Saiu do quarto e, na escada viu um garoto de cabelos ruivos sentado. Sentou-se ao lado dele e sussurrou:

-Ron...

-Mina, eu peço desculpas... – disse Rony com a voz cavernosa. – Desculpa por ter agido daquele jeito com você, não ter ouvido o teu lado...

-Nada a ver... Eu que peço desculpas, não devia ter escondido aquela história toda por tanto tempo... Você tem toda a razão de ter... Ter terminado comigo. – disse Mina, séria.

-Ok... Eu agi errado, você agiu errado... Estamos quites! Mina escuta...

-Não, escuta você. Eu agi errado, eu sei, não precisa falar mais nada... Eu juro que vou tentar aceitar...

-Não é nada disso, pára! – cortou Rony. Olhou nos olhos da loira e disse: - Eu ia pedir uma chance... Pra ver se dessa vez a gente faz tudo certinho. Acho que você não sabe, mas eu queria perguntar se... Se você quer namorar comigo...

-E você ainda pergunta Ronald Billius Weasley? Eu aceito!

-Ah, tudo bem, eu imaginei que depois... O quê? – Rony surpreendeu-se com a resposta. Abraçou Mina e se beijaram. – Mas agora sem segredos ok?

-Tudo bem... E eu prometo que vou tentar te fazer o bruxo mais feliz do mundo!

-Tentar? Ah, mas isso não vale... Eu já sou o bruxo mais feliz do Universo!


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-Eu já tava cansada de esconder tudo, sabe...

-Sinceramente? Não, eu não sei Vianne. Você podia ter-me contado!

-Não, não podia. O Sr. Scrimgeour disse...

-Palmas... – disse Harry, cínico. Começou a bater palmas para Vianne. Estavam conversando no jardim da mansão. Vianne o havia chamado, e ele não estava a fim de ouvir novamente a mesma história. – Você ganhou o título de “Pessoa Que Repete Mil Vezes A Mesma História”. Fala sério, sempre a mesma história de que o Sr. Scrimgeour isso, o Sr. Scrimgeour aquilo... Às vezes é engraçado! – Harry soltou uma risada sádica.

-Quem merece palmas é você... Você não percebe? O Rony amadureceu desde... Desde o início... A Hermione, nossa, nem se fala... Todos amadurecem um dia, Harry... Só você não quer... – disse Vianne, os olhos marejados. “Mas eu não vou chorar. Não vou dar a ele esse prazer” – Todo o mundo sabe quem é você, não pelas suas palavras, mas pelo que dizem sobre você. “Ah, o Harry perdeu a família, só tem alguns amigos, é perseguido por Voldemort”, é isso que sempre disseram. Desde que você tem um ano de idade, aos cinco anos o mundo bruxo dizia isso, quando você entrou em Hogwarts era assim que era conhecido, hoje em dia é assim que te conhecem! – Harry olhou aturdido para a garota.

-Não... Eu estou muito... Muito... – estava sem palavras. Vianne exclamou:

-Ah, acho que é exatamente por isso! Descobri o problema! – a garota tentava sem sucesso conter as lágrimas que teimavam em cair-lhe pelo rosto moreno. – Talvez toda essa atenção esteja transformando Harry no “menino que sobreviveu”. Mas por que você não tenta ser só o Harry? Aquele Harry que adora sapos de chocolate, o mais jovem apanhador do século... Ao invés de ser o cara que vai lutar contra Voldemort um dia, a esperança de todos... Tenta ser, pelo menos por um segundo o Harry que eu conheci... O Harry que eu amei... – Vianne chorava copiosamente. Harry não sabia o que fazer, então a abraçou. Ela continuou. – Por que você tem que ser cabeça dura? Por que você tem que... Sabe, ser o “salvador da pátria”?

-Acho que porque esse foi o Harry que você conheceu... Um Harry complicado por natureza... – disse Harry. Enxugou as lágrimas de Vianne com o dedo. – Complicado desde o nascimento. – ela sorriu.

-Um Harry que só os amigos conhecem... O meu Harry. – O garoto abaixou o rosto e seus lábios se encontraram.

-Bom, acho que voltamos ao normal, não é Vi? – gritou Mina, da porta da mansão. Estava de mãos dadas com Rony.

-Com certeza! – gritou Vianne em resposta. Correram pra encontrar com os amigos.

-Então vocês... – começou Rony.

-Se acertaram também? – disse Harry.

-Cara, aqui ta frio... Vamos comer! – encerrou, por fim Mina.


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Hermione já estava nervosa. Faltavam Eram dez e meia, havia procurado por Draco a noite toda... Ele definitivamente havia sumido. Procurou por todos: Vianne, Mina, Harry e Ron estavam comendo. Gina estava dormindo. Fred estava com Sophie em qualquer lugar pelo qual ela decididamente não gostaria de passar, poderia ser extremamente constrangedor. Tonks e Lupin ainda estavam na sala de estar, conversando com a senhora Ballin sobre algo muito secreto e que seria muito irritante se interrompesse. Faltavam duas pessoas, Draco e Jorge. Sophie estava fora de localização, e a mente dela estava fechada. Pelo rosto de Lupin, falar com ele ou Tonks também não era possível, ela vira na janela. Só restou esperar para ver se algum dos dois aparecia, e sentou-se na porta, em uma das esperas mais longas de sua vida.


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Tanto Jorge quanto Draco queriam chegar em casa, todos poderiam estar preocupados, em especial Hermione. Andavam rapidamente, mas mesmo assim o caminho demorou pouco menos de uma hora. Enquanto ainda se encontravam no centro de Londres os bares estavam cheios de homens bebendo e jogando dominó e outros jogos trouxas. Uma música tocava em uma casa noturna. Jovens com roupas brilhantes entravam lá com a maior naturalidade. Um casal se beijava no capô de um carro. Um grupo de garotos fumava algo em uma ruela. Depois de cerca de vinte minutos andando pelo centro chegaram em um bairro mais calmo. Estavam do outro lado da cidade, em uma área vazia, as casas escuras. A rua era iluminada apenas pelos lampiões e a lua estava nova. Apenas uma constelação era vista, e era uma constelação bruxa, cujo nome era “Homo Canis”. Draco apontou para ela e disse:

-Sabe de uma coisa? A constelação Homo Canis só é visível nos dias de lua nova... E é a única visível no dia exato central, onde a lua está coberta pela sombra da Terra nesse período.

-É... Mas eu me lembro da história de lobisomens, eles não viravam lobos, mas podiam se quisessem atiçar os instintos caninos... Lembro que, no dia do ataque... – parou de falar. Não gostava de lembrar daquele dia, quando seu irmão Gui fora atacado. E Draco também não gostaria de lembrar, afinal tudo era em torno dele.

-Exato... – Draco suspirou. – Eu percebi que não tinha vocação pra Comensal ali, quando estava correndo com o Snape... – voltaram a andar. – Não era minha vida... Podia ser a de meu pai, minha mãe, qualquer um... Mas a minha não. E... – hesitou. – E seu irmão, como está?

-Está bem... Ele e a Fleur foram morar em um terreno próximo à casa de minha mãe... Ele ainda tem as cicatrizes, mas os sintomas quase desapareceram... Agora só sobrou o gosto por carne mal passada, que ele já tinha antes... – sorriu. – Mas até ele se recuperar... Foi muito trabalho... Eu e o Fred ajudávamos com os custos, ele viajou muito mesmo. França, Estados Unidos, Alemanha, Brasil... Até que ele conseguiu tratamento na Finlândia...

-Terra do Greyback... – disse Draco.

-Exato... Mas hoje em dia já está tudo bem... Ele reclama porque o lobisomem mordeu a orelha dele, e por isso não pode mais usar os brincos...

-Pára! – disse Draco, de repente. Olharam para trás em conjunto. O lugar onde haviam parado antes estava iluminado por um lampião, mas agora estava escuro. O loiro começou a suar frio. Disse em voz baixa: - Vamos continuar andando... Qualquer coisa nós aparatamos. – Jorge assentiu e assim foi. A cada passo que davam um lampião escurecia. Até que ambos viram ao longe uma mancha escuro no chão. Merda! pensou Draco, já antecipando o que veriam. Pegaram as varinhas e as mantiveram em mãos. Lumus, sussurraram em conjunto. Quanto mais se aproximavam conseguiam distinguir algo. A mancha tinha um par de pés, agora duas pernas abertas em ângulos impossíveis, provavelmente quebradas. Chegando mais perto constataram um corpo humano. Os braços distorcidos, os ossos quase todos quebrados e algumas fraturas expostas. Ao seu lado havia um apagueiro prateado e um bilhete lacrado, o qual eles não se atreveram a abrir. Estava virado de costas, e seria irreconhecível, não fosse o sobre tudo negro e os cabelos oleosos sujos de sangue.


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Hermione bocejou pela quinta vez. Eram onze e quinze, e nem sinal dos garotos. Fred e Sophie passaram por ela de mãos dadas, deram boa noite e subiram. Todos já estavam em suas camas, dormindo o tão merecido sono e ela ali, à espera. Só Tonks e Lupin ainda não saíram. Seus olhos estavam quase fechando quando viu adentrarem o portão dois vultos carregando um terceiro. Correu em direção a eles:

-Ah, até que enfim vocês... Ah! Mas o que... – exclamou enquanto os garotos depositavam o cadáver de Severo Snape no chão. O rosto dele estava com marcas de unhas e mordidas, quase irreconhecível.

-As belas artes de Lorde Voldemort e seus amiguinhos lobisomens... Eu odiei ter que traze-lo no colo, sabe, ele fede – disse Jorge, cansado. – Encontramos ele em um bairro trouxa há meia hora daqui...

-É... Agora o que queremos é a presença do Lupin e muita água, esse cara pesa... – brincou Draco. Hermione correu para a mansão, e os dois sentaram-se na grama. – E aí, você acha que foi o que? – perguntou Draco.

-A queda não foi o que o matou, acho que ele caiu de uma vassoura e alguém o matou depois, vê só a cara de dor que ele tem... – Calaram-se ao ver Lupin e Tonks correndo em direção a eles.

-Descoberta incrível vocês fizeram, hein? Onde ele estava?

-Em um bairro trouxa aqui perto... – disse Draco ofegante. Uma criada trazia uma jarra de água e vários copos. Serviu a todos e saiu, deixando a jarra com Tonks. A metamoformaga disse:

-Ok... Não vou mentir dizendo que estou triste, mas era esperado... Acho que o Severo sabia demais sobre os planos do Lorde.

-Ele estava do lado de um apagueiro e de um bilhete, nós não abrimos pra dar o gostinho, sabe, de ler todo o mundo junto... – disse Draco, estendendo ambos para Lupin. O bilhete trazia a seguinte mensagem:

Lorde das Trevas,

Como se lembra muito bem há alguns meses destruí uma de suas Horcruxes... Agora estou próximo de descobrir qual será a próxima... E não adianta tentar me descobrir, alguns erros são irreparáveis, e logo descobrirá por que. Se for assim tão fácil posso encontrar sua cova mais rápido do que podes encontrar a minha. Atenciosamente, R.A.B.


-Bem, de certa forma esse tal de R.A.B. sempre está um passo à nossa frente... – disse Lupin, sério.

-Mas o rosto dele, o que... – perguntou Hermione. Ranieri aproximou-se rapidamente, e Tonks resumiu-lhe a história. Seu semblante permaneceu sereno.

-Hoje é o dia em que a Homo Canis está só... Vamos lá, Mione, se você não conhecer essa história eu dou uma festa! – disse Jorge. Lupin assentiu, com as feições inalteradas.

-É claro que eu conheço a história, Jorge... O Lupin, por sinal que me contou quando eu estava na enfermaria depois do ataque ano passado. Mas eu não conhecia por nenhuma imagem a Homo Canis!

-Acho que existem alguns poucos bruxos que a conheçam ao vivo... Ninguém mais se preocupa com as estrelas, mas elas merecem muito respeito, ah se merecem! – disse Ranieri. – Conheço como poucos esses ataques... Meu marido era um lobisomem. O senhor Julius Ballin era um lobisomem romano... Casei-me com ele mesmo sabendo dessas condições. Ele era violento nas transformações, mas geralmente viajava perto da lua cheia... Mas antigamente não havia opção de escolha, e sendo o homem bruto que era no período do Homo Canis virava uma fera... E a caça aos lobisomens andava em alta naquele tempo... Julius morreu com uma bala de prata, e hoje eu imagino está empalhado em alguma casa no mundo...

-Nós... Sentimos muito, senhora Ballin... – disse Lupin. – Eu vivi um pouco disso, quando eu era menor e ainda estudava em Hogwarts, nessa época do ano era terrível... Eu não me transformava, mas tinha que comer separadamente do resto das pessoas, tinha um gosto por carnes mal passadas... – calou-se com um arrepio. Tonks afagou-lhe a mão.

-Mas, senhora, e a Sophie... Ela sabe disso?

-Oh, claro... Mas a minha Sophie não é filha de sangue, o mal provavelmente passaria de pai para filha... Mesmo assim ela é amada tão ou mais do que seria se fosse biológica. Mas vamos deixar de lado o sentimentalismo e vamos escrever às autoridades e dar um fim logo nisso tudo.


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-Anda Sophie, Gina levantem! Heey, vocês duas! Levantem! – gritava Hermione, tirando as cobertas e sacudindo as duas garotas.

-Você é maluca? Você-Sabe-Quem bateu na porta pedindo chá, foi? – gritou Gina irritada, mas se levantando, seguida por Sophie. Draco e Jorge iam acordar os outros garotos, e Hermione já fora ao quarto ao lado para acordar Mina e Vianne. De roupão e com cara de sono as meninas encontraram-se com os garotos na sala de estar. Tonks, Lupin, Draco, Jorge, Ranieri, Rufo Scrimgeour, Minerva McGonagall e um homem desconhecido esperavam-nos na sala. O relógio antigo anunciou quatro horas da manhã. Minerva adiantou-se:

-Bom dia, garotos... Esse aqui é um medibruxo do St. Mungus, o senhor Tobias Salvatore. Ele veio olhar o cadáver e dar um diagnóstico, se precisaremos de autópsia ou não.

-Cadáver? – disse Rony. Todos olhavam para Hermione, Draco e Jorge. – Cadáver de quem? Era um dos nossos?

-Bom, antigamente eu diria que sim, mas hoje em dia não tenho nenhuma certeza sobre...

-Severo Snape. – completou Harry. Jorge assentiu.

-Como? Vocês o... – disse Sophie sem acreditar.

-Não, priminha... Eu e o Jorge estávamos voltando para casa quando o vimos no meio da rua...

-E acordamos todos vocês pra fazer duas perguntinhas... Alguém conhece esse apagueiro? – disse Hermione, estendendo o objeto.

-Era do Dumbledore... – disse Harry. – Ele emprestou isso ao Moody quando ele foi me buscar no quinto ano...

-Ok, não imagino que seja muita surpresa que o apagueiro estivesse nas mãos do assassino... – disse Tonks, recolhendo-o das mãos de Hermione. – E alguém, por acaso conhece R.A.B.?

-Sim e não... – disse Rony. – Ele roubou o medalhão que o Harry e o Dumbledore foram buscar... E pelo visto não está do lado oposto.

-O que é isso? O que significa R.A.B.? Apagueiro? Viagens com Dumbledore? E eu não estou ciente, Minerva?! – disse Rufo Scrimgeour de modo grosseiro, ao que McGonagall respondeu à mesma altura.

-Esse é um assunto entre o senhor Potter e Alvo Dumbledore. Na ausência de um deles fica a critério do outro responder ou não às suas perguntas...

-E o senhor já sabe a minha resposta, Ministro. – disse Harry com firmeza. O Ministro bufou:

-Mas essas circunstâncias são extremas, senhor Potter! Pessoas estão morrendo enquanto o garoto que pode salvar as vidas está brincando de guardar segredos com um morto!

-Em primeiro lugar, papai... – disse Mina, cuja firmeza na voz era contestada pela força com que segurava a mão de Rony. – O Harry não pode salvar as vidas. Em segundo lugar ele não está “brincando de guardar segredos com um morto”. Ele está respeitando a vontade de Dumbledore, e acho que o senhor deveria fazer o mesmo!

-Mina! Não fale assim comigo, eu sou seu pai!

-Você é o Ministro da Magia, deixou de ser meu pai há alguns anos. – disse a garota com frieza. E completou: - Respeite a vontade de Dumbledore... Pra não cometer o mesmo erro que cometeu com a mamãe... – e saiu correndo com um Rony assustado em seus calcanhares. Todos olhavam aturdidos para a réstia de cachos loiros que ia para o lado feminino. Vianne olhou com desprezo para o Ministro, puxou Harry e saíram da sala. Rufo olhava para a escada como se visse um vampiro. Perguntou em voz baixa:

-Vocês ainda precisam da minha presença?

-Acho que não... – respondeu o medibruxo, sem tirar os olhos da prancheta. – Temos toda a ajuda que precisamos aqui... Mesmo assim obrigado, Ministro.

-Bem, então Minerva... Depois me mande uma cópia do laudo, e qualquer coisa que precise temos a Brigada de Aurores da Grã-Bretanha, a Brigada Francesa e a Brigada Alemã à disposição. Bom dia a todos. – e saiu. Pela porta aberta pôde ser visto aparatando.

-Depois dessa “pequena” interrupção, o senhor já tem algum dado, senhor Salvatore?

-Precisaremos de um exame mais detalhado, mas sem autópsia... Mandarei alguns medibruxos busca-lo. Tenham um bom dia.

-Bom, garotos, eu irei também... Mantenham-me informada. Remo e Ninfadora eu quero conversar um pouco com vocês lá fora. – disse Minerva McGonagall, saindo em seguida acompanhada por Lupin e Tonks. Hermione desabou no sofá, derrotada.

-Ah, que noite! Eu estou simplesmente morta!

-Imagino que esteja... Mas eu não estou nem um pouco cansada... Mas como todo o mundo passou a noite acordado acho que devemos adiar a ida ao Ministério para amanhã. – disse Sophie, ao que Fred acrescentou:

-A única coisa que eu pretendo fazer é dormir muito hoje... Se o dia foi cheio hoje, que só vocês dois saíram, imagina amanhã? Se o Moody estivesse nos dando conselhos pra essa ida, só diria umas três mil vezes...

-Vigilância constante! – disse Draco, sorrindo. – Mas eu só vou ter uma vigilância constante ao mundo dos meus sonhos...

-Com elefantinhos cor-de-rosa e um campo de margaridas, não é Malfoy? – completou Jorge, ao que todos riram.

-Ta tudo muito bom, ta tudo muito bem, mas o que eu vou mesmo é dormir! Boa noite! Ou melhor, bom dia! – disse Hermione. – Sophie, você vem agora?

-Não... Mas eu deixei um presente pra você, ta em sua cama! Espero que goste! – Hermione subiu as escadas sem pressa, suas pernas pesavam como chumbo. Chegou ao quarto e viu em sua cama um embrulho um pouco comprido e largo. “ Um livro! ” pensou logo, mas estava enganada. Era um caderno quase totalmente em branco, só na primeira folha havia uma dedicatória:

Hermione, esse é um caderno especial, eu que desenvolvi... Ele é adaptável, se você quiser colocá-lo num bolso ou numa bolsa... Eu tenho a outra parte, com ele nós podemos nos comunicar sem invadir a privacidade alheia! Eu fiz um mecanismo como se fosse a Marca Negra, todas as vezes que eu ou você escrevermos eles vão aumentar de temperatura. Um caderno em branco, mil e uma possibilidades! Use-o bem. Beijos, Sophie.

A garota estava maravilhada. Abriu-o e era um caderno comum, trouxa. Com folhas simples e de tamanho pequeno, perfeito para pôr no bolso das vestes de Hogwarts. Quando foi ler de novo o bilhete de Sophie este havia desaparecido. Guardou-o no bolso interno da sua jaqueta, depositou-a na cabeceira da cama, vestiu uma camisola e ficou deitada pensando na vida. Ouviu Gina e Sophie entrarem, mas fingiu que estava dormindo. Quando as duas haviam adormecido, pegou um roupão e vestiu-o. Falaria com Draco. Mas antes que saísse, uma coruja-das-torres chegou. E era dos seus pais.

Hermione, só estamos escrevendo para dizer que estamos bem... Seu gatinho Bichento vai bem, só come e dorme... Seus amigos têm te procurado muito, e nós temos dito que estás num internato. Ah, e o nosso vizinho Rafael Holden mandou que enviássemos beijos se escrevêssemos. Um grande beijo, Donna e Sam Granger. PS: Essa coruja é linda, não? Adorei enviar a carta por ela!

Decidiu que responderia à carta durante a noite, e tentou se lembrar... Rafael? Ah, claro... Aquele Rafa! O do cabelo enroladinho, moreno... Lembrava-se bem agora. Ele era o tipo que nove entre dez garotas queriam. Era bonito, forte, legal, engraçado, carinhoso e sabia cozinhar! Hermione gostava muito dele, haviam se conhecido nas férias de verão, quando tinha ficado sozinha e abandonada... Mas isso não importava mais. Levantou-se e foi em direção ao quarto de Draco. Na porta do quarto estava Jorge. Hermione arrepiou-se ao ver que ele estava com uma regata branca que definia seus ombros e peitoral de jogador de quadribol e uma calça de moletom azul marinho.

-Ah, pra quem ia dormir você ta bem acordada, não é Mi?

-Ora, Jorge... Meus pais mandaram uma carta pra mim, a coruja me acordou e eu não consegui dormir de novo... O “vigilante constante do mundo dos sonhos” está aí?

-Ele ta sim... Dormindo como pedra!

-É, mas você deveria estar dormindo também... O que foi, ta com medo que o Snape volte do mundo dos mortos pra atacar a casa?

-Qual nada! Os que realmente me assustam são os vivos... – disse Jorge. – Mas você vai parar aqui mesmo e ficar aqui conversando ou quer que eu vá lá chamar o Draco?

-Não precisa. – soou uma voz masculina do quarto. – E aí, quer falar o que comigo, Mione? – disse Draco, saindo do quarto. Estava com uma calça de moletom verde escuro com um M prateado bordado na bainha e sem camisa, fazendo Hermione arrepiar-se de novo. “Ai, Merlin, por que você me ama tanto? Santo Quadribol... ”, pensou. Disse:

-Draco... Queria... Queria falar com você...

-Ok... Você quer ficar ou... – disse, olhando para Jorge.

-Ah, de repente senti um sono! – disse Jorge dando uma piscadela para Hermione. Draco olhou com cara feia para ele. – Ok, desculpa! Boa noite!

-Vamos, sei lá, dar uma volta no lago... – Hermione disse saudosa de Hogwarts.

-Ok, vamos então. – respondeu o garoto, pegando-a pela mão e saindo. A casa estava vazia, exceto por alguns criados que ainda faziam a ronda noturna. Hermione disse:

-Sabe, acho bacana que a senhora Ballin não use os elfos domésticos...

-Ela não poderia... Olhe onde estamos a poucos quilômetros de Londres! Seria muito estranho ver os elfos pela rua fazendo compras! – a garota sorriu, imaginando um elfo doméstico com uma lista de compras arrastando um carrinho de supermercado. Chegaram rapidamente ao lago, e sentaram-se nas cadeiras de sol. Hermione abriu a boca para falar, mas Draco a cortou. – Escuta Mi... – a garota lembrou-se de Jorge chamando-a de Mi, e sentiu-se estranha. – Não precisa dizer nada... Só espero que você me perdoe, se puder... Afinal eu estava muito inseguro. – e terminando de dizer isso, deixou que um papel amassado por ser lido muitas vezes caísse nas mãos de Hermione. Draco saiu andando para fora dos terrenos, cabisbaixo. Hermione abriu a carta e leu. [[Gente, aki eh a Juh... Olha, eu vou copiar a carta, pq foi há tnts caps q nem devem se lembrar direito xD]]

Mione,

Palavras não são suficientes, e eu sei disso muito bem. Mas só espero que não estejas irritada comigo, tudo o que eu peço se estiver é seu perdão.
Espero que aquele momento de fraqueza não te magoe, eu já te disse que gosto muito de você, de verdade, e que não gostaria de te ver triste um minuto sequer. Mas eu realmente não consigo resistir ao teu charme, tua simpatia, beleza... Toda vez que te vejo, tenho vontade de te abraçar, de te proteger, te ter em meus braços, quem sabe até repetir aquele beijo... Uma música já disse que amor é flor e a gente rega... Mas se fosse o caso, não saberia que fim dar à nossa flor. Espero que seja um fim que não nos faça sofrer tanto quanto eu sofro e já sofri por você. Não peço teu amor, não estou te obrigando a gostar de mim, o que eu quero é que nossa amizade não chegue ao fim, já que é a única coisa que eu posso ter sua. Meu amor por você é e sempre será puro, forte e verdadeiro, e ele me fez ver que comigo você nunca seria totalmente feliz... O que eu disse naquele dia foi um momento insano, e que espero que você esqueça as sandices que eu disse. Por isso desejo que você seja feliz, mesmo que seja com outro cara, desde que ele te respeite e talvez te ame como hoje eu te amo.

Minhas sinceras desculpas,
Jorge.


O que eu fiz? Idiota, idiota, idiota! Burra! Lerda, ignorante... Aaaaargh! Eu me odeio!, pensava a garota enquanto corria para longe do casarão, as lágrimas insistiam em cair. Parou de correr quando chegou ao jardim de lírios, onde tinha um pequeno riacho. Caiu sentada, chorando. Ela amava Draco, e sentia-se culpada por não ter feito nada em relação a isso, mas agora tudo mudava... Sempre Jorge estivera ali, e ele havia mudado tanto, tanto! Aprovava o namoro da garota, mas ela sempre achou que foi por causa de alguma coisa que dissera, talvez pela perda de confiança, por ele ter dito que nunca se aproveitaria... Mas foi uma decisão dele mesmo, não agia como se fosse um pedido de desculpas... Estava sendo amigo...

Parece que foi ontem que vi seu rosto
Você me disse o quanto estava orgulhoso, mas eu fui embora
Se eu apenas soubesse o que sei hoje

Teria que conversar com ele... Mas não tinha forças, sua determinação adquirida durante aqueles dias esvaía-se juntamente com as lágrimas que caíam sem perdão...

Eu te seguraria em meus braços
Eu afastaria toda a dor
Agradeceria por tudo que você fez
Perdoaria todos os teus erros

Sabia que havia perdido a chance de confiar em Draco... Mas o que ele tinha feito fora errado... A confiança que tanto havia lutado para ganhar sumira em um piscar de olhos...

Não há nada que eu não faria
Para ouvir sua voz de novo
Às vezes eu quero te chamar
Mas eu sei que você não estará lá

A culpa era toda dela... Não devia estar agindo como se não se importasse, como se a única realidade fosse a guerra... Como se não ouvisse o coração, somente à razão...

Oh, me desculpe por te culpar
Por tudo que eu não consegui fazer
E eu feri a mim mesmo ao ferir você

E a razão lhe pedia para continuar... Continuar a ajudar a Ordem, precisava dela, era uma mulher adulta agora... Não poderia abandonar nenhum dos dois no momento, apenas esquecer e deixar rolar...

Alguns dias eu me sinto destruída por dentro
Mas eu não vou admitir
Às vezes, eu apenas quero esconder
Porque é de você que eu sinto falta
E é tão difícil dizer adeus
Quando isso traz essas regras

Mas precisava muito de suas amigas, Gina e Sophie... Precisava de alguém que a julgasse de forma justa, para não haver outros enganos...

Você me diria que eu estava errado?
Você me ajudaria a compreender?
Você está me subestimando?
Você está orgulhoso de quem eu sou?

Só elas diriam a verdade, se deveria olhar mais para Draco e confiar no que ele dizia... Ouvir o que ele tinha a dizer sem ter nenhum pé atrás... Reconhecia que ainda o amava, mas sua confiança estava em jogo...

Não há nada que eu não faria para ter apenas mais uma chance
De olhar em seus olhos e ver você olhando para os meus

Ela falhara... Mas levantou-se e enxugou o rosto. Havia errado para si mesma e ninguém teria nada a ver com isso...

Oh, me desculpe por te culpar
Por tudo que eu não consegui fazer
E eu feri a mim mesmo

Tinha as missões da Ordem, mas depois disso só o tempo diria o que iria acontecer...

Se eu tivesse apenas mais um dia
Eu lhe diria o quanto sinto sua falta desde que você se foi

Lembrava-se do Vira-Tempo... Gostaria tanto que ele estivesse em suas mãos para poder voltar no tempo e resolver...

Oo-ooh
É perigoso
É tão inseguro
Tentar e voltar no tempo

E percebeu que ferira todos os seus amigos... Como Harry, Ron, Gina, Jorge... E com isso tudo se voltou para ela.

Ohh, me desculpe por te culpar
Por tudo que eu não consegui fazer
E eu feri a mim mesmo por ferir você

Andava como um Inferi, não enxergava aonde ia, apenas sentia o vento frio queimando seu rosto. Sentou-se em uma das cadeiras novamente e relaxou.


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Draco andava pela estradinha tortuosa que dava em Londres, mas não tinha nenhuma vontade de ir até lá. Andava em círculos, tentando adivinhar a reação de Hermione. Sabia que não seria boa, mas tentava ser otimista. Craque! O garoto ficou alerta, e empunhou a varinha. Ouviu passos e viu uma mulher branca muito bela, seus cabelos loiros platinados estavam caindo-lhe até a altura da cintura. Os olhos azuis observaram-no com carinho, e abriu os braços em um gesto de acolhimento.

-Ah, meu filho! Que saudade! – disse Narcisa Malfoy, com a voz tremida. Draco foi perplexo até a mãe, e deu-lhe um abraço apertado.

- Mãe? A senhora está bem? O que está fazendo aqui? – e afastou-se de modo desconfiado. Olhou para ela com a varinha em mãos. – Prove que é minha mãe mesmo... Com que canção a senhora me ninava quando estávamos sozinhos?

-Com algumas canções trouxas, Draco... Aquelas como o “Boi da cara preta”, não se lembra? – o garoto deu-se por vencido, e a abraçou ternamente.

-Mãe, a senhora está bem? Nunca mais tive notícias, achei que... – sua voz falhou, e ele baixou a cabeça.

-Ah, querido... O que acontece comigo não importa agora... E você? Está lindo, tem estudado direito?

-O melhor aluno da Sonserina, mãe... Puxei à senhora, segundo o Slughorn.

-Estou preocupada, Draco... – disse Narcisa, olhando para os lados. – Ele me matará se souber que vim aqui, ah Draco, mas eu precisava te ver...

-Ele quem? – disse Draco, baixando a voz. – O Lorde?

-Poderia ser melhor... Ah, Draco querido... – disse a mulher, abraçando-o novamente entre lágrimas. – Soube que estás namorando...

-Han?

-Seu pai, Draco, ele esta furioso... Eu fui a única para acalmar a cólera dele, a única que ainda pode... – calou-se num soluço.

-Ele ainda bate na senhora? Mas... Mas...

-Como eu disse, eu não me preocupo comigo... Só com você... Ah Draco, mas no que você se meteu, não é meu filho?

-O objeto de desejo do Lorde, eu sei, ele faz o favor de me lembrar disso sempre...

-Draco, ah Draco... Se eu pudesse... Mas ele me mataria, ah não, ele me mataria sim... - disse Narcisa, num sussurro que beirava a loucura. Draco abraçou-a.

-Calma mãe...

-Não posso me demorar, meu filho... Ele pode já ter sentido a minha falta... Só vim para te dizer uma coisa: deserte rápido...

-Como?

-Deserte dos Comensais, meu filho, você viu o que aconteceu com o Snape... E fique muito próximo da Ordem da Fênix. Só eles podem te proteger dele...

-Mas mãe, se eu desertar eles vão te matar... – disse Draco, até que teve uma idéia. – Vem comigo, mãe!

-Não posso meu filho...

-Vem eles vão te proteger também, e aí...

-Não, não daria certo... E o pior, eles te matariam também... Ah meu filhinho querido, essa é a última coisa que eu gostaria... Eu nunca te dei muita atenção, mas eu só quero que você saiba que eu sempre estarei pensando em você... E que eu te amo muito... – disse Narcisa, as lágrimas faziam seu rosto brilhar. É um anjo, pensou Draco.

-Ah, mãe... Por favor, venha lá você vai ter proteção e eu me preocupo com você vivendo naquele covil... – e puxou-a pela mão, mas Narcisa olhava aterrorizada para trás. O garoto olhou também, e viu um homem alto, cujos cabelos loiros e lisos caíam-lhe abaixo do ombro. Lúcio Malfoy disse ironicamente:

-Ora, Ciça... Marcou uma reunião de família? Agora sim está completa... Draco, meu filho que bom ver você... – e deu um passo. Draco empunhou a varinha. – Ora, Draco... Você não atacaria seu próprio pai, não é?

-Pai? Que pai? – disse Draco, ignorando as tentativas de Narcisa de fazê-lo calar-se. Tomou a frente da mulher e continuou. – Você só se preocupava com o Lorde e com os cortes de cabelo...

-Seu namoro com aquela Sangue-Ruim está te fazendo mal, Draco – disse Lúcio se aproximando. Draco tremia levemente, sabia que não teria muitas chances contra seu pai. - Muito mal mesmo... Isso não é um comportamento digno!

-Não, Draco, ah meu filho pare... Lúcio, eu já vou... Ah Draco, vá para a casa de sua tia... Lúcio, eu imploro por nós, vamos para casa... Por favor, eu juro que só queria falar com o Draco, ver se ele está bem... – Lúcio deu-lhe um tapa, ao que Draco reagiu:

-Sectusempra!

-Protego! Ah Draco, meu filho... Você deve ter puxado à sua mãe... Tão lerdo quanto, não tem capacidade para... – e foi atingido por um feitiço não-verbal de Draco, que abriu um corte profundo. – Agora realmente seu verme inútil você me irritou... Avada Kedavra! – Draco se assustou quando o vulto de sua mãe tomou a sua frente recebendo a Maldição. Lúcio percebeu o que havia feito e desaparatou. Draco pegou o corpo inerte de sua mãe, e da mão dela caiu um papel. O garoto enxugou as lágrimas e leu:

Meu filho,

Se estiveres lendo esse pergaminho, é porque fomos descobertos ou então aconteceu o pior comigo... Saibas que sempre te amei, e nunca tive muito a oportunidade de te dizer... Soube que estás namorando uma grifinória, e espero que essa seja a garota certa... Aliás, se eu não tive a oportunidade de conhecê-la diga que mandei abraços. E por favor, não sei se eu tive a oportunidade de falar contigo, mas é meu desejo que saia do grupo dos Comensais, não importa a que preço... Lúcio está muito furioso, e sua cólera só eu presencio... Soube também que sua nova namorada é nascida trouxa, por isso cuide bem dela... Draco, por mais difícil que seja treine muito Oclumência e pratique antes de dormir, pois seus sonhos correm perigos, imagino que tenhas me entendido. Com amor, Narcisa Malfoy.


As lágrimas molhavam o rosto de Draco, sua mãe estava morta, a única que lhe protegera... Lembrava-se de que ela apanhara muito no ano passado, seu pai voltou de Azkaban e soube que ele havia falhado... Sua mãe se punha na frente e ficou desacordada por um tempo... Por isso decidira sair, largar tudo... Foi para Hogwarts levando muito mais dinheiro do que precisava ou podia levar... Não voltaria a pisar na Mansão Malfoy nunca mais. E pretendia levar Hermione consigo.


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Jorge estava no quarto deitado esperando algum sinal de Draco ou Hermione. A porta aberta incomodava-o, e virou-se para o lado. Pensava muito na conversa que tivera com Draco há algumas horas... Eram praticamente quatro horas da manhã, e ainda teriam um longo dia pela frente... Tudo parecia tão distante, quase não acreditava que havia saído com Malfoy, encontrado o corpo de Snape, ele havia conversado com Hermione... E pensava nela quando ouviu uma voz baixinha, quase inaudível que disse apenas:

-Jorge...


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Notas finais do capítulo

Acreditaram??? O.o'