Anna PDV

Durante o caminho até minha casa, fui pensando no garoto que ultimamente vem tirando o meu sono : Lucas.

Ele definitivamente tem mexido comigo, mais não sei se de maneira boa ou ruim. Na verdade penso que das duas.

Entrei em minha casa e deparei-me com minha mãe , empolgada dando instruções à empregada.

_ Oh querida ! Que bom que já chegou ! – ela disse assim que me viu entrar.- Temos muito o que preparar para a visita que receberemos hoje !

_Mãe , não são só seus velhos amigos?

_ Credo  Anna ! Que mau humor ! São sim só meus velhos amigos , mas faz tanto tempo que não os vejo que já não posso esperar ! Agora suba para o seu quarto e fique bem bonita ! Depois venha almoçar , pedirei para a Kate que sirva o almoço.- ela despejou tudo de uma vez, sem me dar direito a resposta.

Não havia como escapar. Aquela alegria  de minha mãe , era .....irritante.

Subi para o meu quarto afinal não adiantaria discutir. Guardei minha mochila e fui até o banheiro. A cada peça de roupa que eu tirava , me lembrava das mãos de Lucas percorrendo meu corpo. Me lembrava de teus beijos, de tua boca macia.

Me lembrava da tua voz, sussurrando coisas inimagináveis em meu ouvido.

Tomei um banho longo, demorado. Voltei ao meu quarto e me vesti com uma calça jeans , uma blusinha básica e uma sapatilha vermelha. Deixei meus cabelos soltos e desci para almoçar.

Depois de aturar minha mãe me dizendo seus planos para aquela tarde durante toda a refeição, decidi pegar meu livro e sentar-me em meu balanço para ler.

(...)

Sentei-me  e pude sentir uma leve brisa roçar meu corpo e balançar meus cabelos.

Então comecei a ler. Era Romeu e Julieta. O original. Era lendo aquele livro que passava minhas melhores tardes, ele era minha única companhia pois , quase sempre meus pais estavam viajando . E então era com um simples amontoado de papel – como dizia meu pai- que passava a maior parte do meu tempo.

Mais uma vez , mergulhei-me em suas palavras tão bem escritas e sua história tão bela e tão trágica. As vezes me pegava pensando em se um dia eu encontraria um Romeu. Se encontraria alguém que me amasse de verdade, que me desse carinho . Uma pessoa em quem eu pudesse confiar e formar uma família. Como aquelas de comercial de margarina.

Quando dei por mim, minha mãe  estava a me chamar.

_ Anna , venha cá querida . Eles chegaram! – ela estava tão empolgada que mal podia conter um riso alto.

_Estou indo mamãe, estou indo.

Depositei o livro sobre a superfície de madeira do balanço e me dirigi para a sala de estar. Quando cheguei lá , tive uma grande e inesperada surpresa.

Lucas  PDV

Cara ! Aquela garota era mesmo maluca ! Primeiro me pede pra soltá-la, depois pede pra agarrá-la ! Ela só pode estar querendo mexer com o meu emocional !

Caminhei até o estacionamento e entrei no meu carro.Dirigi sem mesmo escutar música. Fui pensando naquela garota... naquela pele macia, sedosa, naqueles cabelos com suave perfume de chocolate, naqueles lábios sensíveis, carnudos, quentes .

Que sentimento bom que me dava estar perto dela. Como era bom tê-la em meus braços .

Fui então tirado de meus devaneios por meu pai, e quando percebi, estava dentro da garagem de minha casa.

_Hey Lucas ! – meu pai me chamava – Está desligado meu filho. Pensando em alguém em especial?

_ Que? – disse eu confuso, tentando assimilar as palavras de meu pai.- Não , pai ! Imagina !

_Então, vai logo pro teu quarto tomar um banho, ficar bonitão que precisamos sair, lembra?

_Lembro , lembro sim !

(...)

Fui até meu quarto e liguei meu computador. Enquanto ele ligava, fui tomar banho. Demorei embaixo do chuveiro, mesmo sabendo que é uma falta de educação com o meio ambiente, que vai prejudicar a geração futura , e coisa e tal.

Me troquei , olhei no espelho pra dar aquela conferida básica e gostei do que vi.

Sentei-me na cadeira da minha escrivaninha e fui checar se havia alguma coisa muito importante. Nada , nem um e-mail interessante, nenhum recado importante. Nada.

Então desci para almoçar.

Comemos em silêncio.  Meu pai, minha mãe e eu.

(..)

Meu pai estacionou o carro em frente ao lugar onde teríamos esse compromisso.

Eles caminharam em direção à porta de entrada e tocaram a campainha. Uma mulher vestida em um vestido floral atendeu a porta . Minha mãe a abraçou e ambos entraram. Eu entrei logo em seguida. E para o meu espanto, vi uma pessoa que jamais esperaria ver ali, naquela casa, naquela ocasião.