Eu não sabia o que eu esperava. Mas de algum jeito, sinto que não era isso.

 Ao descermos as escadas eu meio que esperava um cara enorme, sombrio e malvado, o que, sem dúvida nenhuma, não foi o que encontramos lá embaixo.

Stefan era alto, mas não enorme como eu pensei. E bom, de sombrio e malvado não posso nem explicar a diferença. Parecia um cara normal, feliz e.. bonito. Sim, se parecia com Damon como eu imaginara uma vez, mas dava para ver que era mais novo, uns três anos talvez. Tinha os olhos azuis mais escuros que os de Damon e o cabelo era um pouco mais curto, meio espetado. Pela primeira impressão parecia o tipo de pessoa que se esforçava para ajudar os outros.

Eu não conseguia assimilar a descrição cruel de Damon e o homem que eu via na minha frente. Quero dizer, não exatamente na minha frente porque Damon havia me puxado um pouco para trás de si em uma postura protetora. Não sabíamos qual seria sua reação ao saber quem eu era. Eu ainda não entendia essa parte, porque ele me odiaria? Só por saber que eu estava com Damon esse tempo todo? Porque ele me tratava como irmã? Simplesmente não fazia sentido para mim. Então o silêncio foi finalmente quebrado.

- Olá irmão. – Disse Damon, cuja voz parecia mais calma que ele.

- O que você está fazendo aqui, Damon? E, quem é ela?

- Eu estou só de visita como sempre. E essa é minha irmãzinha caçula.

- Ela não é nossa irmã Damon. – Disse Stefan desconfiado.

- Eu nunca disse que era sua irmã, Stefan; eu disse “minha irmãzinha caçula”. Você tem que prestar mais atenção nas coisas, maninho.

Stefan parecia estar ficando bravo. Era minha hora de falar.

- Oi, eu sou Elizabeth Grayes. E eu, bem, pedi que Damon me deixasse te conhecer. Na verdade “rever você” seria mais apropriado.

- Você me conhece? – Perguntou ele assustado.

- Você não se lembra de mim, mas nos conhecemos aqui há muito tempo...

- Em 1861, para ser mais exato. – Disse Damon, sem sutilezas, como sempre.

- Como? – Os olhos dele pareciam que iam saltar fora da cara. – Impossível!

- Bem, Lizzie está aqui, então tenho que discordar de você e dizer que não, não é impossível.

- Imagino que teremos tempo de esclarecer as coisas. – Eu disse antes que começasse uma briga.

- Você fala como se pretendesse ficar. – Disse Stefan rispidamente.

Eu me encolhi atrás de Damon de novo ao perceber que não era nem um pouco bem vinda.

- Ela vai ficar durante o tempo que eu ficar. – Disse Damon – E que eu me lembre, Stefan, você nunca conseguiu me expulsar de casa.

Ele estava provocando-o.

-Você prometeu! – Sussurrei para Damon. Será que ele já se esqueceu da promessa que fez a alguns minutos atrás?

 Como ele parecia diferente do irmão com quem me acostumei. Aos poucos percebi que esse era o Damon que Stefan conheceu por esses anos todos durante as “visitas”. Isso explicaria o motivo de tanto ódio entre eles. E explicaria também a preocupação de Damon com a minha segurança, quero dizer, eu estava com ele durante todas as viagens que foram tão traumáticas para Stefan, por assim dizer.

Damon me olhou com uma cara que dizia “me desculpe” e, mais controlado, disse pra Stefan:

- Acalme-se primeiro irmão, estaremos esperando no 2º andar. Precisamos conversar, é importante.