As Loucas Confissões de Jessica Summer escrita por Miss D


Capítulo 9
Mães


Notas iniciais do capítulo

Gente, vou postar esse cap. primeiro, porque eu AINDA não consegui escrever a parte 2 do outro. Na verdade, esse vinha primeiro, mas... Enjoy *u*



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  Quando sua mãe está naqueles dias, você tem que ter em mente duas coisas. Primeira, até sua respiração mais silenciosa pode irritá-la e, segundo, nunca, jamais faça algo que, sem sombra de dúvidas, vai tirá-la do sério.

  Minha mãe é meio inflamável, sabe. Como um grande vazamento de gás que, à menor fagulha, pode causar uma explosão gigantesca – muito pior que qualquer bomba atômica.

  E, claro, você deve entender que eu realmente – realmente – não estaca tentando fazê-la explodir propositalmente quando sem querer, sem querer mesmo, mencionei que os fios brancos em seu cabelo estavam ficando meio... acentuados.

  Eu fui delicada, sério. Pelo menos acho que fui. Só que ela obviamente ouviu tudo aquilo e, enquanto as palavras passavam por seu ouvido e chegavam até o cérebro, com certeza havia uma espécie de lente de aumento, exagerando muito nas partes que ela considera ultraje.

  Eu só disse (da forma mais gentil):

  – Nossa mamãe, você deveria retocar as raízes do seu cabelo.

  E ela explodiu. Exatamente como uma bomba, só que mais mãe.

  Pode imaginar o meu terror? Aquele terror devorador de almas, que só foi intensificado quando ela me olhou daquele mesmo jeito que os falcões olham para suas presas indefesas antes de devorá-las. Como ratos.

  Sinceramente, senti-me na mirra de uma Sniper-modelo-super-moderno. Bem no meio da mira, com a lusinha vermelha apontando minha testa. E então começaram os disparos. Como se alguém tivesse gritado FOGO! Em algum lugar. Ela deu chilique À toa, se quer saber.

  – Está chamando sua mãe de velha, Jessica? Saiba que foi essa velha – alguns anos mais nova, naturalmente – que carregou você por NOVE MESES na barriga – como elas adoram jogar isso na nossa cara –, que te amamentou, levantou de madrugada para te dar comida e limpou suas fraldas – desculpe a expressão baixa da minha mãe – cagadas quando você era criança.

  Só a nossa mãe mesmo para acabar com a gente desse jeito.

  – E se você acha que eu estou acabada, vou te contar uma coisinha, minha querida. Eu era linda antes de ter filho, está bem? Se eu estou gorda, CHEIA de cabelos brancos e celulite, e estria e problemas na coluna foi tudo porque eu fiquei grávida.

  Ela entrou na defensiva. O que significa: Perigo! Mantenha uma distância segura de trezentos metros!

  Saio de fininho, o mais silenciosamente que posso. Mamãe continua com suas lamúrias.

  – Ninguém nessa casa tem um pingo de consideração comigo! Só sabem dizer: “Faça isso, faça aquilo”, mas vê se alguém me ajuda? NADA!!!

  Ainda estou tentando escapar sem ser notada.

  – Onde você vai, Jessica?! Volte já aqui, estou falando com você! 

  – Eu só fiz um comentário mãe, não é...

  – Ah, claro! Só fez um comentário! “Nossa mãe,” – ela tentou imitar minha voz, mas tenho certeza de que ela não é tão feia assim – “como você está gorda e velha!”, sem dúvida isso foi um comentário! Se vocês não me estressassem tanto, garanto que eu não tinha um fio branco no cabelo!

  Entendeu de quem eu puxei o drama?

  Continuei parada na cozinha, escutando-a. Ela olhou para mim, furiosa. Mães têm uma capacidade tão absurda de amedrontar seus filhos...

  – O que você ainda está fazendo aqui? – hã? – Vá colocar o lixo para fora! E depois limpe aquela sala que está imunda. Parece que eu tenho que fazer tudo sozinha!

  Segundo talento especial das mães: deixar a gente louco.

  Sabe por quê? Mães não são normais. Não são mesmo. E foi exatamente por isso que, enquanto eu vou recolher o lixo e levar para fora, ela dá outro ataque.

  – O QUE É QUE VOCÊ ESTÁ VAZENDO? EU NÃO MANDEI VOCÊ LIMPAR A SALA?!

  Eu fico estática, claro. Não é uma reação muito inteligente, eu sei. Mas isso depende do ponto de vista. O que é que eu posso fazer? Minha mãe é louca. Qualquer coisa que fizesse – ou deixasse de fazer, suponho – a deixaria ainda mais estressada.

  É esse o problema das mães. Particularmente da minha. TUDO as deixa estressadas.

  No entanto, parada aqui, eu fico pensando, tipo, “o que foi que eu fiz de errado?”, porque, sério, tenho quase certeza de que ela me mandou lavar a louça. E colocar o lixo para o lixeiro levar.

  – Mãe – eu respondo com a maior calma possível –, você não me mandou colocar o lixo na lixeira?

  Sim, porque eu me lembro disso. Totalmente. Não é possível que eu já esteja ficando tão louca a ponto de imaginar minha mãe me dando serviço para fazer (Alguém realmente tem capacidade suficiente para imaginar uma coisa dessas? Ninguém é assim tão desregulado). Concordo.

  Porém, com certeza minha mãe está duvidando da minha sanidade mental. Isso porque ela não está prestando muita atenção na dela.

  Será que ela tomou fluoxetina hoje?

  – Eu mandei você ir limpar a sala, Jessica – rosna ela.

  – Mãe, mas... – eu ainda tento argumentar. Agora só me responda: por que, em nome de Deus, eu ainda teto fazer isso?

  – Vai logo! – ordena.

  Vou te falar, minha mãe me dá medo. E não é só porque ela tem problemas mentais, não. Tem uma coisa no jeito dela olhar para mim – como está fazendo agora –, que me assusta profundamente. PROFUNDAMENTE.

  O que você faria no meu lugar? Minha única opção foi deixar o lixo separado e ir logo limpar a sala. Antes de alguém morrer – esse alguém é, mais especificamente, a Jessica Summer.

  Preciso dizer que estou morrendo? É, eu estou. Mas não é porque minha mãe está me enforcando – tudo bem, eu sei que é bem isto que está passando pela mente dela nesse momento –, mas sim de desânimo. Não é preguiça escutou bem? É DESÂNIMO. Por que essa coisa de dona-de-casa não é bem a minha cara. Não é nenhum pouco a minha cara.

     Os empregos que eu, Jessica, nunca serviria para ter:

1.    Dona-de-casa – Eu sei, isso não é bem um emprego. É uma vida de escravidão. É, estou ciente disso. Entretanto, considerando isso como um trabalho, eu nunca serviria para ele. Sou uma aberração. Mais lenta do que lesma grávida (Lesmas ficam grávidas?). Mais lenta do que fila de INSS no fim do mês – e isso é realmente MUITO lenta –. Eu levo, literalmente, umas duas horas para arrumar uma cozinha – e mamãe sempre diz que faço mal feito. Bem, não sei o que dizer. O que ela quer que eu faça? Desculpe, mas não consigo enxergar aquela mancha assustadora salientemente invisível no chão da cozinha, simplesmente não consigo. Ou estou mesmo muito cega, ou é ela quem está enxergando demais. E nem queira me ver perto do fogão. Apenas perto, a uma distância segura de pelo menos três metros de distância. É perigoso, espantosamente mortal. Essa é uma experiência pela qual ninguém – NINGUÉM – jamais vai querer passar.

2.    Professora – Motivos explicitamente óbvios. Tenho cara de louca? Não responda. Não quero nem pensar nisso. Quer dizer, eles são zumbis devoradores de almas – você não acreditaria nisso, eu sei, mas tenho quase certeza de que minha professora guarda pedaços de alunos na gaveta dela. Sabia que eles são de outro planeta, não é? E as pessoas ainda estão esperando que os OVNIs aterrissem aqui e tentem dominar o mundo, quando eles já estão BEM AQUI DO LADO, fazendo exatamente ISSO –, porque eu não gostaria nem um pouco de virar uma morta-viva. Sem contar que nem morta eu iria agüentar esses pirralhos malditos. Acho que tenho algo de psicopata. Se algum dia algum dos meus queridos alunos me chamasse de vaca – ou palavras piores que vaca que EU SEI que eles usam – simplesmente o estrangularia. Só isso. Depois jogaria os pedaços para uma vaca de verdade comer.

3.    Psicóloga – Fala sério! Ninguém merece essa profissão. Já não bastam todos os loucos com que você convive todos os dias, ainda tem que ter mais? Porque na minha vida tem muita gente louca. De verdade, muita meso. E aí eu vou ficar numa poltrona – legal, deve ser até bom ficar sentada numa poltrona toda acolchoada e fofinha, mas... –, ouvindo as baboseiras que os pacientes vão falar. Dos dramas da vida deles. Como se na minha própria já não houvesse drama suficiente. Até mais do que suficiente. Bem, acho que os levaria todos à depressão. Ou ao suicídio. Pois, numa boa, se chegasse uma mulherzinha carente para mim, e dissesse, naquela voz chorosa horrível: “Ah! Foi tão... humilhante! Nós estávamos jantando e o meu marido passou pelo corredor, por mim, e não virou a cabeça para me olhar! No corredor! Nunca me senti tão...”, é sério, eu ia bater nela. Para ser muito pouco, diria algo como “Querida, você não tem mais o que fazer, não? Vai procurar um serviço! Não posso acreditar que alguém como você possa vir no meu consultório, pagar para eu ouvir que o seu marido não olhou para você, uma vez, no corredor da sua casa, depois de um dia exaustivo de trabalho. Minha nossa, se mata! Quer dizer, eu tenho mais o que fazer!”. Você não me acha uma pessoa adorável? Super consciente e misericordiosa para com os outros e seus sentimentos?É. Sou totalmente sem paciência. Não agüento essas coisas. E, bem, tenho uma teoria de que doença mental é altamente transmissível. Pelo ar. Sério.

4.    Lixeira – Preciso comentar? Ok, todo trabalho é digno, legal. Você acha mesmo que eu – EU – tenho coragem de ficar remexendo no lixo o dia inteiro, e com aquele cheiro maravilhoso no meu narizinho? E, ainda por cima, vestindo aquele uniforme adorável com aquela cor perfeita? Bem, se você acha, vou te dizer uma coisa: eu não.

5.    Babá – Já tive uma experiência com isso. E não foi nada prazerosa – se eu estiver a fim, até posso contar. Eu realmente gosto de crianças. Gosto muito. Só que uma coisa é ir lá e passar uns vinte minutinhos com elas. Depois as mamãezinhas vão e levam seus bebês embora. Outra, muito diferente, é agüentá-los um monte de tempo. Porque lidar com crianças não é fácil. Principalmente com crianças cujos pais têm que pagar babás para cuidar dos filhos. Veja como é fácil fazer a equação: serviço de babá = pais negligentes + crianças mimadas ÷ bagunça × dor de cabeça. Acho que eu só mato elas sufocadas se ficarem me enchendo.

  Bem, então estou aqui, limpando a sala. Céus, como isso é um tédio. E eu ainda não comprei os benditos fones-de-ouvido para ouvir música no meu celular. Isso é tão triste. Além do fato da minha vida ser um tédio total, ainda é uma coisa sem som. Bem, eu poderia ser como a Taylor Swift – Apesar de que ela é loira –, então eu faria minhas próprias músicas, ficaria rica e famosa e namoraria o Taylor Lautner. Se eu soubesse tocar violão. Ou qualquer outra coisa. E tivesse uma voz bonita para cantar. É, aí sim. Juro por mim mesma, quando eu ficar rica vou ter uma empregada para limpar a casa para mim. Ainda bem que sonhar não paga impostos.

  Porque, tipo, eu? Rica? Famosa? Como a Taylor? – ela é incrível, não é? – Arrã. Nem na próxima encarnação.

  Porém, claro, nada de bom – ou saudável – acontece comigo. Adivinha por quê? É, só pode ser vodu mesmo (Sei lá, não dava para ver se a Marta não se livra de uma magia negra dessas?). Pois não havia se passado nem cinco minutos quando minha mãe aparece na sala.

  Ela está com aquele olhar desvairado de louca de novo. Eu já disse que isso me dá medo?

  – JESSICA! VOCÊ NÃO PÔS O LIXO PARA FORA?! NÃO ACREDITO. MAS NÃO FAZ NADA DO QUE EU PEÇO...

  Deus, o que eu fiz para merecer? O quê? É vodu, tenho certeza. Não pode ser outra coisa. Por que outro motivo eu seria tão azarada assim? Feia, pobre, e com uma mãe problemática. Não, tem que ser vodu.

  – Mãe – é, agora eu não estou com calma nenhuma –, eu estava indo lá fora colocar o lixo na lixeira e você pediu para mim vir aqui e limpar essa sala. Agora você me diz que queria que eu colocasse o lixo para fora. O que é que você quer? Porque eu NÃO ESTOU ENTENDENDO!

  Essa foi a PIOR coisa a dizer.

  – Se você fosse mais eficiente, não teria problema! Eu pedi para você fazer uma coisa simples, é só...

  – Umas coisas simples, você quer dizer – eu interrompi. Definitivamente não tenho amor à vida. – Eu não consigo virar duas e fazer tudo ao mesmo tempo. Ou eu faço isso, ou aquilo.

  Sério, eu vi raiva líquida faiscando naqueles olhos.

  – Ah! Mas EU tenho que fazer tudo ao mesmo tempo, não é? Passar roupa, lavar o banheiro, lavar o quintal, tudo. Por que, claro, eu sou a escrava nesta casa.

  Minha nossa, que drama.

  Por fim, eu terminei de fazer. As duas coisas. Não, não me dividi em duas – apesar de que achei que fosse precisar, porque minha querida mãe, além de ser louca, estava pretendendo ME DEIXAR louca.

  Ela ficou irritada todo o resto do dia. E ainda está irritada. Até agora, oito horas da noite. Depois de exatamente DEZ HORAS, ela AINDA está brava e AINDA está brigando comigo. Até agora.

  Como alguém consegue falar incessantemente na cabeça de outro por dez horas? Não me pergunte. Dons paranormais não são comigo.

  E ela realmente ficou o dia todo estourando que nem pipoca. A um mínimo movimento meu, POW!, ela estourava. E recomeçava com a ladainha: “Porque você blábláblá...”, “Olha isso! Quando eu tinha a sua idade e blábláblá...”, “No meu tempo as coisas eram assim e blábláblá...”. Isso enche. Totalmente.

  Mães e suas incansáveis frases de tormento eterno.

  Então, naturalmente, como a pessoa esperta que eu sou, dou um jeito de dormir rapidinho para não ter que ouvir mais nada.

  É claro que não ia durar. Nunca dura. Tenho certeza de uma coisa: o tempo sacaneia comigo às vezes. Não é possível. Eu acabo de deitar, não faz nem CINCO MINUTOS e o infeliz do despertador toca. E eu só dou um salto de dois metros da cama. Como é que ele consegue fazer isso? Assustar a mim desse jeito, todos os dias? Nem em um milhão de anos eu vou conseguir sair ilesa desse barulho irritante me tirando do meu precioso descanso às cinco e meia da manhã.

  Só mais cinco minutos. Eu já vou levantar (existe um mandamento no céu que diz que todos os dias essa criatura vai dizer a mesma coisa? É o que parece). Silêncio.

  O despertador soa novamente, mais alto do que antes, em meu ouvido. 

  O que essa coisa quer, ME MATAR? Pois só pode ser isso.

  Desligo o alarme – ou penso que desligo. Quando a gente está com a cara literalmente PRESA ao travesseiro, uma droga de barulho infernal toca e quase nos faz ter um enfarte cardíaco, e a nossa mão fica que nem louca procurando a origem do som no meio do escuro, com os olhos tão pesados que é impossível ver até o preto do quarto, é meio difícil ter certeza de alguma coisa.

  Céus, como estou cansada. Minha cabeça está pesando um milhão de quilos...

  Bocejo e viro de lado, o braço embaixo da cabeça. Vou dormir só mais um pouquinho...

  Triiim! Ele toca novamente. Eu devia saber que não ia ser tão fácil assim para ele me deixar em paz. Ao que parece, tirou o dia para me irritar.

  – JESSICA! LEVANTE DESSA CAMA AGORA MESMO! SÃO SEIS E VINTE! VOCÊ VAI CHEGAR ATRASADA NA ESCOLA!

  Minha nossa! Seis e vinte da manhã? Mas eu tinha certeza que ainda era cinco horas... O relógio acabou de tocar... NÃO PODE SER TÃO TARDE!

  É, é realmente tarde. E eu tenho plena certeza de que até os objetos inanimados estão contra mim.

  Deus, por que essas coisas só acontecem comigo?

  Levanto aos tropeços – lembrete: você deixou o seu sapato jogado no meio do quarto, tente não tropeçar nele e meter o pé na ponta do guarda-roupa –, e tropeço nos sapatos que eu deixei jogados pelo meio do quarto, tateando às escuras procurando o bendito interruptor, mas a única coisa que encontro – mais precisamente, meu pé encontra – inevitavelmente, é a ponta do guarda-roupa. Que faz picadinho dos dedos da Jessica.

  Agora onde é que está o meu uniforme, mesmo? Abro o guarda-roupa. Opa, esqueci. Eu não o arrumei essa semana, o que significa: uma enorme avalanche de roupas cai em cima de mim.

  – Ahh!!! – eu grito. Minha mãe escolhe bem esse momento abençoado para entrar no meu quarto.

  Imagine a situação: minha querida mãe e seu gigantesco posso de compreensão sobre as causas não-explicadas do porque garotas não conseguem manter seus guarda-roupas arrumados – sério mesmo, isso é impossível – entra no quarto e encontra a) uma menina estatelada no chão, como uma idiota; b) um monte de roupas em cima dela; c) coisas espalhadas de forma incrivelmente desorganizada pelo chão; d) um despertador tocando igual a um galo enlouquecido de manhã cedo (É, o despertador ainda estava TOCANDO).

  O que ela fez? Xingar? Não. Ela queria é me matar. Começou a gritar parecendo uma louca fugida do hospício falando que eu não servia nem para limpar o meu quarto, e que ela ia me bater até arrancar o meu couro.

  – Eu não mandei você arrumar o seu quarto, Jessica?

  – Sim, mãe, mas...

  – Quieta! Agora eu é que vou falar. Você não dó da sua mãe, não é mesmo? Parece que não. Sempre deixa tudo para eu fazer. Eu limpo a casa, arrumo tudo, e tenho que arrumar até o seu quarto?

  – Não mãe, você não...

  – Páre de me interromper! – e eu me pergunto: se ela pergunta as coisas é para você... Ficar em silêncio, isso mesmo; – Você deveria ter vergonha, Jessica, da bagunça que é o seu quarto! Uma moça da sua idade...

  Sabe quando você olha sua mãe falando e falando e falando e não está nem um pouco a fim de escutar? Vou te dar uma dica: não escute. Eu faço assim. É como na tevê, quando a gente aperta o botão “mudo” e só vê as imagens mexendo as bocas.

  E minha mãe fala. Blábláblá, Jessica, blá. É isso o que eu ouço.

  Não seria tudo mais fácil se as mães viessem com o botão de desligar?

  Blábláblá, você, bláblá. Eu tenho que comprar o novo CD da Taylor Swift. Quando é mesmo que ele vai sair aqui?

  – Não é mesmo, Jessica?

  Cena: Eu, cara de total compreensão e concordância.

  – É, mãe. Você tem razão.

  Meu cérebro, “O que será que vai cair na prova de geografia hoje? O QUE A GENTE ESTÁ ESTUDANDO EM GEOGRAFIA?

  Falação. Vou levar uma advertência por chegar atrasada hoje na escola. Será que a Cynthia fez os exercícios de gramática?

  – Concorda?

  – Totalmente – respondo. Essas frases automáticas são o máximo.

  – Não era para você responder! – nunca vou entender isso. – ...está me entendendo? – ameaça minha mãe.

  Bem, o que ela estava dizendo mesmo? Não faço idéia. Mães dizem taaaanta coisa...

  – Fiz uma pergunta, Jessica!

  Ah, agora é para eu responder? E eu é que sou a louca aqui (de quem você acha que herdou isso? Do seu cachorro?). Pela noningentésima vez: cale a boca!

  Eu saí correndo pelo corredor, com a mochila aberta nas costas, e ainda ajeitando o uniforme no corpo. O que você queria que eu fizesse? Minha mãe estava tendo outro ataque. E seu eu quero me manter viva – e com certeza eu quero, mas o que adianta estar viva e sem as pernas? –, saio de lá imediatamente. Você já apanhou de mangueira? Dói. Dói mesmo.

  É que a minha mãe tem oscilações muito inconstantes de humor. Tipo, ela tem TPM – isso dura mais ou menos uma semana ou duas, não é? – em que tudo a irrita. Depois tem o período durante a menstruação, em que ela fica ainda mais irritada. Depois tem o curto estágio pós-menstruação, ou seja, estresse total. Então sobram os momentos de alegria que são... É, não tem isso, não.

  Precauções - Manual do Proprietário:

1.    Conservar sempre em local limpo, fresco e arejado, longe de cartões de crédito.

2.    Mantenha fora do alcance de crianças.

3.    Cuidado! Produto altamente inflamável!

4.    Em caso de TPM (Tenso Período Mensal), permanecer a uma distância mínima de 100 metros.

5.    Tenha um sedativo sempre ao alcance.

OBS: Verificar o marcador de humor a cada cinco minutos. Em caso de defeitos técnicos, ligue para o SAC: 0800-CONSERTE-SUA-MÃE.

  AH! Como seria fácil...


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Notas finais do capítulo

Eaí, o q acharam? Mereço reviews? Indicações? Ahhh, quase esqueci, thank you very much Maria Júlia pela sua recomendação. Fiquei feliz pakas... BeiiJoOsSsS...
Miss Doll