Não Pare a Chuva escrita por sheisbia


Capítulo 9
Capítulo 9 - Eu costumava te odiar


Notas iniciais do capítulo

"Let this world explode" (My Chemical Romance_ Na na na)



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    Não foi difícil encontrar Julie, ela estava com um vestido laranja bem claro e curto colocando um chapéu de aniversário em Georg na entrada do shopping.
    — Ficou um bebê — eu disse, chamando suas atenções e os cumprimentando em seguida. — Vai usar isso hoje?
    — A noite inteira — respondeu Julie. — Ficou muito fofo!
    — Isso é tortura. Tá aí porque festas são tão chatas! — disse Georg.
    — Por isso que viemos aqui, não é uma festa — eu sorri. — Mas por que ele tem que usar isso?
    — Nós fizemos uma aposta, ele perdeu — Julie disse com um sorriso nos lábios.
    — Qual era a aposta?
    — A aposta é meio secreta, mas se eu perdesse eu teria que vir com as roupas dele — ela me observou bem e riu. — Eu não sabia que você também tava apostando, Nikky!
    — Nem me fale, preciso devolver essa blusa logo.
    — É do Tom? — perguntou Georg.
    — Sim.
    — O que tá fazendo com a blusa dele?
    — Ele me emprestou porque eu tava com... frio. — Eu sabia que ninguém acreditaria.

    Os dois trocaram olharem sem precisarem dizer nada, pensavam que algo mais tinha acontecido ou algo do gênero. Penny não demorou muito pra chegar e levou Gustav, o que me fez ficar plenamente feliz.
    — Eu não sabia que você ia vir — o abracei.
    — Eu também não sabia — ele disse. — Tem algum problema eu ficar? — ele olhou para Georg.
    — Claro que não! — ele respondeu.
    — Vocês estão... melhores? — eu murmurei para que apenas Gustav e Penny ouvissem, eles assentiram com a cabeça e ela sorriu.

    Bill e Tom chegaram em seguida, não sei porque mais meu rosto abriu um sorriso contra minha vontade ao vê-los.
    — Faltou roupa na sua casa? — Bill perguntou para mim, confuso. Todos riram.
    — Não, pior que isso — eu tirei a blusa e joguei-a nos braços do Tom. — Muito obrigada, eu não aguentava mais ver isso no meio das minhas coisas!
    — Arram, tanto que até agora não tinha me devolvido, né? — ele sorriu de lado.
    — Não tive escolha.
    — O que você tá fazendo com a blusa dele? — Bill perguntou.
    — Ela roubou.
    — Mentiroso — eu sorri sem graça. — Ele me emprestou.
    — Eu não vou ficar segurando a blusa — ele já vestia uma, igualmente grande. — Segura, depois eu pego — ele piscou.
    — Tá brincando? Eu carreguei essa blusa até aqui e vou ficar segurando?!
    — Eu não pedi pra você trazer. Veste, ficou uma gracinha.

    Eu bati em seu ombro, indignada. Entramos todos no shopping e eu não tive escolha a não ser vestir a maldita blusa. Sorte, estava frio.
    Andamos pelo shopping durante um bom tempo, um pouco mais que meia hora. As pessoas olhavam confusas para nós, afinal, Georg carregava um chapéu infantil na cabeça e eu estava "fantasiada" de rapper! Enfim decidimos ir comer alguma coisa, escolhemos uma mesa grande e todos se sentaram e continuaram a conversar. Bill, Penny e eu pegamos os pedidos; eram muitos.
    — Vocês podiam comer menos, hein! — eu disse, colocando a bandeja com os lanches na mesa e sentando na cadeira em seguida. — É o McDonalds, não é um restaurante.
    — Desse jeito você vai ser demitida, garçonete — disse Tom.
    — Ha há — eu o encarei brava.
    — O cliente tem sempre razão — Gustav sorriu e pegou o seu lanche.
    — Garçonetes não vestem roupas dos clientes. — Eu disse.

    Comer foi definitivamente a parte mais divertida do nosso encontro. Bill e Gustav já se conheciam mas dessa vez conversaram mais e juntos me zoavam até cansar e por qualquer motivo. Mas Tom e suas piadas sobre o Georg venciam. Estava tudo saindo muito bem, obrigada. Até Julie propor irmos ao cinema, nada de errado, claro, até Tom sugerir o filme.
    — Eu não gosto de filmes de terror — eu disse. — Que tal outro?
    — Qual o problema? Medo? — Julie perguntou séria.
    — Eu só não gosto, podemos escolher outro? — eu disse, olhando os cartazes. — Que tal esse de comédia? — apontei para um.
    — Por mim tudo bem — disse Georg, me confortando.

    Julie pegou a fila dos ingressos enquanto esperávamos em um banco. Não demorou muito até ela voltar com as mãos vazias.
    — Nikky, esse filme só tem até às sete, são oito e meia agora — ela disse.
    — E qual mais que tem pra esse horário? — perguntei.
    — Só aquele de terror.

    Bill me encarou, ele era o único que sabia que eu não me dava muito bem com esse tipo de filme. Sim, eu tinha medo, não gritava nem nada, mas eu ficava com as partes assustadoras na mente e achava que uma assombração me seguiria por todo o lado. Todos decidiram assistir o tal filme e eu recusei ir, mas mesmo assim decidi entrar na sala. Sentamos no fundo, na seguinte ordem: Penny, Gustav, Bill, Julie, Georg, eu e Tom. Tive que sentar no meio dos dois engraçadinhos para poupar as piadas durante o filme.
    Quando o filme começou, eu suspirei e apoiei a cabeça na poltrona, Tom me fitou com um sorriso mas permaneceu calado. No meio dos trailers a pipoca já havia acabado, dividir algo com Tom era mais difícil do que eu pensava, brigamos um pouco pelo refrigerante também. O filme havia começado e eu desisti de assistir, me retirei antes que as luzes se apagassem completamente.
    Eu saí da sala e não demorou muito até Tom e Georg virem atrás de mim. Eu estava sentada em uma cadeira no corredor da saída.
    — Aconteceu alguma coisa? — Georg perguntou.
    — Não, eu não tô me sentindo bem. Acho que vou embora.
    — Tem certeza?
    — Tenho.

    Eu retirei uma caixinha da bolsa e entreguei-a para ele.
    — Toma, o Bill me contou que você gostava, então... — Era um CD novo de uma banda, um CD muito caro. Eu o abracei. — Feliz aniversário.
    — Obrigado — ele sorriu.
    — Você vai voltar sozinha? — Tom perguntou.
    — Não se alguém me levar — eu sorri falsamente meiga.
    — Isso é um pedido?
    — Claro que não!
    — Então não levo.
    — Ótimo. Deve ser bem legal me irritar, não é?
    — É sim, sua expressão de ódio é impagável — ele sorriu de canto e eu comecei a caminhar sem muita paciência, ele desistiu rápido. — Espera, eu te levo. — Ele bufou e eu sorri vitoriosa.

    Tom estava com a chave do carro do Bill, então não teria problema algum. Georg avisaria que ele iria me levar e ele daria um jeito de voltar pra casa sozinho, ou não. Entramos no carro e ele começou a dirigir, eu estava ao seu lado e por sua expressão de raiva não quis encará-lo.
    — Por que você gosta de estragar as coisas? — ele perguntou calmo.
    — O que eu fiz agora?
    — Eu tenho que responder isso mesmo?
    — Claro. Eu só não quis assistir o filme, eu sou obrigada a assistir?
    — Não quis porque não era o filme que você queria e não foi como você queria.
    — O quê?!
    — Podia ter ficado lá.
    — Tom, eu não te obriguei a me trazer, se quiser pode parar o carro e voltar pra lá — eu disse séria.
    — Não faz muita diferença agora.
    — Era só um filme, mas que ódio! Eu compro outro ingresso pra você, satisfeito?
    — Não tô nem aí pro filme, só achei imaturo sair de lá só porque não era o filme que você queria.
    — E qual o problema nisso? — Eu tirei a blusa dele e fiquei realmente envergonhada por estar com uma tão colada por baixo, deveria ter ficado com ela.
    — Esquece.
    — Para o carro.
    — O quê?
    — Vai, para. Eu não aguento mais você me enchendo o saco.
    — E você vai voltar sozinha? Bem responsável mesmo!

    Eu fiquei quieta, não disse mais nenhuma palavra e me importei até ao ponto de minha própria respiração não fazer grande barulho. Ele fez o mesmo durante todo o caminho. Quando chegamos, eu deixei a blusa no carro e saí andando. Ele saiu também e me seguiu, apenas nesse momento decidimos quebrar o silêncio.
    — Nin, espera — ele disse.
    — Pra quê? Pra você ficar me criticando de novo? Não, obrigada.
    — Eu...
    — Eu nada! — parei de andar e virei-me em sua direção. — Eu tinha esquecido como era insuportável te aguentar, mas já lembrei. Você já pode pegar suas coisas e ir embora, porque sinceramente eu não faço questão de...

    Antes que eu terminasse um sorriso completamente irônico surgiu em seu rosto enquanto seus olhos miravam o chão, me deixando confusa. Ele levantou o olhar e iniciou passos curtos em minha direção enquanto eu ainda falava, eu só me lembro que a última coisa que eu consegui dizer foi "eu te odeio". Depois disso ele aproximou de mim e me prensou na parede, ao ponto que eu pudesse sentir os movimentos do seu corpo ao respirar, e ainda com um sorriso malicioso, ele aproximou seus lábios dos meus e me beijou. Eu juro que tentei resistir e reagir nos primeiros cinco segundos levando minhas mãos ao seu ombro e o empurrando, mas ele era mais forte. O meu sangue parecia correr mais rápido enquanto nossas línguas encaixavam-se perfeitamente, senti um frio na barriga quando suas mãos deslizaram por minha cintura e finalmente correspondi completamente ao beijo.
    Não consegui me afastar dele por um segundo sequer, como se realmente existisse uma ligação forte entre nós, o que eu pessoalmente não acredito. Pura atração, ao meu ver. Só me lembro de seu rosto se afastando do meu e uma expressão séria me encarando.
    Eu me afastei com um olhar confuso e balancei a cabeça negativamente. Eu não sabia mais o que dizer e uma raiva se apoderou de mim só ao imaginar o quanto eu podia me arrepender. Eu empurrei suas mãos que anteriormente me prendiam.
    — Boa noite. —  Eu disse ríspida, dei as costas e comecei a caminhar.

    Ele não insistiu em me chamar dessa vez. Eu andei até a porta de casa e, para facilitar a minha vida, estava apenas encostada, portanto entrei o mais rápido possível. Sorri debilmente e mordi o lábio ao relembrar de tudo. Eu parecia uma criança que acabara de receber um brinquedo novo de tão boba. E contente.


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Notas finais do capítulo

Ok, esse capítulo foi GIGANTE, teve um beijo e foi postado rapidinho, então eu quero muitos reviews por isso, ok? HAHAH Mas sério, espero que tenham gostado e me digam o que acharam, tô com medo de vocês odiarem :(