Eu estava com um sorriso estampado no rosto, não era exatamente de felicidade e sim de satisfação. Ainda era cedo, o sol estava forte iluminava toda a cidade. Minha mãe estava tão satisfeita quanto eu, sabia que eu seria responsável enquanto ela estivesse fora, o que não era muito tempo.
    — Você está bonita — eu a elogiei, ela realmente estava.
    — Eu já disse que eu não vou te dar dinheiro — rimos juntas. — Não sei se eu deveria mesmo deixar você sozinha...
    — Mãe, é só um dia. Por que não deixa de se preocupar e se diverte lá?
    — Não me divirto quando estou preocupada.
    — Não fique preocupada, simples. Você vai voltar amanhã de noite, não tem nem pra que ficar tão nervosa.
    — Está certo... — ela colocou uma mala no carro e entrou. — Nikky, não traga ninguém para a minha casa enquanto eu estiver fora.
    — Mãe! — soltei um grito. — Não vou fazer nada disso, você sabe.
    — Tudo bem então.
    — Diga para a vovó que eu estou com saudade e vou visitá-la logo.
    — Não me faça mentir para a sua avó.
    — Você não vai — eu me aproximei da janela do carro. — Vou visitá-la logo, é sério.
    — Espero que isso seja verdade.
    — É sim, mãe. Ah, hoje a noite eu vou sair com a Penny, então não atenderei o telefone.
    — Por que não me falou antes?
    — Eu estou falando agora, qual o problema? Mãe, você vai se atrasar se continuar aqui.

    Ela me olhou séria e respirou fundo, ligou o carro e novamente me olhou, desta vez com um ar meigo.
    — Até logo, se comporte, Nikky.
    — Até, mãe.

    Me afastei do carro e ela seguiu, acenei com a mão até ela virar a rua e o carro não ser mais visível. A rua continuou deserta e sol estava realmente esquentando-me, eu sentei na calçada e fiquei por alguns longos minutos já que não tinha o que fazer.
    Lembrei-me que teria que devolver a blusa do Tom que já havia lavado, não que fosse preciso, pois a blusa ainda tinha o seu atraente perfume, mas havia se misturado com o meu. Aliás, perfumes e cheiros sempre foram, para mim, algo encantador.
    Eu aproveitei a tarde para ir até a casa dos Kaulitz e devolver a blusa, no entanto, apenas Gordon estava lá. Eu conversei com ele um pouco e disse que voltaria depois. Tive uma breve esperança de ver os gêmeos juntos para conversar, mas realmente durou pouco. Gordon não dissera onde Simone estava, nem mesmo onde Bill e Tom haviam ido, certamente saíram juntos.
    Voltei para casa cedo e aproveitei o resto do dia ouvindo música.
    A noite chegara tão rápido que nem eu mesma havia percebido. Uma mensagem da Julie que me lembrou sobre a tal festa, liguei para ela em seguida para confirmar o lugar e ela acabou me contando que levaria Georg, pois o amigo com quem ela iria estava doente. Eu concordei em levá-lo e encerramos a conversa falando sobre o que todos haviam feito depois que eu partira na conversa do dia anterior, fiquei sem resposta exata, ela disse que iriamos conversar na festa.
    Me arrumei logo, Penny e Gustav me levariam. Creio que ainda não falei sobre Gustav, ele era meu amigo há algum tempo, até eu apresentá-lo para Penny e formar um casal sem querer. No entanto, eu estava simplesmente feliz por ver meus amigos juntos. Enfim me arrumei e comi algo rápido, minha mãe me ligou apenas uma vez para dizer que chegara bem.
    Finalmente eu estava pronta, apenas esperando para que os pombinhos chegassem, o que não demorou muito então também fomos logo, sem delongas.
    — Por que não buzinou mais? Nem ouvi direito — disse entrando no carro, fui irônica, claro.
    — Desculpa Nikky — Gustav disse, sorrindo. — Foi a Penny.
    — Que mentira! — ela gritou, rindo.
    — Certo, vamos logo — Fingi estar séria, o que não funcionou muito.

    O céu já estava repleto de estrelas e a lua estava graciosa. O lugar não era longe nem perto, ficava em um local onde eu apostei que não teriam muitos adolescentes da escola, eu me enganei. Durante a viagem até lá eu não falei muito, apenas observei como os dois se comportavam, eram bem calmos e quase não brigavam. Eu nunca tive um namorado, mas tenho certeza de que não me comportaria como Penny se tivesse, eu era muito complicada de lidar.
    Chegamos rápido, o cheiro de bebida e cigarro foi notado assim que entramos, a música era alta e o lugar era iluminado somente pelas luzes especiais, ou seja, não enxergamos muito. Assim que entramos, encontramos Livia e Julie conversando em canto junto a um garoto, não foi difícil achá-las, não é difícil achar a Olívia em lugar algum.
    — Aproveitando sem a gente? — eu perguntei, chamando a atenção delas.
    — NIKKY! — Livia sorriu e me abraçou, cena.

    Cumprimentamos todos e Julie disse que seu irmão havia saído de perto dela há alguns minutos, ela também fez o favor de me explicar quem era o tal rapaz, Luke, o novo "amiguinho" da Livia. Penny e Gustav ficaram pouco tempo conversando e depois saíram de perto, sabe-se lá onde foram. Livia também saiu para dançar com seu amigo e deixara seu copo comigo, estava cheio. Provei um pouco e não soube dizer o que era, eu não bebia com frequência e não me atraia por isso.
    — Fomos abandonadas — eu disse, tomando um pouco.
    — Acho que não somos muito importantes — ela brincou, rindo.
    — Nem um pouco! Você não vai dançar?
    — Eu não sei dançar muito bem.
    — Ah, vamos lá! Tenho certeza que ninguém aqui sabe.
    — Acho melhor não. Vamos tentar achar o meu irmão, que tal?
    — Tudo bem, aí eu aproveito e acho um amiguinho pra você também.

    Rimos juntas.
    — Me recuso a ficar com alguém aqui — ela respondeu.

    Andamos juntas, passando por todas aquelas pessoas. Devo dizer que era quase impossível se comunicar no meio de tudo aquilo e andar também, o lugar estava cheio, não de uma forma exagerada, apenas cheio. Não demoramos muito até achar Georg, pois Julie acabou esbarrando em um garoto que estava com ele. Naquele momento, por uns dez segundos, acreditei mesmo que o destino estava sendo irônico: O tal garoto era Bill, e junto a ele estava Tom. Se não era destino, era perseguição.
    — O que estão fazendo aqui? — perguntei.
    — Te seguindo, o que você acha? — disse Tom com certa ignorância que me irritava.
    — É o que tá parecendo mesmo!
    — Eu que chamei eles, Nikky, foi mal — disse Georg.
    — Não, não tem problema.

    Lá se foi o destino, estava explicado. O amigo de Penny chamou ela, que me chamou e eu chamei a Julie, que chamou o Georg que chamou Bill e Tom. Simples, só espero que eles não tenham chamado mais ninguém. Eu acho que Julie não havia percebido, mas os garotos estavam de olho em um grupo de meninas ao lado. Com exceção do Bill, que sempre se perdia ao ver Julie.
    Conversamos bem pouco e logo Georg novamente fugira, dizendo pra irmã que iria falar com um colega, se fosse verdade ele poderia ter trazido outro amigo, o que me deixou irritada pela simples possibilidade dos amigos de Georg serem os mesmos dos Kaulitz, eu os detestava. Um deles era Matt, tinha uma personalidade parecida com a de Tom, mas era completamente relaxado. No entanto, era um dos garotos mais bonitos que eu conhecia, se não o mais.
    — NIN! — Bill dera um grito em meu ouvido, me despertando daqueles pensamentos. — O que foi?
    — Nada, eu tô bem — vi Julie reclamando algo sobre o irmão bem baixinho, vi que ela sentia ciúmes dele e não era pra menos.
    — Tom, posso falar com você? — eu disse perto de seu ouvido para que ele pudesse ouvir sem a música atrapalhar.
    — Pra quê? — ele também estava com um copo na mão e bebia.
    — É importante.

    Segurei em seu braço e o arrastei pra bem longe, deixando os dois em paz para poderem se conhecer. O que era isso tudo? Eu tinha virado cupida ou o quê?! Isso não é algo que eu costumo fazer, mas Julie e Bill pareciam tão ligados que seria maldoso não deixá-los sós. Pelo menos alguém teria uma noite feliz.