Solidão

Para um cara que tinha amigos, família, mulher... Eu não estou nada bem.

Vou contar minha história, depois da quase-guerra com os Volturi...

Eu fazia piada com todos e todos se incomodavam com isso. Eu ria muito da cara das pessoas para saber quando parar...

Em um único momento, perdi a amizade de todos os meus amigos e minha amada.

Estávamos todos, as duas matilhas (menos Seth, que estava na faculdade) e suas mulheres, na nova casa que eu comprei para mim e Rachel.

Tudo indo muito bem, até que eu, como já estava bêbado, comecei com as piadas idiotas.

- O Sam é o nosso garanhão... - disse eu, rindo.

- Paul... - alertou Rachel.

- Ele pegou a gostosa da matilha... - disse eu, gargalhando.

- Olhe como você fala da minha mulher, imbecil! - sibilou Embry.

- Calma, amor - disse Leah - Ele está bêbado...

- Não importa, ninguém fala assim de você! - Embry começou a levantar-se, mas Jacob e Quil o seguraram.

Ninguém mais ria, apenas me olhavam como se eu estivesse louco.

- E a priminha recatada... - eu praticamente uivei de rir.

- Cale a boca, Paul - disse Jared, enquanto Sam rosnava para mim.

- E você, que se casou com a feiosa apenas pelo bebê? - gargalhei.

- Cale a... - começou Jared.

- Você sempre a chamou assim antes da transformação! Só está com ela por causa da família e do imprint - disse eu.

- Paul, você já passou dos limites - disse Jacob.

- Ah, Jacob, você... Você está aproveitando a filha? Não conseguiu pegar a mãe e agora está com a filha... Ou melhor, conseguiu e não conseguiu... Hã, você colocou uns bons chifres na cabeça do sanguessuga, não foi?

- Paul, eu só não vou quebrar a sua cara, pois você é meu amigo e está bêbado... - disse Jacob se contendo.

- Pare com isso, por favor - sussurrou Renesmee.

- A híbrida... "O feto"... "A coisa"... Era assim que chamávamos você, enquanto matava sua mãe antes de nascer... - ri mais alto ainda.

Renesmee começou a chorar e Embry, que me fuzilava com os olhos, Quil e Jared foram segurar Jacob.

- Chega Paul - disse Quil.

- Você, o pedófilo... - disse eu, uivando de tanto rir.

- Já chega, Paul! - gritou Rachel.

Eu nunca vi Rachel tão nervosa.

- Você é tão idiota! Pare com isso! Eles são seus amigos!

- Rachel... - disse eu, mais sóbrio.

- Desculpa, gente - disse Rachel, para todos.

- Não tem problema, Rachel - disse Quil - Você não fez nada, nós entendemos...

Todos murmuraram concordando.

- Acho melhor nós irmos... - disse jacob, mais calmo.

- Hum... Ok... - murmurou Rachel.

- Você é um idiota... Mané... Otário... - disseram os meus amigos ao saírem.

Rachel virou-se para mim, chorando de tristeza e raiva.

- Você é horrível! Não quero mais ficar com você! Vou embora dessa casa hoje! - gritou Rachel.

- Amor... - disse eu, mais sóbrio.

- Amor, nada! Você me envergonhou muito! Não quero falar e nem te ver mais! Para mim já chega!

Ela correu para o nosso quarto e eu fui atrás dela, mas ela trancou a porta.

- Amor, por favor... - comecei.

Ela me ignorou e eu pude ouvir o barulho de um zíper se fechando. Era o som de sua mala de roupas sendo fechada...

Ela abriu a porta e passou correndo por mim, mas eu consegui segura-la antes dela partir.

- Rachel, desculpe-me... - falei chorando.

- Não - disse ela, chorando.

- Eu vou melhorar...

- Não, você não vai. Você sempre foi assim, só eu que não vi isso antes...

- Por favor, amor...

- Desculpe, mas não.

- Eu te amo...

- Eu, também, amo, mas você não me deixa escolha.

- Eu prometo mudar, Rachel...

- Não prometa...

- Não vá...

- Eu tenho que ir...

- Você não pode...

- Se você me ama, deixe-me partir - disse ela, com tristeza.

Fiquei sem nada fazer por alguns instantes, mas, quando percebi que não tinha mais jeito, soltei lentamente seu braço macio.

- Obrigada por entender - disse ela, afastando-se.

Quando ela saiu de casa, nada mais me restava à não ser chorar calado.

Depois daquele dia, ninguém nem queria mais olhar para a minha cara. Eu passava e ninguém nem ao menos me cumprimentavam. Passava o dia em casa ou rondando as florestas de La Push a procura de vampiros... Sozinho.

O único que voltou a falar comigo foi o Sam, afinal, ele também estava solitário.

- Desculpa, Sam. Eu não queira ter ofendido ninguém. Eu fui um idiota naquele dia...

- Não precisa dizer mais nada, irmão. Eu sei que não teve culpa e eu sei como é estar sozinho...

- Você me desculpa, então?

- Sim.

Nós nos abraçamos e ficamos conversando sobre nossas vidas por um bom tempo.

Emily, que me odiava por eu ter-la feito passar vergonha, veio até minha casa para me encher o saco.

Era quase de noite, eu estava em casa, deitado no sofá, quando Emily chegou.

- Você não é uma boa amizade para o Sam! - disse Emily.

- Como assim? - perguntei, levantando-me.

- Quer mesmo que eu responda?

- Sim.

- Você nunca foi boa amizade para ninguém, para ser sincera. Você não passa de um idiota que fica ainda mais idiota, quando bebe... Um bêbado inútil...

- Isso não é verdade! - gritei.

- É sim! - gritou ela.

- Eu...

- Se não fosse um inútil, Rachel não teria te deixado!

Com essa, eu fiquei completamente mudo. Não tinha o que falar em relação a isso.

- Eu nada, você tem que se afastar de Sam!

- Mas...

- Você quer transforma-lo em um vagabundo igual a você?

Aquelas palavras me deixaram tão impotente, que cai com o tapa que ela me deu.

- Você não serve para ficar perto do meu marido! Você pe um lixo que precisa ser descartado ou ignorado... - disse ela, chutando a minha perna.

- O que eu fiz para você ficar com tanta raiva de mim?

- Você ousou tocar no meu nome naquela noite estúpida! E você... Não importa! Você é um nada e nunca passará disso! - disse ela, preparando-se para me socar.

- Pelo menos, ele não é uma pessoa que rouba o noivo da prima. Ele não é uma vadia desgraçada como você! - sibilou Rachel, pulando nas costas de Leah e puxando-lhe os cabelos.

Jacob e Quil foram tirar Rachel de cima de Emily e Nessie e Claire tentavam acalmar o local.

- Desgraçada! Ninguém fala assim do meu marido! - gritou Rachel, tentando libertar-se de Jacob e Quil.

- Ora, cale-se! Você sabe que o que eu disse era tudo verdade! - disse Emily.

- E você continua sendo uma vaca sem-vergonha! - sibilou Rachel.

- Rachel! Eu não esperava isso de você! Você prefere esse canalha a mim? - sussurrou Emily.

- Sim! E com muita vontade! - gritou Rachel.

- Eu não acredito... - murmurou Emily, chorando.

- Vá embora daqui já! - rosnou Rachel.

Emily olhou para todos presentes com raiva e tristeza e se foi.

Rachel correu para perto de mim e colocou minha cabeça em seu colo.

- Como sabiam que eu precisava de ajuda? - perguntei.

- Jacob, Nessie, Quil e Claire vinham ver como você estava e viram Emily. Daí deduziram que ela não estava fazendo boa coisa, então, me chamaram e eu vi aquela vagabunda batendo em você, o que me causou uma grande revolta.

- Obrigado por me salvar, eu não sei o que aconteceria comigo se você não tivesse chegado com os garotos. Alias, vocês vinham saber como eu estava? - perguntei.

- Sim, nós pensamos direito e percebemos que não falou nada daquilo por maldade, afinal de contas, você estava bêbado - respondeu Nessie.

- Bom, mais uma vez, desculpa, gente - disse eu.

- Não tem de que, Paul - disse Jacob.

Olhei intensamente nos olhos de Rachel e ela retribuiu com a mesma intensidade, só que em seus olhos havia compreensão e solidariedade.

- Bom, acho melhor deixarmos os pombinhos se acertarem... - disse Quil.

- É, não queremos ver a paixão do casal... - brincou Jacob.

- Tchau, galera - sussurrei, sem perder o contato visual de Rachel.

- Tchau, meninos - disse Rachel.

Então, eles se foram e só restara Rachel e eu.

- Perdoe-me... - murmurei.

- Depois de ver você apanhando de uma garota, eu percebi que não posso deixar você... Você não dá conta, sozinho... Você precisa de mim... - murmurou ela.

- Sim, eu preciso...

- E é por isso que...

- Que...

- Eu vou ficar...

- Isso é tudo o que peço e que preciso - disse eu, ignorando as dores e partindo para um longo beijo de reconciliação com a minha amada.

Aquela foi uma noite, não só para mim quanto para Rachel, inesquecível.

Depois daquela noite, eu voltei as boas com o resto do bando e tudo voltou a se normalmente perfeito.

Eu passaria o resto da minha vida desfrutando de minha amada e rindo com meus amigos... E, é claro, sem brincadeirinhas tolas e bebedeiras...