Sacrifício escrita por Jacqueline Sampaio
O silencio era quase tangível, pelo menos para Isabella, mas ela sabia que os outros estavam à espreita. Manteve a postura firme ante o olhar perscrutador de Lorde Cullen.
Edward estava perplexo. Acreditou que, após dispensar os observadores, Isabella cederia às regras de etiqueta e se curvaria diante de sua presença, mas ali estava Isabella na mesma postura arrogante, olhando-o de forma desafiadora. Ao invés de se sentir insultado e aborrecido, Edward experimentou certa excitação. Levantou-se e, lentamente, contornou a figura feminina. O cheiro de Isabella era adorável como pôde constatar e era sem duvida a humana mais bela que já esteve diante dele. Mas não era exatamente a beleza e perfume que o atraiam. Era aquele olhar profundo cheio de ira e malicia.
-Não se curvará para mim, humana? –Sussurrou ao pé do ouvido de Isabella. A mesma estremeceu, mas tentou segurar as sensações que a assaltaram com tal proximidade.
-Se está esperando por tal ato, Lorde Cullen, é sortudo por ser uma criatura imortal assim não morrerá em espera. –E dizendo isso soltou um sorriso de mais puro escárnio. Edward enrijeceu ao ver o comportamento de Isabella, pois nunca ninguém, humano ou vampiro, ousou fazer tal expressão. Assumiu uma expressão facial de desgosto que não era possível ser vista graças a mascara que cobria sua face.
-Quanta ousadia de sua parte! Seu pai, Lorde Swan, sempre foi bem ponderado. Ele possui conhecimento de meu poder, mas você...
-Eu não sou fraca como meu pai, eu não cedo a nada. –Isabella caminhou lentamente e ficou bem próxima a figura do Lorde Cullen. Edward ergueu a mão coberta por uma luva e tocou o queixo de Isabella tão rápido que a mesma não pôde se desviar do toque.
Isabella notou a frieza da mão que tocava e erguia seu queixo. Por detrás daquela mascara alva existiam dois olhos rubros que a fitavam com ira. Ela estremeceu, o olhar era algo que nunca havia testemunhado.
-Eu já estive diante de humanos como você, humanos que se fingiam de fortes, humanos que destrocei e tive o privilegio de ver o horror em seus rostos antes do fim. –Edward disse com a voz suave.
Claro que as palavras daquele ser fizeram Bella estremecer, os olhos fitavam os orbes rubros por detrás da mascara. Edward sorriu satisfeito e notou, tardiamente, algo. Olhou fixamente para Bella, esperava ouvir em seu pensamento a palavra “monstro” como sempre ouvia dos humanos intimidados por ele, mas nada ouviu.
“O que? Como...?” –Questionava-se, atônico. Não era possível que a figura diante de si não estivesse pensando em nada.
-Diga-me, o que está pensando? –Exteriorizou seu desejo de saber. Viu Isabella lançar um sorriso estranho, uma combinação de malicia, ódio, nojo.
-Estou pensando... Que criatura deprimente é você, Lorde Cullen. Um mísero subalterno dos Volturi que até mesmo para se alimentar deve pedir permissão. –Falou debochada reprimindo uma gargalhada. Edward se enrijeceu. Isabella ficou satisfeita com a reação do vampiro. Este abaixou a mão que antes erguia o queixo de Isabella, a posição de choque. Ousadamente Isabella ergueu a mão e tocou a fronte do vampiro por cima da mascara.
-Ah, está chocado com minhas palavras, elas a magoaram? Eu não creio que sinta minhas palavras neste corpo de pedra. Um mero objeto inanimado como é... Escute Lorde Cullen o aviso que venho trazer: se me desposar se arrependerá amargamente.
-Está me ameaçando HUMANA? Com medo de que lhe aconteça o mesmo que aconteceu as outras? –Edward disse entre dentes. Para sua surpresa Isabella sorriu docemente, algo que não lhe era característico.
-Eu não temo o futuro que me espera ao seu lado caso eu seja a escolhida. Eu até anseio por isso. Eu o farei pagar por todas as atrocidades que cometeu. Eu encerro este encontro. –E dizendo isso Isabella seguiu para a grande porta.
-Eu não lhe dei permissão para virar as caras e ir. –Disse. Inútil. Isabella rompia porta afora. Enquanto uma triunfante mulher deixava o local, certa de que agira da melhor forma, um vampiro colérico olhava para o caminho feito pela humana de perfume tentador.
Emmett, seu irmão, foi o primeiro a entrar. Reprimia um sorriso, certamente ouvira a conversa.
-Lorde Cullen, que mulher mais arisca foram arrumar para a sua pessoa! Ainda bem que tem a pretensão de não aceita-la e, após este comportamento, nem precisará se justificar.
-Não pretendo devolve-la. –Edward disse deixando Emmett surpreso.
-Como?
-Eu quero Emmett. Quero esta humana como nunca quis mulher alguma! –Falou com premência na voz. Por detrás da mascara o rosto antes contorcido pela fúria suavizou-se. Edward viu na figura feminina de Isabella um desafio e iria aceita-lo não importando as conseqüências.
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