Suzan P.O.V

Pois é, eles abusaram mesmo de mim. Fizeram-me correr o dia todo para tentar fazer evoluir meus poderes e no final do dia olharam pra minha cara e disseram “pronto, agora vamos lutar.” E como de esperado, lá vou eu voltando para a minha casa com um olho roxo, com os braços cheios de marcas e com o lábio inchado. Mas, bem... Pelo menos eu arranquei um dente do Clark. É, daí ele obrigou o Luck a fazer nascer outro. Bonito, hein, Clark?

- Da próxima vez eu arranco sua arcada inteira, Clark. Cuidado comigo. – Eu disse quando estava entrando em casa, e ri.

Fui direto tomar um banho, e aí depois tomei uns remédios para dor e fiquei segurando um saco de gelo no meu lábio.

E então passamos há treinar um dia sim e um dia não, e a cada dia de treino eu me sentia mais forte. O pai de Luck disse que é impossível que meus poderes cheguem a 100% de um vampiro normal, mas eu posso chegar perto.

Eu e os outros ainda não sabemos do motivo de outra guerra em Gorgoroth, mas enfim... Estamos convivendo com isso. E bem, minha mãe e Jimmy estão enlouquecendo ao me ver todos os dias com uma nova marca roxa no corpo graças aos treinos. Mas bem, é preciso.

Ao final de mais um dia de prática, estávamos nós saindo do local onde treinamos e eu acabei dando de cara com um vampiro. Mas não era um vampiro comum... Eu acho... Eu acho que eu o conheço. Hey, é o vampiro dos meus sonhos, que me disse para ter cuidado com o Sevenfold!

- E então, Suzan. – Ele disse, sorrindo. – Você teve cuidado com o Luck?

- Alucard. – Alec disse, se colocando na minha frente. – O que você está fazendo aqui? Pensei que estava morto.

- Não, eu só resolvi tentar uma vida normal no mundo dos mortais. Eu não conseguia mais aguentar essa cidade. Aí você sabe, não é? Eu vivo tendo visões. E por meio de uma delas, o Armand Hunter me avisou que uma nova guerra estaria se aproximando e que ele quer minha ajuda.

- E aí Alucard, quanto tempo, hein, seu viadinho! – Luck exclamou e logo em seguida abraçou o tal Alucard.

- Mas então, ô pessoal. – Eu disse chamando a atenção dos vampiros veadinhos ali. – Quem é esse tal Alucard?

- Irmão do Alec, prazer. – Alucard respondeu, pegou minha mão e a beijou. Senti minhas bochechas ficarem vermelhas depois que ele começou a sorrir para mim.

- Como você sabe sobre mim? – Eu perguntei, cambaleando para trás.

- Eu tenho visões, Suzan. E você tem também, deveria saber que eu estava vindo. Apareci em uma de seus sonhos para te avisar sobre isso. E sobre o Luck também.

- Ei, vamos com calma. – Sevenfold disse sério. – Ela ainda está aprimorando seus poderes, e suas visões também. Então ruiva, vamos indo, né? Porque certa pirralha saiu de casa sem avisar a senhorita Hall e a mesma deve estar arrancando os próprios cabelos nesse momento.

- É, mas ela estava trabalhando, então a culpa não é minha e

Fui interrompida pro certo Sevenfold me jogando nos ombros feito um saco de batatas.

- Mas você podia ter deixado um bilhete. – Alucard disse, rindo.

Tentei lhe dar tapas, mas ele se desviava e aquilo se tornou uma cena um tanto quanto cômica.

E assim foi por todo o caminho até em casa: quatro garotos estranhos e uma garota jogada no ombro de um deles. Nem preciso mencionar que todos estavam direcionando olhares estranhos a nós, não é?

Chegamos em casa e a porta estava destrancada, o que indica que minha mãe já tinha chegado. Sevenfold me colocou no chão novamente e eu cambaleei um pouco tonta para trás. Fui até a cozinha e avisei que estava tudo bem comigo e com os garotos.

Disse para eles apresentarem Alucard a minha mãe e subi as escadas para tomar um banho gelado e relaxante.

Abri o chuveiro e senti todos meus músculos se relaxarem em baixo da água fria. Os roxos que estavam marcando meu corpo iam se multiplicando cada vez mais, mas tudo bem, eu estava acostumando com isso. Eu sei que é para o meu próprio bem.

Sai do banho e me troquei. Vesti uma camiseta do Sevenfold – cujo nela estava estampada o símbolo do AC/DC – que estava jogada no meu guarda-roupa e um short.

Desci as escadas e voltei à cozinha, onde todos estavam reunidos à mesa, conversando e rindo.

- Essa camisa me soa familiar, hein, ruiva. – Sevenfold disse rindo torto.

- É sua mesmo, foda-se. – Fiz uma careta e me sentei para tomar o café da tarde que minha mãe tinha preparado.

Depois de meia hora a campainha tocou. Insistiram tanto que eu me levantei e fui atender a porta. Abri a porta e me deparei com um Jimmy desesperado. Logo que me viu me abraçou fortemente, praticamente me sufocando.

- Hey Jimmy, me desculpe, é que eu-

- Você está bem? – Ele disse depois que me soltou.

- Sim, estou, é que-

- De quem é essa camisa?

- Do Sevenfold. Estava jogada no meu guarda-roupa, então peguei. Por quê?

- Por nada. – E ficou me encarando. – Bem, estou indo embora. Só passei pra ver se você estava bem, e você não me deve explicações. – Sorriu de lado e me piscou.

Ele se aproximou mais de mim, levantou minha cabeça com seus dedos e selou seus lábios nos meus por certo tempo. Nem preciso mencionar que eu fiquei com os olhos arregalados e sem nenhuma reação, não é?

Ele se afastou, sorriu, virou as costas e foi embora.

Fiquei imóvel por certo tempo e aí fechei a porta. Virei-me para voltar à cozinha e dei de frente com Sevenfold. Ele me encarava de certo modo intimidador.

- Não sei, pensei que o Jimmy fosse viado. E pensei que ele fosse só seu amigo, também.

- E ele é, Sevenfold, é que... Foda-se, eu não devo explicações a você.

Ele se aproximou de um jeito que eu pude sentir a respiração dele batendo contra a minha pele.

- Deve sim. E deve porque eu... Porque eu gosto de você, pirralha. – E foi embora, sem mais nem menos, deixando os quatro para trás, sem nem saber que ele tinha ido embora.