Olhos Felinos escrita por Jodivise


Capítulo 31
Capítulo 30 Paranóia no Deserto


Notas iniciais do capítulo

Jack encontra-se perdido no meio de um deserto. Com a companhia de Barbossa e Mary, vão enfrentar perigos e situações caricatas, tentando ao mesmo tempo perceber o que lhes aconteceu.



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Capítulo 30: Paranóia no Deserto

Jack piscou os olhos várias vezes. A luz era tão intensa, que sentiu lágrimas se formarem. Ao mesmo tempo sentia como se lhe queimassem as costas. Estava deitado de barriga para baixo e colocou-se de joelhos. Com os olhos semi-cerrados olhou em volta.

- Mas que raio…? – Perguntou ao ver que estava no meio do nada. À sua volta apenas e só uma coisa: areia, areia e mais areia. Montes de areia não deixavam ver o que estava atrás destes. A sua pele estalou devido ao sol forte. Estava habituado ao calor, mas aquele era demais. Levantou-se e olhou o céu azul. Desviou os olhos quando estes quase queimaram com o vislumbre do astro-rei.

Não sabia a mínima ideia donde estava a não ser o óbvio: algures no meio de um deserto. Os seus olhos arregalaram-se quando uma possibilidade lhe passou pela cabeça.

- Não pode ser. – Jack disse sobressaltado. – Eu não morri. Ou melhor, não me sinto morto. – Jack colocou um dedo no ar. – Mas se não estou morto, o que estou aqui a fazer? – começou a andar em círculos completamente desnorteado. – Será que voltei ao cofre daquele molusco?

- Será mesmo? – Uma vozinha soou no seu ouvido e Jack virou-se pronto a atacar.

- QUEM ESTÁ AÍ? – Berrou apontando a pistola para todos os lados.

- Aqui ó palerma! – A voz falou no seu ouvido e Jack notou um pequeno ser no seu ombro. – Já não te lembras de mim?

- Tu? – Jack olhou esgazeado para a sua versão mini.

- Quem haveria de ser? O rei? – O mini Jack agarrou-se a um dreadlock. – Eu sei o que tu está a pensar. Pensas que morreste e vieste parar ao cofre do Jones… de novo.

- É verdade. Mas isto não parece um cofre. – Jack analisou o ambiente. – Além do mais, o Jones está morto.

- É… - o mini Jack sentou-se no seu ombro e limpou as unhas. – De certeza que não te lembras mesmo do que se passou?

Jack coçou a cabeça e sentou-se na areia quente cruzando as pernas. Sabia que tinha agarrado em algo. Depois algo o sugou e Jack acabou rodopiando em pleno ar até cair, desmaiando em seguida.

- O globo. – Jack disse. – Eu agarrei em qualquer coisa redonda juntamente com o emplastro do Barbossa e… - Jack levantou-se rapidamente. – A Mary! Ela entrou primeiro nesse buraco. Onde é que ela foi parar?

- Provavelmente também estará por aqui… - o mini Jack disse. - … perdida no meio do deserto… a choramingar…

- MARY! – Jack berrou correndo que nem um louco em direcção a uma das dunas.

Subiu com dificuldade até à zona mais alta e viu completamente desolado, o deserto sem fim que se estendia à frente dos seus olhos. Desceu aos tropeções e parou quando viu algo a seus pés. Pegou no objecto e constatou ser o chapéu espampanante de Barbossa.

- Bem que podia fazer um buraco nesta coisa horrenda. – Jack sorriu malicioso e colocou a mão na pistola.

- Tenta, seu verme! – Barbossa exclamou e Jack fixou-o à sua frente. Engoliu em seco quando viu a pistola do mais velho apontada a si.

- Com muito prazer zombie! – Jack apontou a pistola ao chapéu. – Antes mesmo de me matares, o teu chapéu será um coador! Aí terás desperdiçado um tiro em vão.

- Nunca é em vão quando se trata de te mandar para o inferno! – Barbossa exclamou mandando uma gargalhada. – Larga isso ou… - Barbossa apontou a pistola a algo que tinha na mão contrária.

- Ou o quê? Darás um tiro a um ovo? – Jack sorriu cafageste.

- Será mesmo um ovo, Jack? – Barbossa sacudiu o artefacto e a ficha de Jack caiu. – Ah pois é. O famoso Olho-de-Tigre. Não o vais querer desperdiçar por um simples chapéu.

- Pois não. – Jack disse. – É por isso que tu também não vais dar um tiro nisso. Desejas tanto esse artefacto quanto eu! Por isso… - Jack guardou a pistola. - … que tal uma troca? O teu chapéu pelo Olho!

- Eu não sou burro, Jack. – Barbossa semicerrou os olhos. – Mal te desse o artefacto, tu fugirias.

- Para onde? – Jack riu. – Estamos no meio do deserto, sua lesma! Porque não tentamos sair daqui e enquanto isso, eu fico com o Olho, guardando-o e protegendo-o?

Barbossa não respondeu e Jack viu que este estava a queimar a sua massa cinzenta pensando nos prós e contras de um acordo com Jack.

- Ora, sempre podes me dar um tiro se eu tentar fugir. – Jack disse abanando a cabeça.

- Atira-me o chapéu primeiro. – Barbossa ordenou.

- Sinceramente… é melhor seres tu a atirar-me o Olho primeiro. – Jack sorriu, deixando Barbossa mal-humorado.

- Ao mesmo tempo, então. – Barbossa disse e Jack sorriu.

Durante uns segundos ficaram-se olhando. Nenhum queria dar o primeiro passo. Mas quando Jack viu Barbossa mexer o braço, atirou o chapéu. Talvez Barbossa não quisesse largar o artefacto, mas ao agarrar o chapéu com as duas mãos, Jack conseguiu alcançar o Olho antes que caísse ao chão.

- Ah! – Jack exclamou.

- Roubaste-me o Olho! – Barbossa exclamou.

- Não roubei não. Eu atirei-te o chapéu, como prometi, tu atiraste-me o Olho, como prometes-te e eu o guardarei, tal como tinha prometido.

- Eu não o atirei! Tu roubaste-mo, antes de fazer qualquer coisa. – Barbossa acusou.

- Para a próxima, não utilizes as duas mãos, zombie! – Jack riu cafageste, mas arregalou os olhos quando Barbossa ficou vermelho de raiva.

- Seu macaco de imitação! Devolve-me isso. – Barbossa voou para si e ambos começaram uma luta, em que valia de tudo para conseguir o Olho-de-Tigre.

- Larga-o seu vegetal ambulante, comedor de maçãs e zombie retardado! – Jack exclamou, dando um murro em Barbossa.

- Larga-o tu, seu parasita de navios e ladrão reles! – Barbossa rasteirou Jack e apanhou o ovo.

Jack correu e voou para as costas de Barbossa deitando-o ao chão. Ambos viram o Olho rolar até ficar uma certa distância, tostando ao sol.

- SAI DE CIMA DE MIM IMPRESTÁVEL! – Barbossa berrou e Jack espetou-lhe um dedo no olho. Mas o mais velho, agarrou uma perna de Jack impedindo-o de chegar ao artefacto.

- PAREM! – Uma voz esganiçada quebrou o ambiente e deixou os dois homens olhando o pequeno ser que os mirava. – O Olho fica comigo, seus piratas chatos!

Mary pegou no Olho-de-Tigre e colocou-o no bolso. Jack e Barbossa olharam-se mutuamente e largaram-se, colocando-se de pé.

- Minha princesa! – Jack exclamou pegando Mary no colo. – Nem sabes o quanto estava preocupado contigo.

- Mas não andavam ao estalo por minha causa. – Mary disse e Jack viu que esta estava brava. Sorriu quando reparou nas semelhanças entre Mary e Lara.

- Claro que andava! Quer dizer, eu queria ir atrás de ti, mas o zombie não deixou e acabamos numa cena lamentável. – Jack explicou.

- Onde é que estamos? – Mary perguntou e os dois capitães entreolharam-se.

- Não vejo qual o objectivo de isto nos ter transportado para cá. – Jack coçou a cabeça.

- Chave. Tesouro. – Barbossa coçou a barba. – Se isto é uma chave e abre um tesouro, não será que nos transportou para o lugar onde esse mesmo tesouro se encontra?

- No meio do deserto? – Jack exclamou. – Não há nada aqui. – Jack pousou a filha no chão e mirou o horizonte. – Já alguma vez estiveste num deserto?

- Não. – Barbossa disse. – Mas já ouvi falar que quem entra num, nunca mais sai. – Barbossa disse e Jack engoliu em seco.

- Está muito quente. – Mary queixou-se e sacudiu o cabelo.

- Muito bem. – Jack colocou as mãos no ar. – Este deserto tem de levar a algum lado. Além do mais, precisamos encontrar algum sítio com água, antes que morramos à sede.

- Só se escavares o chão. – Barbossa rolou os olhos.

- Onde está a bússola, papá? – Mary perguntou e fez Jack Sparrow sentir-se o homem mais estúpido do planeta.

- A tua incompetência admira-me. – Barbossa disse enquanto Jack abria a bússola.

- Ora, todos querem sair daqui, certo? – Jack perguntou e nas suas mãos viu a bússola girar e parar numa direcção. – Nordeste.

- Óptimo! – Barbossa exclamou tomando essa direcção, com Mary atrás.

- Hei! Esperem por mim. – Jack correu para alcançar os outros dois.


Quanto maior o desejo de se sair de um sítio, mais o tempo demora a passar, como se de um homem agrilhoado rastejando suplicante se tratasse. Jack olho de novo a bússola e mirou a altura do sol. Deveriam estar a meio da tarde. Mas nem por isso, o sol deixava de ser fogo. Sentia a boca completamente seca e a sua língua era como um trapo velho. Os seus pés estavam como brasas e as botas pesavam-lhe horrivelmente.

- Tenho sede. – Mary disse e Jack pegou na filha ao colo.

- Daqui a pouco teremos um lago enorme, cheio de água doce para nos consolarmos. – Jack disse, tentando manter a filha calma.

- Moveu-se. – Mary disse quando pegou na bússola.

- Virou um pouco a Norte. – Jack disse.

- Por qual continuamos? – Barbossa perguntou.

- Ela mostrou o desejo da Mary. Qual o teu maior desejo, darling? – Jack perguntou.

- Água. – Mary queixou-se.

- Iremos atrás de água, então. – Barbossa disse. – Se não encontrarmos algo que beber ou comer, não estaremos vivos amanhã.

O dia deu lugar à noite e a temperatura desceu abruptamente. Os três piratas acabaram por parar e passar a noite encostados a uma duna. A temperatura tinha descido abruptamente e sem hipótese de fazer uma fogueira, Jack pode dizer que aquela foi a pior noite da sua vida. A única coisa boa era a presença de Mary. No entanto, começava a recear pela vida desta se não achassem rapidamente uma povoação.

- A estrela polar. – Barbossa apontou e Jack observou a estrela. - Tenho uma leve suspeita de onde podemos estar.

- Como assim? – Jack franziu o sobrolho.

- Existe um deserto no Norte de África.

- Eu sei. Ouvi bastantes referências na costa africana atlântica e mediterrânea. – Jack confirmou.

- Exacto. Chamam-lhe Saara. – Barbossa disse. – Talvez esteja errado, mas se seguirmos as estrelas, poderemos chegar à costa do Mediterrâneo ou Atlântico.

- Só há um problema. – Jack disse. – Não sabemos a que distância estamos. Além do mais, a bússola não aponta na mesma direcção das estrelas.

- Raio de bússola avariada. – Barbossa resmungou, deitando-se na areia e cobrindo a cara com o chapéu.

- Avariada, mas que nunca errou uma direcção. – Jack disse.

Mary mexeu-se. A sede, a fome, o calor durante o dia e o frio durante a noite, tinham-na colocado exausta e esta adormeceu logo que pararam. Jack cobriu-a com o seu casaco e sorriu. Mary adormecida era tal e qual Lara. Jack deitou-se e colocou o braço à volta de Mary. Esta aconchegou-se mais. Olhando as estrelas, pensou o quanto Lara devia estar desesperada. Será que ela e os outros teriam conseguido escapar daquela deusa malévola e estavam no seu encalço? Esta e outras perguntas povoaram a mente de Jack até cair de sono.

Mas sede horrível fez com que acordasse passado um tempo. Olhou à volta. O céu continuava escuro e o único som audível era o ressonar de Barbossa. Jack colocou as mãos na cabeça. Mesmo a dormir, a avalanche de sonhos e pesadelos que o invadiram deixaram-no um caco. Viu o volume no bolso das calças de Mary. Pensou em dar uma espreitadela naquele artefacto que até agora não tinha mostrado sinais de algo mágico, mas segurou-se.

Os seus ouvidos captaram um som estranho. Um riso. Olhou de novo em volta, mas franziu o sobrolho quando viu que não passara de imaginação sua. Sentiu um suspiro no seu pescoço e levantou-se.

- Quem está aí? – Perguntou desembainhando a espada. De novo o silêncio foi a resposta. – Eu só posso estar ficando louco.

- Pensei que fosses louco há mais tempo. – O mini Jack apareceu de novo no seu ombro e fez Jack rolar os olhos.

- Deixa-me em paz. – Jack pediu, sentando-se novamente na base da duna.

- Como queiras. – O mini Jack cruzou os braços e ficou em silêncio. – É, sempre tínhamos razão.

- Razão sobre o quê? – Jack sentiu vontade de dar um tiro na sua própria miniatura.

- Sobre o grego. Isto é, se ele for mesmo grego. – o mini Jack disse. – Parece que ele conhecia muito bem aquela deusa.

- Eu nunca fui com a cara dele. – Jack disse mal-humorado.

- Pois. E ele agora está lá… - O mini Jack olhou Jack pelo canto do olho.

- Como assim? – Jack sentiu uma leve onda de pânico.

- Nós não sabemos o que aconteceu com os que ficaram, certo? – O mini Jack perguntou e Jack acenou afirmativamente. – E eles também não devem saber onde estamos. Ora, tu estás aqui. Ele está lá… com a Lara. Sozinhos.

- Eu… - Jack sentiu a onda começar a ficar maior. - … não tinha pensado nisso.

- É… continuas o mesmo Jack Sparrow de sempre! – O mini Jack exclamou.

- Ah, mas ai daquele desgraçado encostar um dedo na Lara, eu desfaço-o e…

- Será que podes deixar os outros dormir? – Barbossa perguntou com vontade de matar Jack.

- Pensei que os zombies não dormiam. – Jack disse, tentando controlar a raiva.

- Cuidado Jack. – Barbossa deitou-se de novo. – Não são só as ilhas solitárias que deixam os homens paranóicos. – Aconselhou, rindo e colocando de novo o chapéu em cima do rosto.

- Papá. – Mary gemeu e Jack olhou para si.

- O que foi, princesa?

- Há qualquer coisa na areia. – Mary disse, rastejando lentamente até se abraçar a Jack.

- Não vejo nada. – Jack disse olhando a areia à sua volta. O facto de ser Lua Nova não ajudava nem um pouco.

- Eu vi. Algo rastejou perto de mim. Depois quando me virei, vi dois olhos. – Mary queixou-se e Jack notou que esta estava em pânico. Por precaução colocou a mão na pistola. Sabia que no deserto havia bastantes animais perigosos. Sentiu a areia se mover e engatilhou a pistola. No mesmo instante, um clarão formou-se assim como uma nuvem de pólvora.

- ESTÁS DOIDO? – Jack apontou a pistola a Barbossa. – Quase que acertavas em nós!

- Não. – Barbossa disse, levantando-se e guardando a pistola. Depois chegou-se até Jack e Mary e colocou a mão na areia. Para horror dos outros dois, virão o mais velho puxar o que estava oculto na areia. Uma cobra, não muito grande, jazia morta nas mãos deste. – Já vi uma coisa destas num mercado em Marraquexe. Têm uma cabeça que parece um triângulo e possuem dois chifres.

- Cobra com chifres? – Jack abriu a boca.

- Sim. Fica à espera da sua vítima, apenas com os olhos visíveis escondendo-se na areia. – Barbossa explicou e jogou a cobra longe.

- É melhor continuarmos o caminho. – Jack disse. – Eu não quero ver mais nada de desagradável.

- Esperemos pelo amanhecer então. – Barbossa aconselhou. – O calor é tórrido, mas o frio é de gelar.

Jack suspirou. Aquele ambiente inóspito estava a tornar-se um pesadelo completo.


Os primeiros raios de sol clareavam ainda o céu azul-escuro e já três sombras deambulavam por entre as areias do deserto. O espectáculo de cores era indescritível. De um amarelo dourado de dia, aquelas dunas tornavam-se alaranjadas ao nascer e pôr-do-sol.

- Temos de achar água o mais depressa possível. – Jack disse, vendo a iminência de Mary desmaiar.

- Bem que podias ter escolhido uma bússola que em vez de mostrar o caminho, transportasse a pessoa para lá. – Barbossa resmungou, também ele se sentindo dentro de um autêntico inferno.

- Oh, mas eu já tive uma dessas. Pena que os deuses decidiram ficar com ela! – Jack exclamou.

- O que é aquilo? – Mary apontou o dedo fraco numa direcção e os capitães abriram a boca até ao chão.

- Aquilo é… - Jack não acabou a frase. Um dromedário pachorrento olhava para eles. Depois começou a andar lentamente, descendo uma duna.

- ATRÁS DELE! – Barbossa berrou correndo que nem um louco, segurando o chapéu.

Os três pararam no cimo da duna, quando viram o animal desaparecer. À sua frente, no meio de areia e mais areia apareceu aquilo que mais ansiavam no momento. Mais do que um tesouro, mais do que voltar ao Pearl.

- ÁGUA! – os três berraram vendo o oásis na frente dos olhos. Um pequeno lago, rodeado de Palmeiras e vegetação rasteira acolhia alguns animais como dromedários e cabras. Correram que nem loucos fugidos da prisão até àquelas águas límpidas.


- Como é que eles se chamam? – Mary perguntou, enquanto Jack contava as balas que lhe restavam.

- Dromedários. São como cavalos para os homens do deserto. – Jack explicou.

- São lindos. – Mary disse, enquanto fazia festas num. Sentiu um peso dentro do seu bolso. Tirou o Olho-de-Tigre e rodou-o nas mãos. O globo dourado estava mais pesado. Tinha a certeza absoluta. Viu um pequeno círculo e passou o dedo por ele. Com um clique, o globo abriu como uma flor e emitiu uma luz laranja que a cegou. - Oh!

-Mary o que é que… - Jack travou o passo quando viu o que a filha tinha nas mãos.

- Ele abriu! – Mary exclamou e Jack e Barbossa aproximaram-se do que esta tinha nas mãos. O Olho-de-Tigre tinha-se aberto como uma autêntica flor. Do seu interior, a forte luz laranja brotava de um globo mais pequeno, incandescente e que parecia conter lava dentro de si.

- Isso é que é o Olho-de-Tigre? – Jack perguntou esticando a mão para tocar no globo incandescente, mas este fechou-se novamente, passando de novo a ser um globo dourado sem graça.

- Começo a pensar que há mais nesta história do que imaginamos. – Barbossa arregalou os olhos.

Mary guardou o Olho e um miar insistente fez com que se virasse. O miar vinha de um monte de ervas altas. Caminhou, tentando não fazer muito barulho.

- Tu! – Mary sorriu quando viu o gato miar para si e enroscar-se nas suas pernas.

- É melhor utilizarmos estes camelos. – Barbossa disse.

- Não terão dono? – Jack torceu o nariz. Não ia muito com a cara do animal, nem ele com a dele.

- E desde quando é que nos importamos a quem roubamos as coisas? – Barbossa perguntou.

- Pai, olha o que encontrei! – Mary esticou o gato na direcção de Jack e este deu um salto.

- Um gato! – Jack exclamou.

- Tens medo de gatos? – Barbossa riu e Jack fez uma careta.

- Claro que não. – Jack apressou-se a dizer. – Apenas não é um animal que aprecie.

- Posso ficar com ele? – Mary perguntou.

- É claro que não! – Jack fincou o pé.

- Não? – Os olhos de Mary encheram-se de lágrimas e Jack passou a mão pela cara.

- Querida, os gatos não são animais de confiar. Quando menos se espera, eles atacam sem dó nem piedade. – Jack agachou-se até ficar à altura de Mary.

- Mas o Bolina gosta de mim e eu dele. – Mary disse, fazendo beicinho.

- O quem? – Jack franziu o sobrolho.

- É o nome que lhe dei. – Mary disse.

- Jack, deixa a miúda levar o gato. Não fará mal a ninguém e até será útil para detectar cobras. – Barbossa disse.

- Ninguém te pediu opinião, zombie. – Jack resmungou. – Mary, o melhor é deixá-lo aqui em segurança e… - Jack viu os lábios de Mary ficarem trémulos. - … está bom, leva o gato.

- Obrigado papá! – Mary abraçou Jack.

- Espero não me arrepender. – Jack disse mordendo o lábio. – Ora bem, como é que se monta esta coisa?

Parecendo entender ou não, o grande animal olhou Jack e espirrou em cima de si, deixando-o completamente pegajoso.

- Odeio tudo o que tenha quatro patas. – Jack resmungou perante o riso de Mary.

- E eu que pensei que odiavas tudo que tivesse tentáculos. – Barbossa troçou.

- Odeio tentáculos, quatro patas e zombies que me roubam o navio. – Jack respondeu botando a língua de fora.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Novo capítulo! Espero que gostem!!!

Obrigada pelas reviews Camila e resende!

Saudações Piratas!!! :D

JODIVISE



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