Olhos Felinos escrita por Jodivise


Capítulo 30
Capítulo 29 For you, my princess


Notas iniciais do capítulo

A situação de Thomas está cada vez mais complicada. Elizabeth sente-se à beira do abismo, não muito diferente de Lara.
Capítulo com leve rated M.



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Capítulo 29: For you, my princess

Alicia olhava o magnífico Holandês Voador quando sentiu alguém acariciar as suas costas.

- Melhor, minha sereia? – Will perguntou.

- O que é que achas? – Alicia olhou o marido. – Nunca vi o Pearl com ambiente tão lúgubre.

- É. – Will baixou a cabeça.

- Eu preciso de falar com Mrs. Sparrow. – Norrington apareceu segurando um mapa náutico.

- A Lara está trancada no quarto desde que zarpamos. – Alicia disse. – Pode ir lá bater, mas duvido que ela abra a porta.

- É uma chatice com certeza. – Norrington olhou o mapa e depois o horizonte pintado de negro.

- Algum problema? – Will perguntou, vendo o ar de Norrington.

- Estamos partindo de noite, mas o problema não é esse. – James explicou. – Se vamos para o Egipto, existem dois caminhos mais rápidos do que aquele que vocês fizeram para cá chegarem.

- Não me fale em dobrar o Cabo da Boa Esperança outra vez! – Alicia exclamou.

- Exactamente. Por isso preciso falar com ela. Afinal a capitã é Lara Sparrow.

- Quais são as possíveis rotas? – Will perguntou enquanto olhava o mapa.

- A primeira é voltarmos de novo para trás, atravessando o Pacífico. Depois, em vez de contornarmos a costa africana, subiremos o Mar Vermelho até ao Egipto. – James traçou a rota com o dedo. – A segunda, e na minha opinião mais rápida, será contornar o Estreito de Magalhães, entrar no Atlântico e navegar até ao Mar Mediterrâneo, atracando em Alexandria.

- Iremos pela mais rápida então. – Alicia disse.

- Eu não posso decidir isso. – James falou.

- A Lara está psicologicamente desgastada. Enquanto estiver de repouso, você assumirá o comando mais o Gibbs. – Alicia disse, deixando Will e James olhando para si. – Se me dão licença, eu vou ver como o… - Alicia engoliu em seco. - … Thomas está.

- A Elizabeth está bem? – James e Will perguntaram ao mesmo tempo.

- O que acham? – Alicia ergueu a sobrancelha fazendo os dois homens se calarem.

Ao descer as escadas do porão, Alicia deu de caras com Bootstrap.

- Como está o Thomas. – Alicia olhou o sogro, mas o ar triste e derrotado deste dispensou palavras.

- É melhor você e a Lara irem lá vê-lo. – Bill colocou a mão no ombro de Alicia enquanto os olhos desta se enchiam de lágrimas.

Quando abriu a porta, Alicia susteve a respiração. Thomas estava deitado numa cama estreita junto à parede. Bill tinha removido a seta, mas o estado de Thomas não melhorara. Estava completamente encharcado devido à febre e Elizabeth continuava ao seu lado, segurando a sua mão.

Ali, Alicia teve plena consciência do sofrimento da loira. Apeteceu bater em si própria, quando dizia que ela não amava Will. Podia ser. Podia apenas ser amor de irmãos, mas Elizabeth tinha testemunhado a "morte" de Will e quase morrido de dor. Agora, essa dor era muito superior. Elizabeth amava de verdade Thomas e vê-lo assim, fez com que as suas lágrimas quase secassem, dando um ar cansado e envelhecido ao seu rosto.

- Como é que ele está? – Alicia sussurrou enquanto se sentava aos pés da cama.

- Na mesma. – Elizabeth falou num fio de voz. – É como se a vida dele fosse se evaporando do seu corpo.

- Elizabeth não fiques… - Alicia tentou aliviar, mas Elizabeth abanou a cabeça.

- Eu sei que a seta estava envenenada. O Bill disse. – Elizabeth continuava com o olhar fixo em Thomas. – Porquê?

- Porquê o quê? – Alicia não entendeu.

- Porque me fazem isto? - Uma lágrima traçou um caminho no rosto de Lizzie. – Aos poucos, eu fui perdendo aqueles que mais amava. Era ainda pequena quando fiquei órfã de mãe. Depois foi o meu pai. Depois o Will…

Alicia permaneceu calada. Elizabeth tinha perdido Will de duas maneiras. No dia em que se tornou capitão do Holandês e no dia em que este se apaixonou por Alicia.

- Quando eu fui parar ao vosso mundo e olhei o Thomas pela primeira vez… eu vi. – Elizabeth sorriu. – Era ele. O amor da minha vida. Pensei sempre que talvez não resultasse. Mas quando ele me disse que não gostava da Lara e me beijou, eu tive a certeza que era ele. Estes cinco anos foram os mais felizes da minha vida e tudo se esvai agora.

Alicia não falou como era hábito. Segurou uma lágrima ao ver o quanto aquela mulher forte estava sofrendo e abraçou-a, colocando a cabeça no ombro desta e encarando Thomas. Este abriu os olhos devagar, deixando as duas mulheres expectantes.

- Será que eu já morri? – Thomas perguntou com voz fraca. – Para ter duas mulheres lindas olhando para mim!

- Tentando engatar-nos, Thomas Cole? – Alicia sorriu.

- Não sei se é o meu ou o teu senso de humor que continua óptimo. – Thomas sorriu fraco.

- Descansa, meu anjo. – Elizabeth disse, acariciando a face deste. – Precisas de recuperar e…

- Elizabeth… - Thomas fechou os olhos. – Eu sei o que me espera. Não precisas mentir. Além do mais eu sempre soube que não sairia desta.

- Não digas isso. – A voz de Elizabeth sumiu, dando lugar a abundantes lágrimas.

- Não chores. – Thomas disse. – Onde está a Lara?

- Ela… - Alicia tentou inventar uma desculpa.

- Estou aqui. – Lara entrou e Thomas fixou-a. – Pensavas que te deixava sozinho?

- É… isto só pode ser o paraíso. – Thomas disse. – Rodeado de três deusas.

O sorriso característico de Thomas fez com que as duas mulheres se rissem, mas Thomas encarou-as uma a uma.

- Vocês as duas. – Thomas olhou para Alicia e Lara. – Sempre vi que um dia se iriam meter numa aventura danada.

- Que eu saiba também vieste atrás! – Alicia exclamou.

- E nunca me arrependi. Aqui a minha vida teve sentido. – Thomas disse. – Eu queria dizer que sempre vos achei super fixes…

- Nós também te achamos. – Lara disse.

- Tanto que ela até se apaixonou por ti… - Alicia revirou os olhos e Lara deu-lhe uma cotovelada.

- Eu sei… e talvez se tudo isso não existisse… quem sabe. – Thomas piscou o olho e Lara sorriu. – Eu quero pedir perdão por tudo o que fiz no passado. Quando Éris me enfeitiçou…

- Isso já passou e tu nem sequer estavas em ti. – Lara disse.

- Eu sei, mas tu quase morreste assim como a Alicia. – Thomas explicou.

- Eu não tenho nada para te perdoar, Thomas. Apenas para agradecer. O bom amigo e pessoa que sempre foste e és. – Lara disse.

- Tu tornaste-te uma grande mulher Lara Stevens. Jack Sparrow teve sorte. Assim como Will Turner. – Thomas disse e fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Ao mesmo tempo, Elizabeth notou que a mão deste começava a ficar fria e roxa.

- Elizabeth… - Thomas chamou. – Eu não sei se terei tempo de dizer tudo sobre ti, mas eu quero que saibas o quanto maravilhosa és e o quanto eu te amo.

- Eu também te amo. – Elizabeth agarrou a mão de Thomas com mais força.

- Fizeste-me o homem mais feliz do mundo. – Thomas disse e esticou o braço trémulo limpando as lágrimas do rosto de Lizzie. – Se eu vim para aqui foi por ti e morrerei por ti, minha rainha.

- Não. – Elizabeth começou a soluçar, mas Thomas pousou os dedos nos seus lábios.

- Eu só quero que prometas que vais ser feliz. – Thomas disse. – Os piratas têm vida curta. A minha está prestes a ser cortada, mas tu Elizabeth Swann, ainda terás muito pela frente. Promete que vais ser feliz.

- Eu prometo. – Elizabeth falou em desespero vendo Thomas se apagar.

- Amo…te. – Thomas falou, antes de o seu braço cair na cama e fechar os olhos lentamente.

- Não, não… - Elizabeth agarrou-se corpo deste. – NÃO. THOMAS! NÃO. – Elizabeth chorava compulsivamente enquanto beijava o rosto deste. – VOLTA PARA MIM! NÃO ME ABANDONES. THOMAS!

Alicia deixou-se cair no chão chorando compulsivamente, enquanto Elizabeth deitava tudo cá para fora.

- Tu és a única pessoa que eu tenho. – Elizabeth falou quase se engasgando com o choro. – Eu te amo. Por favor não vás…

Lara saiu disparada, tentando suster o choro. Aquilo não estava a acontecer. O seu amigo de escola, o cara que gostava antes de Jack, o homem que amava Elizabeth incondicionalmente e nem sequer pensou duas vezes em abandonar o seu mundo, estava morto. Prostrado naquela cama, a vida roubada pela busca de um tesouro inútil.

- Lara a… - Will falou assim que viu Lara, mas calou-se quando esta se colocou no parapeito, agarrando os cabelos e chorando compulsivamente.

- O menino Thomas não… - Grace começou a chorar e Lara abraçou-a. – Ele é tão novo. Não pode ser.

- Porquê ele? – Lara perguntou em lágrimas. – Ele nunca fez mal a ninguém.

- Ele foi um herói. – James disse. – Morreu salvando a vida da Elizabeth.

- E provocou-lhe a maior dor da vida dela. – Will disse com ar abatido. – De novo.


Os primeiros raios de sol começavam a pintar o horizonte. No meio do mar calmo, dois navios repousavam ancorados. No Black Pearl, nunca a sua cor fora tão apropriada como naquele dia. O silêncio a bordo contrastava com o choro quase imperceptível de três mulheres. A mais velha de todas, tinha um lenço na mão e chorava compulsivamente, assoando-se constantemente. Agarrada a ela, uma mulher jovem tinha os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar. O seu marido amparava uma outra mulher. Os seus cabelos loiros ondulantes acariciavam um rosto sem vida. No lado oposto, juntamente com um homem que ostentava um ar solene, uma outra mulher olhava a entrada do porão. Já não havia lágrimas para derramar. Lara tinha-as gasto todas durante a noite. Por incrível que fosse, sentindo-se até egoísta, não era só a vida de Elizabeth que estava no limbo. A sua estava no fio da navalha e a morte de Thomas tinha sido apenas um pequeno toque neste, deixando-o trémulo, procurando testar a resistência de Lara.

O seu coração perdeu uma batida com o cenário seguinte. O choro de Elizabeth alertou-a. Do porão, um grupo de homens carregava um corpo totalmente envolto num lençol branco. Will e James deixaram os seus lugares e ajudaram a depositar o corpo numa prancha. Depois de um breve silêncio e de Gibbs ler uma passagem da Bíblia como era hábito sempre que algum homem do mar morria a bordo, Lara engoliu em seco preparando-se para dizer um pequeno discurso, porém o mais doloroso da sua vida.

- Thomas Cole… - Lara baixou a cabeça. – Quem era este homem que a maioria de vós desconhecia? Pois bem, Thomas não pertencia a este tempo assim como eu, a Alicia e a Grace. Quando o conheci, vi que ele era o rapaz mais engraçado, encantador e simpático que conhecera até então. – Lara fez uma pausa e olhou Elizabeth que mantinha os olhos baixos. – Indirectamente, devo a ele o facto de aqui estar, de ter entrado nesta aventura e de me ter tornado uma pirata. Este homem… - Lara apontou para o corpo envolto. - … nunca conseguiu ser mau. Mesmo quando fez algo errado, um poder acima de todos nós estava-o manipulando. Mas acima de tudo… o Thomas foi capaz de algo excepcional. Enquanto eu, que já tinha passado por uma aventura quase surreal e que esperava até, ironia das ironias, um filho do Jack, estava completamente dividida entre ficar no meu mundo ou largar tudo, o Thomas já tinha a sua decisão.

Elizabeth levantou a cabeça e sorriu fracamente. Alicia notou e abraçou-a.

- Empurrado para uma aventura para a qual nem chamado fora, Thomas não pensou duas vezes em se juntar a nós. Para ele, a sua vida só faria sentido aqui e ao lado daquela que o fez ainda mais radiante do que já era. Por ti, Elizabeth… - Lara fixou a loira. - … ele largou tudo, provando que te amava. E que prova maior ele podia dar do que morrer salvando-te?

- Tudo pela rainha dos piratas. – Alicia sussurrou para Elizabeth.

- Que raio de rainha sou eu, que perde tudo aquilo que ama? – Elizabeth perguntou em voz sumida.

- Mas no final, ele provou acima de tudo, que era um verdadeiro pirata. – Lara disse. – Porque morreu procurando aquilo que todos nós cobiçamos e ansiamos. Riquezas e tesouros, mesmo sabendo que podem não passar de lendas e mitos. – Lara suspirou e sentiu que suava frio. Olhou depois para o corpo de Thomas e colocou uma mão sobre o lençol. – Que a vastidão do mar te dê o descanso eterno, meu amigo.

Lara afastou-se e sentiu uma dor no peito quando a prancha foi levantada e o corpo caiu no mar, desaparecendo na escuridão de um reino desconhecido. Lembrou-se de Mary e Jack. A incerteza do seu paradeiro, fazia com que o seu coração apertasse de tal maneira que julgava cair morta. Mas algures no seu íntimo, confiava na possibilidade de estes se encontrarem bem.

- A vida é tão injusta. – Alicia chegou-se ao pé de Lara, enquanto a tripulação se organizava, puxando as âncoras e retomando caminho. – Ela está sozinha no mundo.

- De certeza? – Lara perguntou. – Ela agora faz parte da tripulação do Pearl. Só sairá se quiser. E além do mais, o Will é como um irmão para ela.

- Sim, mas… - Alicia franziu o sobrolho. – Não deixa de ser triste.

- É melhor tomares cuidado daqui para a frente. – Lara assumiu uma postura neutra. – Iremos passar pelo Estreito de Magalhães e lá as temperaturas são bastante baixas nesta altura do ano.

- Podes deixar. - Alicia sorriu fracamente. – Onde vais?

- Repousar um bocado. – Lara disse enquanto se encaminhava para o seu quarto.

Fechou a porta e deixou-se estar encostada a esta, os olhos fixos em frente. Depois desabou num choro, escorregando até ao chão. Era demais para si. Queria transmitir um ar sereno e forte, mas sempre que se recolhia na sua concha, o seu mundo desabava. Rastejou até à cama e lá aninhou-se, puxando para junto de si, uma boneca de trapos pertencente a Mary. Enquanto lágrimas grossas molhavam o seu rosto, olhava o anel que Jack lhe tinha dado há muito tempo atrás.

- Porquê? – Perguntou para si própria, no meio de soluços. Sabia que a sua escolha teria consequências. A sua vida não iria recuar no tempo para viver confortavelmente num palácio ou em terra firme. Era pirata e sabia que poderia morrer no dia seguinte. Mas até que algo acontecesse, o medo não passava de um alerta, de um pensamento presente. Adormeceu entre lágrimas, perdendo a consciência do mundo real.

Por entre o céu azul e o jardim pintado de verde e salpicado por outras cores, uma jovem mulher corria por entre as árvores, o riso cristalino levado pela brisa fresca da manhã.

Encostou-se a um tronco de uma árvore tentando normalizar a respiração, o sorriso alegre ainda nos lábios. Olhou de soslaio para o seu lado direito, como se procura-se algo e ao mesmo se escondesse. Recuou um passo atrás, mas logo se virou quando sentiu dois braços envolver a sua cintura.

- Muito bem, acabou de caçar a sua presa! – A mulher exclamou passando os braços pelo pescoço do homem que a olhava deslumbrado.

- Facilitou a caçada, princesa. Corre como uma gazela. Nem o homem mais rápido do mundo, se por ventura houver, a conseguiria apanhar. – O homem disse.

- Modéstia a mais, Darius. – a mulher desenvencilhou-se gentilmente do homem, porém pegou-lhe na mão, conduzindo-o para junto de uma grande árvore. – És um dos melhores soldados do meu pai e quantas vezes… - a mulher parou e fitou Darius nos olhos. - … já disse que não quero ser chamada de princesa. Acho que já passamos essa fase há muito.

- Pode ser que sim, mas continuarás a ser sempre uma princesa, Mayara. – Darius disse e Mayara caminhou até à base da árvore. Como braços longos, as raízes da velha árvore acolhiam quem quisesse se aninhar neles.

- O velho provérbio popular: chamar os bois pelos nomes. – Mayara rolou os olhos e colocou uma mão no tronco. – A Grande Mãe. Sabes a história desta árvore?

- Ouvi histórias. – Darius disse, colocando-se ao lado de Mayara.

- Dizem os povos antigos que foi ela que deu vida a Atlântida. É a árvore mais antiga e os povos já extintos faziam-lhe oferendas. Quando o primeiro rei tomou as rédeas de Atlântida, mandou que a Grande Mãe ficasse no jardim do palácio. Mas não ficou esquecida. Todos os anos se faz uma cerimónia em honra dela.

- E os deuses não ficam zangados? – Darius perguntou.

- Porque haveriam? – Mayara fixou Darius. – Se eles são os que detêm os maiores segredos do mundo, não será a Grande Mãe por ventura, a deusa Hera?

- Que o seja ou não, são mistérios que não compete ao homem revelar. – Darius disse.

- Sabes o que eu mais desejava? – Mayara caminhou até Darius e aninhou-se neste. - Poder viver numa casinha à beira mar. Tudo simples, acordar respirando a maresia, poder tomar banho no mar. Só eu e tu.

- Eu também. Mas acho que seriamos presos antes de tentar. – Darius sorriu.

- Talvez. – Uma sombra de tristeza passou pelos olhos da bela princesa. - É realmente precisa a tua presença nessa campanha?

- Eu fui chamado. Não posso desiludi-los. – Darius beijou os lábios desta ao de leve. – Além do mais, não será nada grave.

- Mas… - Mayara engoliu em seco. - … nós vamos casar!

- Sim. E eu estarei aqui a tempo. – Darius sorriu e Mayara beijou-o, mas desta vez com uma urgência inexplicável.

- Eu tenho um pressentimento ruim. – Mayara disse, separando-se para recuperar o fôlego.

- Vai correr tudo bem. – Darius disse com confiança. Darius beijou-a ternamente, mas Mayara puxou-o para si, acabando encostada ao grande tronco. Acabou soltando um gemido, quando Darius traçou um caminho desde o seu pescoço até ao ombro, descendo a alça do seu vestido verde-água. – É melhor voltarmos.

- Não. – Mayara olhou nos olhos de Darius.

- Mas, não devemos. – Darius alertou.

- Eu irei ser tua mais dia, menos dia. – Mayara disse, enquanto segurava o rosto deste nas mãos. – Eu não vou aguentar ficar esperando até ao dia da nossa união. Ainda para mais com a tua ausência. Eu quero me lembrar dos nossos momentos juntos, principalmente este.

- E se aparecer alguém? – Darius sentiu as suas pernas tremerem ao ver a iminência de ceder face a dois olhos suplicantes.

- Não vai aparecer ninguém. – Mayara disse, beijando-o. Depois e face à estupefacção de Darius, afastou-o e desceu ambas as alças do vestido, ficando completamente nua. – Não me vais deixar tal e qual uma estátua num templo, certo?

Darius engoliu em seco. Mayara era linda, doce e atrevida ao mesmo tempo. Mas ali, na sua frente tal e qual veio ao mundo, revelava uma aura de inocência e sensualidade ao mesmo tempo. Caminhou até si e colocou a mão no seu rosto. O rosto lindo denunciava o nervosismo que esta sentia. Os lábios de ambos uniram-se primeiramente num acto de doçura para depois darem lugar a um acto desesperado de sentimento à flor da pele. Enquanto as suas línguas se exploravam mutuamente, Mayara despiu Darius à pressa, sentindo-se ruborescer. Para sua surpresa, este parecia também envergonhado e Mayara teve noção de que não era a única estreante nas teias da paixão e do amor.

Ao deitá-la gentilmente na folhagem daquele jardim que parecia ainda mais florido, com pequenos beijos, Darius percorreu todo o corpo da amada. Mayara sentiu-se rodeada de sensações novas e embora se sentisse quente, todos os pelos do seu corpo se arrepiaram.

Um canto de um rouxinol denunciou a união de dois corpos apaixonados, abafando todo o mundo à volta.

- Prometes que voltas a tempo? – Mayara perguntou repousando nos braços deste.

- Regressarei nem que tenha de atravessar sozinho vales e montanhas, rios e mares. – Darius disse, acariciando o cabelo ondulado e escuro desta. – Sempre voltarei por ti, minha princesa.


- Com licença. – Alicia levantou-se das escadas.

- Onde é que vais? – Will arqueou a sobrancelha.

- Ora, tirar a Lara do quarto! – Alicia exclamou. – Estou farta. Estamos no fundo do poço Will. Nada pior nos pode acontecer. É hora de esclarecer esta história toda. A Lara tem de falar com o Darius.

- Não era melhor dar-lhe um tempo? – Will perguntou cauteloso. – Tenta perceber, ela está mais arrasada que todos nós. Mais vale serenar e falar com ele quando estiver preparada.

- Preparada? – Alicia arregalou os olhos. – Olha Will, se ela não for lá eu vou. Afinal, se ele for mesmo o noivo da Mayara, parabéns, eu sou a encarnação da cunhada dele!

- Ahhhhhh! – Um berro foi ouvido, fazendo Alicia e Will olharem estarrecidos quando virão Lara sair do quarto que nem uma leoa.

- O que é que se passou… - Alicia nem teve tempo de acabar a frase.

- É HOJE! É HOJE QUE EU OBRIGO AQUELE DESGRAÇADO A CONTAR TUDO! – Lara exclamou aos berros, deixando a tripulação completamente atónita.

- Mas o que é que te deu? Parece que viste o demónio à frente! – Alicia exclamou.

- Não. Mas vi que aquela princesa não era santa nenhuma! – Lara exclamou, descendo as escadas até ao porão com uma pressa avassaladora.

- Ainda bem que casei com a irmã mais… serena! – Will exclamou deixando Alicia olhando para si.

Lara entrou na zona das celas e pegou na chave. Não olhou directamente para Darius mas notou que este se levantara do chão quando a viu. Abriu a porta grosseiramente e entrou dentro da cela, fitando Darius e sem saber o que falar.

- Passou-se algo? – Darius perguntou e Lara teve vontade de dar meia volta.

- Sim. – Lara disse, semicerrando os olhos.

- Eu peço perdão por tudo. Eu sei que deveria ter dito que Circe guardava aquele lugar, mas acredite, eu pensei que no final tudo seria diferente. – Darius explicou.

- Diferente? – Lara arqueou a sobrancelha. – E porque seria diferente, senhor Darius? Qual era o outro cenário que não o desaparecimento da minha filha, do meu marido, do Barbossa e… - Lara fechou os olhos. - … a morte do Thomas?

- Eu sinto muito pela morte dele. – Darius fixou o chão. – Não era minha intenção que isso acontecesse.

- Pare! – Lara exclamou colocando as mãos na cabeça. – Pare com essa inocência, com essa simpatia, com essa gentileza! Eu estou farta. Escusa de pedir perdão por tudo e por nada. Eu já sei quem você é.

- Mas… - Darius ia falar, mas Lara travou-o.

- Durante muito tempo eu pensei que fossem avisos. Agora eu já não sei nada. – Lara disse. – Os sonhos que eu tinha, com a minha "vida passada", até você entrar neles. Ao princípio eu pensei que só podia ser engano. Mas no fundo sabia que havia algo errado. Agora… - Lara fez uma pausa. - … eu suporto tudo. Suportei as crises de pânico da Mayara, as suas dúvidas, as suas paixões, etc. Agora o que eu não suporto… - Lara olhou o tecto da cela e notou que estava a ficar com alguns tiques de Jack. - … é testemunhar certas cenas. Porque eu não tenho vontade, curiosidade nem paciência para ver… os vossos momentos mais íntimos.

Darius arregalou os olhos e ficou vermelho que nem um tomate. Já Lara simplesmente virou costas ao lembrar-se de certos detalhes.

- Eu… não sei o que dizer. – Darius encostou-se às grades.

- É fácil. – Lara voltou a fixar este. – Comece pelo princípio. – Caminhou até ficar a poucos centímetros de Darius. – Quem é você afinal?

 

Continua…


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Notas finais do capítulo

Novo capítulo e... aviso que o próximo não vai ter Lara, Alicia, Will e companhia. Sim será passado noutro sítio com outras personagens, por isso as explicações do Darius ficaram para daqui a dois capítulos!

Obrigada pelas reviews Camila e resende!

Espero que gostem!!! Saudações Piratas!!!

JODIVISE



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