POV Renesmee.

   Sempre havia esperado por aquele momento, acho que desde que nasci meu coração esperava pelo o dia em que meus lábios se encontrariam com os dele. E tinha que terminar assim, ele negando, ele chamando-me de criança.

   Foi como se meu coração partisse em milhões de pedaçinhos, e estes mesmo pedaços viraram gelo após o frio que tomou conta do meu ser, depois da dor de sua rejeição me atingir!

   Neguei-me a ficar do seu lado. Passei dias longe de sua pessoa, o evitava a todo custo, não queria mais sofrer do que já estava sofrendo, só que não estava conseguindo só, então pedi ajuda a minha mãe.

- Mãe posso falar com você a sós? – pedi.

- Claro, meu bem. O que houve? – ela perguntou já preocupada.

Toquei seu rosto pedindo que nos envolvesse com seu escudo enquanto seguíamos floresta adentro em busca de um pouco de privacidade. Ela assentiu.

- Diga-me Nessie, o que aconteceu? Percebi você triste esses dias, perguntei ao seu pai e nem ele sabe direito o que é, meu amor. – abraçou-me com ternura – ele só sabe que tem algo a ver com Jake... – ela hesitou ao sentir que eu já começava a chorar.

   Contei-lhe tudo. Contei o que estava sentindo mesmo antes do beijo acontecer, disse as dúvidas que tinha e os sentimentos que nutri por Jacob, contei-lhe do beijo e da sua rejeição, da dor que me afligiu e o porque de eu estar o evitando, ela escutou tudo e no final só me abraçou e disse que tudo se resolveria, e que eu deverias dar uma chance pro Jake se explicar, mas eu não queria escutá-lo.

   Mais uns dias se passaram e minha mãe mantinha-me debaixo de seu escudo constantemente já que era difícil evitar alguns pensamentos com meu pai e Jacob por perto. Nesse tempo fiquei mais próxima de Harry, e cada vez mais me sentia apegada a ele, era como seu eu buscasse substituir tudo o que tinha com Jacob nele, sabia que não era justo, mas eu me sentia melhor e estava sendo egoísta o suficiente a ponto de permitir que tal aproximação acontecesse. Ele agora era meu melhor-amigo, não poderia contar tudo pra ele, óbvio, mas boa parte eu contava e ele sempre tava ali pra me fazer rir quando estava triste e pra dividir comigo sua vida também.

   Sarah agora tinha se juntado ao nosso grupo também, apesar de não fazer mais parte do grupo de líderes de torcida após o quase acidente com minha melhor amiga eu ainda a acompanhava nos treinos e aproveitava para passar mais um tempo com Harry e evitar Jacob que vira e mexe tentava me cercar. Meu coração ainda doía ainda mais quando o via com Nicole, isso me dava simplesmente nos nervos e só me fazia pensar que os dois estavam juntos e por isso ele não me quis.

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   Senti uma pontada no pé da barriga, uma dor incomoda. Algo que nunca havia sentido e logo em plena manhã de sábado, sentei-me assustada na cama e debaixo de mim pude sentir uma umidade estranha e um cheiro desconhecido. Olhei para baixo...

- MÃEEEEEE! – gritei assustada já sentindo as lágrimas nos meus olhos.

Meu pai e minha mãe entraram em meu quarto assustado por meu grito em menos de um segundo, assim que meu pai me viu e leu minha mente segurou minha mãe. Ela me olhou e olhou para o quarto, depois sua boca abriu-se em um O e fechou formando uma linha logo em seguida. Sabia que estava travando a mandíbula e bloqueando a passagem de ar.

- Bella, está tudo bem? – meu pai perguntou receoso.

Ouvi os passos de Jacob na escada.

- VÁ EMBORA! NÃO QUERO QUE ENTRE AQUI. – gritei para ele e instantaneamente ouvi seus passos pararem no fim da escada – Mãe! – choraminguei.

Ela baixou os ombros sob o apoio de Edward no gesto para mostrar que tava tudo sob controle.

- Edward, está tudo bem. Até parece que depois de todo esse tempo eu não sei me controlar... – ela sorriu, um riso amarelo – Deixa que eu cuido disso, isso é entre mulheres – ela olhou pra mim e piscou.

Vi meu pai passar a mão entre os cabelos, um gesto que demonstrava que estava embaraçado com a situação e depois acenando um sim com a cabeça.

- Estou lá em baixo, caso precise. – ela disse dando um sorriso torto e antes de sair respondeu aos meus pensamentos – Não se preocupe, meu amor, não direi nada.

  Após a saída do meu pai, minha mãe me ajudou a tomar banho, a me preparar e se livrar da roupa de cama. Sentamos no chão e conversamos por um bom tempo e depois juntou minhas tias e minha vó, onde ali só era permitida a entrada das mulheres da família me senti mais confortável e um pouco menos assustada. Eu sabia o que tinha acontecido só que eu como meio - vampira nunca imaginei que fosse possível que algo assim acontecesse justamente comigo, mas como eu já tinha me acostumado o impossível era algo que acontecia freqüentemente com minha família.

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   Assim se passaram duas semanas. Mantinha Jacob a todo custo longe de mim e ele era o único que não sabia do ocorrido de alguns poucos dias atrás. Estava feliz com isso, me sentia menos constrangida.

   Estávamos no refeitório como em outro dia qualquer, a não ser o fato de que em meu peito eu ainda sentia a ausência de Jacob, mas lutava com todas as minhas forças contra isso e buscava na companhia de Harry uma forma de fugir daquilo que sempre parecia me puxar cada vez mais para o lado daquele que me magoou profundamente.

   Sarah, Harry e eu estávamos falando coisas sem muita importância até que ele tocou no assunto de uma festa que iria rolar fim de semana.

- Então Nessie, você vai a festa? – ele perguntou.

- Não sei Harry... – respondi sem graça pela forma como me encarava.

- Ah... Vamos, Nessie! Vai ser legal, prometo não se arrepender... – ele insistiu.

   Jacob se intrometeu na conversa perguntando que festa era, isso fez minha raiva aumentar e o desejo de ir a festa aumentar. Depois que Jacob saiu da mesa com ar de superioridade, disse a Harry que faria de tudo pra ir à festa e que ele me aguardasse lá junto com Sarah.

   As aulas seguiram lentamente, pela primeira vez estava sentindo tédio em estudar, para mim escola sempre foi algo surpreendente e encantador, mas agora olhando bem e analisando os fatos nem era tão assim. Passei o restante do dia pensando em que meus tios deveriam estar aprontando em casa, sem nada pra fazer, provavelmente Emmett deveria ter inventado um jogo bobo, típico dele. Se eu fosse a festa iria pedir a tia Alice para me levar as compras, assim teria um vestido deslumbrante, compras sempre era um bom refúgio para a frustração e o tédio total, principalmente com minha tia fadinha ao meu lado e a perfeição de Rosalie.

   O sinal tocou, me despedi de Sarah e Harry no corredor e quando alcancei o estacionamento Jacob já estava a minha espera. Entrei no carro e seguimos em silêncio pela estrada que nos levava a algum lugar que não conhecia muito bem, até que estacionou numa praça.

- Nessie, desce do carro.

Desci e o segui, sem dizer uma palavra.

- Nessie, precisamos conversar. – ele disse sério.

- Não temos nada que conversar Jacob.

- Temos sim Nessie, e se você não parar de agir assim terá de me escutar a força, nem que eu te prenda aqui comigo enquanto você ouve tudo o que tenho pra te dizer.

- Então fale logo de uma vez, quero ir para casa. – falei mais para mim do que para ele.

- Nessie você já ouviu falar sobre o imprinting? – perguntou.

- Não.

- Vou te contar uma história do meu povo, mas preciso que você fique bem atenta ok? – implorou.

- Ok. – respondi com indiferença – Mas termine logo, estou com pressa, quero ir para casa ver se poderei ir a festa no fim de semana! – não estava afim de ficar escutando história assim como ele fazia quando era pequena, a garota tinha crescido, e agora eu já era uma mulher.

- Claro, claro. – disse – mas me escuta, sim?

Revirei os olhos...

- Nessie, imprinting é aquilo que define toda a vida de um lobo quileute, simplesmente é o seu destino... – começou.

- Como assim? – perguntei olhando pra ele, a curiosidade começando a tomar conta de mim.

- Nessie, quando o lobo sofre um imprinting quer dizer que ele encontrou sua alma gêmea!

Não acreditei no que disse. Mas sem ao menos perceber abri minha boca em um O. Logo em seguida a fechei, minha mente sendo bombardeada por hipóteses atormentadoras sobre aquilo que ele acabara de me revelar.

- E porque está me contando isso? – encarei em seus olhos, falhei, há muito tempo evitei olhar pros seus negros olhos, aquele mar que me chamava.

- Nessie, escuta... – ele respirou fundo, sentou ao meu lado e segurou minhas mãos.

Retirei minhas mãos, não queria sentir seu toque quente.

- Fala.

- Renesmee – ele disse meu nome segurando minhas mãos novamente com mais firmeza – Estou te contando sobre o imprinting porque eu...

Triiim – trimmmm. Meu celular tocou. Aproveitei para me livrar de suas mãos e atender o telefone.

- Alô! – atendi.

Ele me olhava incrédulo.

- Renesmee Carlie Cullen! – ouvi meu pai falar firme.

- Ahh, oi pai! – virei o olhar para longe de Jacob.

- Já para casa!

- Pai estou com Jacob... Estamos indo. – tentei explicar, ele estava nervoso.

- Passe para ele, quero falar com o cachorro!

Estendi o telefone.

- Fala. – Jacob disse, tenso.

Ouvi murmúrios do aparelho telefônico e Jacob vociferar com meu pai mas a todo custo tentando manter a calma. Pude distinguir algo vindo do meu pai como ‘ Vi o que estava na mente de Alice quando ela fez uma previsão cachorro, Nessie havia sumido por completo ’.

Eu sumido por completo. ‘ O que isso quer dizer? ’

Jacob se acalmou com o passar de um tempo e logo desligou o telefone.

- Vamos para casa. – ele disse decepcionado.

- Não vai me contar o resto? – indaguei.

- Vou, mas não agora. Seu pai te quer em casa, mas prometo que logo contarei tudo.

- Ok.

Foi a única coisa que consegui dizer. Seguimos para casa em silêncio, mas não pude evitar de olhar para Jacob de relance e minha em seu semblante uma mistura de expectativa, ansiedade, medo e decepção. O que só me deixou mais confusa depois daquela conversa estranha sobre imprinting.