Destinys Play escrita por Bella P


Capítulo 6
Capítulo 5




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Capítulo 5

 

- Vejo que está bem acomodado Black. - foi o primeiro comentário de Leah Clearwater, passando por Jacob e adentrando a casa sem nem ao menos ser convidada, olhando ao seu redor com uma expressão de pouco interesse e finalmente fixando as suas íris escuras na figura de Kaylee que dispensava a recém-chegada o mesmo tipo de avaliação que Leah a estava dando. - Quem é a sua namoradinha? Não é muito pirralha Black?

A resposta de Jacob foi fechar a porta da casa com mais força que o necessário, gerando um alto estrondo.

- Quem é a vadia? Devo chamar a polícia? - retrucou Kaylee, lançando um olhar venenoso para a visitante não querida.

- Lee... - Jacob suspirou, passando a mão pelos cabelos. - Isto são modos?

- Ah, entendi! - Leah riu com escárnio. - Você é a babá! Enquanto estamos em crise em La Push, você fica aqui servindo de babá de adolescente. Que lindo Jacob Black.

- Ainda há tempo de mudar de ideia Jake. - Kaylee soltou e Leah e ela trocaram mais uma olhada venenosa.

- Kaylee... Será que você poderia... - ele apontou para as escadas, indicando o andar superior, e a garota arregalou os olhos enquanto Leah soltava uma baixa risadinha de deboche.

- Está me mandando para o meu quarto?

- Estou pedindo por privacidade.

- Não ouviu a babá? Se manda pirralha. - Leah cutucou, recebendo uma mirada irritada de Kaylee.

- Vai se ferrar! Eu poderia muito bem chamar a polícia e mandar prender você sua maluca! Você entrou na minha casa sem ser convidada e até onde eu sei isto ainda é invasão. - respondeu atravessada, dando um passo à frente e aproximando-se da mulher mais velha que era muito mais alta que ela. Não tanto quanto Jacob, mas relativamente maior. O fato de ter a pele no mesmo tom que o outro adolescente, rosto extremamente belo e corpo que muitas meninas matariam para ter muito mal escondidos em um par de bermudas justas e camiseta também não a ajudava na sua postura intimidadora. Perto de Leah, Kaylee não era lá grande coisa.

- Olha, a pirralha rosna, como um filhotinho tentando se passar por cachorro crescido. Mas novidades para você garota, aqui é a reunião dos lobos grandes! Então, cai fora!

- Leah! - Jacob chamou a atenção da mulher, a fuzilando com o olhar. - Menos. - disse a encarando firmemente, tentando passar apenas naquela mirada a mensagem de que Kaylee poderia conhecer a história dele, mas não conhecia todos os detalhes.

- Parei então, por hora. - provocou, erguendo as mãos com as palmas para cima em um gesto de paz.

- Kaylee... - Jacob virou-se para a garota mais nova.

- Era sério aquilo?

- Por favor.

- Ah, que lindo! Beleza então! - soltou irritada, dando meia volta e tomando o caminho das escadas e vendo que Leah tinha um sorriso de vitória no rosto. Ao passar por ela fez questão de dar um encontrão no braço da mulher mais velha, a empurrando com força e seguindo o seu caminho inabalada, subindo as escadas a passos pesados e minutos depois o som de uma porta batendo violentamente ecoou por toda a casa.

- O que foi isto? - Leah arqueou as sobrancelhas.

- Você já teve esta idade. Nunca teve uma crise adolescente antes?

- Não o ataque de piti, Jacob. O encontrão. - Jacob a mirou sem entender. - Andou tanto tempo vivendo entre simples mortais que esqueceu o que você é?

- Não Leah, não esqueci. - sibilou para a mulher. - Apenas...

- O quê?

- Nada.

- Jacob, uma garota da idade dela, do tamanho dela, não conseguiria mover um de nós do lugar apenas com um encontrão de ombros. É fisicamente impossível.

- Leah... Eu aprendi nos últimos meses que com Kaylee tudo é possível.

- Como?

- Não pergunte.

- Como assim não pergunte?

- É complicado. - sorriu matreiro diante da pequena piada que somente ele e a outra menina compreendiam.

- Complicado?

- Por que você está aqui Leah? - a cortou bruscamente, mudando de assunto radicalmente. Para Billy ou Sam terem revelado o paradeiro dele e mandado justamente Leah a sua caça era muito suspeito, ainda mais que não fazia nem vinte minutos que falara com o pai ao telefone e o mesmo estava com o um tom de voz muito estranho.

- Não consegue adivinhar?

- Cullen transformou a Bella.

- É mais complexo do que isto garoto. O casal ternurinha deu cria. - Jacob sentiu o ar fugir de seus pulmões como se tivesse levado uma pancada muito forte, ou como se estivesse sendo novamente esmagado por um recém-nascido como da outra vez que lutou com o exército de Victória. - Sam obviamente foi contra esta aberração da natureza, quis acabar com tudo levando a sua queridinha junto, mas Seth por algum motivo foi contra as ordens de Sam e ficou ao lado dos Cullen, ajudando a proteger Bella dos outros e como eu não ia deixar o meu irmão sozinho dentro daquele antro de sangue-suga fui arrastada para o meio da confusão. E então ela pariu e foi uma confusão só com direito a muito sangue, ossos quebrando e algo digno de filme de terror que faria até alguém com estômago de ferro vomitar.

Jacob não queria nem imaginar. Se ele estivesse lá então, com certeza não teria permitido tal loucura, não teria deixado que Bella se arriscasse desta maneira, mas ao mesmo tempo agradecia mentalmente por Seth e Leah terem a protegido do restante da alcateia quando Sam com certeza soltou a ordem de execução para destruir a criança que a mulher carregava.

- Veio aqui para me dizer que agora Edward e Bella são uma linda família feliz?

- Não, vim aqui para informar que para não morrer Cullen teve que transformar Bella em uma da laia dele, que Seth imprimiu no monstrinho e que agora a confusão está formada.

- Poderia ter me dito isto pelo telefone. - Jacob rangeu os dentes. Que maravilha, agora Bella era uma sangue-suga imortal ao lado do adorado Edward dela, como sempre quis, e Leah ainda aparecia ali em seu refúgio para colocar sal na ferida.

- Não, porque o que eu vim dizer é que o Estado Maior dos sangue-suga descobriram sobre o monstrinho e agora estão indo para Forks resolver o problema. Os Cullen soltaram um alerta geral procurando ajuda nos quatro cantos do mundo.

- E?

- Sam não vai mover uma pata, Jacob, sabe disso.

- E você se despencou de Forks até Chicago esperando que eu me movesse? - Leah estreitou os olhos para ele.

- Sam é um cretino, isto é um fato, mas você não é. É o Alfa por direito, por sangue e herança e tem muito mais valor do que isto. E se não está a fim de fazer isto pelos Cullen, o que eu entendo perfeitamente, faça pelo Seth. Imagina como ele vai ficar se derem cabo da pequena anormalidade que ele tanto venera?

- Você se refere a esta criança com este carinho todo na frente do Seth? - perguntou com escárnio e Leah apenas deu um sorrisinho de canto. - Que pergunta cretina. Você é a Leah, óbvio que faz pior.

- E então?

- Se fosse viver de política e diplomacia Leah, sempre iria causar guerras. Você é péssima em tentar convencer as pessoas.

- Certo... Eu posso tentar do outro modo então: arrastar você com os dentes, se debatendo e rosnando, de volta a Forks. O que acha?

- Como se fosse capaz.

- Quer me testar? - provocou, mostrando os dentes para ele e soltando um rosnado do fundo da garganta. - O que te prende aqui? - a resposta de Jacob foi um revirar de olhos para o teto. - Ah, a pirralha. Qual é... Você não precisa ficar em Forks. Vai, dá um oi, mata uns vampiros...

- Shhhh... - sibilou para ela e Leah rolou os olhos. - As paredes têm ouvidos.

- Que seja. Depois você volta. - Jacob cruzou os braços sobre o peito e fechou os olhos pensativo. Queria voltar e ao mesmo tempo não queria. Não se sentia assim tão pronto para encarar Bella, não agora que ela tinha a capacidade de lhe dar um soco sem correr o risco de quebrar a mão, mas ao mesmo tempo não queria deixar Seth enfrentar tamanho problema sozinho. Sempre o considerou um irmão caçula, sendo parte ou não da alcateia, e prometera a ele que poderia contar com a sua pessoa quando precisasse.

- Me dê uns minutos, okay. - pediu, abrindo os olhos e subindo as escadas, cruzando o corredor e parando em frente a uma porta de madeira branca e batendo na mesma com os nós dos dedos.

- Se manda! - veio a resposta abafada que Jacob ignorou e suavemente abriu uma fresta da porta, encontrando Kaylee deitada de bruços sobre cama folheando um livro qualquer. - A vadia já foi?

- Você é um doce quando está mal humorada.

- É a TPM, releva.

- Claro, a TPM. A eterna desculpa feminina. - rolou os olhos, sentando-se na beirada do colchão. - Temos que conversar Lee. - disse seriamente.

- Veio aqui se confessar?

- Sobre o quê?

- Sobre a minha pergunta de mais cedo. - continuou, ainda com os olhos no livro. - Sobre ser gay.

- Hah! - soltou seco. - A piada já perdeu a graça.

- Que pena! Deveria ter batido uma foto da sua cara para guardar de recordação do momento memorável em que finalmente Jacob Black perdeu a compostura.

- Vai olhar para mim para assim termos uma conversa adulta ou irá continuar me ignorando?

- Não temos idade para beber, então, legalmente, não somos adultos. Embora você convença qualquer um sem nem precisar apresentar a sua carteira de identidade.

- Kaylee... - frustrado, Jacob colocou uma mão sobre o ombro dela e a puxou, a obrigando a se virar para encará-lo e surpreendeu-se ao ver que os olhos amêndoas estavam brilhantes e avermelhados.

- Não quero ouvir o que tem a dizer Jacob, pois sei o que tem para dizer. Está voltando para Forks e pelo andar da carruagem e pelo fato de não ter respondido a minha pergunta sobre a partida da sua amável amiga, creio que a viagem é para hoje.

- Ocorreu uma emergência.

- Não precisa me dar explicações. Este dia chegaria, você mesmo me preveniu. - deu as costas para ele, voltando a posição anterior e retornando a folhear o livro.

- Não é como se eu fosse ficar lá. - tentou consolá-la.

- Mas você vai ficar. Tem responsabilidades para com sua tribo. Complicações que deixou para trás e com as quais precisa lidar. - Jacob realmente estava começando a odiar esta palavra.

- Você vai ficar bem Kaylee? - perguntou, sentindo um aperto no coração somente de pensar em deixá-la para trás. A jovem como resposta deu de ombros.

- Vivi os últimos quinze anos sem você. Acho que sobreviverei o resto da minha vida. - disse seca e foi como uma facada para Jacob. A dispensa havia sido cruel e embora compreendesse que a atitude dela era resultado da mágoa, ainda sim preferia não ter levado esse “tapa na cara”.

- Está sendo dramática, não é como se nunca mais fôssemos nos ver.

- Não estou tão certa disto. Você entrou na minha vida de repente e está saindo de repente. Winnie costuma dizer que tudo é composto por fases, passagens e permanências. Ainda estou tentando achar a sua categoria, mas creio que você está na passagem.

- Preferia ficar na permanência.

- Para ser permanente é preciso ficar e não é bem isto o que você está fazendo, não é mesmo? - Jacob suspirou, erguendo-se da cama.

- Detesto quando você fica toda filosófica.

- Adeus Jacob. - o cortou bruscamente, nunca desviando o olhar do livro, porém Jacob sabia que ela nada lia, pois permanecia na mesma página fazia uns dois minutos.

- Até breve Kaylee. - respondeu, inclinando-se sobre ela e depositando um beijo no topo da cabeça da jovem, inalando profundamente o aroma que ela emanava, algo extremamente característico dela. Uma mistura distante do cheiro dos lobos com o perfume das ervas medicinais que Winnie usava para fazer as várias infusões naturais que conhecia. Algo que ele queria gravar na mente, uma lembrança de Chicago para levar para Forks.

 

oOo

 

- Onde está Jacob?! - a porta do quarto abriu-se em um estrondo, permitindo a passagem de uma Winnie esbaforida e tudo o que Kaylee fez foi erguer a cabeça do travesseiro e mirar a tia com uma expressão sonolenta.

- Que horas são? - perguntou desorientada, recolhendo o relógio digital no criado mudo e vendo que já passava das nove e meia da noite. Parecia que depois de sua breve conversa com Jacob e sua despedida seca, seguida de algumas lágrimas assim que ouviu a porta da casa se fechar anunciando a partida do rapaz, ela havia caído no sono.

- Onde está Jacob, Kaylee? - Winnie praticamente se jogou sobre a garota na cama, a segurando pelos ombros e a sacudindo levemente, mirando os seus olhos castanhos nos da sobrinha.

- Uma maluca da tribo dele apareceu dizendo que houve uma emergência em La Push e ele voltou com ela. - Winifred largou os ombros da adolescente como se os mesmos tivessem lhe dado um choque e a mirou com horror.

- Jacob voltou para Forks?

- Conhece outra reserva Quileute que fique em La Push que não esteja em Forks? - gracejou, ignorando o fato de que a tia parecia ter surtado de vez, ainda mais que começara a andar de um lado para o outro do quarto, passando as mãos pelos longos cabelos de maneira frenética e murmurando uma coisa ou outra para si própria sob a respiração. - Tia Winnie?

- É isto! - a mulher parou bruscamente de perambular e foi até o armário da menina, abrindo largamente as portas do mesmo e tirando de dentro dele uma grande mochila que Kaylee costumava usar como bolsa de viagem durante as excursões da equipe de vôlei da escola. - Você irá para La Push.

- Como é? - a garota sentou-se na cama em um pulo. - Titia, que ervas a senhora anda plantando nos jardins dos fundos? - perguntou com os olhos largos enquanto via a mulher atulhar peças atrás de peças de roupas em sua mochila.

- Precisa trazer o Jacob de volta.

- Tia...

- Sem discussões Kaylee.

- Tia... Uma passagem para Washington, para Seattle, não é barata e não estamos com verba assim para gastar.

- Eu sei. Você irá voar para Denver e de lá tomará um ônibus para Seattle. - sua tia havia enlouquecido de vez.

- Eu? Quer dizer que eu vou sozinha?

- Não posso abandonar a loja querida.

- E quanto as leis americanas? Sou uma menor viajando sozinha.

- Acho que ainda tenho a cópia da última autorização que cedi a sua escola para a viagem que você fez para Detroit para disputar o regional. Creio que vai servir.

- Isto é loucura! Por que todo este empenho para trazer o Jacob de volta? - Winnie colocou o último item na bolsa de viagem, a fechando com um puxão do zíper e a jogando na direção de Kaylee na cama.

- Porque é preciso. Agora troque este uniforme que creio que ainda dá tempo de pegar um voo antes da meia noite. - e saiu do quarto sem dizer mais nada, com certeza indo em busca da tal autorização e pesquisar com alguma companhia aérea qual seria o próximo voo para Denver.

Kaylee por seu lado voltou o olhar aturdido para a mala em suas mãos, com a cabeça rodando a duzentas rotações por minuto, sem entender praticamente nada. Winnie tinha praticamente a ordenado a ir para Forks e trazer Jacob de volta mesmo que fosse a força, como se fosse imprescindível e completamente necessário a presença dele naquela casa, ao lado delas. Confessava que não fazia nem cinco horas que ele havia partido e já sentia uma falta terrível do outro adolescente, mas também não era para tanto.

Ou será que era?

Apertou o tecido da mochila entre os dedos ao lembrar-se dos poucos trechos da conversa que captara entre Jacob e a tal de Leah. Aparentemente a dita Bella estava com problemas e precisava de ajuda e agora Jacob voltava correndo como um cão fiel para socorrer a amada que era casada com outro. Seus dentes trincaram diante da raiva que sentiu borbulhar em seu sangue. A vontade que tinha era de socar algum senso dentro da cabeça de Black para ele deixar de ser tão estúpido. Levava um pé na bunda, era trocado e descartado como um cachorro vira-lata e ainda voltava abanando o rabo para a mulher que o maltratara. Era gostar mesmo de sofrer.

Com um pulo saiu da cama e começou a trocar de roupa rapidamente. A ideia da sua tia era louca, mas ela também era tão louca quanto Winnie. Jacob dissera que não queria ser uma passagem em sua vida, queria ser permanente. Pois bem, o tornaria permanente, ele gostando ou não da ideia. E Bella que se ferrasse sozinha e parasse de levar os outros para o mesmo buraco sem fundo em que se metia.

 


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