Destinys Play escrita por Bella P


Capítulo 5
Capítulo 4




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Capítulo 4

 

- Okay! - Kaylee espalmou ambas as mãos sobre o tampo da mesa da cozinha, chamando a atenção de Jacob que parou a colher coberta de cereal e leite a meio caminho da boca. - Irmã Agnes pediu como trabalho de história neste verão algo sobre a cultura americana. Então eu fiquei pensando sobre o que eu poderia falar e olha só a minha estupidez... Eu vivo sob o mesmo teto com um legítimo representante desta cultura. Então você vai servir. - Black arqueou uma sobrancelha negra, não tendo entendido metade do que a menina havia falado.

Era meio de agosto e a temperatura que se manteve baixa durante toda a primavera na cidade foi elevando-se aos poucos com a chegada do verão. Kaylee havia entrado de férias no início do segundo mês da chegada de Jacob a Chicago e aproveitava o seu tempo livre para ficar na loja exotérica de Winnie ganhando um dinheiro extra o qual iria investir em um computador de última geração. E a outra parte do tempo que não era ocupada com os treinos da equipe da escola para o campeonato que começaria em outubro era gasta com deveres de férias.

Jacob quase teve um AVC quando um dia entrou na cozinha para ver a garota em pleno final de semana sentada à mesa rodeada de livros enquanto lá fora fazia um dia brilhante de sol que implorava para ser aproveitado com atividades mais leves. Realmente Kaylee fugia totalmente dos padrões adolescentes. Afinal, que garota da idade dela era aficionada em Biologia e Química e parecia ter uma obsessão compulsiva por séries médicas e de investigação policial que envolvia alguma cena de necrópsia? Era realmente muito esquisito.

- Como é?

- Você é um Quileute. Um nativo americano. Um dos donos desta terra. É um representante nato da nossa cultura. Vai me ajudar com o meu trabalho de história.

- Kaylee... Eu digo uma palavra apenas para você: Google.

- O quê?

- Você pode encontrar tudo sobre a minha tribo na internet. Ou procurar por livros sobre histórias e cultura da minha tribo lá.

- Mas é muito mais emocionante ouvir de um representante legítimo. - Jacob rolou os olhos.

- Se quer ouvir histórias... Eu te dou o telefone do meu pai, com certeza ele será de muito mais ajuda do que eu. - a menina recuou, desapoiando-se da mesa e o encarando pensativa por alguns segundos.

- Beleza! - disse animada.

- Beleza o quê? - perguntou Jacob confuso.

- Me dá o telefone do seu pai.

- É sério isto?

- Qual o problema? Já ouvi falar tanto do seu pai que estou curiosa. Quero conhecer o famigerado Billy Black.

- E com certeza você vai fazer mais do que perguntar a ele sobre lendas e histórias Quileutes. - Kaylee deu a Jacob um sorriso matreiro, um que o rapaz já estava começando a reconhecer como algo que nunca era um bom presságio.

- Talvez uma ou outra história embaraçosa de infância. Umas fotos de bebê. Você deve ter sido fofo! Essas coisas que são capazes de fazer o inabalável Jacob Black ficar vermelho.

- Não tenho histórias embaraçosas de infância e todo bebê é fofo. Não vou ficar vermelho por causa disto. - rebateu presunçoso e Kaylee resmungou.

- Droga! - espalmou uma mão com força sobre a mesa, o que fez o móvel tremular levemente e Jacob franzir as sobrancelhas negras. Ou a mesa estava bamba ou cortar tanto as bolas no vôlei estava aumentando a força nos braços de Kaylee. - Eu ainda encontro alguma coisa que faça você tremer nas bases. Todo garoto tem o seu momento de mico. Até mesmo você!

Óbvio que ele tinha o seu momento vergonhoso. Quando começou a se transformar em lobo levou um tempo para se acostumar e ficar nu em frente aos seus irmãos e quando Leah entrou para a alcateia então, foi ainda pior. Ela era a única mulher de todo o bando e querendo ou não era embaraçoso ter uma garota olhando para as suas partes íntimas mesmo que por poucos segundos e mesmo que fosse uma atitude involuntária. Contudo, não era algo que realmente poderia dizer a Kaylee, não mesmo.

- E você? Tem algum momento embaraçoso o qual queira divulgar com o público?

- Muito esperto Jake, mas não. Se você não quer revelar os seus podres, não irei revelar os meus. - retrucou, puxando uma cadeira e sentando-se à mesa, recolhendo uma faca e um pedaço de pão o qual ela começou a cortar rapidamente. - Ainda sim acho muito errado da sua parte esta sua falta de cooperação com as pobres almas necessitadas. Sem contar que a sua negativa é uma declaração explícita e prova de que a juventude não mais se apega a sabedoria dos antigos e a cultura verbal passada pelos mesmos.

- Você precisa parar de ver aqueles documentários do Discovery Channel. E estudar em colégio católico não faz bem a sua saúde mental, não mesmo. - Jacob rolou os olhos, levando uma colher cheia de cereal a boca.

- Mas é a pura verdade.

- Sério espertinha? Então me diga o que você sabe sobre ciganos? Sobre os povos nômades? - Kaylee fez uma careta. Winnie e ela descendiam dos ciganos, o que explicava toda a fixação da mulher mais velha pelo misticismo e derivados, pois ela era muito mais apegada a cultura, lendas e tradições dos nômades do que a adolescente que era mais apegada a tecnologia moderna.

- Bem... - falou enquanto continuava abrindo o pão em sua mão. - Eles são... Nômades. - Jacob somente rolou os olhos. - Ai! - a conversa foi interrompida com o grito vindo de Kaylee, seguido do pão que caiu das mãos dela, assim como a faca, e o cheiro de sangue que alcançou o olfato sensível de lobo do rapaz.

- Você está bem? - ele ergueu-se da cadeira em um gesto brusco no mesmo momento em que a garota puxava alguns guardanapos sobre a mesa e os apertava contra o corte infligido pela faca.

- Tudo bem. Melhor eu tratar disto. - Kaylee levantou-se da cadeira, ainda apertando os guardanapos contra o ferimento que sangrava e manchava o papel branco de vermelho.

- Eu te ajudo. - Jacob se ofereceu, já a seguindo em direção ao banheiro.

- Não! - a menina estacou no lugar, virando-se em um gesto brusco e o encarando firmemente. - É só um corte à toa. Eu me viro.

- Kaylee... Corte à toa veremos depois de lavarmos o ferimento. Eu ajudo, tenho experiência nisto.

- Tem? - perguntou desconfiada.

- Já furei muito o dedo com anzol de pesca quando era criança. Meu pai gosta de pescar. - sorriu inocente para ela.

- Não precisa Jake... Verdade, eu – mas não terminou de dizer, pois ele segurou firme o pulso da mão ferida e a ergueu na altura dos olhos. Kaylee ainda tentou protestar, mas os dedos mornos dele já estavam retirando os guardanapos que grudaram na pele por causa do sangue que secara. Jacob franziu o cenho. O sangue coagulara extremamente rápido para um corte que foi feito há minutos.

- Interessante... - murmurou enquanto usava as folhas brancas para limpar o restante do sangue e viu que a palma da mão apresentava uma linha avermelhada, como uma ferida em processo final de cicatrização.

Como se acordando de um transe, Kaylee puxou o braço, arrancando a mão de entre os dedos de Jacob e o encarando com os olhos largos. O moreno ergueu o maço de guardanapos a altura dos orbes escuros, vendo que as folhas tinham sido completamente tingidas de vermelho, o que indicava que o corte havia sido mais do que superficial.

- Eu falei que não era nada para se preocupar. - Kaylee deu um sorriso sem graça para Jacob, levando a mão às costas, a escondendo. Black estreitou os olhos e em um movimento rápido recolheu o braço dela, trazendo a palma a vista e incitando um grito agudo de surpresa da garota. Prendeu a respiração quando suas íris caíram sobre a mão da menina.

O corte que antes estava em processo de cicatrização agora havia simplesmente sumido, sem deixar marca alguma. E agora que parava para pensar, a mordida do vampiro também não havia deixado marcas. Além de ter curado bem mais rápido que o normal, o corte cicatrizara sem deixar rastros, coisa da qual Jacob não dera atenção e havia abstraído com o tempo. Afinal, não ficava olhando a toda hora para o pescoço da garota.

- Kaylee...

- É complicado Jake. - o cortou de pronto, soltando a sua mão do aperto dele e Jacob engoliu qualquer pergunta que estivesse pipocando em sua mente. Era complicado? Então era algo prévio, antes do surgimento dele na cidade, pois por um momento considerou que a transfusão de sangue que fizera deu a menina muito mais que alguns glóbulos vermelhos extras e um suave aroma de lobo a ela que Black não sabia dizer se era por causa da convivência constante ou pelo seu sangue que ainda poderia estar correndo nas veias da garota. Diferente de Kaylee não era aficionado em Biologia.

- Complicado.

- Sim... Uma complicação que eu não sei explicar. - exalou longamente, pedindo com o olhar para que ele compreendesse e não fizesse perguntas e Jacob recuou um passo, amassando os guardanapos com os dedos e sacudindo de leve a cabeça, dando meia volta e retornando a cozinha, livrando-se dos papéis na lixeira mais próxima.

- Apenas não me assuste desta maneira de novo. - falou depois de minutos de silêncio tenso.

- Eu posso tentar, mas não garanto muita coisa. - disse sorridente, o seguindo saltitante e voltando ao lugar de antes, sentando-se na cadeira de maneira desleixada. - Agora quanto ao trabalho de história... - Jacob rolou os olhos.

- Internet, Kaylee, grande invenção da humanidade. Use-a de vez em quando.

- Estraga prazeres. - resmungou, fazendo bico, e Black riu, retornando ao seu cereal e em questão de minutos todo o incidente com a faca foi esquecido.

 

oOo

 

- E como estão todos em La Push? - perguntou, apoiando-se na parede na qual ficava a escada de acesso para o segundo andar da casa, esperando pacientemente pela resposta do pai no outro lado da linha.

- Bem... - Billy Black disse em um tom hesitante e Jacob franziu o cenho.

- Aconteceu alguma coisa? - indagou. Das outras poucas vezes que entrara em contato com Billy ou vice e versa a conversa deles resumiu-se apenas ao que o homem mais velho estava fazendo, como ele estava, perguntas do mesmo em relação a Jacob e algumas outras questões referentes a alcateia, mas nada que remetesse a Bella ou aos Cullen. Entretanto, o tom de voz do patriarca dos Black deu a entender que algo grave havia acontecido. Contudo, Jacob não sabia dizer pois fazia alguns meses que não se transformava em lobo desde a noite que salvara Kaylee.

Agora que pensava nisto, desde a sua primeira transformação era a primeira vez que passava tanto tempo sem assumir a sua forma lupina. Em Chicago, fora aquele único vampiro, não havia encontrado nenhum outro Frio. Não tinha motivos para perder a cabeça embora fosse bastante genioso e sempre se sentia tranquilo na presença das mulheres Whitaker.

- Aconteceram várias coisas Jacob. Seis meses é bastante tempo. - Jacob fechou os olhos, os coçando com as pontas dos dedos. Seu pai sempre insistia em tocar neste assunto cada vez que entrava em contato. A eterna pergunta de “quando ele voltaria” surgia uma hora ou outra no meio da conversa. Dizia que ele já teve tempo o suficiente para pensar, lamber as feridas e que era hora de retornar para casa e suas responsabilidades.

O problema era que quando ele pensava em voltar para Forks a imagem de uma Kaylee cabisbaixa e chorando a sua partida vinha a sua mente e toda a sua resolução sumia. Era impressionante em como ele não hesitou em partir, apesar de todo o seu amor por Bella, mas sentia-se dividido só de pensar em deixar Kaylee para trás. Apegara-se a ela da mesma maneira que Bella apegara-se a ele quando Edward foi embora, a abandonando, com o pequeno porém de que não estava apaixonado pela menina e tinha certeza que o sentimento era recíproco.

- Ainda não sei pai. - saiu pela tangente e pôde ouvir o suspiro de Billy de maneira clara no outro lado da linha.

- Jacob... Você é necessário na tribo. O que passou passou, Bella já não faz mais parte das nossas vidas. - todos os músculos do corpo de Jacob retesaram.

- Cullen... - deixou a pergunta vagando no ar.

- Foi preciso.

- Como assim? - perguntou confuso. Até onde se lembrava, o sangue-suga do Edward tinha toda uma filosofia de que não iria transformar a amada em uma morta viva e Bella tinha a filosofia de que o faria mudar de ideia depois do casamento.

- Houve complicações. - Jacob estava começando a detestar esta palavra.

- Se não há nada de errado em La Push não preciso voltar correndo para a reserva, não é mesmo? - outro suspiro vindo de Billy.

- Como queira Jacob. Como queira. - a porta da frente da casa se abriu e a atenção de Jacob voltou-se para a figura que entrou correndo na sala.

- Preciso ir pai. Falo com você outro dia. - despediu-se dele e ouviu um curto “até outro dia” vindo de Billy seguido da conexão sendo encerrada e o telefone retornando ao gancho.

- Um A! - Kaylee apareceu no corredor em um deslize, com os cabelos presos em duas tranças balançando às suas costas. - Um A em história por falar dos Quileutes! E não foi graças a você! - espalmou as folhas impressas do dito trabalho no peito de Jacob com força, o fazendo recuar um passo. O rapaz sorriu de canto de boca.

- Mas qual seria a graça? O objetivo de um trabalho é a pesquisa e foi isto o que você fez: pesquisar.

- Muito esperto Jacob Black. Mas garanto que eu teria tirado um A mais se você tivesse aceitado a minha proposta de ter ido a minha escola para um pequeno seminário. - resmungou e Jacob cruzou os braços sobre o peito.

- Você queria era me exibir para as suas colegas, isto sim. - acusou e Kaylee soltou umas risadinhas. Não era uma mentira, pois sempre que Jacob aparecia acompanhando Winnie para assisti-la durante os seus jogos o adolescente virava cabeças automaticamente diante da sua presença imponente.

- Talvez... Um pouco. - sorriu matreira. - Ou muito. Você é completamente peculiar Jacob. Tem dezessete anos e um bando de garotas lambendo o chão que você pisa e ainda sim não se abala. - calou-se, estreitando os olhos e o mirando desconfiada. - Jake... - pausou para criar um suspense. - Você é gay?

- O quê?! - Jacob recuou um passo com os olhos largos e a boca aberta diante da surpresa da pergunta. - Eu sou a fim de uma garota, esqueceu? Bella, a mulher que foi a causa da minha partida de Forks.

- Muito na defensiva Jake meu caro e a dita Bella poderia ser apenas uma válvula de escape para se esconder do seu verdadeiro eu. Não se acanhe, é normal na sua idade ter dúvidas sobre si mesmo. É natural, faz parte do processo de crescimento e auto-conhecimento. - Kaylee retrucou em um tom como se fosse uma psicóloga profissional, causando, pela primeira vez em meses, duas manchas rosadas surgirem nas bochechas morenas de Jacob.

- É isso! Você, a partir de hoje, vai parar de ver aqueles programas educativos. Isto não é saudável para uma garota da sua idade. A partir de agora é só Gossip Girl e Jonas Brothers para você jovenzinha! - passou por ela, tomando o caminho da porta de entrada.

- Não fuja do assunto Jacob!

- Para mim chega! Meu horário de almoço acabou e eu tenho que voltar ao trabalho!

- A negação é uma admissão da verdade! - Jacob abriu a porta largamente, ao mesmo tempo em que se virava para encarar a menina.

- E você é maluca! - gritou, ignorando o rosto sorridente e as risadas que Kaylee segurava a muito custo, girando sobre os pés e estacando no lugar quando deparou-se com uma figura familiar do outro lado do batente.

- Olá Jacob. - a mulher deu um sorriso de canto de boca para Black que rapidamente fechou a cara.

- Leah.

 


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