Capítulo três – Ninguém quer dá o braço a torcer

“Se você quer jogar isso como um jogo

Bom... vamos lá, vamos lá, vamos jogar (...)”

(Paramore – Crushcrushcrush)

- Isabella isso não vai ficar assim – Edward se contorcia no chão enlameado.

- Ah é, e você vai fazer o que? Me bater? – provocou chegando mais perto dele para encará-lo.

- Ah não, te bater não... – por mais que estivesse com dor, ele não deixou de ser debochado. – Você vai me pagar de outra forma e vai ter uma hora que você vai implorar e eu não vou ceder – alegou ficando de joelhos. O meio das suas pernas lateja muito.

- Eu nunca vou implorar por nada que venha de você! – ela disse mesmo sabendo que não era verdade.

- Se você disse assim, então deixa estar – agora ele já estava de pé. – Olha o que você me fez, estou todo cheio de lama – ralhou.

- Você pediu, poderia estar pior – Bella o esfuziou com o olhar e Edward se encolheu a iminência de um novo golpe dela.

- Aonde você aprendeu a fazer essas coisas?

- Aprendeu o que? – confusa Bella o encarou.

- A se defender – ele respondeu como se fosse óbvio.

- Meu pai! – disse Bella rindo da cara de consternação que Edward fazia. – Chefe de pólicia! – Edward contorceu mais o rosto.

- Nem quero saber o que ele mais te ensinou – se afastou dela como se tivesse uma doença contagiosa.

- Está como medo agora?! – provocou Bella.

- Eu... Medo de você?! – retrucou no mesmo tom de voz provocativo. – É claro que não – deu de ombros. – Só que você sabe que tem que esperar o seu adversário se recuperar para voltar a atacar, assim será uma luta limpa e justa.

- Justa tudo bem, mas limpa nem tanto – zombava do estado deplorável de Edward.

- Você me dá nos nervos garota! – lhe deu as costas e começou a andar.

- Aonde você vai Edward? – gritou Bella.

- Para um lugar longe de você e onde não tenha tanta lama! – informou entrando para a mata.

- Edward você vai me deixar aqui sozinha? – Bella já corria atrás dele.

- Bella não fala comigo! – pediu Edward ainda p da vida.

- Agora vai ficar de birra?! – a morena o empurrou.

- Você me aleijou! – Bella danou-se a rir.

- Tá rindo de que? – ele parou e cruzou os braços.

- Edward você não vai ficar aleijado! – se contorcia de tanto rir.

- É porque não é você que está sentindo tudo arder! – vozeou.

- Porque você reclama tanto, Edward?

- Porque você é tão chata?

- Porque você não cala a boca garoto?

- Porque você não cala a sua?

Eles se encaravam furiosos. Bella fez bico. Edward a ignorou por completo e voltou a andar. À medida que eles andavam mais fechada a mata ficava. Bella não parava de olhar a sua volta. Não entendia onde Edward estava querendo chegar. Também, mesmo não entendendo ela não o perguntou, porque assim daria motivo para ele irritá-la mais.

Bella se abraçou de frio e enrugou a face quando ouviu um barulho estranho vindo do meio dos arbustos.

Edward parecia tranqüilo e despreocupado, mas para Bella ele parecia um chato de galocha e metido ao extremo.

“Como eu te odeio Edward!”

Pensou a morena fechando os punhos e fazendo como se tivesse uma faca a mão para cravar nas costas dele.

“Você sabe onde está indo? Você é louco garoto??? Estamos no meio do nada e você nos leva mais para dentro da mata!!!”

Ela queria gritar no ouvido dele, mas se conteve.

Decidida a se acalmar, Bella resolveu desfrutar o verde ao seu redor. Mas quanto mais olhava para os arbustos mais tinha a sensação de estar sendo observada.

Então mudou de tática e olhou só para frente. Só que a visão de Edward, com os cabelos desgrenhados, molhados e com a blusa tão colada ao corpo que dava para ver o quanto ele era definido por baixo, não deu certo.

- Ai droga! – reclamou baixinho.

- Você falou alguma coisa? – perguntou Edward a encarando. Bella fingiu que não o escutou e continuou caminhando.

Bella passou a frente de Edward, tomando frente à caminhada de volta ao carro que nunca parecia acabar. Sentiu-se melhor por não o ter que ficar encarando, mesmo que pelas costas, e sorriu achando graça do quanto o amigo estava sujo de lama.

Bem feito, pensou ela maldosamente fechando os olhos por alguns segundos.

Só que a pior coisa que ela fez foi pensar que estava imune das catástrofes naturais ou da, como Edward costuma dizer: "Falta de massa para se manter equilibrada."

A morena não viu um enorme galho, que estava encoberto por algumas folhas, a sua frente e acabou por tropeçar e cair em uma poça na lama.

O impacto do tombo sujou toda a sua roupa e principalmente o seu rosto, local este que foi mais atingido.

Edward ao encarar a cena, não sabia se ria ou se a ajudava.

Bella se contorcia na poça, toda atrapalhada, até que se levantou.

- Nem para ajudar né! Ódio de você... Muito ódio! – gritou cuspindo um pouco de lama. – Ahhhhhhhhhhhh raivaaaa.

- Agora estamos quites! – disparou Edward entre risos e soluços. Ele estava vermelho de tanto rir.

- Quites! Por quê? – Bella limpava a lama do rosto.

- Não entendeu a piada? Por um acaso entrou lama no seu cérebro?! – zombou da amiga.

- Vai se ferrar garoto. Vai ver se estou lá na esquina! – gritou mais e Edward tapou os ouvidos.

- Eu não... Você está aqui, toda suja de lama e ah... – parou a frente dela e deixou que ela se limpasse o suficiente para que pudesse enxergar novamente. – Isso é por você me bater! – empurrou-a a poça. Dessa vez Bella caiu de bunda. Sentiu uma dor descomunal por conta da queda e gritou ainda mais.

Esses dois só sabiam brigar e não levavam desaforo para casa.

Tinham gênio forte!

Mas no fundo se gostavam muito.

Mesmo porque a implicância é amiga - distante mais é - do amor. Quem implica cuida e quer testar a paciência do outro, mesmo que só para zombar da cara dele.

Mas até aonde essa implicância toda ia parar?