Capitulo Quatro

                                      Uma Noite Inesquecível

          Na sexta-feira eu acordei cedo. Eram necessariamente cinco da manhã. Fui ao lago respirar um pouco, mas quando cheguei lá, percebi que alguém deveria ter tido a mesma idéia. Á beira do lago havia uma garota sentada. Ela estava de costas, então pude ver apenas seus cabelos loiros.

          Cheguei mais perto. Acho que ela percebeu, pois se virou rapidamente, assustada.

          - Ow, me desculpe por assusta-la. –me desculpei.

          - Não, tudo bem. Eu não deveria estar aqui mesmo. –ela disse em uma voz embargada. Parecia que ela havia chorado.

          Ela se levantou, e foi então que percebi: era a campista nova, Karen Nierman. Ela usava um vestido azul celeste curto, que a deixava mais madura. Ela tinha quatorze anos, mas ela parecia ter uns dezesseis. Seus cabelos loiros eram lisos como uma régua e iam até sua cintura, os olhos eram de uma cor diferente. Pareciam o de sua mãe, Afrodite. Parecia que seus olhos tinham a cor da qual mais gostávamos. Karen e o irmão, Alan eram gêmeos e haviam sido reconhecidos por Afrodite na noite passada.

          - Aconteceu alguma coisa? –perguntei, percebendo pelos seus olhos vermelhos que ela realmente haviam chorado.

          - Não. –ela disse com a voz tremula.

          - Tem certeza? –insisti.

          - Hum, mais ou menos. Estou com saudade do meu pai. Eu não o vejo desde os doze anos. Isso me deixa muito triste.

          Percebi que ela estava a ponto de chorar de novo, então resolvi fazer com que ela falasse.

          - Hum... Por que você não o vê?

          - Ele é modelo. Viaja muito, sabe. Então ele nos deixa com uma babá.

          Está ai um bom motivo para Afrodite se apaixonar por ele.

          - Sabe, minha namorada, Annabeth, ficou dos sete aos doze anos sem ver o pai. –disse, tentando mostrar que não era apenas ela que tinha um pai, digamos, ausente.

          - Sério? Como ela viu o pai novamente?

          - Ela mandou uma carta a ele. Então, ela voltou pra casa, e ainda vivem juntos. E isso faz cinco anos.

          - Puxa, um bom exemplo... Obrigado. Agora é melhor eu ir. Daqui a pouco meu irmão acorda, e se eu não estiver lá ele vai achar que eu fui seqüestrada... –eu olhei para ela confuso, e acho que ela percebeu, pois depois completou –Longa história.

           - Hum, tudo bem. Até mais.

          Ela saiu andando... Quero dizer, saltitando. Pela primeira vez na vida acho que dei um bom conselho.

          Sentei na beira do lago e fiquei olhando as naiádes acenando para mim.

          Quando deu a hora do café da manhã, fui tranqüilamente para o refeitório. No caminho eu encontrei com Grover, então nós fomos juntos.

          Quando cheguei ao refeitório, Rachel veio até mim e me entregou um envelope.

          - Isso é pra você.

          Não me diga! , pensei.

         Abri, e lá estava escrito:

                 Te espero no anfiteatro ás 11:00 da noite.

                        Vá sozinho.

                Annabeth

          Fiquei confuso, mas fazer o que. Eu iria.

          Naquele momento Annabeth entrou no refeitório. Por que ela havia mandado um bilhete? Bem, acho que só descobriria a noite.

          Durante o dia fiz minhas coisas abtuais. Treinar, treinar e mais um pouco de treino.

          Por que minha mãe não chegava com as flores e o chocolate? Já estava ficando nervoso. Resolvi mandar uma mensagem de Íris para ela, mas eu não tinha Dracmas de ouro. Poderia até pedir para Annabeth, mas estava com vergonha de olhar para ela depois do bilhete. Não me pergunte o porquê.

          Na hora do jantar, eu me lembrei de uma coisa: hoje não era o dia da Caça a Bandeira? Fui até a mesa principal para falar com Heide.

          - Heide, hoje não era o dia da Caça a Bandeira? –perguntei confuso.

          - Você foi ao quadro de avisos que coloquei bem ali? –ela apontou para um quadro cheio de papeis que estava flutuando ao lado da entrada para o refeitório.

          - Ahn, não...

          - Então é por isso que não ficou sabendo que foi cancelado. –ela disse sarcástica.

          Eu me sentei e terminei meu jantar. Olhei no meu relógio de pulso que havia ganhado de minha mãe no meu aniversario de dezesseis anos. Eram oito e meia. Lembrando disto, percebi que ela não havia trazido o presente de Annabeth. O que eu faria agora?

          Olhei para a mesa de Atena, e ela não estava mais lá.

          Heide pediu a atenção de todos.

          - Hoje quero apenas avisar que não nos reuniremos na fogueira. Por razoes que por enquanto não vou revelar. –ao dizer isso ela sorriu para Rachel, que sorriu de volta. Elas estavam aprontando alguma coisa.

          Todos ficaram muito tristes com a noticia, e então começou os burburinhos.

          Fui para o chalé de Poseidon. Quando cheguei, minha roupa estava arrumada em minha cama. Era um Smoking preto.

          Me arrumei receoso. Por que tudo aquilo? Era mesmo minha namorada que estava fazendo tudo isso? Ela era muito inteligente (ela é filha de Atena, pelo amor dos deuses), mas estava começando a duvidar.

          Penteei meu cabelo de um jeito que combinasse com o smoking, e fiz uma descoberta incrível: há apenas um penteado que fica bom. Arrumei ele e achei que fiquei esquisito tão formal. Mas fazer o que.

          Andei lentamente até o anfiteatro, não havia ninguém acordado no Acampamento. Ao chegar lá fiquei chocado. O anfiteatro havia se tornado um local romântico, aliás, super romântico. Havia uma mesa posta para dois bem no meio, e estava tudo a luz de velas. Fui até a mesa e me sentei. Percebi que ao lado da minha cadeira estava um buquê cheio de rosas e lírios. As rosas eram vermelhas como sangue e os lírios mais brancos que neve. Em baixo havia uma caixa se bombons em forma de coração vermelho com uma fita branca.

          Fiquei observando tudo em volta enquanto Annabeth não chegava. Nos pratos em cima da mesa havia uma comida que nunca havia visto. Tudo em volta era vermelho e branco inclusive as velas. Agora, imagine um anfiteatro coberto com tecidos vermelho e branco e em volta da mesa milhares de velas da mesma cor. Assim estava o anfiteatro do Acampamento. Mais eu jurava que quando passei aqui depois do jantar ele estava normal.

          Então ouvi passos. Provavelmente Annabeth.

          Quando a vi, meu coração disparou e fiquei sem fala.

          Ela usava um vestido vermelho longo, que era super apertado, mostrando seu corpo esbelto, com uma sandália de salto. Em seu rosto estava uma maquiagem leve, com um tom leve de vermelho nos lábios. E seus cabelos estavam meio presos, deixando alguns cachos caídos. Ela estava oficialmente perfeita.

          Quando ela percebeu que eu a olhava ela sorriu torto e corou. Me levantei e esperei ela vir até mim. Ela veio andando graciosamente, mais leve do que nunca. Eu não sabia o que fazer. Então tentei me lembrar de todos os filmes que já havia visto com uma cena pelo menos parecida. Então me lembrei de um filme que minha mãe adorava, em que o casal foi jantar e o homem estava com um buquê de flores, e então puxou a cadeira para ela. Resolvi fazer o mesmo.

          Peguei o buquê e o chocolate, quando ela chegou a mim, entreguei a ela. Ela sorriu e disse numa voz tão suave como nunca.

          - Obrigado.

          Não respondi. Apenas tomei coragem e lhe dei um beijo, que foi apaixonadamente bom. Quando nos separamos, eu fui até onde ela se sentaria e puxei-a para que ela se sentasse.

          Me sentei, e conversamos um pouco antes de comer.

          A noite se seguiu, e então me lembrei do bilhete. Ainda estava em duvida se seria mesmo Annabeth que me mandou o bilhete. Mas resolvi deixar isto para depois. Estava muito ocupado com um beijo.

          Resolvi olhar meu relógio. Eram três da manhã!

          Fomos dormir, mas antes Annabeth me entregou um presente.

          - Isto é para você nunca se esquecer de mim. –disse ela sorrindo.

          Eu abri o embrulho azul (ela realmente me conhecia) e dentro havia um porta retrato com uma foto nossa, que tiramos um dia no Central Park. Pendurado nele havia metade de um coração. Olhei para Annabeth.

          - Outra metade dele esta aqui. –ela disse segurando a correntinha com a outra metade do coração.

          Senti uma coisa se formando em meu estômago. Eu a amava tanto.

          - Eu te amo. –disse a ela. Ela corou violentamente.

          - Também te amo. Muito. –ela corou tanto quando disse isso que até um pimentão sentiria inveja.

          Quando dei por mim já estava na porta do chalé de Atena. Nossa, ela não gostava nem um pouco de mim. E ela provavelmente estava vendo isso tudo.

          - Boa noite. –ela disse. E então me beijou.

          - Boa noite. –disse quando nos soltamos.

          Fui para meu chalé e me joguei na cama. Estava tão cansado que nem sabia se podia me levantar novamente.

          Acabei dormindo. Eu estava tão feliz. Esta havia sido a melhor noite da minha vida.