Capitulo Treze

                                 Um Acampamento Diferente

          As risadinhas não cessavam. Já estavam me irritando!

          De repente duas pessoas apareceram na nossa frente, mas não pude ver seus rostos; estavam cobertos por uma capa negra, que me fez arrepiar. Tirei Contracorrente do bolso, mas não a destampei.

          - Quem são vocês? – perguntou uma voz um pouco rouca e masculina.

          Ninguém respondeu.

          - Vocês não vão dizer, não é? – perguntou outra voz, desta vez feminina, que era suave e fria.

          Ninguém disse nada, mas Nico tinha um ar irritado.

          - Hum... Então você é o Filho de Hades? – perguntou a garota com um ar mais frio e irritado – Sabe, você é uma má influencia para nossa irmã!

          - Até parece que vocês não são! – retrucou Nico.

          - O que está acontecendo aqui?- perguntou outra voz feminina, vinda do bosque, mas dessa vez suave e doce, e ela tinha uma criança nos braços, com uma capa lilás.

          - Volte para o Acampamento agora! – mandou a primeira garota.

          - Quero ver você me obrigar! – gritou a segunda menina.

          - Não bliguem! – disse a criança, que parecia ter uns três anos, trocando o ‘r’ pelo ‘l’.

          - Tudo bem. – disse a garota que a mantinha nos braços. – Own! Tudo bem Nico?

          Nico apenas acenou com a cabeça. A garota retirou o capuz e pude ver seu rosto. Era mais branco que o próprio branco, tanto que poderiam dizer que estava morta, tinha os lábios vermelhos, os olhos tinham um tom de lilás intenso, os cabelos negros com uma mecha avermelhada. Já havia visto alguém assim, só não me lembro quem ou aonde. Ela devia ter uns treze anos.

          - Eu sou Kerina. E como acho que eles não vão se apresentar, - ela disse olhando pros dois irmãos – aqueles são Alina e Ário.

          - Você é muito inconveniente garota! – falou Alina, retirando o capuz, e revelando uma garota parecida com Kerina, mas com os cabelos totalmente vermelhos e a pele em um tom bronzeado.

          - Concordo. Mamãe nos ensinou a nunca deixar um estranho entrar aqui! – concordou Ário, também retirando o capuz, mostrando um garoto parecido com as duas irmãs, o cabelo totalmente negro e a pele em um tom pálido. Alina e Ário eram tão parecidos que poderiam se passar por irmãos gêmeos, e pareciam ter uns vinte anos.

          - Mas eles não são estranhos! Quero dizer, a maioria, só conheço o Nico. E também mamãe nos ensinou a ter esperteza em distinguir os estranhos maus dos estranhos bons. – retrucou Kerina. – Marjore, o que foi? – perguntou para a criança em seu colo que era muito parecida com ela. A garotinha fazia uma cara engraçada olhando para mim, Thalia e Nico, sem parar.

          - Filhos dos Tles Glandes! São bonzinhos? Eu não quelo fazer dodói! – respondeu ela enfiando o rosto nos cabelos de Kerina, me deixando muito surpreso. Como uma criança tão pequenina como aquela poderia saber isso?

          - Está tudo bem! Vamos voltar. Venham conosco. – ela disse olhando para nós.

          Olhei para Annabeth, que deu de ombros e segurou minha mão.

          Havia uma trilha muito pequena e andamos nela por uns dez minutos, todos em silencio, e todos pareciam um pouco desconfortáveis, não sei se porquê havia uma energia estranha emanando dos quatro irmãos ou porquê o lugar era estranho.

          Nós chegamos a um portal de madeira com dizeres em grego: Acampamento de Feitiços. Quando entramos, fiquei surpreso; havia vários alojamentos campos de treinamento. O lugar não era muito movimentado, apenas umas vinte pessoas.

          - Nossa, aqui é legal! – falou Connor.

          - Adorei a arquitetura deste lugar! Tem os ângulos certos e o designer muito bom. – disse Annabeth, maravilhada.

          Kerina, Alina e Ário foram até um refeitório, muito parecido com o do Acampamento Meio-Sangue, e se sentaram em uma das muitas mesas.

          - Bem, o que traz vocês aqui? – perguntou Ário com muita má vontade.

          - Nós precisamos de ajuda para uma missão. – respondi, e lhes contei sobre a profecia.

          - Então vocês precisam da “ajuda da magia” para prosseguir nessa missão? – perguntou Alina com um sorriso torto.

          - Basicamente... Sim. – respondeu Annabeth.

          - Vamos pensar sobre o assunto. Não podemos tomar decisões precipitadas. – respondeu Alina, me deixando surpreso pela maturidade.

          Os outros dois irmãos acenaram um “sim” com a cabeça.

          - Kelina vai pla fola do Acampamento? – perguntou Marjore, ainda no colo de Kerina.

          - Não sei, querida. – ela respondeu.

          - Posso ir também? – perguntou a linda garotinha inocentemente.

          - Não sei. Quem sabe quando estiver maior? – respondeu Ário.

          Eles nos levaram para um chalé onde havia três beliches, onde ficaram apenas os garotos, e as meninas ficaram no chalé ao lado. Então me lembrei de duas coisas que deveria ter perguntado a um tempo.

          - Connor, como você sabia que a Annabeth sabe dirigir? – perguntei com um pouco de ciúmes.

          - Está com ciúmes? Ai que lindo! Bem que podia ter trago uma câmera para filmar! – ele respondeu entre risos, acompanhado por todos, menos Nico, que apenas revirou os olhos.

          - Pode me responder? – perguntei um pouco irritado.

          - Está bem! Não precisa ficar tão irritado! Durante o ano Travis, minha mãe e eu fomos à Nova York e vimos ela dirigindo! – disse ele ainda rindo, e fiquei com um pouco de vergonha.

          - Ah! E Nico de onde conhece essa Kerina? – perguntei.

          - Eu fui ao Submundo e encontrei ela lá! – respondeu simplesmente.

          Senti meus olhos se arregalarem. Como assim no Submundo?

          - Calma! Ela não estava morta! – ele disse com um ar divertido, vendo minha expressão. – É que ela fica todo final de semana com a mãe dela, Hécate, que vice no Submundo.

          Então ouvimos uma batida na porta, e ela se abriu, e uma garota ruiva olhou para nós.

          - Está na hora do jantar! – ela avisou, e saiu saltitante.

          Saímos e seguimos algumas pessoas, e encontramos as garotas. Quando chegamos no refeitório, todas as cabeças se viraram para nos olhar.

          Parece que esse será um logo jantar.