Umbra - Trilogia das Fases da Sombra escrita por Nina00


Capítulo 22
Bella e a Formação da Vida




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À tarde fui surpreendida por Bella que adentrou meu quarto como um furacão. Fiquei meio irritada com sua falta de consciência quanto à minha privacidade, mas deixei passar por que ela parecia realmente ansiosa. Coloquei o livro que segurava ao meu lado e me sentei na cama pronta para a conversa que prometia ser difícil.

Ela parou no meio do quarto, um pouco rígida. Como se não soubesse mais como se comunicar comigo.

-          Bella?

Ela se virou para mim, ligeiramente angustiada. Em um segundo estava sentada ao meu lado e passava a mão em meus cabelos.

-          Nessie, você sabe que não precisa fazer isso, não é?

-          Isso, o que?

-          Fingir por nossa causa... – ela pareceu um pouco desconfortável.

Eu não sabia o que dizer.

-          Eu não quero que você esconda quem você é, nem que isso me assuste, você entende?

Eu assenti com a cabeça. Ela suspirou, apesar de eu saber que isso era apenas uma reação condicionada com sua forma humana recentemente perdida, deduzi que queria dizer muitas coisas.

-          O que foi?

-          Eu... eu me sinto uma mãe horrível. – ela sussurrou.

Eu não pude deixar de sorrir.

-          Você é ótima!

Ela riu pelo nariz, sem humor.

-          Tá. Eu nem percebi...

-          Eu estava tentando não preocupar ninguém.

-          Eu sei. Mas mesmo assim, eu devia ter percebido. Quando Edward conversou comigo eu fui me sentindo cada vez pior. Eu não quero nunca forçar você, Nessie. Você tem de ser apenas aquilo o que você é.

Ela olhou para mim, na verdade encarando. Isso era realmente gostoso de ouvir.

-          Mãe, eu sei que deve ser difícil para vocês. Eu só tenho um ano e alguns meses e, bem, olha pra mim. – eu apontei meu corpo. Eu estava ficando meio desengonçada, meus braços e pernas começando a crescer um pouco mais do que o tronco infantil e menor.

-          Não tem nada de errado com você. – ela respondeu prontamente.

-          Eu cresço rápido demais, mas não só fisicamente. Talvez até mais do que eu mesma compreenda.  – eu disse, lentamente – algumas coisas, como sentimentos eu não consigo entender por que nunca experimentei e isso me deixa curiosa e um pouco impaciente. Apesar de eu ter meu intelecto eu ainda sou infantil em um monte de coisas.

Ela me olhava como se nunca tivesse me visto. Um pouco preocupada, um pouco surpresa.

-          Se isso é complicado para mim, eu entendo como deve ser pra vocês. Eles todos, apesar de hoje terem séculos, enquanto... eram humanos tiveram um crescimento normal, tiveram tempo para perder sua... inocência, deixar de ser criança. Eu, a cada dia, descubro que apenas uma idéia, como a morte, por exemplo, tem diversas e diversas facetas, dependendo do que você quer acreditar. – eu inconscientemente tinha me levantado, totalmente mergulhada no que estava dizendo.

Ela continuava me olhando cada vez mais espantada, mas mesmo assim um sorriso se formava em seu rosto.

-          Eu... acho que entendo. – ela conseguiu dizer – É como se eu de repente tivesse uma filha adulta. Sinto-me velha.

Eu ri, ela fez a careta que sempre acompanhava esse sentimento.

-          Eu não acho que sou adulta. – eu me sentei de novo – tem muita coisa que eu não entendo, ainda. Às vezes é como se eu tivesse perdido algum ponto importante...

Eu a sentiela enrijecer por um minuto.

-          Você não precisa saber de tudo de uma vez. – ela disse rápido.

-          Eu sei. – e suspirei.

Ela então olhou para o livro a que eu estava lendo.

-          E O Vento Levou?

-          É. Estou na metade.

-          O que há de errado com os clássicos?

Eu fiquei um pouco envergonhada aí.

-          É que eu sei que tem o filme em casa, e queria assistir hoje à noite.

-          Eu gosto do filme. – ela sorriu – não lembro se já tinha lido depois você me empresta?

-          Eu peguei na biblioteca... – eu respondi, levantando os ombros.

-          Faz tempo que eu não leio nada novo – ela falou como se meditasse.

Houve um silêncio. Ela então pareceu realmente desconfortável e olhou pra mim nervosa.

-          Você, então já teve tempo de saber... de onde você veio? – a última parte eu quase não consegui escutar.

-          Da onde eu vim? – repeti.

-          É, sabe. Como você nasceu?

-          Eu sei que foi dentro da sua barriga.

-          E...?

-          Tem mais alguma coisa?

Ela gemeu e então disse um pouco mais alto:

-          Edward? Você pode me ajudar aqui?

Ele então estava parado na porta.

-          O que foi? – seus olhos passaram da minha expressão de incompreensão para a dela, um pouco desesperada.

-          Eu acho... que está na hora de esclarecermos para Nessie, como ela foi gerada.

Ele ficou um pouco mais pálido do que o normal e então olhou pra baixo. Ele estava encabulado?

-          Pessoal? Qual o problema? – eu disse curiosa demais, eles se sobressaltaram levemente. Provavelmente levaria um tempo para se acostumarem com meu uso mais constante da voz.

-          Isso é mesmo necessário? – ele meio que implorou pra ela.

-          Senta aqui. – ela mandou, entre dentes.

-          Bom, Nessie...  – Edward olhou as mãos, depois de se sentar ao lado dela – Você sabe que homens e mulheres são diferentes, certo?

-          Sim.

-          Você... já viu algum homem nu? Em desenhos, eu quero dizer.

Bella se mexeu desconfortável. Eu ainda não entendia.

-          Não.

-          Isso vai ser difícil. – ele disse, olhando para Bella.

-          Tá, tá bom. – ela falou de forma impaciente enquanto mordia o canto do lábio esquerdo. Os dois evitavam se encarar.

-          Então, existem diferenças entre homens e mulheres... – ela continuou, olhando para mim.

-          Mulheres têm seios... – eu tentei ajudar, nunca tinha pensado muito sobre isso, além do fato de que eu ainda não tinha o corpo de uma mulher crescida – para alimentar os bebês.

-          Isso! – Bella exultou, Edward olhava para cima. Parecia querer sair por algum buraco no teto ou algo do gênero.

-          Além disso... mulheres têm, bem, embaixo, homens e mulheres são diferentes.

-          É? – eu não sabia disso.

-          Sim. Embaixo, nós temos você sabe...

-          Sim. – eu não estava entendendo por que estava sendo tão difícil para eles dizer aquilo.

-          Bella, por favor! – Edward implorou.

-          Então vai pegar um livro de biologia pra que ela possa entender do que estamos falando!

-          Obrigado. – ele parecia realmente aliviado. Evitava me olhar também, estava começando a achar aquilo engraçado.

Edward voltou em pouco tempo, entregou o livro e ficou parado na porta.

Bella olhou pra ele, sua expressão era divertida, agora.

-          Pode descer, eu continuo.

Ele sorriu, em agradecimento e sumiu. Segundos depois ouvi a risada alta de tio Emmett lá embaixo. Meus pais estavam bastante envergonhados, eu devia estar também?

Bella soltou um rosnado e a risada parou. Depois como se nada tivesse acontecido ela abriu o livro calmamente e me mostrou as imagens, enquanto continuava a explicar.

Enquanto ela falava a compreensão foi se formando em mim.

-          Urgh!

Ela olhou pra mim condescendente. Alívio passou por sua face.

Eu não pude deixar de imaginar, ela e Edward...

-          Argh! – tornei, novamente. Ainda bem que Edward não estava aqui, se ele conseguisse ler minha mente pelo menos eu não tinha de vê-lo fazendo.

-          É isso que homens e mulheres fazem? É nojento.

-          Você não sabe o quanto eu fico feliz em te ouvir falar assim!

Eu olhei pra ela que parecia realmente exultante.

-          E agora, vamos assistir ao filme? Ele é comprido e já está tarde.

-          Mas eu não acabei de ler!

-          Então vamos assistir outra coisa.

Eu assenti ainda um pouco enojada. Então algo diferente passou pela minha cabeça.

-          A gente pode chamar Jacob, Brady e Leah?

Ela abriu bem os olhos, me fitando com interesse.

-          Claro, se é o que você quer.

-          Sim! Eu vou chamá-los...

      E eu corri até eles na minha felicidade ainda inocente.


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