Fúria dos Deuses escrita por Neline


Capítulo 21
Conheço o Rei dos Fantasmas


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ;*



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Me agarrava ao assento com tanta força que tinha a impressão que a qualquer momento, ele quebraria. Voar, uma atividade normalmente assustadora para muita gente era ainda mais apavorante para mim, ação que poderia resultar em um ataque súbito de pânico. Invadir o espaço de Zeus era algo que eu não deveria fazer por mais que nós estivéssemos... "de bem". Bastava um simples aceno de mão para que o avião se chocasse contra a terra, e esse simples pensamento desencadeava em mim uma sequencia de arrepios. 

- Fique tranquila, B. Já estamos chegando. - Serena tentava me tranquilizar enquanto sua própria voz estava visivelmente trêmula.

- É. Chegando. - Olhei para os lados, pensando que se o deus realmente fizesse algo, eu seria indiretamente responsável pela morta de todos aqueles inocentes. A nossa altitude ia diminuindo, o que me congelou por um momento. Mas logo depois, percebi que o aeroporto de Los Angeles se aproximava e relaxei. O pouso foi tranquilo. Ao colocar meus pés em terra firme (um alivio indescritível) olhei para o céus e murmurei em tom baixo. - Valeu Zeus. - Por sorte, nenhum trovão atravessou o céu azul da Califórnia. Ajeitei minha bolsa no ombro. Era a única coisa que eu carregava, e era tão pequena que foi comigo, como uma bagagem de mão. Dentro dela, não havia muita coisa, apenas Anaklusmos, o elmo da invisibilidade, uma escova de cabelo e outra de dentes, duas mudas de roupas limpas, um livro sobre deuses (O que foi? Ainda não havia decorado tudo e matar monstros podia ser realmente tedioso), algum dinheiro e vários dracmas, presente do Quíron. 

- Vamos para sua casa agora? - Ah, esse é um detalhe que eu deixei passar despercebido. Quíron fez com que euprometesse que passaria na minha casa, ver Percy e Annabeth, antes que minha mãe tivesse um colapso nervoso. Suspirei. 

- Vamos. - Respondi, saindo do aeroporto.

Pegamos um táxi. Eu demorei um pouco para lembrar meu endereço, mas logo ele voltou a mente. Olhei para fora, com os olhos brilhando. Tudo parecia tão normal. Gastei algum tempo pensando em como minha vida era mais fácil quando eu era uma "simples mortal" e que minha preocupações não passavam da escola, e não chegavam nem perto de monstros tentando me matar. 

- Chegamos mocinhas. - O taxista barbudo e gordo disse, parando na frente da minha casa. Olhei para ela, pagando o homem sem prestar muito atenção.

- É uma linda casa. - Serena disse e eu apenas assenti. Minha mãe havia a desenhado. Annabeth sempre foi uma maravilhosa arquiteta. Ela amava construir e desenhar coisas. Até começou a faculdade de arquitetura, mas trancou. Seus afazeres de semideusa e hiperatividade tornavam a frequência nas aulas complicada. Parei na frente da grande porta de mogno branco e toquei a campainha. Esperei por alguns segundos, até a porta se abrir. Minha mãe e seus cabelos loiros apareceram me abraçando. Qualquer um jamais imaginaria que ela é minha mãe. Seus cabelos claros e olhos cinzentos são tão diferentes dos meus cabelos escuros e olhos castanhos, e meu pai... bem, ele parece um atleta. Cabelos negros e olhos verdes. De qualquer maneira, quem sou eu para questionar os mistérios da genética?

- Filha! - Minha mãe disse me puxando para um abraço apertado. - Fico tão feliz que você esteja bem. - Completou, me soltando do seus braços enquanto me mirava com um belo sorriso. 

- É, é realmente algo surpreendente, não? - Gargalhamos, e eu olhei para trás, vendo Serena, um pouco deslocada.

- Mamãe, essa é Serena, minha sátira. Serena, essa é Annabeth. Minha... mãe. - Elas se cumprimentaram, e S. ficou branca.

- Você é Annabeth Chase. A escolhida de Dedálo. A mais famosa filha de Atena. - Antes que Serena infartasse, minha mãe sorriu e nos conduziu para dentro. As paredes completamente encobertas por livros era familiares e aconchegantes. Meu pai estava sentando em uma poltrona, assistindo televisão. Desviou os olhos do aparelho para me lançar um sorriso, enquanto eu ia na direção dele e o abraçava.

- Bom ver você, Blair. - Ele falou com seu comum sorriso caloroso.

- Senti sua falta. - Seus olhos não acompanhavam completamente seu sorriso. Meu pai sempre foi péssimo em disfarçar. Ele sabia sobre Chuck, provavelmente bem mais do que eu gostaria que soubesse. Ansiosa para interromper qualquer fala constrangedora, puxei Serena.

- Essa é minha sátira Serena. Esse é Percy, meu pai. - Eles deram um aperto de mãos, enquanto Serena fazia cara de quem iria desmaiar.

- Percy Jackson. Salvador do Olimpo. O garoto que derrubou Cronos. Heroi da guerra dos titãs. - Certo, eu acho que ela realmente vai desmaiar. Meu pai ficou vermelho, e abaixou o olhar.

- Ãh... bem... eu não era o único lá. - Respondeu, obviamente tentando desviar o rumo da conversa.

- Com certeza não. - Disse uma voz masculina, vinda do topo da escada, que fez com que todos se virassem para o local automaticamente. Parado, com um sorriso sombrio, havia um homem de aparentemente 31, ou 32 anos. Seus cabelos eram tão negros quanto os olhos, e seu pele parecia alva, mas estava bronzeada. Suas roupas escuras lembravam as de um motoqueira: uma camiseta verde escura, coberta em parte por uma jaqueta de couro negro (como ele aguenta com todo esse calor?), uma calça jeans preta e um tênis qualquer. Ele desceu as escadas, de dois em dois degraus.

- Ah Nico, vá se fuder ao invez de ficar se metendo nas minhas conversas. - Papai falou revirando os olhos, enquanto o homem parava na frente dele.

- Que mal humor é esse, Pers? - Perguntou irônicamente.

- Qual é Rei dos Fantasmas. Poderia pelo menos ser educado o suficiente para cumprimentar minha filha e a sátira dela. - Ele veio na nossa direção, com o mesmo sorriso nos lábios, e estendeu a mão para mim.

- Nico di Angelo. - Ele falou, enquanto eu o cumprimentava. 

- Blair Waldorf... Jackson. - Disse confusa, mas Nico apenas gargalhou.

- Então, fiquei sabendo que estão indo para o Mundo Inferior. Posso acompanhar vocês se quiserem. - Não consegui conter um sorriso irônico.

- É claro. Todos aqueles mortos, e o subterrâneo... é o passeio dos sonhos de qualquer pessoa. Podemos até acariciar o Cérbero e sair sem a mão. Consegue pensar em um lugar mais agradável do que o Inferno? - O sarcasmo saiu descontroladamente da minha boca. O homem deu de ombros.

- O que é posso fazer? Lá eu me sinto... em casa. - As engrenagens do meu cérebro começaram a trabalhar em um ritmo alucinante.

- Rei dos fantasmas... em casa... você é... filho de Hades? - Perguntei, com uma velocidade frenética.

- Graças a Zeus você não herdou os neurônios desse cabeça de algas. - Minha mãe resolveu intervir.

- Qual é Nico, pare de pegar no pé de Percy. - Ela disse calmamente.

- Obrigada. - Meu pai falou.

- Ele não tem culpa de ser filho daquele estúpido deus dos mares. - Todos olharam para o chão, como se esperassem que algo engolisse minha mãe. Mas ela continuou sorrindo. - Poseidon pode ter várias qualidades, mas é um dos deuses mais imbecis.. - Meu pai se levantou, parando na frente da minha mãe. Eles começaram uma imensa e barulhenta discussão sobre Atena e Poseidon. Nico deu de ombros, e veio a nossa direção.

- Prontas para ir? - Não.

- É claro! - Falei com uma animação que não senti. Nico pigarreou.

- Vocês dois. Temos que ir. - Automaticamente, a discussão cessou. Eles vieram na nossa direção e se despediram.

Saímos de casa. Eu olhei para os lados, esperando ver algum meio de transporte. Mas não havia nada por perto.

- Então... vamos chamar um táxi. - Nico gargalhou e estralou os dedos. Olhei para ele, incrédula, quando dois segundos depois, um cachorro apareceu. Por cachorro, entendam ser de quase 5 metros e pelos escuros. Reconheci: era um cão infernal.

- Não. Vocês vão ver o jeito que eu passeio por ai. - Algo me diz que essa viagem não vai ser nada agradável.


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Notas finais do capítulo

Reviews *-*