- Nós viemos pedir a sua benção para ir ao Mundo Inferior. - Chuck disse aquilo como se fosse a coisa mais normal do mundo. Tipo, "eu preciso dar uma passadinha no Inferno, é rapido".

- E por que eu concederia? - Espera não estar tremendo, embora pudesse sentir que estava. Mas eu não podia deixar com que Zeus nos tratasse assim. Ele é um deus? Bem, eu sou Blair Waldorf.

- Porque nós somos tudo que você tem para essa profecia. - Ele bufou e gesticulou com a mão, algo que pareceu "Vocês são tudo que eu tenho? Ah, eu estou perdido!"

- Ótimo. - Ele estralou os dedos. - Concedida. - Eu esperava que tudo começa a brilhar, que o prédio tremesse ou fogos de artifícios voassem para todos os lados, mas não aconteceu absolutamente nada. - Você tem poucas chances de voltar viva, então que seja. - Disse olhando para mim. - Também não me importo com a sátirazinha, mas você... -  Ele falou olhando para o Chuck. - ...tome cuidado, é muito perigoso. - Eu podia ouvir preocupação na voz do deus. E não era nada forçado, parecia... real.

- Como se você se importasse. - Chuck vocerifou e eu me atrevi a olhar nos seus olhos. Eram quase negros... como... um dia de tempestade. Discretamente, olhei para os olhos do deus... eram quase transparentes, como nuvens. Mas eu podia ver raios neles. Amedrontador? Para alguém anormal com certeza não.

- Eu me importo. - Serena, ao meu lado, parecia nervosa. Por nervosa leia-se completamente em pânico.

- Não se importa! - Chuck aumentou o tom de voz, e imaginei que qualquer um que fizesse isso no Olimpo seria reduzido a cinzas, porém Zeus abaixou a cabeça. - É culpa sua! Se você tivesse me ajudado naquele maldito dia meu irmão ainda estaria vivo! E ele morreu para que? Para ajudar essa porcaria de Olimpo! VOCÊ NÃO MOVEU UM DEDO PARA AJUDA-LO! DURANTE TODOS ESSES ANOS NUNCA FEZ NADA! - Os olhos de Serena se estreitaram, como se ela esperasse por aquilo. Ainda estava digerindo a frase, aos poucos. Procurei Chuck com os olhos e o vi se afastando, em direção ao elevador. Serena fez sinal para mim enquanto ai atrás dele. Com um clarão de luz amarela, Zeus ficou do tamanho de um ser humano normal e se pôs a andar na direção do elevador, quando uma mulher segurou seu pulso. 

- Deixe-o ir. - A mulher disse. - Ele não o escutará agora. - Olhei para as feições familiares. O cabelo castanho escuro ondulado e um vestido branco, que ia até os pés, preso levemente por um cordão dourado reluzente pouco abaixo aos seios. Mas não foi isso que me chamou atenção. Os olhos cinzentos eram iguais os da minha mãe.

- Atena? - O olhar dos dois voltou-se para mim, como se finalmente percebessem minha presença, confirmando minha suspeita.

- Vou falar com Hera. Ela deve estar furiosa. - Zeus disse saindo da sala a passos largos. 

- Blair. Ouvi falar muito de você. - Ela falou vindo na minha direção. Era estranho saber que ela era minha vó. Ela parecia tão... jovem.

- Posso dizer o mesmo. - Ela sorriu, mas não parecia acolhedor. 

- Como vai Annabeth? - Olhei para os lados. Se eu saisse correndo ela me alcançaria? Receio que sim.

- Você deveria saber, é mãe dela. - O silêncio predominou.

- Eu avisei sua mãe. - A deusa começou. - Você é muito perigosa para nós. Era por isso que deveriamos ter matado seu pai. - Não consegui controlar uma gargalhada sarcática.

- Meu pai salvou todos vocês. Várias pessoas deram a vida por esse lugar! - Era impossível imaginar que a Deusa da Sabedoria estava falando aquilo.

- Você sabe o que você pode ser. Teria sido a melhor escolha desde o inicio evitar o seu nascimento. - Poderia parecer idiotice, mas algo no modo que ela falava parecia fazer tudo ter sentido.

- Por que isso parece um "eu deveria te matar enquanto há tempo"? - Pedi.

- Porque é verdade. - Ela fez uma pequena pausa. - Mas acho que devo lhe dar uma chance. Não devemos tomar nenhuma atitude até que você se prove um real ameaça. - Ela olhou para o chão. - Além do mais,você ainda é minha neta. - Mesmo depois de tudo, aquela pequena frase a fez parecer o ser mais familiar do mundo. 

- Bom conhecer você. - Aquela foi a última frase que eu disse antes de sair do Olimpo.

Cheguei ao saguão onde Chuck e Serena me esperavam. O clima parecia mais tranquilo. Preferi não comentar sobre meu pequeno encontro com Atena.

- Então... Los Angeles? - Perguntei tentando quebrar um pouco do silêncio enquanto Chuck ligava o carro.

- Não passei por tudo isso atoa. - Minha boca se entreabriu enquanto Serena mascava uma lata de refrigerante, mas a música que tocava no rádio despertou meu interesse. Chuck mordeu o lábio inferior, controlando o riso. Imagino que minha face devesse estar um tanto... engraçada. Era a música da noite anterior. A do nosso, bem, pequeno incidente.

- Perdi alguma coisa? - Serena falo.

- Alguns detalhes da noite passada... - Interrompi antes que ele continuasse.

- Acelere logo. Não temos tanto tempo. - Serena me olhou confusa e eu balbuciei um explico mais tarde, enquanto o carro avançava pelas ruas de Nova York. Quanto mais o Empire State ficava para trás, eu tinha a impressão que mais perigoso ficaria. E a pior parte é que eu sabia que estava certa.