- Lê? O que aconteceu? – o Thomas me pergunta vendo-me entrar e ir direto para o banheiro. Chegando lá, vomitei, vomitei muito, acho que teria vomitado minhas tripas se possível, que seja. Só sei que aquele garoto, aquele maldito garoto, além de ter arruinado com o meu dia que estava perfeito, ainda me deu náuseas. PUTA QUE PARIU, Enzo, seu filho de uma sapatona, como conseguiu me deixar assim, que meeeeeeeerda.

         - Pedro, Pedro, a Le ta passando mal – eu ouvi o Thomas gritar da porta do banheiro, mais que droga, esse loiro me paga.

         - Thomas, seu viado, cala essa boca – eu gritei do banheiro.

         - Lê, amor o que foi? Abre a porta por favor – que legal, agora o que eu falaria pro Pedro? Que eu encontrei o Enzo na praia, ele me atropelou com a bicicleta e eu fiquei com náuseas porque ele disse que é um pegador e que eu tava com ciúmes? Não mesmo, agora, o que eu vou dizer? Oh Kami-sama, me ajude.

         - Eu to bem Pedro, não precisa ficar assim – falei já colocando a escova de dentes na boca, quando eu sinto o gosto de vomito na boca, me da mais vontade de vomitar ainda.         

         - To ouvindo que você esta bem amorzinho, ta quase vomitando o próprio estomago e ta super ótima, abre logo essa porta e para de besteira Letícia – o Pedro falou calmamente. Eu terminei de escovar os dentes e abri a porta.

         - Viu? Eu to bem – falei sorrindo.

         - O que aconteceu? – ele falou me abraçando.

         - Nada amor, eu só comi um cachorro quente na rua que me fez mal – UHUUUUUL, eu sou demais, desculpa perfeita.

         - Ata, mais você ta com dor? Vem, eu vou te levar no medico – ele falou me puxando pelas mãos.

         - NAAAO – dei um grito desnecessário, droga, eu fico nervosa quando minto – não precisa meu amor, eu já to bem, não estou sentindo nenhuma dorzinha sequer – falei fazendo carinha de anjo.

         - Okay, mais se você continuar vomitando, nós vamos ao medico sem discutir combinado? – combinadíssimo, só iria vomitar se visse aquela praga na minha frente, e eu não iria mesmo.

         - Combinado amor.

         - Você agindo assim, me lembra até um amigo meu – ah não – o Enzo, lembra dele amor? Aquele que convidou agente pra ir pra casa dele – lá vem a bendita náusea.

         - Lembro sim amor – falei suando frio, me segurando pra não vomitar tudo na cara dele. – Amor, mudando de assunto. Que tal agente fazer um brigadeiro bem legal? – falei me sentindo bem novamente.

         - Ta louca? Você acabou de vomitar e quer comer brigadeiro? Você só irá comer sopinha até amanha meu bebê – falei falou fazendo carinho na minha cabeça. – Mais voltando ao assunto, o Enzo é muito legal, não é Thomas? – mais que porra, dá pra trocar a fita?. 

         - Bom, vou tomar banho, com licença – eu falei levantando e indo pro quarto pegar as minhas coisas.

         - Mais Lê, você não quer saber sobre ele? – NÃO, NÃO E NÃO, QUER QUE EU REPITA? NAAAAAAAAAAO.

         - Depois amor, agora eu preciso de um banho, falei dócil. – ele deu um sorrisinho malicioso e me olhou de cima até embaixo.

         - Quer companhia? – ele falou aumentando o sorriso. Na verdade, até que essa idéia me refrescaria a cabeça.

         - Amor, eu não to legal, você me desculpa? – falei olhando ele com uma carinha de anjo que só eu sabia fazer, e sabia também, que ele não resistia.

         - Lógico amor, se você não ta se sentindo bem – ele disse com um sorriso que mostrava compreensível .

         - Obrigado por entender amor... Por isso que eu... – droga, por que eu não estava conseguindo dizer? – por isso que eu...

         - Por isso que você? – ele disse com as sobrancelhas erguidas, esperando por respostas.

         - Por isso que eu te amo – ele falei sorrindo. Havia alguma coisa errada aqui, porque foi tão difícil pra mim dizer isso?

         - Que bom amor – e ele não retribuiu, duplamente estranho.  Mais eu não discutiria isso agora.

Peguei as minhas coisas e entrei no banho, demorei, já estava há uns 15 minutos quando comecei a pensar no que havia acontecido. Ou melhor, o que estava acontecendo comigo, porque aquele menino estava mexendo tanto assim comigo, eu nem o conheço, não sei nada da vida dele, e ainda por cima, ele é muito irritante, eu não posso ficar pensando essas asneiras, eu não me daria esse desrespeito, ele não estava merecendo nem mesmo os meus pensamentos. Mais, aquela garota, pra estar chamando ele pra mais uma “festinha”, já deveria estar mais do que acostumada com a situação, afinal, quantas vezes ele dormiu com ela? Cinqüenta? Eu estava me sentindo tão mal, não por mim e nem por ele, mais pelo meu Pedro, não era certo eu ficar com a minha cabeça em outra pessoa sendo que eu devia somente pensar nele, e mais ninguém. Sem que eu percebesse, eu senti um nó em minha garganta e meus olhos ardendo. Ah não, era só o que me faltava, eu estava mesmo chorando? Chorando por aquele insignificante em minha vida? Não pode ser, não pode ser... Eu não posso estar chorando por ele.

Mais eu não estou chorando por ele! Eu acho... Eu estou chorando por causa do Pedro, o meu ídolo, o meu amor, o meu amante, o meu amigo... A pessoa que eu desejei por mais de dois anos, e a pessoa que eu não vou esquecer assim, de uma hora pra outra, ainda mais por aquele baka, que apareceu assim na minha vida, só pra causar problemas. Definitivamente, eu não pensarei mais nele, nunca mais, ele não merece minhas lagrimas.

         Eu estava saindo do banho, quando escuto a campainha tocar, deve ser algum entregador de pizza que os meninos chamaram. Estava me enrolando na toalha quando escuto o Pedro.

         - EEEEEEEEENZITTOOOO. – a escova caiu de minhas mãos.

         - Ah não, só pode ser brincadeira, Jesus? Eu por acaso grudei chiclete na tua bunda?- falei baixinho, já começando a entrar em desespero.

         - Le, amor, vem conhecer o Enzo. – a Pedro, você quer me matar? É só falar amorzinho, eu me rendo sem problemas.

         - Ah, eeer... Eu já vou amor – falei um pouco alterada, gaguejando. Ótimo, gagueira é o primeiro sinal de mentira no ar.

         - É Le, venha me conhecer – ele falou atrás da porta, se desse pra eu olhar só comprovaria minha certeza que ele estaria com aquele sorriso idiota. AAAAH, QUE ODIO. Só pra provocá-lo, eu enrolei a toalha, penteei os cabelos passei um lápis de leve nos olhos e abri a porta. Eu estava com uma cara carrancuda, e assim que ele me viu, arregalou os olhos.

         - Oi – falei o olhando e dando um sorriso de má vontade, que até Deus perceberia se ele não pudesse ler meus pensamentos.

         Passei reto depois de cumprimentá-lo, logo depois bati a porta e escutei o Pedro falando.

         - Não ligue, ele é bem mais legal quando está bem. Sabe, ela comeu um cachorro quente na rua e chegou passando mal. Parece que teve indigestão.

         - Ah, mais que pena não? Eu queria mesmo conhecê-la, sabe... Ela me parece ser o tipo de pessoa que fala japonês. – eu não acredito nisso, ENZO MALDITO BAKA!

         - Nossa, mais que pressentimento ótimo Enzo, ela fala um pouco de japonês sim... Sabe como é, assiste muuuuuuito Naruto, e acaba pegando o jeito.

         - Ah, eu também adoro Naruto sabia Pedro? Sei até dizer algumas coisas, como por exemplo: Le, saia do quarto e venha me conhecer baka.! – ele berrou do outro lado, eu sentia minhas bochechas queimarem tamanho ódio que estava sentindo daquela praga maldita.

         - PEDROOOOOOOOOOO – eu gritei, querendo encerrar a conversa dele com o maldito.

         - Que foi Le? Ta tudo bem? – ele apareceu ofegante na porta.

         - Tudo sim amor, é que apareceu uma barata enorme ali na janela, mais com o meu grito acho que ela se assustou e fugiu, pelo menos ela saiu pela janela, não sei se vai voltar.

         - Com um grito desses até o demônio se assustaria! – o intrometido falou revirando os olhos.

         - Então como você não se assustou? Eu não vi você sair correndo assustado, capeta! – falei esbravejando.

         - Porque você falou assim com ele amor? – o Pedro falou me olhando desconfiado depois que o “capeta” saiu do quarto pisando duro.

         - To de TPM, vê se não me enche. E eu não gostei nem um pouco dele okay? Não mesmo, que menino mais irritante... Não respeita o medo das pessoas, eu tenho trauma de barata, ele devia me agradecer por ter salvado ele – instintivamente arregalei os olhos, mais que droga, como sempre, no meu estado de nervosismo acabei falando demais.

         - Como assim você o salvou? – o Pedro me olhou desconfiado. O pior, é que agora eu teria que arrumar uma desculpa esfarrapada o bastante pra ele acreditar... 

- Da barata hora essas, baratas são insetos sanguinários... – nossa, existiria desculpa pior do que essa?

- Nossa Lê, é só uma barata. E relaxa, uma barata não pode matar alguém, e muito menos fazer alguma coisa com o sangue.Enquanto ao Enzo, tente conhecê-lo melhor, ele é muito legal – ele falou acariciando meu rosto. Eu estava me sentindo tão culpada, foi mais do que errado ter pensado naquela praga sendo que o Pedro é maravilhoso comigo, afinal, foi com ele que sonhei durante três anos, foi com ele que tive a minha primeira vez, foi com ele que aprendi a gostar de alguém de verdade, mais era verdadeiramente uma coisa incontrolável... Ainda mais porque não só pensava no Enzo com carinho ou afeto, e sim com raiva, ódio, repulsa... AAAAAH Kami-sama, o que esta acontecendo comigo?

- Vamos amor? O Enzo quer muito te conhecer – droga, droga, droga ! Essa praga já me conhece, eu não quero conhecê-lo de novo.

- Claro, vamos – tentei forçar um mínimo sorriso, que não adiantou de nada.