— Você tá bem, Rodrigo?

— Eu tô, mas e você ? Ele fez alguma coisa contigo?

— Ai, ele me beijou... à força... - fiz careta - mas acabei fugindo na primeira chance que tive.

— Esse desgraçado fez o quê??? - pausou enfurecido e respirou fundo - Acho que dei uma apagada de poucos minutos, mas... ai... - seu nariz sangrava e percebi que ele sentia uma dor bem aguda no estômago. -, eu devo tá bem. Agora a gente tem que dar um fim nessa história. A gente precisa mandar esse cara pra delegacia...

— Primeiro tenho que cuidar de você, depois a gente resolve isso. - pausei. - Mesmo querendo ferrar com esse cara, eu quero que você fique bem! - segurei firme em sua nuca e o beijei por um mínimo tempo para não machucá-lo mais ainda no nariz.

— Me desculpa por ter sido tão fraco... tão inútil... tão otário de não te defender como eu queria. Eu deveria te proteger...

— Esquece isso, cara. Você tentou e é isso o que me importa. Agora vamos logo pra sua casa antes que aquele filho da puta nos encontre!

— Vamos, vamos.

Consegui carregá-lo com um pouco de dificuldade até sua casa e fomos direto pro banheiro. Acho que seus pais nem estavam em casa. Senão eles iriam enlouquecer com isso, querendo saber o que aconteceu. Enquanto tomávamos banho, seu nariz nem sangrava tanto naquela hora e fiquei massageando suavemente seu abdômen para que a dor passasse logo. Depois que ficamos abraçados um bom tempo debaixo do chuveiro, e que, também saímos do banheiro, Rodrigo teve um ideia enquanto vestia sua camiseta.

— Ei, como tenho alguns parentescos lá em São Paulo, ontem enquanto você dormia, baixei a ficha completa do Gustavo e descobri que ele anda tendo uns casinhos com algumas garotas menores de idade por lá e também tem até detetives atrás dele...

— Hãm? Sério isso?

— É sério, pô. E acho que... já sei como fazemos pra ferrar esse cara...

— O quê? Faaala! - falei penteando os cabelos.

— É um pouco trabalhoso...

— Fala logo, meu.

— Bom, - sentou-se em sua cama e sentei-me ao lado dele. - aquela hora ele deveria estar te procurando porque sua mãe ía demorar pra chegar, certo? - assenti - Então, vamos aproveitar a parte da manhã pra agir...

— Tipo, como? - falei meio não entendendo nada.

— Vamos pra sua casa amanhã de manhã, bem cedinho, daí a gente vigia a sua casa o dia inteiro, se for necessário até a hora que o Gustavo sair de lá. Daí a gente entra e coloca uma câmera escondida... - levantou-se para pegar a tal câmera em seu guarda-roupa e entregou-me.

— Mas isso é um relógio!

— Mas tem uma câmera espiã escondida, Débby.

— E onde você conseguiu um desse?

— Comprei na internet, simples!

— Ué, mas pra quê? enfim... continua.

— E quando ele chegar, eu me escondo, e... você continua na sala, ou sei lá, e... bom, daí você vai ter que... incorporar uma atriz pra fazer isso...

— Como assim?

— Você vai ter que... deixar ele fazer o que ele quiser... - baixou o olhar para o chão. - com você, pelo menos tentar, porque você vai ter que dar mole... pra ele dar em cima de você... falar o que ele quer com você... - Rodrigo falava meio triste com sua ideia e sua face estava começando a ficar pálida.

— Ah não, Rodrigo. Aí já é demais. - falei balançando a cabeça em negativo - Não quero ter mais nenhum contato físico com aquele louco tarado, e depois daquilo tudo que ele fez comigo...

— Ele fez mais o quê com você além de te beijar? - interrompeu-me.

— Ai... Ele me olhava de um jeito estranho, ele tocava em meu corpo enquanto me beijava... Ai, ele me dava nojo. - as cenas passavam pela minha mente e já me dava um enjoo.

— Filho da puta! Mas é a única coisa que me veio na cabeça, Débby... não curto muito essa ideia, é horrível só de imaginar. Mas com tudo que acontecer, vai ser filmado e a gente mostra pra sua mãe e pra polícia.

— Sério, mesmo? - falei meio que choramingando e agarrando seu corpo.

— É sério... Isso é pro seu bem e o da sua mãe. Vai saber o que ele pode aprontar com ela.

— Minha mãe... - murmurei. - Ela tá sendo... enganada... - pausei. - Ela não pode viver assim...

— Viu só?

— Ai, tá, tá. - reclamei. - Mas tudo isso tem que dar certo...

— Vai dar tudo certo!

— Então me promete uma coisa?

— O quê? - perguntou curioso.

— Se tudo ficar bem depois disso... - olhei para ele segurando em seu queixo. - Quando a gente tiver chances que ficarmos sozinhos... vamos transar?

— Tá falando sério? - começou a sorrir, malicioso.

— É o que eu mais quero contigo!

— Tá bom. Claro que prometo! - logo suas mãos desceram até os meus quadris e ele levou-me ao encontro de seu corpo. - Quando você quiser! - me beijou delicadamente.

— Tô ansiosa pro dia de amanhã... - falei cabisbaixa.

— Relaxa, não vai acontecer nada de ruim, tá? Fica de boa.

— Ruum, tá bom.

Eu estava ansiosa SIM pro dia seguinte. Eu torcia pra que desse tudo certo, senão eu estaria ferrada. Dói pensar que tenho que fazer tudo aquilo pro meu bem e o da minha mãe, o pior é que dói mais ainda pensar na dor que meu namorado pode sentir me vendo fazer o seu plano. Sei que é ideia dele e tals... mas vai ser muito estranho. Vou ter que dar o melhor de mim pro Gustavo não desconfiar de nada.

...

De manhãzinha, 8h00, fomos para a casa de um vizinho meu que estava viajando e nos escondemos lá, atrás de umas árvores. Dava pra se ter uma visão muito boa de minha casa.

— Trouxe a câmera, né Rodrigo?

— Trouxe sim... - ele segurou em minhas mãos. - Olha, vai ficar tudo bem, viu? Eu confio em você e no que você vai fazer!

— Valeu! - o beijei no rosto.

(...)