A Pessoa Errada escrita por beatrizmiranda


Capítulo 9
Capítulo 9 - Where Are You Now?


Notas iniciais do capítulo

Queridas leitoras do meu coração ; )

Eu não consegui simplesmente atualizar e jogar o capítulo aí embaixo, tive que vir aqui e deixar esse recadinho pra vocês. O que está acontecendo com essa fic é incrível, com 8 capítulos no ar já são 17 recomendações e quase 140 reviews
Vocês me fazem a ficwriter mais feliz do mundo! Todos os dias eu entro no Nyah e leio as recomendações, os reviews, várias e várias vezes... Fico toda boba com o carinho e reconhecimento de vocês. Fiquem sabendo que é mútuo, que adoro cada uma de vocês, que já conheço o jeitinho de todas e me sinto cercada de uma grande família. Já virei várias noites escrevendo os capítulos e vocês sempre me vem na cabeça: "Aposto que a DaniiMilanez vai querer matar o Houdson quando ler isso", "Tenho certeza que a lele35 vai amar essa cena fofa" ou "Vou escrever isso no fim do capítulo, a Andressa_B vai surtar e escrever uns AHHHHHH gigantes". Não escrevo uma dedicatória especial para cada uma, pois não quero correr o risco de deixar ninguém de fora, mas podem ter certeza que eu sou muito agradecida por TUDO. "A Pessoa Errada" se tornou uma das fanfictions de maior destaque na categoria e tenho certeza que ela ainda vai crescer muito. Com leitoras maravilhosas assim, alguém duvida? Divulguem a fic para as amigas, deixem reviews e recomendações, é muito bom saber o que você estão achando da história. Agora chega de blablabla e vamos ao capítulo! Divirtam-se ; )



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Capítulo 9 - Where Are You Now?

- Eu achei a maior cara-de-pau ela desmentir o namoro daquele jeito - disse Susan enquanto passava maquiagem.

- Não a julgue Susan, deve ser complicado assumir isso na condição deles. Provavelmente foi aquele bebezão idiota que mandou ela fazer isso - disse Jordan irritado.

O garoto parou de caminhar pelo quarto e sentou na cama mal humorado. Nos últimos dias ele havia lido várias notícias com o nome de Emily. Ele não conseguia parar de pensar "eu avisei que isso ia terminar assim". Quase ligou pra ela várias vezes, imaginou que a garota estivesse no mínimo chateada e talvez quisesse conversar, mas sempre desistia da idéia.

Os dois não tinham se falado mais depois da briga perto do aeroporto. Quando a notícia do namoro de Emily vazou, Susan insistiu tanto que ele teve que confessar que era mesmo Justin que estava no carro naquele dia. 

Susan era uma ótima compania. Ele a achava linda e conseguia perceber claramente o interesse dela, mas mesmo assim, ele ainda estava preferindo ir devagar.

A loira havia aparecido na casa dele e insistido para que Jordan a acompanhasse na festa do novo single de Justin Bieber e Usher. Uma amiga dela, que também era da equipe, havia colocado o nome deles na lista. Ele não estava muito animado pra ir, não queria ter que olhar pra cara do casalzinho pop. No entanto, ultimamente Jordan achava que estava quase superando Emily, então, resolveu fazer um esforço e ir na festa.

O garoto viu que Susan estava guardando a maquiagem. Finalmente! Já estavam bem atrasados. Vestiu a camisa e pegou as chaves do carro. Ia tentar se divertir, pelo menos tentar.

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Where are you now?

When I need you the most

Why don't you take my hand

I wanna be close

Emily estava jogada no sofá, tentando inutilmente distrair seus pensamentos enquanto assistia a uma temporada de Friends. Ela já tinha visto todos os episódios várias vezes e sempre ria, hoje, no entanto, era diferente. Se o Chandler não conseguia arrancar uma risada dela, definitivamente tinha algo errado.

O pior é que ela sabia o que estava errado, sabia perfeitamente. Não queria estar sozinha naquele sofá. Não mesmo. Queria estar no lançamento do novo single de Justin, ao lado dele, de mãos dadas, sorrindo, enquanto ele declarava o namoro deles para o mundo. Por que tudo não podia ser mais fácil?

A garota pegou o celular na mesa de centro e olhou a hora, a festa já devia estar bombando. Quase imediatamente depois seu celular vibrou, fazendo com que ela se assustasse.

Eu sei que você não quer falar comigo, mas se você alguma vez sentiu qualquer coisa por mim, por favor, ligue a televisão daqui a 20 minutos no canal 10.

Justin

Como doía ler aquilo, ela podia sentir o quanto ele estava magoado e o pior que era tudo culpa dela. "se você alguma vez sentiu qualquer coisa por mim" Ela sentia, e muito, o amava de verdade. Era justamente por isso que ela precisava se afastar dele, os escândalos acabariam com a carreira de Justin Bieber, principalmente se ela fosse presa. Porque Justin não nasceu 2 anos antes?!

Emily sentiu as lágrimas rolarem por seu rosto, mesmo assim começou a digitar a resposta de maneira decidida. Ela sabia que não adiantava mais ficar em silêncio, precisava deixar claro que ele precisava se afastar. Não queria deixar nenhum tipo de esperança, não queria que ele continuasse sofrendo. Sabia que logo ele superaria tudo aquilo quando tivesse certeza que não havia volta para eles.

Está difícil de entender? Eu não sinto NADA por você! Nem poderia, jamais poderia. Você é, simplesmente, a pessoa errada pra mim.

Depois de enviar a mensagem, ela jogou o celular no outro canto do sofá. Tentava parar de chorar, mas não conseguia. Seu peito doía, como se alguém a tivesse acertado com muita força. Ela pegou o controle remoto com as mãos trêmulas e sintonizou o canal 10. Será que valia a pena assistir aquilo? Não seria ainda pior?

O programa que passava era um noticiário. Ela ficou imaginando que provavelmente seria alguma matéria relacionada ao escândalo do suposto namoro deles. Só não entendia porque Justin achava que aquilo faria alguma diferença.

Emily aguardou ansiosa. Pelo horário, o programa já estava praticamente no fim. O jornalista apresentador disse:

Para encerrar o programa, como sempre trazemos performances artísticas para vocês. Hoje nossa atração é nada menos do que a sensação pop Justin Bieber! O adolescente que recentemente enfrentou rumores de um namoro polêmico, está em Atlanta para o lançamento de seu novo single, Somebody To Love, com o cantor Usher. Essa manhã ele esteve nos nossos estúdios e gravou uma música exclusiva, de autoria própria. O nome da canção é "Where Are You Now". Vamos conferir? Com vocês Juuuuustin Bieber!

Quando o rosto do apresentador sumiu e foi substituído pela imagem de Justin, Emily desabou.

Justin na tv: http://www.youtube.com/watch?v=i1zuN17t51A

(Letra e tradução: http://letras.terra.com.br/justin-bieber/1483150/traducao.html)

Ele começou a tocar uma melodia triste no teclado e ele próprio parecia chateado. A voz de Justin saiu carregada de mágoa, a letra da música atingia Emily como uma navalha. Ela chorava tanto, que tinha que passar a mão constantemente nos olhos pra que conseguisse enxergar a tela.

A música acabou, o apresentador surgiu novamente para se despedir dos telespectadores. Emily não conseguia acreditar, cada palavra daquela música doía nela. Sua cabeça fervilhava, ela lembrou da última vez em que haviam se visto, a despedida na porta de seu apartamento, depois da noite maravilhosa que tiveram.

- Me promete uma coisa?

- Qualquer coisa...

- Promete que nunca mais vai fugir de mim?

- Eu vou estar sempre aqui.

Emily havia prometido. No entanto, quebrou sua promessa, não só a promessa como o coração do garoto que amava. O título da música a fazia ter certeza de que ele não havia esquecido, que estava cobrando a promessa dela.

- Chega! - disse ela pra si mesma e se levantou do sofá.

Não conseguia mais, não conseguia mais levar aquilo adiante. Como poderia? Se Justin parecia sofrer tanto quanto ela! Ela tinha feito tudo aquilo para evitar que ele sofresse, jamais esperava lhe causar um sofrimento ainda pior. Ela não se importava mais com nada, só queria acabar com a angústia que havia visto nos olhos dele. Só queria responder a música e dizer que ela estava bem ali, que sempre esteve e que nem por um segundo havia deixado de amá-lo.

Emily fechou os olhos com força, precisava ignorar o fato de que podia ser presa, ignorar o fato de que a imprensa e as fãs de Justin a crucifixariam e ignorar o fato de que estava colocando a carreira de Justin em risco. Tudo isso parecia completamente insignificante perto de estar causando tanto sofrimento nele, ela só queria que ele ficasse bem.

A garota correu para o quarto, a decisão recém tomada ainda fervilhava na sua cabeça. Não podia deixar a ficha cair, não podia deixar o juízo tomar conta dela, se não desistiria. Entrou no closet e pegou um casaco, depois discou no celular e pediu um taxi.

Nada a impediria de ir naquela festa e abrir o jogo com ele, nada! A não ser é claro, que ele não estivesse mais lá quando ela chegasse...

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Justin estava se sentindo mal. Para começar, estava infeliz, como poucas vezes havia se sentido antes. Emily havia lhe mandado uma resposta grossa, deixando bem claro que não sentia nada por ele. Ele olhou para o relógio, o programa já havia acabado a vários minutos e ela não havia manifestado nenhuma reação, provavelmente nem sequer tinha assistido. Os bons momentos dos dois pareciam um passado distante, ele simplesmente não conseguia acreditar.

Para completar seu mal estar, estava se sentindo mal fisicamente. Talvez fosse tristeza. Isso é capaz de fazer você ficar tonto, certo? Ele precisava de ar, a festa estava lotada. O garoto começou a se afastar da multidão. No canto do salão havia uma porta, bem ao lado da cozinha. O garoto abriu e viu um longo corredor cinza, era provavelmente uma área para os funcionários.

Ele recostou na parede, a tontura estava piorando, parecia que ele não dormia a dias, sentia que ia desmaiar a qualquer momento. Não havia ninguém ali. Quis gritar por socorro, mas o som não saiu.

Sua vista começou a escurecer, antes de apagar completamente, ele viu um homem entrar no corredor pela mesma porta que ele. Ficou aliviado, pensou que certamente estava salvo. Ele caiu e não viu mais nada.

FOTO:

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Help me when I am down

Lift me up off the ground

Teach me right from wrong

Help me to stay strong

Klaus assistiu o corpo do garoto tombar no chão. Ele sorriu e caminhou na direção de Justin despreocupado. Estava precisando mudar de carreira, esse tipo de serviço já não tinha a menor graça, era fácil como tirar doce de criança.

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- Alô? Lia! - exclamou Emily.

- Oi Emy! O que foi? - perguntou a garota do outro lado da linha, um barulho alto de música abafava sua voz.

- Como eu faço pra entrar na festa?

- O quê?! - perguntou a garota espantada.

- Como eu faço pra entrar na festa?! - repetiu Emily.

- Ai Emy! Eu sabia que você ia desistir de ficar em casa! - disse Lia feliz.

- Não foi por ficar em casa Lia. Eu estou indo pra conversar com o Justin, eu mudei de idéia, sobre tudo aquilo.

- Amiga, você não sabe o quanto eu estou feliz e aliviada por isso! - falou Lia e em seguida gritou para alguém perto dela - A Emily está vindo pra falar com o Justin!

- O que foi isso? - perguntou Emily curiosa.

- Estou contando pra Kim - explicou Lia - Olha, você tem que dar a volta no quarteirão e entrar pelos fundos, seu nome está na lista dos funcionários. Vai ser bom porque lá não tem imprensa.

- Verdade, eu vou fazer de tudo pra evitar os jornalistas!

Quando Lia desligou, Emily passou as novas instruções para o taxista e em seguida digitou uma mensagem para Justin:

Eu assisti. Tenho tanta coisa pra te dizer. Estou quase chegando na festa.

Ela enviou e aguardou alguns minutos. Nada. Talvez ele não fosse capaz de perdoá-la por tudo aquilo, talvez não quisesse mais falar com ela. Não era melhor ir embora e desistir?

So take my hand and walk with me

Show me what to be

I need you to set me free

Emily não imaginava que sua mensagem tinha vibrado no bolso da calça de Justin, sem que ele sequer fosse capaz de sentir o celular com o corpo adormecido.

- Senhorita, chegamos - informou o taxista.

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Klaus empurrava o carrinho tranquilamente, ele era bom no que fazia. Quem olhasse veria um membro da equipe, devidamente credenciado, carregando com cuidado um violancelo da banda. A capa do instrumento no entanto, abrigava Justin Bieber, que tinha sido espremido no compartimento sem resistência devido a droga que havia bebido no coquetel oferecido por Martha Geller.

O homem saiu pelos fundos, no portãos dos funcionários. Enquanto passava pelo portão ele avistou a namoradinha do garoto. Já havia visto os dois juntos enquanto o seguia. Ela passou correndo por ele, em direção a festa, nem se quer imaginava que quem ela procurava estava bem ali. 

Enquanto dirigia o furgão Klaus olhava constantemente para o retrovisor, precisava verificar se o garoto ainda dormia. Tinha tirado o aparelho celular dele para evitar problemas, mas mesmo assim seria cauteloso. A viagem era longa, a casa que serviria de cativeiro ficava em um subúrbio rural a vários quilômetros dali.

Ele ligou o rádio e se irritou com a música, Justin Bieber, quem mais? Ele sabia que estava prestes a piorar, quando um cantor morre, aí é que tocam as músicas dele mesmo, dia e noite.

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Emily aguardava impaciente na área externa dos funcionários. Lia e Kim estavam percorrendo o salão atrás de Justin, para evitar que a amiga fosse flagrada pelos jornalistas. Ela olhou para o lado e viu as duas se aproximarem, ambas com caras preocupadas. Atrás delas vieram Pattie e Scotter, suas feições eram piores ainda.

- Oi - disse Emily sem graça.

Não tinha falado com nenhum deles depois da sua decisão drástica de terminar com Justin e desmentir o relacionamento deles na imprensa. Temia que eles estivessem muito chateados com ela, mas Pattie disse com a voz doce:

- Oi Emy. O Justin parece estar se escondendo da gente e não atende o celular.

Scooter pegou o rádio e contatou o grupo de seguranças da festa, nenhum deles estava vendo Justin também. Kenny surgiu andando apressado, ele definitivamente era o mais transtornado do grupo:

- A culpa é minha! Eu devia estar de olho nele! A Martha Geller foi me apresentar a Gisele Bündchen. Eu não quis perder a oportunidade. Foi só por um segundo, quando olhei de novo, ele tinha sumido - explicou o guarda-costas.

- Tudo bem Kenny, o Justin anda chateado - disse Scooter fazendo Emily se mexer desconfortável - Talvez tenha ido pra casa.

- Eu vou ligar pra casa - disse Pattie.

Não deu tempo. Antes que Pattie tirasse o telefone da bolsa, ele tocou.

- Deve ser ele - falou ela ansiosa e olhou o visor - Número privado? Que estranho. Alô...

As feições de Pattie mudaram em poucos segundos, seus olhos ficaram projetados, a boca aberta, e o sangue foi deixando lentamente a sua face.

- Tá tudo bem? É ele? - perguntou Kenny.

Pattie desmaiou, foi segurada por Emily que estava mais perto. A garota cedendo ao peso, deitou a mulher no chão e logo ela foi rodeada pelo grupo. Todos tentavam reanimá-la, menos Scooter que pegou o celular que a mulher havia derrubado e atendeu:

- Oi! O que aconteceu? Aqui quem fala é o Scooter Braun.

- Boa noite Sr. Braun - disse uma voz mecanizada, claramente alterado por um programa de computador - Estou ligando para tratar os termos do sequestro de Justin Bieber.

- Isso é algum tipo de brincadeira?

- Eu não brinco.

- Ele está bem? - perguntou Braun nervoso.

Emily olhou para Scooter assustada, com certeza estavam falando de Justin. O que poderia ter acontecido com ele? A dor em seu peito aumentou ainda mais.

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- Por enquanto está bem sim, mas só vai continuar bem se nas próximas seis horas vocês depositarem 3 milhões na minha conta.

- Você está louco?

- Estou louco por dinheiro, mas minha loucura pode extravasar e quem sofrerá com isso será nosso pequeno golden boy.

....

- Sr Braun?

- Ok, vamos depositar - disse Scooter desesperado - Quando você devolverá ele?

- Primeiro as regras: absolutamente nada de polícia envolvida. Se eu sentir o cheiro do FBI apago o Justin Bieber na hora. Entendido?

- Entendido. Onde você vai entrar o Justin? Quando?

- Se preocupe em depositar o dinheiro. Ele vai voltar pra casa direitinho, inclusive com as próprias pernas - mentiu a voz.

- Quero uma prova de que ele está bem!

- Você terá, daqui a pouco ele mesmo irá lhe dizer, eu ligarei de novo com ele na linha. A minha conta vai ser enviada pra você por mensagem ao final dessa ligação, não adianta rastrear, é na Suíça. Você tem seis horas.

O homem desligou. Scooter tremia, o grupo o encarava esperando uma resposta, ele parecia incapaz de dar a notícia. A voz de Pattie saiu fraca e em seguida se transformou em choro quando ela se sentou:

- Justin foi sequestrado - disse Pattie.

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Justin abriu os olhos. Por que estava tão escuro? Ele piscou várias vezes para se acostumar com a pouca claridade. Reconheceu o ambiente, estava se mexendo, parecia ser a traseira de algum tipo de furgão. Ele ergueu o corpo sem entender, mas parou assim que ouviu uma voz vindo do banco da frente, um homem parecia falar ao telefone. O garoto deitou novamente assustado e ouviu a conversa:

- Chefe, o senhor já pediu o resgate?

...

- Que ótimo!

...

- Ele está completamente apagado.

...

- Já estou quase chegando no cativeiro sim.

...

- Ok, vou aguardar para podermos fazer o segundo contato com a família.

...

- O senhor vai me avisar quando receber a grana, né? Ok, vou aguardar o seu sinal para começar a festa - disse o homem rindo com um tom psicopata.

Resgate? Cativeiro? Aquilo não podia significar outra coisa, ele tinha sido sequestrado. Como? A última coisa que lembrava era de ter desmaiado e ter visto um homem que parecia prestes a ajudá-lo. Não fazia sentido.

Justin estava completamente apavorado. Nunca havia passado por nada parecido. O que ele devia fazer? Deveria fugir? Estava com medo, não queria que nada ruim acontecesse, não queria morrer.

O garoto se pegou pensando nas pessoas que amava. Seus pais, seus irmãos, os amigos e Emily. Pensar em Emily pareceu aumentar em dez vezes seu sofrimento. Onde ela estava agora? Por que ele tinha terminado assim? Completamente sozinho!

Where are you now

Now that I'm half-grown

Why are we far apart?

I feel so alone

Ele escutou os freios velhos do automóvel rangerem, estavam parando. Seu coração enlouqueceu apavorado dentro do peito. Não tinha idéia do que ia fazer. Olhou para o lado tentando inutilmente procurar algo pra se defender.

Klaus desligou o carro e deu a volta no furgão. Pegou a chave e destrancou a porta. Olhou para o chão do compartimento, por um segundo achou que o garoto havia fugido, depois percebeu que ele estava bem próximo da porta, no canto. A próxima coisa que viu foi a pá que guardava ali com suas ferramentes vir violentamente em sua direção.

Justin acabou descobrindo que Klaus tinha excelentes reflexos. Ele agarrou a pá com força antes que a mesma o atingisse e puxou a ferramente da mão de Justin fazendo com que ele caísse sentado.

- Não seja patético - disse o homem.

Klaus segurou a pá e repetiu o movimento que Justin havia feito, mas dessa vez com o triplo de força. O garoto sentiu a parte de metal atingir a lateral do seu corpo com violência e um barulho estalado de osso quebrado foi ouvido em seguida. Ele urrou enquanto sentia a dor tomar conta dele.

- Não adianta fazer barulho, ninguém vai te ouvir aqui - falou Klaus rindo.

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Emily não conseguia parar de chorar. Parecia que um buraco havia se aberto em seu coração, ela estava completamente desesperada. Receber uma notícia da morte de alguém é terrível, mas ficar ali, sem saber o que estava acontecendo com a pessoa que ela a amava, era ainda pior. Era pior porque ela não sabia se ele estava bem, não sabia nem onde ele estava!

Where are you now

When nothing is going right

Where are you now

I can't see the light

Para piorar a situação, ela lembrou-se das últimas palavras que havia escrito pra ele: "Está difícil de entender? Eu não sinto NADA por você!". Justin estava sozinho e apavorado em algum lugar, ainda achando que ela não o amava e isso a matava por dentro.

O grupo começou a conversar entre si, mas ela não conseguia absorver as palavras, estava completamente chocada. Olhou para frente e viu um casal que entrava pelo portão conversando animadamente. Por que eles não podiam ser Justin e Emily? Estava tudo errado! Quando o casal se aproximou ela os reconheceu, Jordan e Susan olharam para a cena assustados.

- Emily! - disse o garoto correndo em direção a ela, podia estar superando seus sentimentos, mas vê-la chorar não se incluia nisso.

Quando ele se aproximou, Emily o abraçou com força. Jordan retribuiu o abraço de maneira preocupada e perguntou sem solta-la:

- O que está acontecendo aqui?

- É o Justin. Ele foi... sequestrado - disse Emily baixinho.

- Meu Deus! - exclamou Jordan espantado.

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Justin caminhava com dificuldade por dentro da casa, suas costelas doíam a cada passo que ele dava. Atrás dele vinha Klaus com uma faca em punho. O homem abriu a porta e mandou que ele entrasse em um dos cômodos.

O ambiente não tinha móveis, como a maior parte da casa e parecia realmente abandonado. Onde ele tinha se metido? Klaus o empurrou pra dentro da sala:

- Não tente nenhuma gracinha - ameaçou ele antes de fechar a porta.

O garoto olhou ao redor infeliz. Não havia nenhuma saída além da porta. Ele tentou sentar, mas a pancada recente não permitiu, então ele recostou na parede se sentindo a pessoa mais infeliz do mundo.

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Houdson guardou o aparelho celular onde tinha efetuado as ligações para Klaus e Pattie no bolso de seu paletó. Hora de deixar a festa para trás, precisava ir até o cativeiro e colocar o moleque para falar com a família no celular. Não podia confiar em Klaus para fazer isso, não tinha tido dinheiro para comprar dois números irrastreáveis.

Seguiu para a saída dos funcionários e ficou completamente maravilhado com a cena que viu ali. A mãe de Justin estava sentada no chão chorando, enquanto algumas amigos a consolovam e tentavam se manter firmes. Houdson não conseguiu evitar, deu um imenso sorriso de satisfação. Ele já tinha ganho aquele jogo. Além do dinheiro do resgate, apagaria Justin Bieber, dando espaço para que Rupert Johnson, o cantor que ele empresariava, explodisse no show biz.

Emily não acreditou em seus próprios olhos. Um homem havia acabado de olhar para eles e sorrir, como se aquilo fosse a coisa que ele mais desejasse assistir no mundo. Por que alguém faria aquilo? Quem poderia ficar tão feliz com aquela situação? Só se a pessoa soubesse... Só a pessoa estivesse envolvida naquela atrocidade.

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A garota observou que uma mulher loira seguia o homem, ela a reconheceu, era Martha Geller, uma antiga amiga de trabalho. Por causa disso, ela deixou de lado a teoria do homem por um instante. Ninguém que estivesse com a Martha deveria oferecer perigo. Ela era um doce e gostava tanto do Justin, certo?

Ela lembrou-se das palavras de Kenny: "A Martha Geller foi me apresentar a Gisele Bündchen. Eu não quis perder a oportunidade. Foi só por um segundo, quando olhei de novo, ele tinha sumido". Não, não era possível. Ela não podia estar metida naquilo. A garota olhou os dois atravessarem o espaço em direção ao portão.

Não podia ficar na dúvida, não podia deixar aquilo passar. Tinha que tomar alguma atitude e rápido, ou perderia eles de vista. Olhou para o lado e viu sua tia, ela conversava com alguns funcionários enquanto segurava uma planta com o esquema da iluminação da festa. Emily correu em direção a ela. Jordan perguntou alguma coisa surpreso com a reação da garota, mas ela nem se quer ouviu.

- Tia! Eu preciso do seu carro! - gritou Emily.

- O que houve? - perguntou Louise enquanto entregava a chave para ela.

- Não posso explicar agora!

A garota saiu correndo para o lado de fora do evento. Nenhum sinal do casal, tudo estava perdido. Ela olhou desolada para os lados e de repente os viu. Entrando em um carro estacionado no final da rua. Ela apertou o alarme do carro da tia na própria chave e ouviu o barulho. Ele estava do outro lado da rua, mas bem próximo. Emily atravessou, entrou no carro e deu a partida. O carro do casal havia começado a se movimentar, ela acelerou para poder segui-los.

Não sabia porque estava fazendo aquilo direito, mas tinha um pressentimento forte. Ela tinha que tentar, não podia ficar parada chorando esperando que tudo se resolvesse, não mesmo.

Ela seguiu o carro por quase uma hora. Se afastaram da cidade, estavam em um pequeno subúrbio rural. Quanto mais os quilômetros ficavam para trás, mais Emily ficava insegura em relação a sua teoria. O que ela estava fazendo?! Seguindo um sorriso? Duvidando da integridade de Martha Geller?

Ao mesmo tempo, aquele lugar era muito suspeito e isso fazia com que ela não desistisse, talvez estivesse na pista certa. Ela viu o carro do casal parar vários metros a frente, ela parou o seu embaixo de uma árvore, escondida pela sombra escura.

A rua estava silenciosa, ela conseguiu escutar claramente os passos do homem quando ele caminhou em direção a uma das casas que parecia completamente abandonada.

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- Era só que faltava! Mais uma pessoa sumida! - exclamou Kenny irritado.

- Ela não está exatamente sumida, eu falei com a tia dela e ela me disse que a Emily pediu as chaves do carro dela, que estava muito nervosa e parecia ter uma coisa importante pra fazer - disse Kim.

- O que ela pode ter de tão importante pra fazer numa hora dessas? - perguntou Pattie desolada.

- Eu não sei, mas tenho certeza que ela jamais sairia daqui se não fosse por um bom motivo - garantiu Lia.

- Eu acho que ela sabe alguma coisa - concluiu Kenny.

- O que ela poderia saber, Kenny? - perguntou Kim - Ela só sabe o que sabemos, ela estava aqui o tempo todo.

- Acho que ela pode ter ido atrás dele - acrescentou o guarda-costas.

- Olha Kenny, eu sei que você quer ajudar, mas essas suas teorias sem pé nem cabeça não melhoram as coisas - Pattie chorava sem parar - Primeiro dizer pro Justin que deveria ter uma explicação pra Emily ter terminado tudo , agora essa história de que a garota está perseguindo o sequestrador!

- Desculpa Pattie. Estou tão preocupado quanto você, cada um tem seu jeito de lidar com a situação.

- Me desculpe também Kenny - disse ela o abraçando arrependida pelo explosão repentina - Eu só estou muito nervosa. Só quero o meu filho de volta, são e salvo.

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Justin podia ouvir uma movimentação do lado de fora do cômodo onde estava preso. Dois homens pareciam conversar, embora não conseguisse entender o que diziam. As vozes ficaram mais altas e de repente a porta se abriu. O homem que havia levado ele até ali entrou. O outro, recem chegado, esperou do lado de fora, Justin não conseguia ver seu rosto.

- Preste muita atenção. Você vai fazer uma ligação para a sua mãe. Você não vai dizer absolutamente nada sobre nós ou sobre o local que você está, não vai poder dar nenhuma informação, entendido?

- Sim - respondeu Justin, sua voz saiu rouca, ele não falava nada desde a festa.

- Você vai informar que está bem e pedir para que eles depositem logo o dinheiro do resgate.

- Não confie nesse moleque - respondeu Houdson enquanto entrava no quarto.

Justin sabia que já tinha visto ele, não se lembrava onde, mas tinha certeza que tinham sido apresentados! Por que tinham feito isso com ele? Dinheiro? Até onde vai a ganância das pessoas? Esse era o preço da fama? Não poder namorar a garota que ele amava? Ser sequestrado? Não parecia um preço justo a ser pago.

- Ele vai dizer que entendeu e depois vai tentar dar uma de espertinho - acrescentou Houdson.

- Ele não seria idiota a esse ponto.

- Melhor garantir. Já viu uma Colt antes Justin?

O garoto sacudiu a cabeça negativamente, estava completamente apavorado.

- Hoje você vai ver bem de pertinho.

Houdson tirou uma pistola de dentro do paletó, destravou a arma e a encostou na cabeça de Justin em um movimento rápido. Justin fechou os olhos bruscamente ao sentir a arma na sua testa. Começou a suar frio e sabia que estava prestes a vomitar.

- Por que você ainda não ligou? - perguntou Houdson o apressando.

Justin pegou o celular com as mãos trêmulas e discou o número da mãe. Aquilo era um pesadelo, queria muito que tudo acabasse logo.

- Mãe!

- Justin? Aqui é o Scooter! Você tá bem?

- Estou! - respondeu o garoto enquanto lágrimas desceram por seu rosto.

Estar ali naquele inferno, com uma arma apontada para a sua cabeça e ouvir uma voz amiga, tiveram um efeito enorme sob ele.

- Onde você está?

- Eu não sei.

- Você está machucado?

- Não muito.

- Quem está com você?

- Scooter, eu não posso responder isso. Por favor, paguem o que eles querem logo. Me tirem daqui, por favor.

- Tá bom, tá bom. Chega desse drama de quinta categoria - disse Houdson rindo e arrancou o celular da mão do garoto.

- Quem esta aí? - perguntou Scooter nervoso do outro lado da linha.

- Sr Braun, vocês tem cinco horas - disse Houdson antes de desligar.

Ele estendeu a arma para Klaus, o homem fez cara de desprezo:

- Eu sei que você não é muito fã de armas de fogo, mas pode vir a ser útil - disse Houdson.

- Só porque o chefe insistiu - disse ele a contragosto e guardou a arma no bolso.

- Aguarde a minha ligação, quando eles disserem que o depósito foi feito, pode matar o garoto.

Os dois saíram e fecharam a porta. Justin escorregou pela parede e sentou-se no chão. Não ligava mais para a dor nas costelas quebradas, não importava. Eles iriam matá-lo, mesmo com o resgate pago, eles iriam matá-lo.

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Para Emily o homem parecia ter ficado uma eternidade dentro da casa abandonada. Quando ele saiu, foi em direção ao carro dele. Antes de entrar ela ouviu a voz de Martha Geller:

- Ele está bem? Deu tudo certo?

- Está. O moleque ainda vai gravar muitos discos, não se preocupe. Eu só quero o dinheiro - mentiu Houdson.

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Os dois deram a partida e foram embora. A garota ficou completamente petrificada no banco de motorista, agarrava o volante com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos. Justin estava ali, naquela casa, só podia ser ele ou o homem não diria aquilo.

Ela precisava fazer alguma coisa e rápido! Pegou o celular no bolso e procurou o número de Kenny:

- Alô?

- Kenny! É a Emily!

- Oi Emily! Estamos preocupados com você.

- Eu sei onde ele está, Kenny! Não dá pra explicar agora, mas eu sei onde ele está!

- Aonde?

- Emily olhou para o lado procurando a placa mais próxima Heather Lincoln Street. Numa casa abandonada, não dá pra ver o número daqui.

- Entendi! Ok, não podemos chamar a polícia, mas estou indo aí com alguns amigos. O Scooter já entrou em contato com o gerente do banco pra fazer a trasferência do dinheiro.

- Vem rápido Kenny, por favor! - suplicou a garota.

- Estou indo, fique onde está, nem pense em dar uma de heroína.

- Ok! Não demore!

Emily esperou por dois minutos inteiros. Dois minutos de pura angústia, não conseguia imaginar que estava tão perto de Justin e não podia fazer nada! Ela abriu a porta do carro e seguiu em direção a casa, dando passos leves e discretos. Agaixou no gramado e foi em direção a primeira janela, não conseguia ver nada, estava tudo escuro. A garota contornou a casa e foi verificando todas as janelas. Pelo que ela percebeu, só havia luz vindo de um dos cômodos.

Era ali que Justin devia estar! Naquele quarto! E pelo jeito não havia mais ninguém com ele, a casa estava super silenciosa. Seu coração bateu acelerado quando ela tomou a decisão de entrar. Aproveitou que uma das janelas estava aberta e escorregou silenciosamente para dentro da casa.

Olhou ao redor, ninguém. Mesmo assim estava com medo, a adrenalina queimava em seu sangue. Ela viu o cômodo iluminado e começou a dar passos leves em direção a ele. Quando estava na metade do caminho, a garota ouviu uma voz fria e arrastada que fez seu corpo se arrepiar de pavor:

- Olha quem veio brincar também...

Emily se virou horrorizada, um homem se projetava nas sombras. Ele tinha um olhar completamente paranóico e segurava uma faca em uma das mãos.

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Kenny programou o GPS do carro com o endereço que Emily havia lhe passado e começou a seguir as indicações do mapa. Além dele, haviam mais três seguranças no carro, igualmente gigantescos.

Ele pegou seu celular e discou o número de Scooter:

- Fala Kenny.

- Estou indo aonde o Justin está - disse o guarda-costas.

- O quê? - perguntou Scooter assustado.

- A Emily me ligou, ela sabe onde ele está, estou indo pra lá agora com uns amigos.

- Como ela sabe isso?

- Ela não me explicou, mas eu acredito nela.

- Kenny toma cuidado, não queremos irritar essa gente! Eles podem machucar o Justin!

- Não vamos irrita-los, vamos só observar de longe e agir somente se for extremamente necessário.

- Toma cuidado cara - repetiu Scooter.

- O sequestrador não disse que Justin voltaria com as próprias pernas? Estarei lá pra pegar ele no caminho, vai dar tudo certo.

- E a Emily?

- Eu pedi pra ela me esperar.

- Ok, boa sorte! Tenho que ir, a gerente do banco está na outra linha! Tchau!

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Emily costumava gostar de filmes de terror, mas não estava achando nada legal a sua vida ter se transformado em um de repente. O homem avançou na direção dela e ela gritou horrorizada enquanto desviava.

- Eu chamei a polícia! Eles vão chegar aqui logo! - gritou Emily em desespero - Se eu fosse você, fugia bem rápido.

- Você não chamou a polícia - disse o homem rindo - Acha que eu sou idiota? Você sabe que não pode chamar a polícia, você estava na festa, eu te vi, você deve ter falado com o empresário dele.

- Eu chamei sim - disse Emily se afastando em direção ao outro cômodo já que não conseguia alcançar as janelas.

- O que eu gostaria de saber... é como você me encontrou?

- Eu segui um cara que veio até aqui - respondeu ela tentando ganhar tempo.

- Meu chefe é descuidado. E agora? O que eu faço com você? Ainda não posso matar o garoto, mas ninguém me disse nada sobre matar você...

- Emily! É você? - gritou Justin desesperado enquanto socava a porta com todas as suas forças.

Ele achou que estava sonhando quando ouviu a voz da garota, não podia ser. Por que ela estaria ali? Por que ela estaria no mesmo inferno que ele?

- Justin! Sou eu! - disse a garota enquanto rodava a maçaneta tentando abrir a porta.

- Você tem que ir embora Emily! Ele vai te matar, ele vai matar nós dois!

- Eu não vou a lugar nenhum sem você - disse ela enquanto forçava a maçaneta.

A distração da porta foi tudo que Klaus precisou para se aproximar furtivamente da garota, ela a agarrou por trás com força, puxou o cabelo dela fazendo com que ela inclinasse a cabeça para trás.

Emily se debatia e gritava tentando se livrar do homem, ele cheirou a pele do pescoço dela sem cerimônia e continua a segurá-la firmemente apesar do protesto.

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- Sai de perto dela! - urrou Justin enquanto sacudia a porta - Não encosta nela! Emily! Emily!

- Fica quieta! - ordenou Klaus.

Emily continuou resistindo, o homem parecia ter se irritado, porque ele passou a faca num movimento rápido em frente ao rosto dela. Um talho longo e dolorido se abriu em sua boca, ela sentiu o sangue escorrer por seus lábios e parou de se mexer.

- Isso é pra você lembrar de ficar quietinha. Sabe... Eu queria muito te matar, mas acho que é melhor esperar um pouco, infelizmente não sou eu que faço as regras hoje.

- Deixa ela ir embora! Ela não tem nada haver com isso! - gritava Justin do outro lado da porta.

- Agora escuta moleque, você vai encostar na parede e não vai se mexer. Eu vou abrir a porta. Qualquer gracinha e eu arranco as orelhas da sua namorada. Entendido?

- Já encostei - Justin disse apavorado, não queria que nada acontecesse com Emily.

Klaus abriu a porta e empurrou a garota bruscamente para dentro do cômodo. Ela caiu, mas levantou logo em seguida. Quando ela encarou Justin, o homem já havia fechado a porta.

Justin não entendia. Como ela havia ido parar ali? Ela estava diferente, ainda estava linda, mas seus olhos pareciam inchados e sua boca sangrava. Emily percebeu que Justin a encarava, devia estar horrível, ela tentou inutilmente estancar o sangue com a mão.

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- O que você está fazendo aqui? - perguntou Justin enquanto ia na direção dela.

- Eu vim... te salvar - respondeu a garota sabendo o quanto aquilo soava idiota, já que ela quase tinha sido morta a poucos segundos atrás e os dois ainda estavam ali presos.

Justin riu. Era um riso armargurado, mas ainda verdadeiro, um fantasma do que um dia havia sido o sorriso dele.

- Você é doida! - disse ele.

Emily não respondeu, rompeu a distância entre eles e o abraçou. As lágrimas voltaram a correr por seus olhos, não conseguia evitar. Justin a abraçou em retorno, sentir o corpo quente dela ali, o cheiro dela, era como ser transportado para outro lugar, por um momento ele se esqueceu de onde estava. Emily o abraçou com força.

- Ai! - reclamou o garoto.

- O que foi? - perguntou a garota preocupada se afastando um pouco.

- Acho que estou com algumas costelas quebradas - disse o garoto contorcendo o rosto numa careta de dor.

- Ah não! - exclamou Emily triste.

- Não se preocupe - disse Justin forçando um sorriso - Costelas não são ossos necessários.

- Aquele maníaco maldito - preguejou Emily contra Klaus.

- Como você veio parar aqui? Você não devia ter vindo!

- Eu segui um homem que veio até aqui. Ele estava na festa e eu achei estranho o jeito como ele olhou pra gente enquanto estávamos chorando, ele parecia satisfeito.

- Você é doida, e genial. Acho que você deveria incluir Detetive na sua lista de possíveis carreiras - disse o garoto alisando o rosto dela e limpando o resto do sangue que ocultava a sua beleza - Mas peraí, você disse que estava na festa?

- Sim, eu fui até lá pra falar com você, mas não deu tempo - explicou a garota.

- Você ouviu a música?

- Ouvi. Justin... Eu tenho tanta coisa pra te dizer, eu estava errada sobre tudo - começou Emily.

Justin colocou a mão sob os lábios dela fazendo com que ela se calasse e sorriu.

- Não quero conversar sobre isso agora, você está aqui, por enquanto é o que importa pra mim.

Emily consentiu com a cabeça e segurou a mão dele. Os dois sentaram no canto do quarto e a garota olhou ao redor. Era completamente deprimente estar ali, naquele quarta vazio e horroroso, sabendo que do lado de fora um piscopata os aguardava. Imaginou como Justin havia se sentindo estando ali completamente sozinho.

- Precisamos dar um jeito de sair daqui.

- Não há jeito de sair Emily - disse Justin triste.

- Tem que haver! Não podemos só confiar no resgate.

- Emily, eles deixaram bem claro que vão me matar depois que receberem o dinheiro.

- O quê? - perguntou a garota assustada enquanto apertava a mão dele com força.

- Eles não vão me deixar sair vivo Emily, espero que isso não se estenda a você.

- Para de falar essas coisas! - gritou a garota sentindo que seu choro retornara com força, apenas o pensamento da morte de Justin já a deixava completamente transtornada - Para de falar como se você tivesse aceitado isso!

- Desculpa - falou ele arrependido por deixa-la daquele jeito.

- Eu avisei ao Kenny - disse ela com a voz baixa para que só Justin ouvisse - Ele já está vindo. Ele vai tirar a gente daqui.

- Tomara que você esteja certa.

- Eu estou.

- Se não estiver, eu queria que você soubesse que eu...

- Cala a boca Justin! Você acha que eu vou deixar você me dar adeus assim? Para de falar essas coisas!

Ela se virou para o garoto e segurou o rosto dele com força enquanto olhava fundo nos olhos dele:

- Não é hora do fim Justin. Você me entende? Tudo que nós vivemos, não vai acabar aqui. Você tem que confiar em mim.

- Eu confio - disse ele se rendendo a Emily.

O garoto a puxou pra perto e a abraçou. Que fascínio era esse que ela tinha sob ele? Capaz de fazê-lo se tranquilizar mesmo diante da morte. Ela o guiava sempre, ele estava perdido sem Emily, mas sua bússola havia retornado, estava bem ali, ao seu alcance. Ela estava certa, Justin não deixaria aquilo acabar assim, não mesmo.

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- Alô?

- O dinheiro já está na conta - informou Houdson - Pode dar cabo do garoto. Eu vou enrolar a família enquanto você faz isso e se livra do corpo.

- Ótimo - disse Klaus animado - No entanto, temos um contra-tempo, a namorada do garoto está aqui. Ela me disse que seguiu você.

- Mas que merda!

- O que eu faço com ela?

- Mata ela oras! Já devia ter feito isso.

- Era exatamente isso que eu queria escutar - respondeu Klaus.

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Scooter e Pattie estavam no escritório dele, em um bonito prédio comercial de Atlanta. Haviam deixado a festa sem alarmar ninguém, informando que Justin tinha se sentindo mal e eles estavam indo vê-lo. Kim, Lia e Jordan estavam na recepção do prédio, haviam decidido ficar juntos até receberem mais notícias, principalmente depois que descobriram que Emily estava bem perto dos sequestradores.

- A Susan está puta comigo - disse Jordan tentando ligar para a garota.

- O que houve?

- Ela viu eu indo abraçar a Emily. Depois eu disse que viria pra cá com vocês. Não pude explicar direito, não podia contar sobre o sequestro. Então inventei que a Emily estava mal porque o Justin tinha terminado com ela e que nós três viemos consolá-la.

- Coitada dessa Susan, se ela gosta de você, não deve ter ficado nada feliz de ser largada na festa desse jeito- acrescentou Kim - Ainda mais com o seu passado com a Emily.

- É passado mesmo - afirmou Jordan.

- Fico feliz que você pense assim agora - disse Lia.

- O que aconteceu com eles afinal? Justin terminou com ela?

- Acho que não cabe a gente responder essa pergunta - disse Kim cortando o assunto.

- Estou tão preocupada com os dois - disse Lia - Quero a minha Emy logo! E o Justin do ladinho dela, pra ela ficar bem feliz.

- Vai dar tudo certo - disse Kim.

No escritório, Scooter conversava com a mãe de Justin, Pattie.

- Fica Calma, Pattie. Vai dar tudo certo.

- Eu não confio nesse homem, não parece que ele está sendo verdadeiro.

- Ele só vai conferir se o dinheiro foi depositado corretamente e vai nos ligar pra passar as próximas instruções. Te prometo que logo, logo você vai ter Justin nos seus braços.

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Klaus abriu a porta e observou o casal sentado no chão. Pareciam dois animais assustados e acuados, sabendo muito bem o que os aguardava.

Justin olhou com ódio para o homem. Sentia-se repentinamente mais forte, faria qualquer coisa para proteger Emily. A garota se encolheu contra ele, completamente apavorada.

- Chegou a hora, criançada. Quem vai ser o primeiro?

- Não chega perto da gente! - disse Justin se levantando e segurando a mão de Emily que chorava com medo.

- Ótimo, temos um voluntário! Venha aqui.

- Não, por favor - suplicou Emily - Deixa a gente em paz.

Klaus riu por um momento, em seguida apontou a faca ameaçadoramente para Emily enquanto falava com Justin:

- Se você não vier aqui agora eu vou deixar essa vadia chata tão transfigurada, que ninguém vai poder reconhecê-la no próprio enterro. Não pense que eu não faria isso.

Justin soltou a mão de Emily e caminhou na direção de Klaus. A garota gritou desesperada:

- Não! Justin volta, por favor não!

O garoto examinou o homem com ódio, ele era desprezível. Os olhos esbugalhados, cabelos ralos, terno largo, a faca na mão dele ainda suja com o sangue de Emily e uma pistola enfiada de qualquer jeito no bolso. Era a Colt que ele havia recebido de Houdson, pelo jeito Klaus não gostava mesmo de armas de fogo, qualquer idiota sabia que não podia guardar uma arma destravada daquele jeito.

Quando Justin estava perto o suficiente, Klaus deu uma joelhada com força entre as pernas do garoto. Justin curvou o corpo com dor e o homem o agarrou pelo pescoço, o imobilizando completamente. O choro de Emily enchia o quarto.

- Sabe de uma coisa. Eu mudei de idéia. Você está muito confiante para ser o primeiro. Quero ver você implorar pra mim.

Justin não conseguia responder. Klaus apertava muito o seu pescoço ele mal podia respirar, sentia a lâmina fria da faca contra a pele do pescoço, exatamente em cima da sua artéria, qualquer movimento ceifaria a sua vida. Ele olhou para Emily, alguns fios do cabelo castanho dela estavam grudados em seu rosto por causa das lágrimas, ela tremia.

Klaus tirou outra faca de dentro do paletó e jogou na direção de Emily, não pretendia acerta-la, parecia querer entregar a faca pra ela. A garota segurou a arma sem jeito e fez menção de ir pra cima dele.

- Não seja idiota, eu corto a cabeça dele fora antes que você consiga dizer "Baby". Eu te dei a faca para jogarmos um joguinho. Que tal?

- Que tipo de jogo? - perguntou a garota apavorada.

- O nome é... morrendo por amor. Quem morrer primeiro perde, é claro.

- O quê?!

- Você é mesmo estúpida, hein? Ou você se mata, ou eu mato ele.

- Você é doente - falou a garota com nojo.

- Acho que você não me deixa escolha então - Klaus apertou a faca no pescoço do garoto e uma linha tênue de sangue surgiu na garganta dele.

- Não! Eu faço! - gritou Emily desesperada.

Emily olhou para a faca em seguida a posicionou em cima do pulso de uma das mãos. Já tinha visto aquilo em filmes, será que doía? Ela pensou em como seria morrer. Não queria deixar todos que amava para trás, não queria ficar sem Justin. Pensou em seus pais, pelo menos estaria com eles novamente.

- Emily não! - gritou Justin se debatendo violentamente - Não faça isso! Você disse que não era a hora do fim!

- Não tem outro jeito! Me desculpe.

- Não Emily! Não!

Enquanto o garoto se debatia, percebeu que era inútil, as mãos de Klaus o seguravam firmemente em um aperto. Ele curvou o corpo pra baixo numa última tentativa desesperada, foi aí que ele se deu conta, ali estava a Colt, destravada e desprotegida no bolso de Klaus. Se ele esticasse o braço mais alguns centímetros poderia pegá-la. Ele fez mais um movimento brusco, sentiu a lâmina arder fazendo mais um corte superficial em sua pele, mas não importava, porque segundos depois ele tinha a arma nas mãos e apertar o gatilho mirando para trás, foi uma consequência imediata.

Emily gritou quando ouviu o som do disparo. Nem se quer tinha visto uma arma ali. Ela tomou coragem e olhou pra frente. Klaus estava caído no chão enquanto pressionava o joelho, Justin se afastava dele, a arma ainda em punho.

- Seu desgraçado! Você quer jogar um jogo agora? Que tal uma bala na sua cara? Parece um jogo divertido o suficiente pra você? Seu babaca!

Klaus ficou calado diante das ameaças do garoto, apertava o joelho com força e se balançava pra frente e para trás, parecia estar com muita dor. Emily correu e colocou a mão em cima do braço de Justin, empurrando a arma para o lado. Sentiu que o garoto tremia de ódio.

- Justin não. Você não precisa fazer isso, vamos embora, anda!

- Ele ia matar a gente Emily! - falou Justin virando a arma novamente para a cabeça dele.

- Não Justin! Você não é um assassino!

Ela o puxou pela mão com força. O garoto virou pra ela e a encarou com raiva, estava completamente fora de si. Emily recuou assustada e em poucos segundos a expressão se desfez do rosto dele, agora não havia nada em seus olhos cor de mel, apenas dor e medo. Ela se aproximou e o abraçou. Ele soltou a arma em seguida e quando Emily olhou em seus olhos de novo, ele parecia prestes a desabar.

- Vamos embora - ela o puxou pela mão.

Os dois deixaram o quarto apressados, na metade do corredor ouviram a voz de Klaus ressoar pela casa:

- Voltem aqui! Não pensem que eu não vou atrás de vocês. Não há como escapar! - Klaus apoiou as mãos no chão fazendo força para se levantar.

Justin gemeu de dor ao se curvar para sair pela janela, suas costelas doíam ainda mais depois do esforço que tinha feito contra Klaus.

- Onde está o seu carro? - perguntou Justin apressado podia ouvir Klaus gritando.

- Ah não! As chaves! Ele pegou as chaves e o meu celular! - disse Emily fazendo menção de voltar pela janela.

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- Não Emily! Esquece o carro! Vamos! - disse Justin a puxando em direção ao pequeno bosque que se estendia atrás da casa, era um subúrbio rural, mas com sorte poderiam encontrar uma casa próxima para se abrigar.

Ao cruzar a primeira árvore, Emily olhou para trás e percebeu que Klaus os seguia, tinha acabado de sair da casa, provavelmente pela porta e arrastava a perna ensaguentada em passos apressados. Ele apontou a arma na direção deles e disparou, errando por pouco.

- Mais rápido Justin, vamos!

Justin não conseguia ir mais rápido, quanto mais corria, mais precisava de oxigênio e o simples fato de respirar, encher seu peito de ar, provocava uma dor lancinante na lateral de seu corpo.

- Vai na frente Emily! Estou logo atrás de você!

- Não Justin!

- Vai logo Emily!

Correram mais alguns metros e houve um novo disparo. Emily deu mais alguns passos e parou, não conseguia mais ouvir Justin atrás dela. A garota se virou.

FOTO:

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Justin estava parado de frente para ela, ele pressionava as mãos contra a barriga, seus dedos estavam vermelhos. Ele olhou para Emily e ela assistiu horrorizada a vitalidade abandonar os olhos cor de mel antes dele desabar no chão.

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~ No próximo capítulo: Dormir sentado dá dor nas costas. Jeremy precisa ser confrontado com a verdade. Klaus é racista. As cicatrizes mais profundas são aquelas que não conseguimos enxergar. E Jordan aproveita para ter uma recaída por Emily.

~ Quer ler um trecho exclusivo do próximo capítulo? É só fazer uma recomendação da história ou dar pontos positivos de popularidade para a autora ; )

DEIXEM REVIEWS = )

e muitas estrelinhas!

(pleaseeee a fic perdeu meia estrela = / Vamos trazê-la de voltaaa!)

PS: Não me apedrejem pelo final trágico! hahahaha Gostaría muito de saber a opinião de vocês sobre o capítulo como um todo, o que vocês acharam do desenrolar dos acontecimentos? Sugestões são bem vindas^^


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Notas finais do capítulo

* Tenho uma vaga aberta na equipe de Beta Readers de "A Pessoa Errada" Deve ser fluente em inglês e ter disponibilidade de tempo. Alguém topa? Interessados podem me avisar nas reviews ou por mensagem privada.

* Betado por: Juup_s