Utopia escrita por dastysama


Capítulo 7
Capítulo 7 - Páginas Emboloradas


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, eu estava viajando e o 3G não cooperou!



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Bill sentiu de repente alguma coisa cair nele e abriu os olhos sobressaltados, olhou e na sua barriga havia uma pinha e algum galho chacoalhava do seu lado esquerdo. Levantou a cabeça e encontrou o rosto de Biene, carregando um monte de livros nos braços.

– Ops! Acho que te acordei, não era minha intenção, desculpe – disse ela se sentando ao seu lado e parecendo aliviada ao tirar todo aquele peso dos seus braços – Esses galhos se enroscaram em mim e a pinha caiu.

– Está tudo bem – ele disse esfregando os olhos – Que horas são?

– Cinco e meia – disse ela olhando para o relógio no seu pulso – Está dormindo faz tempo? É que aqui tudo é tão calmo que sempre dá vontade de dormir.

– Sim, acho que apaguei lá pelas três horas, como pode ver dormi muito! Eu podia estar escrevendo novas músicas, mas em vez disso fiquei dormindo embaixo de uma árvore!

– Tudo bem, amanhã você tenta novamente – disse ela passando os braços em volta das pernas e colocando seu cabelo loiro atrás de sua orelha – Acho que umas horas de sono deixam todos bem. Logo você consegue escrever algo realmente bom, já li algumas letras de suas músicas e elas são incríveis.

– Obrigado – disse ele sem-graça – E o que são esses livros? Já achou alguma coisa sobre a casa?

– Não deu tempo de achar alguma coisa realmente boa, só dei uma folheada por que a biblioteca já ia fechar. Então eu trouxe para nós darmos uma olhada, quem sabe não encontramos alguma coisa importante?

– Tudo bem, então – disse Bill tentando dar o sorriso mais convincente, ele realmente não queria ficar folheando livros velhos, tentando encontrar quem sabe algum William Baumgärtner só para comprovar para si mesmo que não está ficando louco – Vamos entrar? Acho que já está ficando tarde para ficarmos aqui fora.

Ela fez que sim e começou a se levantar e a pegar os livros que deixara no chão. Como eram muitos, Bill tratou de ajudá-la, afinal não era nada cortês deixar uma garota carregar todo aquele peso sozinha. Então partiram em direção a casa, enquanto o Sol ao longe já estava quase preparado para se pôr.

– Lembra que eu vi um cachorro no seu pires? – disse Biene cortando o silêncio – Eu perguntei para Eleazar e ele me disse que significa perdão. Tem algo a ver com a sua situação atual?

– Bem... eu acho que não – disse ele pensativo – Que eu saiba, não briguei com ninguém.

– Que pena! Eu realmente queria acertar alguma previsão minha! Acho que não sou boa nisso, vai ver as pessoas nascem com o dom e eu não nasci.

– Vai ver o seu dom é descobrir o passado das coisas, quem sabe não descobre algo importante desse local?

– Você acha que cada um nasce para fazer algo? Como se já fossemos destinados ou algo do tipo? – perguntou ela de repente sorrindo, era incrível, ela brilhava mais do que o Sol – Como se cada um tivesse alguma missão importante?

– Eu não sei, não entendo muito bem dessas coisas. Acho que temos que fazer o máximo, só isso. Uma hora tudo acaba.

– Você está certo, talvez eu esteja fantasiando demais. Então vou fazer o possível por mim mesma e pelos outros!

Os dois entraram na casa, novamente em silêncio, não sabiam ao certo o que dizer. Todos estavam na cozinha, pelo visto fazendo um lanche da tarde, já que a dispensa estava aberta e toda hora eles entravam lá para pegar alguma coisa.

– Onde você esteve, Bill? – perguntou Tom fazendo alguma mistura estranha no liquidificador – Pensei que tivesse se perdido na casa e estava em algum porão escuro.

– Não, eu só estava lá fora tentando escrever algo.

– E pelo visto não conseguiu. Sinceramente, temos que fazer algumas coisas por aí, não vou aguentar ficar aqui o tempo todo só assistindo TV, tocando piano ou guitarra. Preciso conhecer garotas.

– Não tem muito que se fazer por aqui – disse Biene colocando os livros em cima da mesa enquanto Bill se sentia em uma espécie de déjà vu – Tem umas baladas por aí, mas nada espetacular como você estão acostumados.

– Se tiver garotas, estou dentro! – disse Tom colocando o líquido do liquidificador em um copo – Vamos fazer alguma coisa essa noite, qualquer coisa.

– Eu mostro a cidade para vocês – disse Biene se sentando e começando abrir os livros e a folheá-los.

– O que é isso? – perguntou Tom bebendo o Milk-shake e olhando para os livros que Biene trouxera. Bill também se sentara à mesa e pegara um deles para folheá-los.

– Livros para pesquisarmos sobre essa casa, são os mais antigos que encontrei na biblioteca. Todos falam sobre as redondezas daqui pelo século XVII, XVIII e XIX, acho que deve ter algo sobre os Baumgärtner. Também vale a pena dar uma olhada em jornais antigos, a biblioteca também tem uma coletânea bem antiga.

Bill nem estava prestando atenção, apenas folheava um dos livros que falava da formação de Aach. Falava detalhadamente dos povos bárbaros germânicos e dos feudos que ficavam por essas regiões e citaram os fundadores da cidade. Ele parou para dar uma olhada na gravura que mostrava os fundadores, decididamente não era ninguém que se recordava, mas o que chamou sua atenção foi à colina ao longe, sem a casa.

Continuou a procurar algo que lhe interessasse, quando achou um pequeno trecho: “... então se construiu a prefeitura na colina, queriam algo grandioso que mostrasse poder e honra. Era a maior construção da cidade, com dezenas de quartos e espaço amplo para reuniões de parlamentos, além de bailes comemorativos. Mas foi a crise de 1834 que fez o atual prefeito perder tudo em jogos e para pagar todas as dívidas que criou, vendeu A Casa da Colina, símbolo da cidade, para estrangeiros que migraram da Hungria para Alemanha. Os Baumgärtner eram conhecidos pelo grande poder aquisitivo, vindos da realeza húngara se instalaram na cidade e tornou a mansão uma propriedade totalmente relacionada ao nome da família”.

– Eram húngaros – disse Bill como dando de ombros, isso não tinha a menor importância – Está falando aqui que a casa era da prefeitura, mas os Baumgärtner a compraram. Não significa muita coisa.

– Quem sabe podemos achar uma árvore genealógica em algum livro húngaro? Talvez pelo computador, quem sabe, podemos achar alguma coisa em sites de bibliotecas online. Ou nesses livros, deve haver algo sobre famílias antigas. Algo que era tão importante naquela época, já que já fora a prefeitura, não podia se perder no tempo tão facilmente – disse Biene anotando essas informações em um papel.

– Além de que deve haver alguém importante da família, alguém que se destacou – disse Bill continuando a folhear o livro – Algum nome em específico, sempre tem, ainda mais quando se vê o brasão da família em tudo que é lugar.

– Meu avô trabalhava para a última geração que viveu aqui, mas ele não sabe de muita coisa. Perguntei algumas coisas a ele, mas não soube responder. Pelo visto, informações se perderam durante os séculos.

– Última geração? Quer dizer que não existe mais nenhum descendente?

– Não sei – disse Biene dando de ombros – Acho que não já que quem herdou a casa foi meu avô e ele apenas trabalhava para família. Não sei o que aconteceu. Vai ver tem algum mistério no ar, quem sabe essa casa não seja mal assombrada, mesmo?

Todos começaram a rir e Bill forçou um sorriso, na verdade ele estava começando a pensar a mesma coisa, é claro que ele não via nada de estranho acontecer além dos sonhos, mas essa hipótese não podia ser descartada facilmente. Na verdade isso tudo não devia passar de uma baboseira qualquer, ele estava ficando doido e acreditando fielmente no que Biene dizia. Eram apenas sonhos, coincidências.

– Esse negócio de fantasmas não existe, Biene – disse Gustav como se dissesse isso a uma criança que acreditasse em Papai Noel.

– Claro que existe, espertalhão. Já ouviu falar das ruínas da antiga prisão? Fica há uns dois quilômetros do rio e todos falam que de noite pode-se ouvir alguém cantando. Nunca ouvi, por que não vou ficar andando de noite por aquele lugar, mas muitas pessoas já disseram que ouviram algo.

– Isso é tudo invenção que o povo conta – disse Georg rindo – Em todos os lugares tem essas histórias. A maioria não passa de bobagem, afinal isso de que alguém ouviu ou viu algo é tudo da cabeça da pessoa.

– Mas seria legal se fosse verdade, não é mesmo? – disse Biene sorrindo torto, com seus olhos azuis brilhando – Saber que não estamos sozinhos e que temos algo a cumprir.

– Acho que não tem nada em nenhum lugar – disse Bill fechando o livro com tudo – Vou tomar banho, se vamos sair hoje, preciso estar preparado.

Ele não sabia de onde saíra aquele mau humor, apenas abandonara aquele monte de folhas bolorentas enquanto subia as escadas em direção ao seu quarto. Todos ficaram na mesa com cara de interrogação, sem entender o que havia ocorrido. Só Bill sabia que no fundo, havia algo que o incomodava, algo que ele desconhecia.

Passou pela porta do banheiro e se apoiou na pia, se olhando no espelho que tinha um pouco de bolor nos cantos. Fitou seus cabelos pretos e seus dreads brancos surgirem da sua nuca, depois olhou seus próprios olhos, amendoados, de um castanho incisivo que lembrava vagamente os de William Baumgärtner. Será que ele era parecido com ele? Tão frívolo e sem coração, que não tem pena nem do pobre Gustaf e trata as mulheres como se fosse algo sórdido?

– Sou Bill Kaulitz – disse ele firmemente ao espelho e depois deu as costas.


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