Utopia escrita por dastysama


Capítulo 35
Capítulo 35 - A Maldição


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, essa semana foi tããão longa e cansativa, vocês não tem ideia ): só consigo postar de fds praticamente.



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O disparo ainda ecoava pelos ouvidos de Bill quando ele finalmente acordou. Seu corpo estava coberto de suor frio e demorou alguns minutos para lucidez finalmente chegar. Por um momento, ele jurava que estava vivendo realmente aquilo, sentira até o impacto da bala em seu crânio, sentira a morte de tão perto quanto nunca sentira. Mas isso não era nem de longe o real incômodo, seu coração se apertava só de lembrar-se da morte de Johanna.

Por mais que ele quisesse acreditar que o verdadeiro final era que os dois haviam fugido, lá estava a verdade o atacando com facas, mostrando que a realidade está longe de ser o que realmente queremos que seja. A única coisa que não entendia era o que ele precisava fazer, tudo estava tão vago quanto antes, mas a situação atual parecia ter piorado.

Bill pegou seu celular na cabeceira para que ver que horas eram, eram sete horas da manhã, ele havia dormido cedo ontem para ter os sonhos e agora acordara cedo também. Levantou-se rapidamente e decidiu que a melhor coisa a fazer nesse momento seria ler aqueles livros que conseguiu no mausoléu. Talvez houvesse alguma resposta para os sonhos, algo que mostrasse qual o caminho a seguir já que tinha mais informações.

No percurso até a cozinha, Bill não encontrara nem seus amigos nem seu irmão que deveriam estar em seus quartos. A mesa da cozinha estava como ele deixara antes, uma perfeita desordem, cheia de livros velhos espalhados e até caídos no chão. Tratou de começar a lê-los e tentar achar algo importante, folheando cada página com cuidado e analisando cada palavra, como se ela pudesse abrir sua mente de alguma forma.

Havia um livro sobre as principais famílias da cidade, sobre os Baumgärtner havia as mesmas informações de sempre, com destaque em algumas pessoas da família que executaram grandes feitos pela cidade. Claro que William nem de longe estava naquela lista. Na parte dos Gottwald, o familiar em destaque era o pai de Meredith como prefeito, mas ele já havia lido sobre isso também uma vez com Biene. Mesmo assim, seus olhos perscrutaram pelas páginas até ler o nome de Meredith: “O prefeito Lutz não aguentou a morte trágica da filha, Meredith Gottwald, que foi sequestrada por saqueadores que atacavam Aach naquela época. O corpo da filha foi encontrado no lago da cidade, afogado, segundo os boatos daquela época, em uma tentativa de fugir dos assaltantes ela tentou atravessar o lago, mas o peso do vestido resultou em um afogamento. O prefeito viveu por um mês e meio e morreu de ataque cardíaco”.

– Então ela teve uma morte trágica – Bill disse pensativo, relendo mais uma vez aquele trecho – Tenho que dizer que ela mereceu.

Já era quase dez horas da manhã quando Bill simplesmente se cansou de ficar debruçado em livros velhos sem achar nada. Levantou-se para fazer um café quando tropeçou no maldito tapete de árvore genealógica da família que estava enrolado no chão. Ele havia se esquecido dele, então se agachou e começou a desenrolar o tapete, lendo novamente aqueles diversos nomes até seu olhar parar na última descendente Lisbeth Baumgärtner. Afinal quem ela fora? E por que simplesmente sumiu do mapa sem deixar mais nenhum descendente?

Talvez Bill precisasse de uma informação que aqueles livros não dariam. Em vez do café, pegou a chave do carro alugado e saiu da mansão, levando o pesado tapete nos braços. Não adiantava pesquisar sobre os Gottwald, talvez a resposta estivesse o tempo todo nas raízes mais profundas daquela árvore genealógica.

Por mais que Aach fosse uma cidade muito pequena, foi um pouco complicado para que ele finalmente achasse a biblioteca. A construção também era bastante antiga, mas alguns anexos pareciam novos, construídos ainda nesse século. Bill estacionou o carro em frente à biblioteca e adentrou o local que estava praticamente vazio, tirando a presença de alguns estudantes em uma mesa, totalmente concentrados em suas pesquisas. Finalmente achou o que procurava, havia um computador na biblioteca, se ele precisava de informações mais atuais, com certeza acharia ali.

– Posso usar o computador para uma pesquisa? – Bill perguntou a velhinha que tricotava atrás do balcão, talvez essa fosse a única diversão que a bibliotecária tinha em um lugar tão parado.

– Claro – ela disse piscando os olhos várias vezes por trás dos óculos de aro redondo. Com certeza ela achava a aparência de Bill algo extremamente bizarro – Desde que seja só para pesquisa.

Bill assentiu e foi até o computador antigo, ainda com uma tela de traseira enorme, ele nem precisou ligá-lo para saber que era extremamente lerdo. Mesmo sentindo sua paciência se esgotando, não desistiu da pesquisa, ainda mais quando sentia que o mistério finalmente chegava ao fim. Depois de dez minutos, conseguiu entrar em um site de busca e digitou “Lisbeth Baumgärtner”. A maioria dos sites eram emprestáveis, o único que chamou a atenção foi o de um jornal de uma cidade dos arredores, então clicou sem pestanejar.

O site demorou um pouco para finalmente aparecer completamente, havia uma foto de Lisbeth Baumgärtner e para a surpresa de Bill, a foto era mais atual do que imaginava. A tal mulher devia ter por volta de quarenta anos, tinha os cabelos loiros e meio esbranquiçados, olhos azuis envoltos por algumas rugas e um sorriso acanhado. A manchete que seguia era nada menos que: “Morre a última Baumgärtner”.

“Todos já ouviram falar sobre Aach e o império dos Baumgärtner, eles não precisavam de títulos para se destacar sobre as outras pessoas. Com uma enorme árvore genealógica lotada de nomes importantes, o último nome que se tem notícia acabou de por fim na descendência. Lisbeth Baumgärtner, nome de solteira, 38 anos foi encontrada morta no famoso lago de Aach. Segundo algumas fontes, foi realmente um suicídio já que a mulher se encontrava em um estado bastante depressivo. O corpo só foi achado dois dias depois, nas margens do rio por um casal que passeava as margens”.

Outro déjà vu tomou conta de Bill, ele já havia lido essa história antes e fazia pouquíssimos minutos, afinal Meredith morrera de uma maneira bastante parecida. Percebendo que não encontraria mais nada no site de pesquisa, Bill deu uma olhada na biblioteca de sua cadeira, tentando localizar algo que o ajudasse descobrir mais, então seus olhos pairaram na velhinha tricotando. Ela devia ter uns setenta anos, devia ter vivido na época que Lisbeth havia morrido, poderia saber de algo. Sem pensar duas vezes, se levantou e foi até ela.

– Com licença – Bill disse polidamente – Eu estou fazendo uma pesquisa sobre Aach e me deparei com a famosa família Baumgärtner. Soube que a última descendente foi Lisbeth Baumgärtner e que ela não morreu faz muito tempo, você sabe algo sobre ela?

A mulher parou de tricotar e arregalou os olhos para Bill como se ele tivesse dito algum palavrão ou algo terrível. Ela pareceu bastante desconfortável e se remexeu na cadeira tentando encontrar uma posição onde o pânico não a atacasse novamente.

– Não gostamos de falar muito sobre isso, pode ser superstição, mas pode trazer mau agouro – ela disse engolindo seco – Nós sempre consideramos os Baumgärtner uma família amaldiçoada, até onde se sabe, a maioria morreu de maneira bastante trágica. Você não é um jornalista, é?

– Não, só estou fazendo uma pesquisa de campo, me interesso pelo passado – Bill tentou dizer da maneira mais verdadeira possível, pelo visto a velhinha acreditou no que ele dissera.

– Eu conheci Lisbeth, ela era uma boa pessoa, na época que eu tinha meus vinte anos, ela morava na grande mansão que fica na colina. Sempre foi de família rica, uma moça bonita e prendada, sabia falar francês com muita perfeição. O problema que como filha única ela desonrou a família ao se casar com um moço pobre, que trabalhava na mansão.

– E o que aconteceu?  

– Ela foi deserdada logo depois que fugiu com o moço, eles viveram em uma cidade próxima de Aach por um longo tempo até o pai dela ficar doente. Lisbeth voltou para cá, cuidou de seu pai e reatou os laços antes dele morrer, então conseguiu ficar com a herança da família e a casa. Morou na mansão por um bom tempo até que o pior aconteceu, ela descobriu que seu marido estava a traindo, então não aguentou essa surpresa e se suicidou no lago local. A culpa toda caiu sobre o marido, claro, ele não era um homem ruim, mas era extremamente mulherengo.

 – E quem era o marido dela? Ele ainda está vivo? – Bill prosseguiu, percebendo que estava chegando perto de algo.

– Não gosto de dar nome aos bois, ainda mais quando o homem se martiriza pelo acontecido, ele realmente se arrependeu de tê-la perdido.

– Por favor, isso é importante para mim, preciso saber o nome do marido de Lisbeth.

– Você sabe, ela não é a última descendente dos Baumgärtner, é a última que carregou o nome deles até se casar. Você também pode conhecê-la como Lisbeth Grünewald, ela se casou com o homem que era filho de ciganos que liam borras de chá e café.

– O que? – Bill exclamou surpreendido, seu coração se apertou ao ouvir aquele sobrenome – O marido de Lisbeth é Eleazar?

– Sim – ela acenou com a cabeça – Ele se sente culpado por não ter acabado com a maldição dos Baumgärtner. Pode ser tudo bobagem, mas uma hora ou outra alguns dos descendentes morrem de forma trágica. Basta você pesquisar.


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