Utopia escrita por dastysama


Capítulo 25
Capítulo 25 – A melhor realidade




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– Festa! Nem acredito que vai ter uma festa razoável nessa cidade – Tom exclamou dando uma boa olhada no movimento pela janela do carro – Já estou com saudades das grandes festas que íamos.

– Teremos muitas depois que voltarmos à ativa – Bill disse realmente ansioso. Não era por causa da festa, ele só não fazia ideia do que falar para Biene e por mais difícil que fosse se explicar, não tinha medo nenhum de tudo dar errado.

Ele não tivera sonhos essa noite e ao acordar se sentiu muito bem só de saber que o maldito passado não estava atrapalhando seu presente. Quem sabe, em breve essas visões não acabassem? Por enquanto elas não representavam grande coisa, elas eram reais, mas não significavam muito. Claro que ele se sentia estranho quando se lembrava de Johanna, como se ela pudesse estar tão perto a ponto de ele sentir seu perfume, mas ela estava morta. E Bill devia enterrar esse passado junto com ela, devia esquecer.

– Não vamos ficar aqui para sempre, não é? – Georg disse já abrindo a porta do carro.

– Será que alguém vai nos reconhecer? Podemos causar um tumulto daqueles! – Bill disse temeroso, afinal havia tantas pessoas ali, alguém devia conhecer eles.

– Vamos aproveitar, se ficarmos com medo de que nos descubram a cada esquina, nunca vamos sair da mansão – Tom disse já abrindo a porta e saindo dali,  os outros também o seguiram sem pestanejar.

Havia diversas luzes dentro de flores de papéis que ficavam presas em fios grudados nas paredes. Tendas se estendiam por toda a rua vendendo os mais diversos doces coloridos, bebidas com cheiro agridoce e salgados que chamavam a atenção de qualquer um que passava em frente. Sinfonias tocavam em cada parte do local, alguns tocando violino animadamente outros se aventurando com gaitas e flautas. Era como se naquele instante tivesse uma batalha entre o passado e o presente, ambos se misturando para se tornar algo só.

O local estava cheio de pessoas, toda a cidade saíra de suas casas para festejar. Só se via sorrisos em todos os cantos e isso era o suficiente para deixar Bill feliz e esquecer um pouco quem ele era, afinal ninguém estava ligando para sua presença, por mais exótica que fosse.

– Tem garotas bonitas aqui – Tom disse rindo para Bill – É nas festas que elas aparecem de verdade.

– Não arrume confusão – Bill disse o repreendendo.

– Quem não tem que arrumar confusão é você, por que ali está quem você procura – Tom disse apontando para determinado lugar.

Em uma tenda onde se via aquele garoto que trabalhava para a o Mercado dos Gietzen, estava Biene conversando com ele animadamente. Quem estava acostumado com o jeito despojado dela, ficaria impressionado ao vê-la mais arrumada do que nunca. Ela usava um vestido branco, sem alças, com um laço na cintura e flores douradas no busto, sandálias de tiras também douradas e brincos de flores. Seus cabelos loiros estavam em cachos, caindo pelos ombros nus.

– E então? O que vai fazer? – Tom perguntou rindo da expressão de Bill – Vai falar com ela ou vai fugir a noite inteira?

– Não faço ideia – Bill disse sem fala, apenas a observando ao longe e tentando desviar sua visão das pessoas que passavam na frente dela.

– Se eu fosse você, aproveitaria agora que Gustav está tentando comprar um lanche. As chances de algo sair ruim e você levar um soco vão ser menores, mas não evitáveis. Mas acho que tudo vai acabar bem no final – Tom sorriu marotamente.

– Por quê?

– Por que você não é como eu, não vai dispensá-la na maior cara de pau. Além de que você também gosta dela e é melhor ir rápido antes que o garoto da tenda consiga conquistá-la.

Tom deu um tapinha nas costas de Bill e sumiu pela multidão antes que ele pudesse dizer algo contra. Gustav ainda estava na fila de uma das tendas com Georg, tentando comprar alguma coisa para comer, ou seja, Bill estava livre para fazer o que bem entendesse. Agora que estava tão perto dela, sua coragem havia se esvaído rapidamente e ele pensou seriamente na possibilidade de tentar se esconder dela.

Mas não pode fazer isso, não por que achava que não era o certo e sim por que ela o havia visto. A expressão sorridente dela havia sumido e ela parecia realmente surpresa de vê-lo, ficando totalmente rubra quando ambos os olhares se encontraram.

Bill tentou se acalmar, não podia ficar nervoso logo agora. Ele teria que falar algo para ela, teria que se explicar mesmo não sabendo como. Então, tirando uma coragem de lá sabe onde, desceu a rua até ir ao encontro dela, com uma pontada temerosa de que ela fugisse novamente dele.

– Olá, Biene – Bill disse com a voz rouca tentando não ficar vermelho – Eu... eu preciso...

– Ah! Você é o cara que veio perguntar sobre a família Gietzen – exclamou o rapaz do mercado – Falei para ele procurar você, Biene, se quisesse souber algo.

– Nós já nos conhecemos – ela disse virando o rosto para responder o rapaz, mas na verdade ela estava tentando esconder o embaraço – Estamos procurando saber um pouco mais sobre o passado da cidade.

– Ótimo, eu também gosto desse negócio sobre o passado e tudo mais – o rapaz disse lançando um olhar para Bill que significava “É bom você não dizer algo contra”. Bill se segurou para não rir, afinal se lembrava muito bem que o garoto não gostava nem um pouco de história – Falando nisso, sou Lars.

– Eu sou o Bill, estou passando um tempo na cidade.

– Você não me é estranho –Lars disse pensativo – Você me lembra alguém.

– Nós conversamos depois, Lars – Biene disse apressadamente – Tenho que mostrar para Bill alguns artefatos históricos que a Prefeitura deixou no mostruário hoje.

Antes que Lars pudesse dizer algo mais, Biene pegou Bill pelo braço e o puxou ele de lá o mais rápido possível, para que pudessem se misturar na multidão. Os dois estavam realmente temerosos, por pouco todo o Tokio Hotel poderia ser descoberto, eles tinham que ser mais cuidadosos.

– Obrigada – Bill disse quando eles finalmente pararam – Eu fiquei petrificado, não saberia o que fazer se ele nos descobrisse.

– Não foi nada demais – ela disse dando de ombros – Espero que Lars não descubra nada, mas mesmo que isso aconteça, vou tentar falar com ele. Vai ficar tudo bem, você vai ver.

Ela não estava brava com ele. Isso foi um alívio, afinal se ela estava tentando ajudar, quer dizer que Biene se importava com ele, ou talvez apenas se preocupasse se Gustav iria ficar bem. Mas Bill não podia simplesmente fingir que nada havia acontecido, ainda mais quando estava sob aqueles olhos inquisidores que procuravam respostas.

– Me desculpe – ele disse simplesmente, antes que ela perguntasse o porquê daquilo, ele prosseguiu – Por tê-la beijado daquela maneira, eu estava meio fora de mim e espero que você não pense que sou um aproveitador ou algo do tipo e...

– Tudo bem – ela disse ficando rubra novamente – Não foi nada demais, quero dizer... isso não foi o que eu quis dizer realmente, é mais como um sem problemas. Espero que tudo volte ao normal, só isso.

– Então está tudo resolvido? – Bill exclamou aliviado – Eu realmente não dormi bem, pensando no que eu poderia falar para você, fiquei com medo de que estivesse brava comigo.

– Por que eu ficaria? Sei que gosto de passado, mas não sou uma daquelas garotas do século passado que para ter seu primeiro beijo, precisava se casar. Está tudo bem, não estou falando isso só por falar – Biene disse olhando para trás, aonde havia várias pessoas dançando juntas, ao som de uma música que acabara de começar – Mas em troca, você poderia dançar comigo.

– Dançar? Eu não sei dançar – Bill disse engolindo seco.

– Todos sabem dançar – ela disse rindo e revirando os olhos – apenas balance o corpo de um lado para o outro, não é tão difícil assim.

Bill assentiu, ficando sem-graça quando se aproximou para passar seu braço em volta da cintura fina dela e com o outro braço, segurou firmemente a mão dela na sua. Biene encostou seu rosto no pescoço dele, fazendo-o sentir sua respiração lenta e profunda, enquanto seu coração batia tão rápido quanto o dele. A sensação era tão diferente e muito mais viva do que suas visões, pela primeira vez que viera para Aach, Bill não estava vivendo de passado, afinal o presente lhe parecia muito mais atraente.

E quem estava na sua cabeça naquele momento, não se tratava de Johanna, e sim aquela que também estava em seus braços.


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